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Análise – Assassin’s Creed: Rogue (Actualização: Remastered)

Desenganem-se se acham que Assassin’s Creed: Rogue é um jogo menor ou um “companion” de Assassin’s Creed Unity. É um jogo completo e, de certa forma, a continuação lógica das evoluções de jogabilidade de jogos anteriores. Venham daí connosco navegar por mares revoltos… outra vez!

[Actualização: Remastered]

Na minha análise em baixo, ficam no ar duas perspectivas em relação a este jogo. Uma é que Assassin’s Creed: Rogue foi verdadeiramente um bom jogo, com um enredo sólido numa visão verdadeiramente única e interessante. Outra é que foi vítima injusta de uma campanha problemática de um outro jogo da mesma série lançado no mesmo dia (AC: Unity) e que mandou este título para um canto. Lançado na PlayStation 3 e Xbox 360, ao contrário de Unity e mesmo AC: Black Flag, ambos lançados na PS4/XB1, sendo este último um upgrade, Rogue foi incompreendido, relegado para segundo plano e até esquecido em algumas lojas. Não podia ter havido maior injustiça.

Na altura deixei no ar a ideia que a escolha da PS3/X360 possa ter sido intencional, num claro objectivo de dar mais destaque a Unity na PS4. Equipas diferentes trabalharam no jogo e, dada a transição de Black Flag da PS3/X360 para a PS4/XB1, julgo que não seria inusitado Rogue ter aguardado um pouco para surgir já nesta consola mais poderosa e com os upgrades técnicos resultantes dessa plataforma. Quando foi lançado, porém, Rogue surgiu sólido, mas com algumas falhas de rigor técnico que assinalei em baixo. Quando foi anunciado que seria remasterizado para, finalmente, chegar ao hardware actual, inclusive com melhorias na PS4 Pro e XB1 X, fiquei verdadeiramente contente.

Esta remasterização segue as mesmas linhas guias que foram usadas na conversão de Black Flag da PS3/X360 para a PS4/XB1. Ou seja, não vai tocar em nada que seja relacionado com a jogabilidade, portando-a tal qual, mas melhorando o visual em todos os pontos possíveis. O que me causou um paradoxo. Como o recente AC: Origins modificou muitos dos controlos (para melhor), sobretudo no combate, considero a interacção deste jogo uma viagem ao passado. Não é pior, nem melhor, é diferente. Por exemplo, o parkour volta a ser automático e a corrida está mapeada no gatilho direito. Requer um pouco de hábito se ainda andam na companhia de Bayek de Siwa.

No rigor, as novidades desta remasterização estão no plano técnico. Todos os modelos de personagens, todos objectos e todos os locais mereceram um cuidado especial na sua evolução para a actual geração de consolas. Também a iluminação e as sombras mereceram uma atenção cuidada, especialmente notória na mais densa vegetação, com sombras muito bem conseguidas. Não diria que o jogo original na PS3 era uma má experiência visual, puxando até onde o hardware podia ir. Contudo, assinalei que haviam alguns problemas técnicos que agora são perfeitamente mitigados. Esta é, verdadeiramente, uma remasterização no seu pleno. Até mesmo no som, que notei em 2014 ter alguns problemas.

O próprio mar, palco de uma boa parte do jogo, tem um aspecto muito realista, sobretudo nas regiões a norte, com icebergs e placas de gelo a polvilharem a superfície. Depois, há toda uma série de efeitos de grande qualidade, como as explosões ou até os bafos de ar quente das bocas das personagens em ambiente árctico. Na versão analisada por mim na PlayStation 4 Pro, pude desfrutar de uma resolução 4K upscaled, mas o jogo também parece correr muito bem nos seus nativos 1080p. Não posso dizer que o visual no geral esteja ao nível de, por exemplo, AC: Origins, mas não deixa de deslumbrar mesmo assim.

Além das melhorias de texturas e efeitos visuais que já assinalei acima, porém, ainda há mais uns bónus a ter em conta nesta edição. Há duas missões singulares para explorar, uma de investigação e outra de conquista de um forte, dois pacotes com personalização para Shay e para o seu navio e ainda alguns bónus adicionais desbloqueáveis via Ubisoft Club. Como já tem vindo a ser habitual, não faltam os fatos das personagens emblemáticas da série Assassin’s Creed, deste Altaïr até ao próprio Bayek. Nenhum destes fatos confere alguma vantagem em jogo, excepto ficar “na moda”. Não fica muito bem caçar um Assassino e estar vestido como eles mas, enfim.

Pelo que digo acima e pelo que mencionei na análise original em baixo, a oferta geral e a jogabilidade parecem intactas nesta remasterização, levando apenas um upgrade visual. O que não é uma má constatação, notem. Porque já não estarmos na sua janela de tempo na Trilogia Americana da série (AC: III, Black Flag e este Rogue), pode não se enquadrar muito bem nesta nova era iniciada por Origins, trazendo algumas mecânicas que já tínhamos esquecido. Contudo, Rogue sobrevive bem ao teste do tempo, nem que seja pelo seu enredo tão único e pelos seus lendários combates marítimos.

