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Análise – Atelier Ryza 2: Lost Legends & the Secret Fairy

A série Atelier já conta com diversos títulos de longa data. O género JRPG é também rico em estereótipos que os amantes do seu design e jogabilidade procuram em cada novo título. Atelier Ryza 2: Lost Legends & the Secret Fairy risca todos os itens da lista, mesmo que não surpreenda em nenhum momento.

Esta é a longa discussão se uma série que dura há já alguns anos deve realmente inovar, sob pena de perder a sua audiência base. Os jogos nipónicos como um todo, por mais inovadores que tentem ser, não conseguem fugir a determinados elementos padrão. Raparigas de formas exageradas e vozes estridentes baseadas no género anime, uma jogabilidade linear com combate por turnos, uma história fantasiosa e algo “silly”, enfim, check, check and check em Atelier Ryza 2. Não quero ser injusto, porque os fãs encontrarão sempre elementos positivos que preenchem os seus requisitos. Mas, convenhamos que, quando jogam um título neste género, já sabem o que esperar no próximo. E esta observação um tanto simplista, não podia ser melhor exemplificada com o jogo que vamos visitar agora.

Por outro lado, é sempre difícil analisar um destes jogos no outro lado da Rosa dos Ventos. No Oriente, mais precisamente no Japão, este tipo de jogos é profundamente apreciado, enquanto que, por cá, poderá ser perfeitamente ignorado ou seguido como um género de culto. Alguns JRPG, como os da série Final Fantasy ou outros, contudo, são casos de sucesso. Por isso, acredito que também haja algum formato de “fandom” de JRPG no Ocidente. Pessoalmente, sou um consumidor ligeiro deste género, dando-me algum à vontade para falar deste título em particular. Não faz de mim propriamente um especialista, admito. Ainda assim, a análise de hoje é uma abordagem a um novo jogo que podemos avaliar no seu conteúdo e qualidade. Não é necessário partir para comparações.

Para poder chamar-me de “autêntico fã”, teria de jogar todos os títulos da série Atelier, alguns deles até já passaram pelo WASD com diferentes analistas. Seria exaustivo e francamente contraproducente jogar todos. Se não, saibam que temos na franquia Atelier um total de 22 título, sem esquecer os 17 spin-offs e as 31 reedições… Desde 1997 que temos um novo título Atelier com uma periodicidade quase anual. Ryza 2 é só o mais recente de uma longa linhagem que, tirando alguns avanços técnicos, uma óbvia alteração de personagens e umas poucas novidades ao longos dos anos, se mantém praticamente intacta. É por isso que, se chegarem apenas agora a esta franquia, terão um choque de gerações, conceitos e convenções com o que se faz hoje em dia.

Três anos depois dos eventos do primeiro Atelier Ryza, a nossa heroína Reisalin Stout continua a praticar a sua alquimia. Agora longe da companhia dos seus amigos que partiram para a capital Ashra-am Baird, Ryza continua na ilha Kurken, onde recebe uma carta a falar de umas interessantes ruínas que poderão estar relacionadas com o seu estudo de Alquimia. E é claro que temos uma misteriosa pedra preciosa à mistura para adensar a trama. Com esta premissa, Ryza finalmente vai para a capital para desvendar este curioso mistério, cheia de vontade de rever os seus amigos. Obviamente, a protagonista acaba envolvida numa nova aventura relacionada com as origens desta cidade, ao mesmo tempo que introduz a heroína a uma estranha criatura, Fi.

Se jogaram o título anterior, notarão de imediato que esta história é mais “directa ao assunto”, dando-nos o primeiro combate logo a seguir a primeira cena intermédia e o nosso atelier de alquimia pouco depois. Por outro lado, apressa-se a mudar-nos de local, como se o final do primeiro Atelier Ryza, a separação de Ryza dos seus amigos, fosse um “erro” de argumento. É como um rectificar de um pedaço de enredo que não faria muito sentido, dada a química das personagens. Contudo, esta pressa faz perguntar o que raio estamos a fazer durante todo o prólogo. De qualquer modo, rapidamente estamos no rumo que se pretende, sem grandes rodeios. Mas, não esperem uma história mais desenvolta. Tal como o primeiro jogo, também aqui demora um pouco a “acelerar”.

Este interesse em ser mais “imediato” traz alguns problemas aos recém-chegados. Não sei muito bem porque haveriam de escolher uma sequela para se iniciarem numa inteira franquia de longa data. Admito que pegar num novo Atelier é possível (o meu último jogo nesta franquia foi Atelier Sophie), até porque a jogabilidade é francamente familiar para quem conhece outros títulos do género. Contudo, Ryza 2 é uma continuação e não perde muito tempo a explicar os eventos do primeiro jogo. Assim sendo, se calhar, era bom terem jogado o primeiro Atelier Ryza. Até para perceberem a tal química dos amigos da protagonista e entenderem melhor o impacto dos mesmos no enredo. É possível pressupor a maioria das coisas baseando-nos num contexto mas, de facto, não deixa de ser uma sequela que assenta um pouco no impacto de reencontrar amigos.

