Battlefield-3

Análise: Battlefield 3

A série Battlefield está entre nós há quase 10 anos. Quem diria que com esta idade, tivesse tanto sucesso? A cada novo lançamento, a DICE, produtora, inova qualquer coisa a nível de jogabilidade. Não podemos esquecer o que Battlefield 2 fez pelo mundo do jogo online e muito menos podemos esquecer o que fizeram Battlefield: Bad Company 1 e 2 pela introdução do fantástico motor Frostbite. Com Battlefield 3, porém, a DICE quis ir muito mais longe do que apenas inovar visualmente. Este é mais que um mero jogo de uma série galardoada. Esta é a afirmação da DICE e da EA do que é um jogo de Acção na Primeira Pessoa. E cumpre, a nosso ver, tudo aquilo que prometeu ao longo de muito tempo, mesmo com versões Beta algo polémicas pelo meio. Não é um jogo perfeito, tem as suas falhas, mas quem procura todo o realismo do combate moderno e a intensidade do jogo online tem aqui o que procura.

Uma qualquer história…

O Sargento Blackburn está em apuros. Preso por suspeita de ter assassinado o seu comandante de esquadrão, é interrogado por uma parelha de agentes que tenta, não descobrir os motivos do assassinato, mas outras informações pertinentes relacionadas com uma pretensa bomba atómica com paradeiro desconhecido. Toda a estória fala de conflitos bélicos inspirados em eventos actuais, no ano de 2014, e gira em torno de quatro personagens jogáveis. O Sargento Blackburn, a personagem principal que acompanhamos no interrogatório e também nas suas missões pelo Iraque e Irão, integrado nas forças dos US Marines; o Sargento Miller, operador de Tanque que acompanhamos na frenética invasão da fronteira com o Irão; a Tenente Hawkins que é co-piloto de um caça F18 Hornet e que acompanhamos numa das missões de suporte a Blackburn; e um agente dos serviços secretos Russos (GRU) de nome Dimitri, mais conhecido por Dima, cujas operações secretas visam apanhar a tal bomba nuclear. Todas estas estórias rondam o mesmo enredo geral. O líder das forças rebeldes Iranianas de nome Solomon está a elaborar um plano terrorista para detonar três bombas nucleares em locais incertos. Pelo meio há uma catástrofe natural (um tremor de terra) para lançar o caos num conflito já de si complexo.

São ao todo umas boas 5 a 6 horas de jogo em campanha que variam consoante o grau de dificuldade que optarmos no arranque. Se um modo mais fácil é mais corrido e dinâmico, já um modo normal ou difícil faz com que seja necessário efectuar um jogo mais compassado e obriga muitas sessões de tiroteio, fuga e cobertura. De um modo geral a estória é cativante e virada para a demonstração, não só do poder do motor gráfico, como da essência de Battlefield em que se usam veículos (Hummers, Tanques, helicópteros, aviões, etc), para recriar todo o espectro do campo de batalha.

No Campo de Batalha a dois

Antes de falarmos de aspectos mais técnicos e do fantástico modo multi-jogador, convém mencionar que a estória não fica completa sem que tenham de jogar o modo Cooperativo do jogo. São ao todo seis missões de perfis diferentes. Mas devem ser jogadas para acompanhar certas fases da acção que não são abrangidas pela estória principal e algumas até acrescentam outros pontos de vista ao enredo.

Este é um modo para dois jogadores online. Infelizmente, não há lugar para ecrã dividido, mas não é por aí que a jogabilidade é menos apelativa. Se tivermos um amigo online disposto, podemos passar as seis missões nos três níveis de dificuldade, que variam da simples estratégia de “tiro neles”, passando por uma missão a bordo de um helicóptero de ataque, ou outra onde é preciso usar o silêncio e a destreza com a espingarda sniper. Boas notícias deste modo cooperativo é que ao jogarem várias vezes, ganham pontos que por sua vez se traduzem em desbloqueios de armas para usar no modo multi-jogador online.

Infelizmente, depois de fazermos as missões uma vez, duas ou mesmo três, torna-se algo enfadonho repeti-las só para ganhar mais armas. Resta-nos ter alguma paciência ou então esperar umas semanas e retomar. Até porque jogar numa sessão pública com qualidade é uma raridade. Ou encontramos jogadores com pouca experiência que não entendem, por exemplo, que não podem disparam compulsivamente em certos momentos ou que simplesmente não sabem pilotar o helicóptero, ou então desistem a meio pelo grau de dificuldade. Mais vale escolherem mesmo um amigo e decidirem usar comunicações para sincronizarem movimentos. Só assim sairão vencedores.