Agora, sem qualquer estigma, com uma Ubisoft mais focada e que, claramente, aprendeu com os erros do passado, Assassin’s Creed: Rogue tem finalmente aqui a sua merecida versão polida, sem qualquer associação negativa com lançamentos de outros jogos problemáticos (Unity) e com uma oportunidade soberana de mostrar o que vale nesta geração de consolas. Da próxima vez quer fizeres uma remasterização de ti próprio, Shay, evita só causares terramotos na nossa capital, ok?

[Análise Original de 24 de Novembro de 2014]

Antes de mais, devo dizer-vos que não entendo a lógica da Ubisoft de lançar um jogo tão grande e complexo em paralelo com outro. Penso que tornar este jogo um exclusivo PS3/X360 (em contraste com Unity nas consolas mais modernas) tenta evitar concorrência directa. Por outro lado, a proliferação de PS3 e X360 nesta altura, garante um interessante mercado em comparação com as outras consolas ainda a crescer. Mesmo assim, Rogue é um jogo enorme, digno da chancela Assassin’s Creed e que merecia todo o destaque. Possui tudo o que gostámos de ver inserido em jogos recentes, mesmo sendo pouco inovador e deixando de lado um pouco o parkour, que fica a cargo de Unity. Assim, concluímos que não é um mero título complementar  (vulgarmente chamado de companion) como o foi AC III Liberation, para a PS Vita, por exemplo.

Mas, porque é que Rogue não teve tanto destaque? Talvez porque a Ubisoft não perdeu tanto tempo a publicitá-lo tendo dois jogos grandes em mãos (Unity e Far Cry 4). Relegado para a Playstation 3 e Xbox 360, Rogue não recebeu o tratamento “next-gen” e nem sequer teve direito a motor gráfico novo. Em muitos aspectos é uma continuação técnica de Assassin’s Creed III e AC: Black Flag. Até mesmo no tipo de mapas longínquos, que obrigam a alguns minutos de navegação por mar e nas dinâmicas do combate naval.

Há outros regressos que mais parecem repetições, sobretudo ao nível de construção de cenários. Para juntar à ideia que a Ubisoft faz deste um “filho rejeitado”, juntem também algumas más optimizações de texturas e efeitos sonoros menos positivos aqui e ali. Nota-se que houve um pouco menos de cuidado neste jogo, se comparado com os anteriores. Mas, repito, nem por isso Rogue é um jogo menor.

Passado antes dos eventos de Assassin’s Creed III e um ano depois de Black Flag, seguimos a história de um aprendiz de Assassino de nome Shay Patrick Cormac. Usando a famosa mansão que mais tarde Connor também irá usar para treinar, Shay desenvolve as suas capacidades na Ordem de Assassinos, executando missões em terra e mar. Um certo dia, porém, Shay descobre que os Templários possuem dois artefactos misteriosos que terá de procurar. Uma misteriosa caixa e um livro que a interpreta acabam por lhe dar coordenadas da cidade de Lisboa, em Portugal.

Lá, descobre um artefacto dos Precursors que, ao pegar, desencadeia o célebre terramoto de 1755. Mesmo sem o maremoto que a Ubisoft se terá esquecido, Shay fica horrorizado por fugir de uma Lisboa em ruínas e ver tantos mortos causados pela missão dos Assassinos. Acaba por se virar contra os seus mentores, que acredita possuírem uma moral errada. Shay segue um novo destino na sua vida. agora, como caçador de Assassinos, uma perspectiva completamente novo em toda a série.

Sou capaz de vos ter estragado perto de uma hora de enredo no início do jogo. Mas, acreditem, que só depois destes eventos é que a história realmente descola. Penso que, desde Altaïr, é a primeira vez nesta série que a personagem principal é já membro dos assassinos e não um jovem que acompanhamos no ingresso nesta ordem secreta. A reviravolta, porém, é que é inédita. Não me vou alongar muito mais, mas a própria imagem da capa do jogo mostra Shay vestido com uniforme Templário… já devem ter percebido onde isto vai parar.

O enredo é, de facto, muito bem escrito e refrescante na série. Foge um pouco aos estereótipos e é complementado com imensos pedaços de histórias que se ligam ao lore de Assassin’s Creed e, claro, à História Universal. Há pessoas reais como o Capitão Cook ou George Washington ou ainda personagens que se cruzam com o enredo de ACIII e Black Flag, como Achilles e Haytham Kenway (ambos de ACIII) ou Adéwalé (Black Flag). O enredo em diversas partes fecha ciclos e aprofunda questões. Rogue liga-se ainda com a história de Arno em AC Unity lá mais para o final mas não vos vou dizer como.

