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Análise – Bravo Team

Bravo Team é o mais recente exclusivo para o Playstation VR vindo da mesma produtora por detrás de Until Dawn. Só que, desta vez, em vez de terror temos um shooter para testar as nossas capacidades de trabalho em equipa e habilidades tácticas.

Com uma evidente excepção no recente título PS VR Moss, já estamos habituados que os jogos de Realidade Virtual nos levem a viver situações na primeira pessoa. Em muitos casos, estas aventuras fantasiosas levam-nos a experimentar emoções realistas mas que provavelmente não quereríamos experimentar na realidade. E o melhor género para transmitir esse sentimento são, sem sombra de dúvida, os First Person Shooters. Desde o lançamento do PS VR, já tivemos inúmeros jogos deste género como o excelente Farpoint, por exemplo. Bravo Team, por seu lado, vai buscar um pouco desse sucesso, como devem calcular. Contudo, é bom que não deixe que “o tiro saia pela culatra”.

Neste título somos convidados a vestir o equipamento de um soldado da Bravo Team. A nossa missão começa com todo o pelotão a escoltar uma dignitária de uma nação não especificada. Navegando através de uma zona hostil, porém, o previsível acontece. Todo o pelotão é atacado, assassinam a dignitária e só sobrevivem dois membros da Bravo Team. Agora, sem qualquer tipo de reforços, esta dupla precisa de sobreviver ao mesmo tempo que tenta chegar a um local de extração.

Até este ponto de extração, como não poderia deixa de ser, os dois soldados irão enfrentar inúmeros terroristas ao longo de oito níveis. Estes estágios divergem desde zonas de espaço confinado no interior de casas, até aos combates urbanos mais amplos. Na maior parte do tempo, teremos à disposição uma arma de assalto e uma pistola. Ocasionalmente será possível usar também uma caçadeira automática ou uma espingarda de sniper. A premissa parece interessante e a apostar num realismo convincente.

No outro lado da barricada, os inimigos também variam desde simples terroristas equipados com metralhadoras a atiradores furtivos. Esta variedade obriga a diferentes tácticas e estratégias de movimentação, assim como alguma procura de possíveis ameaças. E é mesmo a mover que quererão jogar este título. Isto, porque se não avançarem ao mesmo tempo que vão eliminando terroristas, estes nunca irão parar de surgir e, eventualmente, acabarão por ficar sem munições. Recordar-se-ão desta lógica em jogos antigos como nos primeiros Call of Duty, por exemplo.

Conforme leram lá em cima, dois soldados sobrevivem à emboscada inicial. Já estão a ver onde isto vai parar, certo? Todo o jogo pode ser passado em modo cooperativo online ou com um companheiro controlado por inteligência artificial. A segunda opção não é má de todo, o nosso companheiro de armas foi bastante competente. Tentou flanquear o inimigo diversas vezes, deu bom uso à cobertura, também fez bom tiro de supressão em vários casos, mesmo quando nos atirámos para o meio de um tiroteio. Contudo, não é o mesmo como ter um companheiro verdadeiro ao nosso lado a passar indicações um ao outro. Online, este jogo tem muito potencial, sobretudo se ambos os jogadores tiverem o mínimo de conhecimentos tácticos.

Em termos de interacção, Bravo Team fez-me lembrar o clássico de arcadas Time Crisis. Este rail shooter inovou na altura graças à mecânica de protecção em obstáculos, permitindo espreitar a qualquer momento carregando num pedal para o efeito. Bravo Team, tem o mesmo conceito, com o tal pedal a ser substituído pelo L1 do PS Aim Controller ou no Dualshock 4. O benefício da Realidade Virtual é que é possível disparar sem olhar ou podemos espreitar pelos cantos, usando a cabeça. Parece que estamos mesmo “lá” a espreitar pelas brechas e a evitar as balas. Apesar desta sensação, porém, nem tudo é brilhante no resto do jogo.

