Análise – art of rally
Liguem os motores e preparem-se, pois art of rally está pronto para sair da área de serviço e atacar as etapas. Com mais de 50 viaturas e 60 provas em cinco locais icónicos do mundo dos ralis, conseguirá o jogo manter-se em pista ou será apenas uma sobreviragem contra uma árvore?
Desenvolvido pela produtora independente Funselektor Labs, a criadora de outro título no género de condução, Absolute Drift, chega-nos agora para PC este pequeno título de corridas. Traz consigo um estilo visual muito próprio, estilo low-poly mas esconde na usa simplicidade um motor de físicas com sistemas de simulação competente. O que nos permite ter um jogo simples de jogar mas com uma curva de aprendizagem suficientemente grande para os entusiastas que procuram um maior desafio.
art of rally é uma “carta de amor” aquela que é considerada por muitos como sendo a “época dourada” do rali. Como tal, tenta recriar toda a emoção e adrenalina à sua maneira, com um estilo gráfico característicamente minimalista. Esta época é representada com classes de veículos que irão até ao final dos anos 90. E até existem diversos espectadores espalhados perigosamente pela pista, que nos lembra a falta de segurança que existia no desporto à umas décadas atrás. Não esperem aqui corridas em circuitos ou frente-a-frente, como nas super-especiais. O foco está nas etapas contra-relógico num percurso de A a B. O objectivo, claro, é chegar o mais rápido possível à meta, de forma a bater os tempos dos outros corredores. Isto, nas mais variadas condições atmosféricas e alturas do dia.
Este título vem com bastante conteúdo base, para um jogo independente, com mais 50 máquinas clássicas que fazem parte de 6 categorias diferentes (anos 60, anos 70, anos 80, Grupo B, Grupo S e Grupo A). Apesar de os nomes das viaturas serem fictícios devido a direitos de marca, é fácil reconhecer os clássicos como o Subaru Impreza, Lancia Delta, Renault Alpine A110, Ford Escort Mark II, entre outros. Existem 60 etapas divididas nos 5 locais icónicos do desporto como a Finlândia, Alemanha, Sardenha, Noruega e Japão, tendo o jogador muitas provas para se familiarizar e dominar as máquinas ao longo da carreira.
O interessante do motor de físicas deste jogo, é que cada carro é, realmente, único de conduzir. Logo, não esperem pegar numa das viaturas dos anos 60 e conseguir fazer o mesmo com um dos “monstros” do Grupo S. Como referido, existem uma profundidade nas reacções, que podem ser ajustadas através do menu de pausa. Esta busca por realismo permite que cada máquina se comporte de forma única, existindo principalmente grande diferença entre carros de tração dianteira (FWD) ou tração traseira (RWD), ao entrar numa curva e principalmente nas situações de chuva. É fácil verificar que estes carros entram em subviragem ou sobreviragem, dependendo da viatura escolhida. Não podemos atacá-las sem pensar, um erro poderá custar-nos segundos valiosos e, possivelmente a prova.
O que diferencia este título de outros mais realistas, é a decisão técnica de substituir as instruções tradicionais por voz do co-piloto. Em art of rally, a produção optou por uma câmara inteligente, com perspetiva vertical e que seguirá o carro do jogador e que se ajustará às velocidades das máquinas. Desta forma, permite-nos ver o percurso e os obstáculos que irão aparecendo ao longo da mesmo, de uma forma prematura. De certa forma, remove o elemento de imersão, tornando um jogo mais arcade que o desejável, mas até funciona bem de um modo geral.
O modo carreira está dividido em 6 grupos diferentes, abrangendo desta forma, todas as eras dos campeonatos de rali entre 1967 e 1996. São assim, 30 eventos no total, que o jogador terá de, linearmente, competir e ganhar de forma a ser considerado o mestre na arte do rali. Os eventos estão equilibrados, de forma a que as provas iniciais sejam de curta duração, em veículos com menor cilindrada. Consoante se progride na carreira, etapas mais longas com diferentes condições atmosféricas, tais como chuva e nevoeiro, criam um novo desafio para o jogador superar. Também é desta forma que podemos desbloquear novos veículos e pinturas de bónus para os veículos já desbloqueados.
Existem também outros modos de jogo, todos baseados na mesma base de competição contra-relógio. Temos mesmo uma com esse título, onde poderão jogar para fazer o melhor tempo pessoal e subir na tabela de liderança mundial. Esta tabela, já agora, está dividida por categoria e condições atmosféricas. Assim, os tempos em pistas secas nunca afetarão os tempos da etapa com chuva, o que a torna mais justa. Ainda temos os Eventos Online, que estão divididos em eventos diários e semanais, onde o jogador competirá pelo melhor tempo com um carro e pista predefinida, contra os melhores tempos de outros jogadores.
