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Alan Wake’s: American Nightmare

Longe vai o tempo dos grandes thrillers de Alfred Hitchcock. Na verdade, o género de Thriller está cada vez mais virado para o terror que no suspense psicológico e demente.

Em 2010 a Remedy Entertainment decidiu restituir o género às suas origens de Suspense e oferecer aos videojogos uma aventura cheia de mistério com laivos ponderados e moderados de esoterismo mas com foco nas personagens e na sua experiência. Alan Wake, o jogo, foi recebido com resultados mistos, mas inegavelmente o género do Thriller Psicológico ganhou novos fãs.

Este ano, a par de alguns rumores de Alan Wake 2, a Remedy lançou um jogo Arcade de nome Alan Wake’s American Nightmare, que na verdade não é uma sequela directa do primeiro jogo, mas mais um spin-off ou uma aventura paralela.

Este é o nosso novo pesadelo na mente do escritor Alan Wake.

Se dormir não sonhe… consigo mesmo…

No Sudoeste Norte-Americano, parece que o terror nunca acaba. Depois dos eventos do primeiro jogo em que Brighton Falls no interior do Estado de Washington, EUA, foi invadida pelo próprio Mal, descobrimos que o escritor Alan Wake está novamente em apuros com entidades malignas, mas pior que isso, o seu alter-ego de nome Mr. Scratch anda a tramar contra si. Tudo parece extraído de um episódio de Twilight Zone passado meio do Arizona que na verdade parece ser só o enredo de um novo livro escrito pelo próprio Alan Wake que novamente se vê assim envolvido na sua própria estória, tal como no primeiro jogo.

Nitidamente, a estória é muito menos rica que na primeira toma. Há muito menos repercussões e reviravoltas e o interesse centra-se muito mais na acção. Infelizmente, há um certo tom de repetição na forma como a estória se desenrola e os golpes teatrais do argumento são demasiado semelhantes ao primeiro jogo.

Alan, a personagem parece perdida na sua contínua busca por Alice a sua esposa desaparecida no primeiro jogo e Mr. Scratch tinha todo o potencial de ser um enorme vilão, passa a mero fantoche que aparece aqui e ali em televisores e em aparições diminutas para atormentar Alan.

Um café para acordar?

Apesar de ser um jogo Arcade somente disponível na Xbox Live, Alan Wake’s American Nightmare (AWAN) é um jogo graficamente exemplar. Usando o mesmo motor gráfico Max-FX 3.0, do jogo original com alguns melhoramentos visuais, centra-se na luz como foco da acção. Mais uma vez, o jogo cria um efeito claustrofóbico com apenas a zona onde apontamos uma mísera lanterna seja iluminado e parece que todas as sombras ganham vida a cada passo. A alimentar esta elevada dose de mistério, o cenário continua vastíssimo (embora não seja bem Open World como o primeiro jogo prometia mas também não chegou a ser) com pequenas áreas iluminadas só para dar alguma dose de sanidade a um jogo passado quase sempre na escuridão.

No modo de Estória, Alan vai ter novamente de encontrar armas, pedaços do seu manuscrito e outros items de modo a conseguir prevalecer aos ataques de Poltergeists, os famosos possuídos Taken que agora se podem dividir em dois e até transformar-se em pássaros e, claro, as investidas de Mr. Scratch. A acção é novamente na terceira pessoa com dinâmicas competentes. Infelizmente a lógica do jogo torna-se algo repetitiva com uma série de repetições de eventos de modo a Alan conseguir repor a “realidade”. Isto obriga a jogar o mesmo evento diversas vezes com algumas nuances, mas a repetição aborrece um pouco. E no fim acaba curto.

Se a estória não for suficiente no modo de Carreira, AWAN conta ainda com um modo Arcade de nome “Fight Till Dawn” que funciona como uma espécie de modo de sobrevivência em vagas de inimigos Taken cada vez mais fortes até ao amanhecer. Ao todo o modo carreira pode demorar até cinco horas e este modo acrescenta mais umas horas de diversão. Pena é que não exista um modo multi-jogador, nem que fosse cooperativo. Justificava-se.

As texturas, efeitos e iluminação são magníficas considerando que é um jogo pequeno  de download e preço reduzido. As animações e expressões faciais são competentes num jogo claramente orientado para a cinematografia. E isto tendo em conta que neste jogo não existem tantas áreas de povoações ou locais densamente florestais como no primeiro jogo, mas apenas alguns povoados entre um vasto deserto rochoso.

Nota positiva para as cutscenes e imagens que aparecem nas televisões espalhadas pelos níveis com mensagens de Mr. Scratch que são todas em “Live Action” (com actores reais) cheias de efeitos especiais dignos de Hollywood. Ficámos impressionados, porque há muito tempo que o Live Action não aparece em videojogos e com a qualidade de Alan Wake.

A nível sonoro, exemplar como sempre num jogo que se quer misterioso. A banda-sonora sombria a cargo novamente de Petri Alanko, mas também com a colaboração da banda Kasabian e a banda finlandesa Poets of the Fall que compõem os temas de Mr. Scratch.

De notar que nesta era, um jogo deste género não ter suporte para Kinect deixa-nos perplexos, ainda para mais sendo um exclusivo Xbox Live. A jogabilidade permitia isso e achamos que acabava por adicionar uma dose de imersão. A falta faz-se sentir, honestamente. De notar que este jogo também não possui suporte 3D, que embora menos importante que o Kinect, acaba por também desapontar.

Veredicto

Não está nada mal para um jogo Arcade só disponível para descarregar no Xbox Live. Infelizmente não possui a dose de intensidade do primeiro jogo que criou uma comunidade de fãs. Mas fica lá bem perto. A nível de experiência de jogo, não inventa nada de novo mas centra-se mais na acção com um enredo algo repetitivo. A longevidade é aceitável, mas a falta de um multi-jogador faz perder o interesse rapidamente. O potencial está lá, mas o jogo prefere adormecer no pesadelo e não mais acordar.

A falta de suporte para Kinect, deixa-nos algo desapontados num jogo em que passamos muito tempo a apontar uma lanterna para o bréu. Que falta, Remedy e Microsoft!

  • ProdutoraRemedy Entertainment
  • EditoraMicrosoft Game Studios
  • Lançamento22 de Fevereiro 2012
  • PlataformasXbox 360
  • GéneroAcção
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Incrível ausência de Kinect e 3D
  • Falta de online para modo Arcade
  • Cenários mais despidos de detalhe
  • Estória algo acessória

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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