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Análise: Batman: Return to Arkham

Se há jogos que merecem o estrelato, são os da série Batman Arkham. Infelizmente, o mais recente título não teve a melhor das recepções, mas Batman: Arkham Asylum e Batman: Arkham City estão entre os melhores jogos de sempre. Ambos regressam na compilação Batman: Return to Arkham, agora portados para Unreal Engine 4.

É preciso ter muito cuidado quando se remasteriza um jogo. Tudo bem que, quando os originais são lançados, geralmente surgem numa plataforma entretanto ultrapassada. É razoável pensar que, se calhar, merecem uma revisita técnica para melhor os honrar. O problema é quando as empresas o fazem sem olhar a questões artísticas. Os dois primeiros jogos da série Batman Arkham ficariam um pouco aquém do que se faz hoje a nível visual na PlayStation 4 ou Xbox One. A ideia de os trazer de volta, não como clássicos, mas como remasterizações, porém, corre dois riscos: Que realcem demais os defeitos dos jogos originais ou que, por outro lado, cometam demasiadas liberdades sobre o trabalho original. Com isto em mente, será que a empresa Virtuos conseguiu portar os jogos da Rocksteady de forma competente?

Neste pacote estão os dois jogos já mencionados, além de todos os DLC lançados anteriormente. Na versão digital que testámos na Xbox One, os jogos são instalados de forma independente, permitindo instalar e jogar um só título também de forma individual. Isto, para mim, é uma vantagem porque só iria pegar em Arkham City depois de terminar o primeiro jogo. Tecnicamente, estamos a falar exactamente nos mesmos jogos originais, apenas sofrendo uma operação de cosmética a nível de texturas, modelos, efeitos visuais e, sobretudo, iluminação.

Como qualquer jogo remasterizado, porém, irá agradar a alguns que este grafismo aproxime os dois primeiros jogos da fidelidade gráfica de Batman: Arkham Knight. Só que também irá desagradar a outros, puristas, que realçam o facto destes dois jogos não precisarem mesmo de um trabalho a esse nível. Uma simples reedição com a mesma qualidade visual, adaptada a uma resolução superior seria o bastante para estes últimos. Olhando para as imagens comparativas, se calhar até consigo concordar com esta afirmação.

Return to Arkham é um misto. Os dois jogos possuem uma maior resolução correndo em Full HD (1080p) em toda a sua glória. Mas seria de esperar que a Virtuos optimizasse o jogo para mais que os reportados 30FPS. Também seria de esperar que não existissem notórias quebras acentuadas dessa performance, sobretudo em momentos críticos, como em combate. Mas, mesmo com esta limitação visual que não faz jus ao poder técnico da PS4 ou XBO, o que não se pode é remover a qualidade de optimização que a Rocksteady trabalhou na PlayStation 3 ou Xbox 360, substituindo essa direcção artística por luzes e efeitos visuais, por vezes, desnecessários.

Basta vermos estas imagens extraídas do vídeo oficial que aqui partilhamos. Haviam efeitos visuais relacionados com a iluminação que tornavam os jogos originais mais sombrios. Isso, parecendo que não, era uma vantagem. Escondia pormenores menos optimizados ou sem definição e garantiam que o jogo não quebrava demais a performance. O que a remasterização fez foi reeditar as texturas e modelos para terem mais definição, aparentemente pesando mais no sistema. Pior, mexeu nos focos de luz e efeitos de iluminação, clareando todas as áreas e… realçando os tais pormenores menos optimizados, tornando-os desnecessariamente evidentes.

E há alguns detalhes artísticos que se perdem nesta optimização. Por causa da nova iluminação e filtros usados, algumas texturas não parecem bem representadas, removendo ou alterando até alguns pormenores críticos. Veja-se o caso da imagem acima, onde a optimização da iluminação na face de Joker se foca mais no contraste de cores que no realce dos pormenores. Também as cores mais garridas nem sempre funcionam a favor de dois jogos que davam primazia a cores menos contrastadas para realçar as trevas onde o Homem-morcego deambula.