Já agora, há troféus/achievements disponíveis para determinadas formas de jogar. Por exemplo, ao conseguir chegar a determinada parte do mapa sem alertar os guardas. O modo cooperativo tem em si só cerca de 3 horas totais. Se quisermos desbloquear todas as armas para o online, pelo menos o triplo devem contar, com repetições de cada missão. Como existem três graus de dificuldade, nada como repetir as missões em cada um dos níveis. Mas, como dissemos, a certa altura passa a ser enfadonho.

Frostbite 2

Magnífico! É a palavra que nos salta à mente quando falamos de Frostbite 2, o motor gráfico da propriedade da DICE e que já “equipou” muitos jogos chega agora na sua nova versão. Se já a anterior versão do robusto motor gráfico impressionava tanto em Bad Company como em Medal of Honor, nesta evolução está patente o interesse da DICE de fazer descair muitos queixos.

O motor é comum aos três modos de jogo, campanha, cooperativo e multijogador competitivo. Já mencionámos que as regiões do mundo são o médio-oriente (Irão-Iraque) mas também há níveis em Paris e nos EUA (Nova Iorque).  O Frostbite 2 aguenta-se muito bem nas mais diversas regiões e ambientes. Seja numa floresta densa, em descampados desertos, em guerra urbana ou mesmo em plena Time Square. Todos os cenários, edifícios, a maioria dos objectos e veículos são propensos a uma coisa que faz com que todos os outros jogos pareçam sintéticos: O grau de destruição.

De facto, muito ênfase é dado ao facto de se poder destruir muros e paredes com uma boa metralhadora ou um lança granadas. Tudo é destrutível e em certos momentos, sobretudo online, é espectacular ver que um edifício inteiro vem abaixo, uma parede fica reduzida a um monte de pedras e o que outrora era um bloco de apartamentos está completamente arrasado. Já no anterior Bad Company 2 o primeiro Frostbite possibilitava este nível de destruição. Mas BF3 veio evoluir isso mesmo. Peguem num tanque M1A1 e percorram o mapa a literalmente pulverizar tudo o que vos rodeia. Não só a disparar contra edifícios, mas a desbastar árvores ou a empurrar muros. Mas mais do que pela interacção destrutiva, Frostbite 2 também impressiona pelo grafismo.  Desde os efeitos ópticos da iluminação a causar encadeamentos, passando pelas enormes e constantes explosões que largam detritos pelo ar e ofuscam a visão, passando pelos efeitos de flash das armas, as miras laser e lanternas que encadeiam mesmo, as passagens de zonas escuras para claras e vice-versa que obrigam a uma adaptação, a chuva que molha o ecrã, enfim, quase tudo o que seria de esperar está presente para tornar BF3 numa simulação ultra-realista.

O soldado que controlamos não se limita a correr ou andar. Salta obstáculos, às vezes de forma quase atlética, tipo parkour. Os passos sentem-se na arma que oscila e depois precisa de alguns segundos para se ajustar quanto tentamos mirar. As rotações são realistas, não são mecânicas ou sintéticas. Sente-se o peso do soldado e do seu equipamento. Esta é uma constante de Battlefield que alguns jogadores de outros mundos sentem enorme dificuldade em se adaptar.

No que diz respeito à interacção, de notar que muito do grafismo em jogo transita de Medal of Honor. Na verdade encontrámos muitas coisas que nos fazem lembrar o jogo em que a DICE participou. Desde o lettering azul (lado aliado) e laranja (lado opositor) até aos efeitos de distorção. Mesmo as armas que foram alvo de alguma critica em BC2 foram revistas e são reproduções fieis de armas reais ao invés de meras invenções híbridas. O resultado é uma selecção refinada das melhores armas usadas hoje em dia pelos exércitos mundiais, cada uma com o seu “feeling” e cada uma com as suas “vontades”.

