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Análise: Batman: Arkham City

Não sabemos bem qual a fórmula de sucesso da personagem criada pelo artista Bob Kane, mas o que é certo é que Batman tem sido agraciado com grandes representações cinematográficas mas também com grandes videojogos.

O sucesso das suas aventuras pela sétima arte sem dúvida impulsionou um grande jogo que tivemos há cerca de dois anos, Batman: Arkham Asylum, tendo recebido o prémio de jogo do ano na sua especialidade (Acção, Aventura) em diversos meios. Agora, a produtora Rocksteady tinha um grande trabalho em mãos: Tornar a série ainda mais apelativa, pegando na receita de sucesso anterior e acrescentando um pouco mais.

Não é fácil ultrapassar o sucesso do primeiro jogo, mas Batman: Arkham City consegue e chega mesmo a ultrapassar as expectativas…

Uma cidade de bat-loucos…

O caos está instalado. Depois da campanha de Batman na Ilha de Arkham onde se situava o famigerado asilo de loucos e onde residiam os principais psicopatas e sociopatas de Gotham, e depois da revolta da prisão de alta segurança de Blackgate, os poderes instituídos decidem criar um espaço para esta gente toda, Arkham City.

A dada altura as condições inumanas, insanas e caóticas de Gotham City em que ao mínimo vislumbre de crime qualquer pessoa pode ser enviada para a cidade prisão, chamam a atenção do bilionário Bruce Wayne (Batman) que numa arrojada campanha tenha persuadir o Mayor Sharp a fechar Arkham City. Só que lá dentro surge um plano arrojado e demente, pela cabeça de Hugo Strange com o comando das forças de segurança Tyger e Bruce acaba também ele preso.

Nada a temer… Faz tudo parte do plano de inserir Batman na cidade. Só que há um senão! Hugo Strange sabe a identidade do Cavaleiro das Trevas e obriga Batman a colaborar numa pretensa missão pela cidade. Entretanto, temos de equacionar que todos os vilões da mitologia de Batman estão nesta cidade, cada um com os seus planos e demência.

Harvey “Two Face” Dent deseja não só vingar-se como planeia executar publicamente Selina “Catwoman” Kyle. Oswald “Penguin” Cobblepot planeia destronar todos os líderes de gang e tornar-se ele próprio no “dono” da cidade. Edward “Riddler” Nygma deseja levar todos a um estado de demência com as suas charadas e enigmas, especialmente Batman. E muitos são os que faltam mencionar e com que nos cruzamos. Mas claro que o principal continuará a ser o famigerado Joker e a sua companheira Harley Quinn, desenganem-se se acham que neste jogo,  o “palhaço” tem menos protagonismo. Esperem pelo desenrolar da estória. E é excelente, garantimos. Ora não fosse escrita pelo eterno Paul Dini cuja qualidade, a par da criação das personagens por Bob Kane, quase justifica a existência de todo o cânone do Homem Morcego.

Há lugar para alguns desenlaces pouco previsíveis, algumas reviravoltas e um final genial. Tudo o que fizerem na estória principal, porém, não representa a totalidade do jogo. Na verdade representa cerca de 20% de todo o jogo, pelo que aconselhamos a todos a seguirem as missões secundárias ao longo do jogo para a prolongarem. Por outro lado, podem seguir logo para a terminar e depois sim pensar nas missões secundárias e puzzles. Mas depois de quase 15 horas de jogo aqui no WASD, ainda só fizemos 50% do jogo todo… Sim, há muito para jogar!

Dando um murros com a bat-luva…

Com a saída da ilha de Arkham, o mapa de jogo tornou-se muito maior. Deixamos de maioritariamente deambular nos interiores de edifícios e passamos a ter de navegar pelas ruas e sobretudo pelos telhados e terraços da decadente cidade-prisão. Desaparece um pouco o conceito de exploração para dar lugar a missões pontuais em pedaços do mapa, mas não deixa de ser um sistema estilo “open world”. A diferença é que não há nada para explorar como em Arkham Asylum, mas sim procurar. Há diversas missões secundárias que obrigam a procurar items ou mesmo pessoas.

A famosa e viciante acção furtiva está de volta, mas é no combate que a Rocksteady fez imensos aprimoramentos na fluidez do jogo e na transição entre planar pelos edifícios e cair no meio de rufias para os desancar. Agora o combate é ainda mais frenético com todas as “gadjets” de batman à mistura. O forte do jogo é mesmo desancar enormes grupos de inimigos e pelo meio alguns com habilidades especiais, como os que levantam escudos, se armam com ferros, paus ou garrafas partidas, equipados com armaduras, armados com metralhadoras ou caçadeiras, equipados com tazers, etc. Há também uma espécie de bosses injectados com muitos esteróides para nos fazer a vida negra.

