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Análise – Astral Chain

Astral Chain é o mais recente exclusivo da Nintendo Switch, pelas mãos dos criadores de Bayonetta. Trata-se de um épico com tons de policial e ficção científica, contando ainda com alguns dos melhores sistemas de combate desta geração.

Astral Chain não é como um típico JRPG da Platinum Games. À primeira vista pode parecer um clássico jogo de acção com características e estilos típicos de uma produtora Japonesa. No entanto, com o tempo, vamos nos apercebendo que este título afasta-se imenso do que esta produtora nos têm vindo a habituar. Para dizer a verdade, a ideia com que fico é que este estúdio de Osaka pretendia criar uma experiência inovadora e única, reunindo tudo o que aprendeu até agora nas suas demais franquias. O resultado, como irão ver é um trabalho ambicioso mas com um resultado bastante positivo.

Os primeiros 90 minutos de Astral Chain arrancam da melhor forma, entusiasmando a cada minuto. Após uma breve criação da personagem (com poucas opções, diga-se), somos catapultados imediatamente para a acção. Especificamente, para cima de uma mota em movimento dentro de um túnel, onde somos forçados a defender-nos de um ataque de criaturas não especificadas. Um começo que não podia ser mais frenético e que nos introduz logo ao seu design cyberpunk, repleto de luzes néon, música rock e electrónica. O primeiro capítulo do jogo é uma enchente de acção que não nos deixa recuperar o fôlego e é logo aqui que as mecânicas da jogabilidade são explicadas em etapas, dando-nos tempo para entender o que está acontecer.

Neste título, que tem lugar num futuro próximo, existe uma constante necessidade de defender algo chamado de Ark, uma espécie cidade que se assemelha mais a uma fortaleza impossível e que, pelos vistos, aparenta ser um último refúgio para a Humanidade. As criaturas que teimam em atacá-la, por seu lado, têm outras ideias. São de outra dimensão e chegam ao nosso mundo através de portais e para as travar, foi criado um projecto que controlo destes seres, a fazer lembrar a história de Neon Genesis Evangelion. Aqui, são as Legions que acompanham a Neuron, a força especial da qual fazemos parte.

O sistema de combate revela-se desde logo fora do vulgar e um tanto ecléctico. Começando pelo protagonista, que tem apenas um tipo de ataque e uma arma: o seu cassetete multiusos, capaz de se transformar instantaneamente. Com ele é possível, dentro do mesmo combo, transformar-se em vários tipos de espada ou até mesmo uma arma de fogo. O ataque só é feito através de um botão, o gatilho direito. Com o decorrer do jogo será possível melhorar este cassetete para obter mais ataques diferentes e melhorar os respectivos combos.

As verdadeiras armas, contudo, sãos as tais Legions, as criaturas que estão ligadas ao nosso protagonista e que nos acompanham durante toda a história. Até ao final do jogo iremos desbloquear cinco tipos diferentes: Sword, Arrow, Arm, Axe e Beast. Cada uma tem o seu estilo de luta e aspecto únicos. O ataque das Legions, por seu lado, é feito com o gatilho esquerdo em jeito de complemento da arma. E é possível fazerem bastantes movimentos interessantes e úteis, como atirar ao adversário pelo ar, atacar em alta velocidade ou até encadear com os nossos ataques convencionais.

E é bom que escolham bem qual a Legion que querem ao vosso lado. Sword ataca rapidamente e é substancialmente bem equilibrada. Axe, por outro lado, é lenta mas mais poderosa, gerando escudos para defender o jogador. Beast é a mais rápida e também é capaz de controlar os adversários. Arm gera um dano considerável contra os adversários, mas é a mais lenta do lote. Arrow, como podem facilmente perceber, é a especialista em ataques à distância. Com esta lógica, Astral Chain acaba por ter uma acção diferente do habitual e a acção de dodge (esquivar) tem um papel importante, dando preferência a ataques laterais ou traseiros para infligir mais dano.

Nesse sentido, a Platinum Games também desenvolveu um bom sistema de dificuldade que permite qualquer tipo de jogador usufruir deste título. O nível mais baixo, por exemplo, permite jogar sem nos preocuparmos com a barra de vida das Legion, podendo ser invocados e mandados embora à vontade mas, se os pontos de vida terminarem, o tempo de espera é muito maior. Por outro lado, no nível de dificuldade mais alto não terão vidas adicionais e os inimigos ficam mais difíceis de derrotar. É possível até desligar todos os elementos do HUD, se quiserem chegar a um patamar de imersão além do normal.

E quando digo lá em cima que este não é um típico jogo da Platinum Games, não é por acaso. A linearidade subjectiva das missões é um bom exemplo do novo rumo. Entre os vários momentos de acção de Astral Chain, o protagonista continua a pertencer à polícia e isso significa que tem outros casos para serem resolvidos. Em cada capítulo existe sempre o caso principal e vários outros secundários, que podem ser resolvidos para obter recursos valiosos, desde consumíveis para auxiliar nas batalhas ou um código genético (pontos de experiência) para melhorar as nossas Legions.

O casos principais, normalmente, envolvem lutas, explorar portais e resolver diversos tipos de puzzles. Os casos secundários, por seu lado, são mais mundanos, normalmente envolvem mini-jogos ou missões de “ir ali buscar qualquer coisa a alguém”. No meu ponto de vista, servem maioritariamente para diminuir a tensão e obter os tais recursos adicionais que mencionei anteriormente para aumentar as capacidades necessárias para os grandes embates. A certa altura do jogo, acabei por abandonar estes pequenos casos, acima de tudo porque achei que não adicionaram muito ao jogo em si.

Algo que achei interessante em toda a campanha, é como toda esta aventura assenta numa lógica de ritmo dinâmico, ou seja, a passada muda de forma constante. Os vários casos que investigamos, são bons pretextos para nos fazer sentir no papel metódico de agentes de polícia. Mas, não esperem uma dificuldade demasiada elevada ou que apele às vossas habilidades de detective. Por outro lado as várias invasões dão aquele ritmo de luta frenético que já estamos habituados dos demais jogos desta produtora.

Visualmente, Astral Chain é uma excelente demonstração do estilo artístico que tanto apreciamos nos jogos vindos da terra do Sol Nascente, também desta produtora. O estilo anime encaixa-se na perfeição, com o design das personagens, dos espaços e da arquitectura, enfim, no geral, muito bem conseguido. Adicionam-se efeitos especiais, iluminação e toda a sorte de elementos decorativos nos vários ambientes que visitamos ao longo do jogo e o deslumbre visual é garantido. Só lamento que a câmara em espaços confinados ou em momentos com bosses de maior dimensão, fica algo descontrolada com alguma frequência. Uma actualização futura poderá mitigar isto, estou certo.

Veredicto

Astral Chain é sem dúvida um dos mais complexos e elaborados trabalhos da Platinum Games. Ao mesmo tempo, é também dos títulos mais distintos que já experimentámos desta produtora. A necessidade da criação de uma nova história e a junção de alguns ingredientes do melhor que já foi feito pelo estúdio nipónico, resultou num dos melhores títulos exclusivos da Nintendo Switch. Se são fãs deste género de jogos e deste estilo artístico, têm de experimentar esta nova aventura. Nós, por lá continuamos com a nossa Legion a policiar a Ark.

  • ProdutoraPlatinum Games
  • EditoraNintendo
  • Lançamento26 de Agosto 2019
  • PlataformasSwitch
  • GéneroAcção
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Casos secundários são... secundários
  • Câmara fica descontrolada com frequência

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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