Free-roam será, no entanto, um dos modos mais interessantes para relaxar das corridas sérias que o título oferece. Neste modo o jogador poderá selecionar uma das cinco áreas (estando no início apenas disponível a Finlândia) e qualquer um dos carros já desbloqueados. Este é um modo de jogo pensado para podermos explorar e divertir-nos um pouco. São áreas abertas, completamente diferentes das provas existentes no modo carreira. Aqui o jogador poderá também colecionar itens diferentes, tais como, uma carrinha de funselektor (que se encontra escondida no mapa), cassetes, pontos de vista e as 5 letras R-A-L-L-Y que se encontram espalhadas na área, o que permitirá desbloquear a próxima área.
Uma grande adição a art of rally, é o modo fotografia, podendo a qualquer altura, através do menu de pausa ou durante a repetição dos eventos, movimentar a câmara livremente e procurar o melhor ângulo para tirar fotografias aos nossos momentos únicos. Com a função de poder avançar e retroceder o tempo e com a possibilidade de alterar vários parâmetros da foto, como temperatura, contraste, entre outros e com a estética minimalista que o jogo oferece, conseguimos fotos pormenorizadas daquela grande derrapagem ou daquele grande salto. Se não ficaram convencidos, todas as imagens usadas nesta análise foram tiradas neste modo de fotografia!
Mas, por vezes temos de baixar a câmara com algum desapontamento à mistura. Um dos problemas mais persistentes neste jogo é o pop-in de objetos. O jogo ainda usa o efeito de profundidade de campo (depth of field) para mascarar um pouco este pequeno problema mas nem sempre funciona bem. É algo visível em provas onde é possível ver o percurso a uma maior distância, causando efeitos indesejados de árvores, arbustos e flores a “aparecerem” subitamente no ecrã. Não é algo que cause um grande impacto a nível da jogabilidade mas poderá causar alguma distração adicional enquanto jogamos.
Outro ponto menos positivo a apontar, é a falta de um modo multi-jogador online. Seria excelente explorar esta jogabilidade com mais alguém, ou talvez competir em tempo real contra outros jogadores. A única forma que podemos “competir” é através da já mencionada tabela dos melhores tempos. Não chega, na verdade. Considero uma oportunidade perdida, uma vez que mesmo só com “fantasmas” (gravações de posição de outros jogadores) a competirem entre si, já criaria outra atmosfera de competição entre a comunidade. Assim, senti uma enorme solidão em jogo.
Claro que o grafismo minimalista usado neste título faz um contraste curioso com o que é considerado um desporto “bruto”, onde máquinas de grande cavalagem e design agressivo, atacam diversas provas a altas velocidades. Noutros jogos, o realismo visual é 50% da oferta, sem dúvido. Contudo, os Funselektor Labs encontraram um balanço perfeito entre este grafismo simplista e uma paleta de cores distinta em cada um dos diversos locais. Diria que dão um ar mais “fofo” ao desporto e, por sua vez, criaram algo completamente único no que toca aos jogos de rali dos últimos anos.
Por fim, não podemos dar a análise por terminada sem falarmos da banda-sonora. Neste jogo tocarão durante as nossas corridas mais de 50 faixas, baseadas no género musical Synthwave, o género de música eletrónica associada aos anos 80 e 90. A acompanhar esta trilha sonora temos os diversos sons das máquinas que atacam as etapas, poderemos ouvir o rugir dos motores naturalmente aspirados, os assobios dos turbos e as explosões do tubo escape. O áudio cumpre bem o seu papel, criando momentos bastante gratificantes.
Veredicto
Se procuram um jogo de corridas que seja um pouco diferente ao habitual, que represente corretamente o desporto do Rali e, que tenha um motor de físicas a roçar a simulação, este jogo definitivamente trará bastantes horas de diversão! art of rally é bastante viciante e damos por nós a querer fazer apenas mais uma corrida, conseguir atacar o percurso a altas velocidades e fazer aquelas derrapagens perfeitas. Isto só para conseguir tirar apenas umas décimas de segundo ao nosso tempo. Compromete-se, sem medo, numa identidade única no mundo dos videojogos de corridas, entregando, mesmo com um estilo minimalista, um jogo de grande qualidade.
- ProdutoraFunselektor Labs Inc.
- EditoraFunselektor Labs Inc.
- Lançamento23 de Setembro 2020
- PlataformasPC
- GéneroCondução
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Recria a época de ouro do rali
- Singularidade de cada veículo
- Free-roam é excelente
- Os desafios diários poderiam ser melhorados
- Não tem multi-jogador online além de tabelas de tempos
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.