EzioAuditore

Análise: Assassins Creed: Brotherhood

Ezio Auditore da Firenze está de volta e com ele traz legendas em Português! Numa manobra surpreendente, a Francesa Ubisoft lembrou-se que Portugal existe e colocou uma semi-localização em Português. Semi porque é só em legendas, mas não é mal pensado o esforço.

Assassin’s Creed Brotherhood tem muitas mais novidades além dessa simpática adição. Esta terceira parte da série entrega nas mãos dos fãs novas acções, novas aventuras, novas interacções e, claro, o modo multi-jogador que promete adicionar ainda mais horas à vida do jogo. 

Em busca da Maçã!

No final de Assassin’s Creed II muitas perguntas ficaram no ar, muitas mesmo. Que era feito da célebre Apple of Eden (Maçã do Éden) que no primeiro jogo Altair tinha capturado? Que tinha acontecido a Rodrigo Borgia? E fora do Animus, onde estava Desmond a dirigir-se?

Tudo isto vos soa estranho? Não perceberam nada do que se perguntou? Então, o vosso problema é não terem jogado Assassin’s Creed II. Ao contrario do que aconteceu entre o primeiro e o segundo jogo, quem não jogou os dois jogos anteriores vai pensar um pouco para acompanhar a estória deste terceiro capítulo. Simplesmente não se perde tempo a tentar explicar os acontecimentos anteriores, mas acreditem que se não jogaram, aproveitem agora e adquiram o ACII de preferência antes de jogar este.

A crítica, ora não fosse quem é, soube de imediato deitar por terra AC Brotherhood como sendo um Assassin’s Creed 2,5. Na verdade, em termos de enredo, até é verdade e o jogo assume-se mesmo como sequela da história anterior, mas em jogo, notou-se que a Ubisoft perdeu bastante tempo a aprimorar diversos pormenores que só viram a luz agora. Já falaremos em termos técnicos, vamos à estória e à História.

O nome que é dado ao jogo, “Brotherhood” vem de uma dinâmica até agora inexistente, embora de forma irónica. Todos sabemos que a Ordem dos Assassinos à qual Altair e Ezio (e também Desmond) pertencem era uma irmandade mundial que se auto-ajudava. Ora, porque é que durante os dois primeiros jogos, os protagonistas actuavam sempre sozinhos?
A Ubisoft percebeu isso e juntou uma nova dinâmica de jogo: Os aprendizes. Não se pode dizer que era bem isto que se esperava mas funciona muito bem. Numa situação de aperto, Ezio pode fazer um gesto ou assobiar subtilmente para aparecerem grupos de aprendizes previamente recrutados para o auxiliar. Mais, podemos, depois de os livrar das garras dos Borgia, treiná-los enviando-os para missões no estrangeiro em que vão evoluindo, tornando-se mais eficazes. No final do jogo, esta dinâmica assume-se muito mais relevante.

Mas há mais novidades. Em combate, Ezio tem muito mais movimentos, tornando-se muito menos repetitivo o combate directo com a introdução do pontapé que quebra a defesa de qualquer adversário, até dos mais fortes. Outra novidade neste campo das animações são as movimentações das personagens, muito mais fluidas e cuidadas, mesmo depois do deslumbre de AC2 neste campo.

A evolução da personagem tem agora muitas mais etapas. Se no primeiro jogo adquiríamos armas com a evolução natural no enredo, no segundo foi introduzida a dinâmica de conseguir dinheiro para trocar por armas, armaduras e objectos decorativos para a nossa base em Monteriggioni. Agora, além desta Dinâmica temos de reconstruir Roma, não só alguns monumentos e casas-chave mas também as próprias lojas onde precisamos comprar armas, munições, armaduras, mapas de tesouro, etc. Isto obriga a muitas horas de jogo a explorar e a abordar as necessidades da região. Para conseguir fazer isto, temos de dar cabo da posição dos Borgia, eliminando os seus Capitães e respectivas torres de observação.

Outras novidades estão no armamento de Ezio. Além das fantásticas armas de AC2, acrescente-se o magnífico Crossbow (Besta) e dardos com veneno. Alem disso, notem que agora Ezio pode combinar ataques, podendo usar armas de fogo para finalização de adversários com simples combinações de teclas.

Em termos de interacção no jogo, muita subida a edifícios, muitas cavalgadas e muita luta, esperam por vocês no grande modo carreira, o que tornou Assassin’s Creed uma série de sucesso. Erros de repetição foram atenuados e são bem-vindos.

Nota para o facto da acção com Desmond se tornar demasiado redundante neste jogo. Se no primeiro e segundo eram um autêntico jogo-no-jogo, neste terceiro jogo, Desmond apenas tem algum protagonismo na parte final do jogo e durante os famosos puzzles que a Abstergo deixou por Roma para nós encontrarmos. Felizmente que no final o protagonismos de Desmond é chamado à acção, mas deixamos isso para a vossa experiência de jogo.

Já agora uma questão de longevidade. Embora o modo de carreira, na plenitude do enredo em si, seja um pouco mais curto que o jogo anterior, é de notar que pela quantidade de missões secundárias, objectivos edownloadable content (para já o primeiro é exclusivo da Playstation 3).

Welcome to Animus 3.0

Animus tem duplo sentido, tal como já tinha no jogo anterior. Não só o sistema é o que liga Desmond ao seu ADN para poder incorporar Ezio, como também é o nosso interface de Menu.

Não há grandes novidades a nível de design e navegação, mas é interessante ver que a organização mais complexa dos objectivos do jogo foi competentemente organizada e foram logicamente acrescentadas novas funcionalidade para albergar o modo Multi-jogador e uma nova parte chamada de Training que possibilita treinar o nosso Ezio nas mais diversas acções. Os tempos são cronometrados para os mais rápidos receberem medalhas.