É normal que tenham de passar um bom bocado a dominar os diversos combos e opções de combate de Batman. Uma mistura entre um batarang arremessado e algum gel explosivo no chão podem limpar logo dois adversários. Se estiverem armados, agora Batman pode tirar a arma das suas mãos com a Batclaw. Se o adversário vem com um escudo na sua frente (geralmente a porta de um carro), podemos saltar por cima e ensinar-lhe boas maneiras, se vem um adversário com armadura, mandamos-lhe com a capa para o atordoar e desferimos muitos golpes seguidos. Enfim, o que mais apreciavam no jogo anterior regressa e com muitas novidades.

Mas não desesperem se não dominarem à primeira o combate corpo-a-corpo. Agora todos os movimentos podem ser explicados e aplicados mediante um tutorial que desacelera ligeiramente o momento em que devem desferir o golpe específico. Esses tutoriais podem ser activados num menu específico. Outra forma é participar nos desafios de Riddler no menu inicial específicos para Acção Furtiva (Predator) ou combate corpo-a-corpo.

O resto da acção do modo de jogo principal desenrola-se a resolver enigmas e problemas de Riddler, investigar o que se passa pela cidade e perseguir meliantes. É difícil por vezes discernir o que é estória principal, por exemplo, perseguir Joker até ao seu esconderijo e desancar na sua equipa de segurança, e o que é missão secundária como atender chamadas de Zsazs e ir de cabine telefónica em cabine telefónica para o encontrar, o que não deixa de ser bom se pensarmos que o jogo é bastante longo e terminá-lo é uma proeza. Todos estes desafios, a par de outros e da estória principal, dão pontos de experiência que permitem desbloquear funcionalidades novas e mesmo arte-conceptual e modelos 3D das personagens nos menus respectivos.

Todas as gadjets de Batman foram revistas. Apesar da Batclaw agora já não poder arrancar painéis ou paredes com a cabeça tripla (sentimos muita falta), regressam o remote batarang com muito mais protagonismo (há troféus do Riddler para descobrir que muitas vezes é preciso lançar este batarang em autênticos labirintos apertados), o sonic batarang que agora pode explodir quando chega um adversário incauto para investigar, o gel explosivo que agora pode ser usado a meio de um combate, a famosa Zipline em que Batman a dispara e a meio pode disparar novamente para outra direcção e até mesmo usá-la como corda-bamba e o normal batarang que infelizmente já não podemos disparar até 3 de uma vez, mas possui um modo de disparo rápido que é quase a mesma coisa.

Como novidade, uma pistola que dispara uma carga eléctrica, uma bomba de fumo para desaparecer no meio dos inimigos, um gatilho para criar interferências em sistemas electrónicos e regressa o descodificador criptográfico com novo aspecto e funcionalidades como a capacidade de sintonizar frequências. Também uma novidade é uma bomba de gelo para criar plataformas na água ou tapar saídas de vapor, oferecida pelo famoso Mister Freeze numa parte do jogo. Uma outra novidade que só mais para a frente no jogo vão ter acesso é uma espécie de corda que serve para prender inimigos. Não nos foi muito útil, confessamos, por estar tão à frente no jogo.

O modo Detective regressa com a habitual vantagem táctica de Batman poder ver tudo com visão raio-x entre outras vantagens. Este modo é usado para investigar zonas de crimes, detectar rastos ou pessoas específicas e é muito usado para descobrir zonas escondidas. Note-se, porém que o seu uso é menor em comparação com o jogo anterior, mas não deixa de ser vantajoso.

Já mencionámos que agora é preciso planar muito mais entre os edifícios e esta funcionalidade também foi devidamente revista. Agora o acto de planar é feito em muito maior distância pelo que a capacidade mergulhar para ganhar velocidade e assim recuperar sustentação foi acrescentada. Além disso pode-se recorrer à nossa corda para usar como impulsionador quando estamos a perder velocidade.

São muitas as novidades deste novo Batman a nível da jogabilidade, algumas podemos nem colocar aqui até porque a piada é os fãs do jogo anterior as descobrirem e quem joga pela primeira vez tirar proveito da excelente fluidez e dos momentos de acção que este jogo proporciona.

