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Análise – Age of Empires III: Definitive Edition

Nunca foi fácil explicar porque é que o terceiro jogo desta lendária série de estratégia não foi tão popular como o primeiro e, sobretudo, como o segundo título. Age of Empires III: Definitive Edition é uma segunda oportunidade para este capítulo, trazendo mais um excelente trabalho de remasterização nesta era mais exigente.

Conforme recordam, adorámos voltar às edições definitivas de Age of Empires e Age of Empires II. Serão, para sempre, dois gigantes do nosso imaginário, dois “destruidores de produtividade”, dois dos melhores títulos de RTS (Real Time Strategy – Estratégia em Tempo Real) de todos os tempos. É discutível, claro, mas arrisco dizer que ditaram modas, gerando “influência” em muitos outros jogos do género desde o seu lançamento. As suas duas remasterizações só fazem recordar quão simples e, no entanto, quão desafiantes eram e continuam a ser. É talvez por isso que olhamos sempre para o terceiro AoE como um “patinho feio”. Mas, de facto, foi superior aos seus antecessores em muitas aspectos. Apenas tinha um pesado legado para carregar. E foi talvez isso que o tramou a longo prazo, apesar dos prémios e boas análises na altura (2005).

15 anos depois, continuamos a ter um jogo superior aos seus antecessores, sendo estas remasterizações igualmente evoluções visuais que já realcei e que irei igualmente enaltecer aqui. Contudo, apercebi-me nas primeiras horas porque é que este jogo não ficou tão bem gravado na minha memória. Uma primeira questão foi o avanço no tempo, para a era colonial de vários países (Portugal incluído). Não é propriamente uma era tão interessante quanto as Conquistas ou os Descobrimentos de AoE ou AoE II. A ideia de testemunhar rebeliões anti-colonialistas ou, pelo contrário, agir como os indesejados ocupadores. Há qualquer coisa de inquietante nesta era, nem sempre relembrada pelos melhores motivos.

Por outro lado, por mais robusta que fosse a oferta, a campanha central e as suas duas expansões não eram propriamente extensas, nem contavam histórias tão empolgantes quanto os dois títulos anteriores. A produção original dos Ensemble Studios estava claramente a apontar baterias ao emergente modo multi-jogador tornado popular por AoE II, um foco que delapidou a oferta a solo. Alternativamente, temos as batalhas históricas, as missões de desafio de Art of War e o francamente compensador editor de mapas. Chegará esta oferta nesta reedição? Na altura não nos trouxe um jogo assim tão memorável. Pode ser que esta geração seja um pouco mais tolerante.

Em termos de conteúdo, contem com tudo o que foi lançado para o jogo original, incluindo as duas expansões de conteúdo. “The WarChiefs” conta a história da luta desigual entre as tribos índias das Américas contra os recém-chegados colonos e “The Asian Dynasties” leva-nos para as intensas batalhas de poder na Índia, China e Japão. Cada um destes pacotes adicionam uma campanha única para cada região, novas civilizações e algumas novidades ao nível de unidades e de jogabilidade. Claro que não seria uma edição definitiva se não tivesse algo novo. Além de duas novas civilizações (o Império Sueco e os Incas), há alterações notórias em alguns enredos originais mais polémicos e também traz óbvias melhorias visuais, inclusive com suporte para 4K em “toda a sua glória”.

Como um todo, as novidades de conteúdo são francamente subtis. É claramente ao nível visual que este jogo se mostra. A resolução dos ecrãs modernos reclamam melhores modelos tridimensionais, melhores texturas, melhores efeitos visuais, como é óbvio. E, aí, julgo que os estúdios Forgotten Empires e Tantalus Media fizeram um trabalho competente a modernizar o jogo. Há modelos completamente substituídos, estes com maior detalhe e resolução. A fluidez geral é notória logo nos primeiros minutos, especialmente nas cenas intermédias. Esta beleza é complementada com uma engenhosa paleta de cores e alguns efeitos atmosféricos de arregalar o olho. Este é, de facto, o mais vistoso dos três jogos, inquestionavelmente um dos mais bonitos RTS de sempre.

Mas, não chega que seja apenas agradável aos olhos. Neste tipo de jogos de elevada interacção, é também importante que a jogabilidade “envelheça” bem. Este foi um dos primeiros RTS a introduzir opções de personalização do interface, inclusive combinações de teclas e outros atalhos, assim como reposicionamento de menus. Este jogo também introduziu uma lógica um tanto injusta na altura, a Home City e a sua lógica de mantimentos, estes desbloqueados com uma espécie de cartas de jogo. Felizmente, agora estas cartas estão disponíveis para todos logo de início, o que equilibra bastante as partidas multi-jogador, especialmente contra veteranos experientes.

Continuo a achar o editor de mapas uma das melhores características destes três jogos. Agora com 16 civilizações, vários biomas e tantas opções, inclusive com eventos despoletados (triggers), é possível esquecer as suas curtas campanhas a solo e dedicar-nos a criar mapas e levá-los online para amigos e desconhecidos nos desafiarem. Felizmente, a melhor optimização para os CPUs e GPUs modernos, já não nos penaliza quase nada na quantidade de objectos, animações e efeitos no ecrã. Por isso, sim, tenho uma cidade fortificada por dois muros cheios de canhões e um exército de 100 tigres… qual é o problema?

Infelizmente, tenho de reclamar de algo. Não procurei nenhum erro em particular, notem. Tenho perfeita consciência que este é um jogo de 2005, com algumas mecânicas que, não sendo obsoletas, acusam a sua antiguidade. Este é, para todos os efeitos, um clássico renascido e é assim que o queremos, a bem do seu legado.

Mas, era francamente positivo que a produção melhorasse algumas lacunas do clássico, como a sua inteligência artificial que continua tão errática, especialmente a definir trajectos ou a defender-se de ataques. Também gostava de um pouco mais de qualidade nas animações, com movimentos das unidades ainda algo sintéticos e, por vezes, estranhos.

Reporto também que tive uns quantos “crashes” para o ambiente de trabalho. Nenhum foi relacionado com falta de potência no meu computador (acreditem). Tive destes erros em momentos aleatórios durante a campanha e, por duas ocasiões, surgiu uma aparente falha do API DirectX 11. É algo que a produção deverá trabalhar para corrigir, mas que frustra qualquer um, especialmente os que se esquecem de salvar o progresso…

Veredicto

Tal como os dois jogos anteriores que mereceram uma nova vida com as suas reedições, Age of Empires III: Definitive Edition é um excelente regresso para um jogo que, francamente, merecia uma segunda oportunidade. Pode não ter as civilizações ou as histórias mais interessantes, admito. Mas, é o mais bonito, o mais evoluído e o mais ambicioso dos três, sem dúvida. Esta edição definitiva fá-lo brilhar ainda mais, com todo o conteúdo, umas adições simpáticas e umas pequenas melhorias na jogabilidade. Infelizmente, não é isento de problemas técnicos mas é um regresso bem vindo, completando uma trilogia absolutamente essencial para os amantes do género RTS.

  • ProdutoraEnsemble Studios/Tantalus Media/Forgotten Empires
  • EditoraMicrosoft Games
  • Lançamento15 de Outubro 2020
  • PlataformasPC
  • GéneroEstratégia
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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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