Apesar da inevitável sensação de estarmos a jogar o mesmo jogo de ACIII ou ACBF, é sempre agradável voltar a navegar pelos mares a bordo do novo navio de Shay, o “Morrigan”. Neste caso, toda aquela jogabilidade de navegação marítima explorada de forma exímia em Black Flag, brilha novamente neste jogo. No nosso navio, além de explorarmos as diversas regiões, vamos desviar-nos de Icebergs, combater com os seus canhões pelo domínio do Atlântico Norte e pescar tubarões e baleias. Também é agradável ver como a Nova Iorque setecentista foi recriada com todos os pontos históricos, alguns que ainda hoje existem e até podemos comparar.

A nível de jogabilidade, há algumas novidades de assinalar, como os canhões automáticos no Morrigan ou os novos adversários chamados Stalkers que são procurados, com recurso a uma espécie de radar (herdado do modo multi-jogador da série). O armamento também é familiar com uma ou outra alteração, como a espingarda de ar comprimido a substituir o arco-e-flecha. Além disso, é sempre um desafio perseguir os Assassinos, para variar. E já agora, dar uma perninha a rechaçar Piratas.

Além da campanha, algo curta se comparada com os títulos mais recentes da série, regressam as imensas missões secundárias, caças e pescas de itens para efectuar upgrades ao navio e ao próprio Shay. Isto além de tesouros e coleccionáveis dispersos pelo mapa. O nível de exploração continua a roçar o absurdo, com imensas horas a procurar todos os coleccionáveis. Se o vosso alvo for os 100%, não irão ficar desapontados com as horas que irão passar a navegar. Há mais ênfase para o combate furtivo no chão ou para o combate directo no mar, do que as costumeiras correrias de parkour típicas da série. Alguns fãs vão gostar desta abordagem introduzida em ACIII mas, se gostam de trepar paredes e rolar por telhados, busquem Unity.

Mas, quando estamos a apreciar tudo isto, eis que de vez em quando temos de tirar o óculos de realidade virtual do Animus e voltar aos tempos modernos para mais uma missão aborrecida nos servidores da Abstergo. Porque esta história paralela se tornou absolutamente irrelevante desde que o ciclo de Desmond Miles terminou, não encontro motivação para a seguir e só queria ter um botão para saltar estas sequências. Até pode ser que venhamos a ser surpreendidos no futuro mas, por agora, não é mais que uma “pausa para anúncios” a meio do jogo. A sério, Ubisoft, esqueçam lá isto, ok?

Do ponto de vista técnico, Rogue é um jogo surpreendentemente sólido e bem construído. Apesar dos eternos Loading Screens (característicos da série, diga-se de passagem), é extremamente fluido. Mesmo com algumas missões de mundo aberto, não se ressente. Claro que não podem esperar muito da Playstation 3 (versão analisada), sobretudo se, como eu, entretanto, estiveram a jogar Unity na PS4. Mas, vejam pelo lado positivo: Pelo menos não tem os famosos bugs desse jogo! Podemos até apontar alguma quebra de qualidade em comparação com Black Flag, sim, mas pelo menos as personagens não perdem a cara ou ficam presas no cenário…

Tenho de assinalar, porém, que na PS3 algumas texturas foram mal optimizadas, por exemplo, ficando com pixeis ou sem definição. Outro pormenor menos positivo é o som que constantemente nos parece mal optimizado ou masterizado para o jogo final. Enfim, no dia em que começámos a jogar na Playstation 4 e Xbox One, subimos um pouco a fasquia. O que não é justo nem para o Rogue nem para a PS3. O jogo é, mesmo assim, graficamente bem conseguido e típico desta chancela.

Veredicto

Apesar do constante dejá vú, Assassin’s Creed: Rogue é bem capaz de ser um dos melhores jogos da série. Se não tivesse existido um tal AC:Black Flag, estaria no topo, com certeza. Mas, o seu principal rival é Assassin’s Creed Unity, lançado exactamente no mesmo dia e cheio de hype ao seu redor. Tecnologicamente não mereceu tanta atenção da Ubisoft, a braços com outros objectivos para a nova geração de hardware. O que é injusto, se tivermos em conta que possui um dos melhores enredos originais da série. As suas falhas técnicas também não lhe permitem ir muito longe numa avaliação mais directa. Resta saber se foi intencional regredir a qualidade para dar destaque a Unity. É que, apesar de tudo, este jogo é digno de destaque. Quem não gostaria de vestir a pele de um Templário, para variar?

  • ProdutoraUbisoft Sofia
  • EditoraUbisoft
  • Lançamento14 de Novembro 2014
  • PlataformasPS3, PS4, PS4 Pro, Xbox 360, Xbox One X
  • GéneroAventura
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Tecnicamente merecia mais cuidado
  • Alguma repetição de ACIII e Black Flag
  • Faltou o Tsunami em Lisboa
  • As chatas cenas modernas na Abstergo

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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