E, já agora, porque há coisas que nunca mudam, Batman, infelizmente, continua a não gostar nada de água… Faz-nos lembrar a saga de Altair em Assassin’s Creed. Estamos certos que num próximo jogo alguém se vai lembrar de meter Batman com um bat-fato de mergulho…

Uma gata muito bat-especial…

Não bastava toda a qualidade e longevidade do jogo com Batman, eis que uma gata muito especial acrescenta algo mais ao jogo. Selina Kyle, mais conhecida por Catwoman está em Arkham City, presa como todos os outros. Pertence a uma parte muito importante do enredo principal e até tem direito a algumas luzes de ribalta em pelo menos 2 momentos chave com Batman.

Mas há algo mais em Catwoman. Todos os jogos originais (ou seja, todos os comprados como novos) têm um código de activação que não funciona como online pass, porque o jogo não tem modos multi-jogador, mas sim para desbloquear a própria Catwoman. Aliás, aconselhamos a todos que usem este código ANTES de começar o jogo porque altera uma série de momentos do enredo principal.

Catwoman tem uma estória paralela a Batman. Ao contrário do Homem-morcego, porém, a Mulher-Gato tem uma agenda muito própria. Na verdade a aventura de Catwoman é um jogo dentro do jogo e tem até os seus próprios desenlaces e algumas decisões pelo meio. Ela própria é alvo do assédio de Riddler com puzzles e troféus próprios para ela e que são necessários para o desenlace de algumas missões do próprio Batman.

Percorremos a cidade com o seu chicote e unhas afiadas para ultrapassar obstáculos, acção furtiva para eliminar oposição, gatinhar pelo chão ou pelo tecto e até algumas armas curiosas, além do chicote, como as próprias garras ou “bolas”, umas espécie de corda com duas esferas que quando arremessadas fazem o inimigo tropeçar e ficar preso.

Também em paralelo com Batman temos uma espécie de visão Detective, baptizada como “Theft Vision” (Visão de Ladrão”) que lhe permite ver através de paredes e encontrar zonas específicas tal como Batman, mas sem as pequenas notificações digitais e com imensa distorção.

Depois de terminarem o jogo como Batman aparece pela cidade uma série de pontos de troca. Ora jogam como Batman ora como Catwoman. Recordem-se que ambos possuem missões específicas que contribuem para o completar do jogo.

A gata tem logicamente menos resistência que o herói principal, mas muito mais agilidade, tornando-se numa jogabilidade diferente. Logicamente não consegue planar, por isso não consegue chegar da mesma forma que Batman a certos sítios, embora possa gatinhar para lá chegar, obrigando a uma abordagem diferente. Catwoman possui também missões concretas nos Riddler Challenges tal como Joker tinha no jogo anterior com as mesmas diferenças.

Já agora, a gata ainda vai ter companhia como personagem-extra. Esperam-se DLC de novos desafios e mapas e com Robin e Nightwing como personagens jogáveis já neste próximo mês.

O Bat-sinal está no ar…

Um dos marcos do jogo anterior era o grafismo, sem dúvida. Só para a capa de Batman, a Rocksteady criou uma equipa fechada. A arquitectura do jogo inteiro era excelentemente optimizada entre plataformas e havia pouca margem para erros. O detalhe era incrível e mesmo em mapas de grandes dimensões, Arkham Asylum não se ressentia. E neste jogo aquilo que se pedia era mais do mesmo…

Bem, se pensarmos que Arkham City é uma… cidade… o nível de detalhe do jogo ou diminuía ou haviam problemas de optimização. Afinal não. O excelente motor gráfico Unreal Engine 3 afinal funciona e bem. Só é preciso que alguém com as devidas qualificações o use convenientemente. Sim, lá estão os famosos borrões que lentamente ficam definidos nalgumas texturas. Algumas sombras nos objectos estão estranhas e não funcionam bem, mas esses são males crónicos do próprio motor e não do trabalho da Rocksteady.

Akrham City em si é uma cidade deslumbrante, mesmo no meio da sua decadência. Não é propriamente uma cidade bonita em si, mas os detalhes arquitectónicos, pormenores de estrutura, mesmo no meio das desfigurações dos desenhos de Joker ou das aberrações de Two-Face, parece extraída directamente das bandas-desenhadas que tanto gostamos.