Outra novidade interessante é que durante o modo carreira podermos sair do ambiente de jogo de Ezio e sair fisicamente do Animus. Não se trata propriamente de uma vantagem, mas dá para justificar a falta de protagonismo dos 4 membros da equipa dos Assassinos modernos. Mesmo assim não acrescenta grande coisa à estória e torna-se apenas um desbloqueador de aborrecimento.

Roma Recriada

O interesse da Ubisoft em recriar locais históricos já tinha sido elogiado com os dois primeiros jogos e mesmo com as suas aventuras pelas consolas portáteis (Assassins Creed Bloodlines para PSP). Agora, Ezio está em Roma e apesar de não ser tão deslumbrante como é Florença em ACII, por si só, Roma apresenta os seus desafios. Não só é uma mescla de modernidade renascentista como tem pelo meio a herança Romana que seria obrigatório reproduzir com fidelidade.

Graficamente, Assassin’s Creed Brotherhood não deixa ficar mal a série. Pelo contrário. Nota-se um interessante e louvável esforço por melhorar bastante a navegação pelo mapa, muito embora se torne redundante a arquitectura nalguns locais pejados de ruínas, é sempre agradável ver que o detalhe das ruas, praças e edificações cumpre religiosamente com imagens e vídeos dos locais a comprovarem o grau de exactidão, pelo menos do que ainda hoje existe.

Em termos de animações e grafismo, com a passagem entre dia e noite a parecer extremamente realista, este é o jogo mais para apreciar historicamente que propriamente como arena de jogo. Na verdade, nesse aspecto, AC2 era mais rico e diversificado com os seus vários mapas. Aqui, apesar de passarmos no início por Monteriggioni e alguns desafios em pequenos mapas, só temos um mapa de jogo e é Roma.

De resto, já referimos que as animações das personagens, movimentos, texturas e efeitos foram aprimorados neste jogo de uma forma soberba. E nada mais há a dizer, neste campo a Ubi está de parabéns.

Assassinatos avulsos e mútuos

Apesar das muitas novidades a nível do modo carreira, é o modo multi-jogador que chama a atenção. Seria possível recriar o ambiente soberbo de Assassin’s Creed num modo com mais que um jogador? Que tipo de objectivos seriam possíveis de criar?

Digamos que tentar jogar o modo multi-jogador de Brotherhood é por si só um jogo. De todas as vezes que tentámos jogar, ou os servidores estavam com problemas ou não haviam jogadores suficientes para jogar. Mas nas vezes que conseguimos vimos que pouco mudou desde a Beta Pública que foi disponibilizada na PSN.

Colocar uma dezena de personagens repetidas ao longo de um mapa e depois só uma ou outra é que será um jogador para assassinar torna-se não só monótono como convida a não repetir a experiência tão depressa. Não podemos dizer que tenha sido uma boa aventura da Ubisoft. Serve só para testar (quando se consegue jogar), perder algum tempo com batoteiros que tentam toda a sorte de exploits para evitar a acção natural do jogo ou com missões de assassinato em que podemos ser nós próprios os alvos. Com um radar que denuncia a posição relativa do assassino ou do alvo de forma demasiado informativo. Seria mais útil se fosse mesmo uma missão furtiva sem quaisquer auxiliares.

Depois há trunfos de cada personagem. Uns camuflam-se com o meio, outros trocam de identidade, tudo de forma temporária e adaptável ao nosso modo de jogo. Só que os lobbies não nos deixam escolher a que mais queremos. Os mais rápidos escolhem as melhores, deixando os outros com as personagens mais lentas ou com menos apelo. Não é possível escolhermos um modo de acção, o que até seria positivo para diversificar, mas as discrepâncias são enormes.

Depois há a confusa evolução com upgrades que não acrescentam nada. Nem seria preciso isto porque a cada upgrade de personagem… quase nada é acrescentado. Seria bom, por exemplo, conseguirmos armas para nos defendermos dos atacantes… mas não… simplesmente, apesar de assassinos profissionais, temos de fugir… sempre…

Por último há que mencionar que este modo multi-jogador nada empresta da história de Ezio, o que torna completamente redundante. Nem mesmo os mapas de jogo são tão diversificados já que se tornam demasiado claustrofóbicos. Os modos de jogo são praticamente idênticos, apesar de terem nomes diferentes, matar ou ser morto… ponto final.

Não seria mais simpático um modo Cooperativo Online? Sim, mas para a Ubisoft, o apelo do online que noutros jogos aumenta a longevidade era demasiado forte e acabou por ditar um acrescento quase desnecessário.

Veredicto

Ezio está de volta, mais polido, com maior dimensão e oportunidades de jogo numa Roma renascentista onde não faltam aventuras e um enredo rico em bons pormenores. Mas se não jogaram ACII não vão perceber muito da estória paralela que envolve Desmond, apesar de um vídeo de introdução meio revelador mas que não serve para colocar o pessoal a par do todo.

O ambiente de jogo, embora muito polido e trabalhado graficamente, acaba por ficar confinado a Roma e torna-se de certa forma claustrofóbico comparado com os dois jogos anteriores, até mesmo com os jogos em consolas portáteis.

  • ProdutoraUbisoft
  • EditoraUbisoft
  • Lançamento18 de Março 2011
  • PlataformasPC, PS3, Xbox 360
  • GéneroAcção
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Multiplayer perfeitamente dispensável
  • Roma é grande mas é só uma cidade tornando o jogo limitado
  • Estória é somente uma continuação do jogo anterior

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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