Um pormenor que funciona muito bem, porém, é a optimização dos polígonos, evitando os blurries em volta das personagens e os infames “serrotes” do Aliasing. Mas, nem isto, por vezes, funciona muito bem, removendo destaques de personagens ou objectos, tornando as cenas bem menos dramáticas a nível de fotografia. Além disso, quería mesmo remover este filtro sépia (tons amarelados) que não pedi.

Ou seja, há momentos em que as versões originais parecem melhores que as remasterizadas. Até porque, nessa altura, não éramos tão exigentes ao nível visual e os dois títulos fizeram maravilhas técnicas nas suas limitadas consolas. Ter iluminação mais global, clareando os vários momentos do jogo que eram francamente favorecidos pela escuridão, pode sempre ser condicionado por ajustar o contraste do nosso televisor. E foi mesmo isso que fiz, embora o novo contraste não ajude muito.

De volta, felizmente sem nenhuma mexida assinalável, está o combate irrepreensível que tem sido uma das imagens de marca da série. Não só esse combate corpo-a-corpo, como também toda a dinâmica de gadgets e interacção que aprendemos a apreciar na série. Porque tudo parece mais polido e brilhante, conseguimos apreciar melhor as animações em si (haja algo positivo). Um destaque em particular para a fantástica capa de Batman, ela também uma protagonista importante no sucesso da série, tendo a seu cargo uma equipa original dedicada apenas ao seu movimento.

Também inalterável estão todas as áreas de jogo, com os irrepreensíveis mapas do Asilo e da Cidade de Arkham. De facto, pondo um pouco de lado os problemas de performance a manchar a sua beleza visual, é sempre uma experiência fantástica regressar a estes jogos com esta nova resolução, anteriormente só possível na versão PC. Esperem até se empoleirarem na torre da praça do Asilo apenas com o luar (em baixo) ou voar pelas ruas semi-destruídas da cidade à chuva. É, de facto, um jogo intemporal, mesmo com as mexidas desnecessárias nesta reedição.

No que toca a conteúdo, temos os dois títulos completos com todos os extras, como seria de esperar. Além dos jogos base originais, temos também todas as adições de conteúdo feitas posteriormente, inclusive os pacotes de fatos adicionais com que podemos jogar com o Homem-Morcego e as missões adicionais, como a que podemos jogar na pele de Catwoman. Seria de esperar numa remasterização que fosse adicionado algum material adicional de making-of ou em jeito de celebração do seu sucesso. Mas, nada disso está incluído e é pena.

Também não consigo entender porque Arkham Origins não teve direito a entrar neste pacote. Entendo que Arkham Knight é demasiado recente e já tinha tido a sua entrada na PlayStation 4, Mas o terceiro jogo, na verdade uma prequela de Arkham Asylum, criado fora da alçada da Rocksteady (responsabilidade da WB Games Montréal) e um pouco mal-amado pela crítica, também merecia alguma atenção. Afinal, faz parte da linha de jogos e até é competente a tentar corrigir os erros dos primeiros jogos. Até perdoei não ter Mark Hamill na voz de Joker. Haverá alguma edição definitiva no futuro com os quatro jogos?

Veredicto

Não é difícil recomendar qualquer um dos dois jogos contidos neste Batman: Return to Arkham. Num só pacote temos dois jogos icónicos do melhor que se pode fazer ao nível de títulos de super-heróis. Os enredos sólidos, a acção irrepreensível e a qualidade visual são pontos fortes. Esta remasterização, porém, não adianta nada de novo aos originais. Pior que isso, mexe demasiado na direcção artística, sobretudo ao nível de iluminação, não oferece uma optimização razoável ao limitar fotogramas por segundo e tem quebras acentuadas de performance em determinados momentos. É sempre óptimo voltar a qualquer um dos jogos de Batman Arkham, apenas esperávamos melhor homenagem a dois jogos tão importantes.

  • ProdutoraRocksteady / Virtuos
  • EditoraWarner Brothers
  • Lançamento14 de Outubro 2016
  • PlataformasPS4, Xbox One
  • GéneroAcção
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Limitação e quebras pontuais de fotogramas
  • Liberdades com a iluminação
  • Ausência de conteúdo novo

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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