Quanto estiverem a navegar entre edifícios, notem a iluminação contrastante de cada “bairro”, os néons, as decorações. Ao longo do jogo e durante as missões bem sucedidas vão desbloqueado arte-conceptual que fica gravada no menu. Vale bem a pena ver como os concepts dos artistas foram tornados jogo e vale ainda mais a pena comparar o que chegou a arte final com as comics e mesmo com os filmes. Não é raro encontrarem referências sobretudo aos filmes de Tim Burton e mesmo aos mais recentes. Notem como o Penguin é amplamente inspirado na personagem imortalizada por Danny DeVito ou como algumas máscaras dos capangas de Joker nos fazem lembrar o último filme.

Depois são as animações absolutamente impecáveis. Tudo o que mexe em Arkham City é realista, quanto mais não seja pela elevada intenção de não criar “bonecos” mecanizados. Não estamos a falar só das personagens principais. Mesmos os coitados que enfrentam Batman um pouco por todo o lado, os capangas das várias facções tem um detalhe impressionante. Alguns gesticulam a chamar os outros, outros fogem para apanhar armas e ainda outros tentam gozar com Batman. Tudo com uma enorme fluidez e elevado realismo.

A capa de Batman, não sabemos se envolveu novamente uma equipa cativa, mas dada a quantidade de interacção em voo e em combate, continua impecável como imensos pormenores e rasgões. Aliás, essa é uma constante no jogo. A forma como o fato do Cavaleiro das Trevas se vai deteriorando com tiros, facadas e explosões é muito realista e atenta ao detalhe.

A única coisa a nível de grafismo que podemos não gostar é mesmo essa designação de “Trevas” não é lá muito realista. Talvez no primeiro jogo fosse mais evidente quando Batman usava as sombras para se esconder, essas sombras estavam lá, mais ou menos escuras. Neste novo jogo, não há realmente sombras. É preciso um certo esforço mental para acreditar que Batman está a meros metros de distância do vilão com uma iluminação razoável e este não o vê. Enfim, se fosse demasiado escuro, pensamos que também haveria quem não gostasse. Reduzam o brilho no menu do jogo e se não chegar usem mesmo o comando da televisão. Faz toda a diferença.

A nível sonoro, estamos mais uma vez num jogo soberbo. A banda sonora do primeiro jogo foi livremente adaptada para Arkham City com nuances novas e novos temas. Ron Fish e Nick Arundel regressam com temas sombrios e dementes dignos do tema do jogo. Mas onde o som se destaca é mesmo no casting de vozes. Mark Hamill (Luke Skywalker, Star Wars) como o eterno Joker, ao lado dos já conhecidos Kevin Conroy como Batman, Wally Wingert como Riddler, entre outros regressam não só do primeiro jogo como da equipa que deu voz às “TV Animated Series” de Batman. Todos estes actores deram vida as personagens desde sempre e neste jogo nota-se a vantagem disso mesmo.

Curiosidade para todos os jogadores ávidos, Nolan North (Uncharted 1, 2 e 3) dá a voz a Penguin e o homem que dá a voz a imensas personagens de Clone Wars (Série de TV de Star Wars) Corey Burton dá a voz a Hugo Strange.

Bat-Veredicto

Será cliché dizer que este é um sério candidato a jogo do ano? Não só pela herança de Arkham Asylum, esse sim Jogo do Ano 2009, mas pelas inovações técnicas e de jogabilidade, achamos que sim. Como já deu para perceber, aqui no WASD somos fãs de Batman, por isso podemos dizer que achamos que a representação do Homem Morcego está soberba. Mas também é verdade que um completo estranho a este mundo pega com facilidade em Arkham City e gostos pessoais à parte, consegue perceber porque dizemos que este é um grande jogo.

Graficamente exemplar, com uma jogabilidade genial e com um enredo magnífico, Batman: Arkham City é um jogo essencial. Esperem jogar mais de 40 horas a viver a estória principal, a resolver enigmas, a dar pancada em meliantes e a descobrir items. Depois disso passem pelos Desafios, pela estória toda em modo Plus (+) que se desbloqueia depois de terminar o enredo principal rejogando-o com mais dificuldade e sem ajudas ou tutoriais (uma espécie de modo hardcore) e claro, com os modos Catwoman.

  • ProdutoraRocksteady
  • EditoraWarner Brothers
  • Lançamento21 de Outubro 2011
  • PlataformasPC, PS3, Xbox 360
  • GéneroAcção, Aventura, Plataformas
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Trevas um pouco claras demais
  • Alguns puzzles de Riddler são frustrantes
  • Alguns defeitos gráficos do Unreal Engine 3

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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