Por último há que destacar (muito mesmo) o magnífico som deste jogo. Se nunca estiveram num palco de guerra (esperamos que ninguém tenha realmente estado), podem imaginar por momentos o que será ouvir silvos de balas a passar por nós, explosões por todo o lado e ruídos diversos de armas a disparar, gritos, passos em corrida e a respiração do soldado. Junte-se isso tudo e o caos ganha uma sinfonia ensurdecedora e ao mesmo tempo aterradora. Estamos lá a todos os níveis. Só falta mesmo o cheiro a pólvora e suor, mas pensamos que este último vocês não terão dificuldade em obter… online…

Onde reside o verdadeiro Battlefield

É no online que Battlefield dá cartas. Esqueçam lá tudo o que já jogaram até agora nesta disciplina de acção na primeira pessoa online. É que mesmo que já tenham sido ávidos jogadores dos jogos anteriores da série, Battlefield 3 inova muitas coisas. E, acima de tudo, jogadores de outros jogos como Call of Duty terão de desaprender o que sabem e aprender novamente o que é sobreviver no campo de batalha. É preciso hábito para conseguir jogar Battlefield 3 como deve ser jogado. Esqueçam andar a correr de arma na mão a matar de forma avulsa. O “gun run” que fazem noutros jogos aqui é facilmente quebrado ou por fogo de supressão, em que um jogador consegue reprimir ataques fazendo tiro na zona do adversário e que o obriga a arranjar abrigo, ofuscando a sua visão e ensurdecendo-o (isto acontece na realidade, já agora), ou por um simples tanque que vos arrasa completamente dentro do edifício ou em campo aberto na vossa corrida.

Podem escolher uma de quatro classes para jogar, desde soldado de assalto que é ao mesmo tempo médico (uma característica que veio de Battlefield 2142), soldado de suporte que usa armas pesadas e leva munições extra e regressam o Engenheiro que leva rockets anti-veículo e o Recon que mais não é que um estratego sniper com muito mais protagonismo neste jogo, já que entre outras coisas ao seu dispor, pode designar alvos para ataques de mísseis (dos engenheiros ou dos veículos aliados) ou criar pontos de renascimento portáteis. O ideal é escolher uma classe que vos sirva mais plenamente, mas no final, é bom passar por todas em diferentes fases do jogo porque só assim conseguirão pontuar à séria.

E depois é bom que sempre que possam, ganhem experiência nos diferentes veículos. É que a essência de Battlefield são mesmo os veículos. Saber dar tiros é tão importante como saber conduzir um blindado ou um helicóptero ou mesmo um jacto A10 Warthog ou Su27 Flanker. Não é fácil e cada um destes meios é um jogo dentro do jogo. Mas, é de valor real ser multi-disciplinado nos vários tipos de jogo disponíveis. Os pontos servem não só para evoluir de rank, mas claro, para desbloquear não só armas novas como acessórios para as que mais usam. São ao todo 19 (sim, dezanove!) acessórios desbloqueáveis, entre punhos tácticos, lanternas, lasers, miras ACOG e tantas outras. Pelo meio, equipamento extra como desfibriladores para os médicos recuperarem soldados caídos, lança-morteiros, mísseis anti-aéreos, etc.

Para escolha de missões, regressam os modos tradicionais. Rush, que é a captura de pontos que depois de destruídos avança-se no mapa, uma equipa ataca e outra defende, ganha a equipa que ataca se destruir todos os objectivos ou a equipa que defende se esgotar todos os tickets de respawn do adversário. Conquest, como o próprio nome indica é a conquista de bandeiras dispostas pelos mapas e onde a equipa que detiver menos de 50% das mesmas perde tickets além dos seus soldados mortos, fazendo com que ganhe a equipa que mais conquistar bandeiras e que mate mais adversários. E Team Deathmatch (já não havia TDM desde o primeiro Battlefield 1942) que coloca duas equipas frente a frente sem objectivos. Podem ainda optar por jogar Squad Rush ou Squad Deathmatch em que a diferença é que se confina todo o jogo a quatro esquadrões de quatro jogadores para cada lado com as mesmas regras.

A intensidade dos combates é sentida de formas diferentes pelos nove mapas disponíveis. Cada mapa é adaptado para jogar de forma mais concreta para cada modo. Por exemplo, em Rush os mapas são jogados de forma faseada, em Conquest todo o mapa está disponível, em TDM os mapas são menores e mais confinados. Alguns mapas privilegiam os veículos com enormes áreas a percorrer e que a correr demoraria uma eternidade. Nada como usar o belo do avião ali estacionado. Outros privilegiam o uso de infantaria de forma táctica onde é preciso colocar jogadores em locais-chave para evitar o flanqueamento. Tudo é jogado com intensidade e variedade em servidores dedicados, distribuídos entre a DICE e a Electronic Arts.