No que toca à jogabilidade, como já disse, é francamente familiar. Este é um JRPG com muito foco no crafting, neste caso via alquimia. Essa é, aliás, a verdadeira peça-chave desta franquia como um todo, caso contrário, seria só mais uma franquia igual a centenas de outras. A alquimia, na verdade, está associada ao progresso no jogo, juntando ingredientes num pote para criar itens no nosso atelier. Com a evolução da história, receitas e ingredientes tornar-se-ão cada vez mais preponderantes, até porque influenciam a criação de armas e equipamento mais poderosos, para inimigos também mais fortes e exigentes. E só mesmo estes itens criados é que farão a diferença, já que os comprados em lojas do jogo, nunca se comparam em poder e capacidades.

Com isto em mente, é importantíssimo explorar o mundo em busca de novas áreas que, inevitavelmente, escondem também novos e melhores ingredientes. Notarão que depois de algumas horas, o ritmo é francamente repetitivo, partindo à descoberta em missões secundárias, angariando itens e depois regressar ao atelier para explorar receitas. Contudo, esta é a fórmula familiar de quase todos os JRPG que conhecemos, sendo igualmente transversal aos RPGs mais ocidentais: evoluir a personagem para evoluir a história, num elemento cíclico e francamente rotineiro. Ou se ama, ou se odeia. A recompensa para os persistentes é palpável, depende só da vossa persistência.

Até porque o jogo esconde uma enorme complexidade em si próprio, por baixo de um “manto” de simplicidade. É possível decorar o atelier, podemos melhorar lojas, criar itens para vender e outros detalhes. Mesmo o clássico combate por turnos, possui uma série de nuances, como itens que podemos criar para modificar os ataques ou as defesas. Isto obriga um estudo profundo do crafting e dos itens ganhos, algo que, infelizmente, não me pareceu muito bem explicado em todas as fases. Como sempre, a recompensa é maior para os que estudam todas as possibilidades. Resta saber se estão dispostos a tanto investimento de tempo e atenção, com algum trabalho de “adivinho” pelo meio.

No plano técnico, não sei bem o que podemos esperar de um jogo que se estende por várias plataformas, desde o PC à Nintendo Switch, passando pela PlayStation 4. É um jogo visualmente simples, como já disse, a apostar num estilo visual no género anime, tanto nas personagens, como no ambiente. O efeito “banda-desenhada” até está bem concebido, notando-se apenas algumas limitações técnicas nos modelos 3D. Não gostei particularmente dos menus e interface na versão testada (PC), dando a entender que estão feitos para monitores pequenos (Switch), tornado-se demasiado grandes e intrusivos na imagem. Embora tudo no plano técnico seja, de um modo geral, cumpridor e expectável neste género, nada deslumbra, nem no plano visual, nem sonoro.

Aliás, à boa maneira dos JRPG, só os diálogos das cenas intermédias é que são falados (na versão original Japonesa), o que até é algo positivo, considerando algumas falas pobres e as vozes por vezes irritantes das personagens. Por outro lado, é complicado habituarmo-nos ao tom “silly” latente. Assumo que os jogos do momento nem sempre são tão optimistas ou positivos como é este, o que talvez crie aqui um choque, que é tanto de estado de espírito, como é cultural. Mas, há aqui tanta exposição redundante e linhas de diálogo absolutamente desnecessárias, que é quase impossível evitar o aborrecimento, carregando na tecla para fazer skip mais vezes que, se calhar, a produção desejaria. Como eu, estou certo que muitos o farão, por mais que se envolvam na história.

Veredicto

Os amantes dos JRPGs da “velha guarda”, já saberão o que esperar de Atelier Ryza 2: Lost Legends & the Secret Fairy. Está cheio de estereótipos que este género quase “obriga” a conter, pelo que nenhum fã deste tipo de jogos tão peculiar sentirá lacunas. Fazendo jus à série Atelier, tem também todos os ingredientes “alquímicos” que esperam. Como jogo individual, porém, espera-se que já conheçam a jogabilidade e que tenham jogado o título anterior, não perdendo muito tempo a explicar-se. Se conseguirem ultrapassar a estranheza inicial, o aborrecimento e a repetição inevitáveis, têm aqui um bom exemplo de um género clássico que pouco mudou ao longo das décadas.

  • ProdutoraGust Co. Ltd.
  • EditoraKoei Tecmo
  • Lançamento26 de Janeiro 2021
  • PlataformasPC, PS4, Switch
  • GéneroRole Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Extremamente repetitivo
  • Parte do suposto que jogámos o primeiro Atelier Ryza
  • A maioria dos diálogos, em especial secundários

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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