Podemos escolher mesmo os servidores pelos menus próprios, sobretudo tendo em conta a região, Ping e quantidade de jogadores. Escolhe-se o servidor e o modo de jogo que corre e depois este passa ciclicamente pelos diferentes mapas. Ou, se quiserem, escolhem Quick Match, qualquer jogo e qualquer mapa e jogam tipo sorteio entre os diferentes mapas e modos de jogo.

Infelizmente há vários pontos que estragam a acção. Que o digam os jogadores da versão Xbox360 que tem vários problemas de ligação aos servidores (ainda não resolvidos completamente). Mas além desses problemas de conexão, existem problemas complexos relacionados com atrasos (lag) em certos mapas mais vastos ou mais detalhados. Acontece frequentemente haver perdas de sincronismo, sobretudo entre explosões ou momentos mais caóticos onde muitas coisas acontecem ao mesmo tempo, sobretudo com lotação máxima (24 jogadores nas consolas e 64 no PC). Esperamos que as patches que a DICE já prepara resolvam este problema. Mas fica sempre a ideia no ar de que é para isto que servem as Betas. Enfim…

Já agora, todos os que adquiriram edições de pré-reserva, tem direito não só a vouchers para desbloquear armas avançadas logo no primeiro dia dependendo das lojas onde reservaram, mas como possuem a Limited Edition do jogo também terão direito a uma expansão online de nome “Back to Karkand” que traz para Battlefield 3, quatro mapas de sucesso dos jogos anteriores como a mítica Wake Island de Battlefield 1942, armas e veículos exclusivos de Battlefield 2 e novos prémios para desbloquear. Este pack também estará disponível para compra via PSN Store, Xbox Live ou Origin (o novo projecto de rede social da EA) por cerca de $10 Dólares (preço por confirmar em Euros).

Além do jogo

Com Battlefield 3 a DICE e a Electronic Arts estreiam um novo serviço online que serve também de plataforma para a versão PC. Battlelog é um serviço gratuito com várias características. Por um lado, é a base do jogo na versão PC. Nesta versão podemos lançar o modo carreira, cooperativo ou competitivo através do nosso browser. Nas consolas, esta funcionalidade fica obviamente inutilizada, mas todas as outras estão disponíveis. Por outro lado, Battlelog é um ponto de informação acerca do nosso progresso, dados de jogo e comparativos com amigos que podemos adicionar.

Neste serviço online, inteiramente integrado com o jogo em qualquer das versões, é possível monitorizar cada jogo que fazemos, qual a taxa de sucesso, qual a classe mais usada, qual a arma mais usada e comparar essas estatísticas com os nossos amigos que podemos ir juntando e estabelecendo contacto. É também aqui que podemos acompanhar a comunidade Battlefield com análises, comentários e mesmo um participado fórum de utilizadores. Todas as armas têm as suas estatísticas e explicações próprias. Mais interessante é que Battlelog sincroniza-se em tempo real. Deixem a aplicação a correr e façam um jogo. Quando o terminarem ouvirão um sinal sonoro imediatamente com o Battlelog a actualizar-se. Além disso, podem conferir a lista do que ainda falta desbloquear nas armas ou nos kits. Excelente para planear o uso das classes e respectivas armas.

Mas Battlelog ainda é mais ambicioso. Já falámos que podemos interagir com amigos, mas esta interacção é digna de uma rede social. Criam-se grupos, chamados “Platoons”, tem-se um perfil com um mural onde se colocam mensagens e tudo. Battlelog expande a experiência de Battlefield 3 abraçando a comunidade que tanto contribui para o sucesso tanto deste jogo como de toda a série.

Veredicto

A experiência de combate de BF3 é simplesmente genial. Aliada a um grafismo irrepreensível, sobretudo na versão PC (as consolas não fazem jus ao potencial do Frostbite 2, mas não ficam muito longe), a jogabilidade é simplesmente magnífica com movimentos realistas e de grande rigor técnico. O online é a definição do que os jogadores mais gostam com todos os ingredientes para conferir ao jogo uma longevidade invejável. Battlefield 3 é sem dúvida um dos jogos do ano, um líder no seu género com pouca concorrência à altura.

  • ProdutoraDICE
  • EditoraElectronic Arts
  • Lançamento28 de Outubro 2011
  • PlataformasPC, PS3, Xbox 360
  • GéneroFPS
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Consolas com algumas questões gráficas
  • Falta-lhe modo cooperativo de ecrã dividido
  • Alguns problemas técnicos online

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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