Pela menção que fiz acima do spawn de inimigos, já deu para perceber que, na verdade, Bravo Team é só mais um daqueles jogos com imensas vagas de inimigos em áreas e caminhos predefinidos. Soa demasiado a um rail shooter camuflado. Não há grande controlo da nossa personagem, para além de apontar e disparar. A movimentação no terreno não é livre como em Farpoint. É necessário escolher locais específicos de cobertura e carregar no X para nos deslocarmos até lá. No momento em que o botão é pressionado, temos uma estranha experiência de ver a personagem a correr para o novo local na terceira pessoa e num ápice voltamos à primeira pessoa para continuar o tiroteio. É uma abordagem que quebra o realismo pretendido e também o ritmo veiculado no resto da acção.

É compreensível que a produtora tenha optado por esta abordagem para diminuir as náuseas comuns no VR. Na minha opinião, porém, esta solução acabou por criar mais problemas. No momento em que indicamos que desejamos mudar de cobertura, não há forma de cancelar o movimento ou voltar atrás. E há ainda a questão de mudar para uma cobertura que tem um ângulo de visão diferente da anterior. Quando isso acontece, ao voltar para a perspectiva da primeira pessoa, a personagem estará a olhar para um local totalmente diferente do esperado. O que, para quem tem um headset de realidade virtual na cabeça, causa uma desorientação espacial assinalável.

Nas missões em si, existem algumas que dão a possibilidade de escolhermos um caminho diferente para os objectivos. Contudo, acaba aí mesmo a variedade. No final, acabamos sempre por convergir num ponto comum e a experiência não varia muito, tornando as missões bastante lineares e algo repetitivas. Existem alguns elementos furtivos, caso pretendam uma abordagem mais silenciosa mas, quanto a mim, esta funcionalidade podia ser melhor aproveitada. E a tal questão que já mencionei do movimento entre coberturas não facilita nada esta acção mais indirecta.

No que toca à duração do jogo, esperem algo na linha dos demais jogos VR. As oito missões não irão ocupar-vos mais de 4 horas a completar no total. Para dar mais longevidade, existe um modo intitulado de Score Attack, que nos coloca nos mesmo níveis, até com as mesmas mensagens de intercomunicador do modo campanha, com a única diferença de se basear num tempo limite para eliminar a oposição e obter mais pontuação. Não será o modo mais realista, nem o mais exemplar do jogo, parecendo apenas mais uma repetição do mesmo, com uma nuance na forma de um cronómetro.

Felizmente, há pontos positivos. Entre eles, está o grafismo. Com cenários bem detalhados, animações competentes, movimentos da personagens credíveis, armas de aspecto realista (mesmo com um design futurista), é uma boa demonstração das capacidades visuais da PS4 em conjunto com o PS VR. Nota-se que a produtora teve especial atenção ao realismo dos ambientes, principalmente porque não existe qualquer música de fundo. A única sinfonia quer irão ouvir é bélica com os tiros, motores dos helicópteros e as omnipresentes explosões.

Veredicto

Quando Bravo Team foi anunciado na E3, fiquei entusiasmado por parecer trazer uma experiência algo semelhante a um Rainbow Six na realidade virtual. Contudo, acabou por ser um shooter com pouca inspiração, dando-nos umas mecânicas algo falíveis contra vagas de inimigos em catadupa até que nos fartamos e avançamos no mapa. O PS Aim Controller funciona muito bem, como sempre, mas a lógica de mudança de cobertura quebra bastante a imersão do jogo. Considero um passo atrás para uma produtora que já nos trouxe grandes experiências de realidade virtual como The Inpatient e Until Dawn: Rush of Blood.

  • ProdutoraSupermassive Games
  • EditoraSony Computer Entertainment
  • Lançamento6 de Março 2018
  • PlataformasPS4, PS4 Pro, PSVR
  • GéneroAcção
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Movimento de mudança de cobertura
  • Curto e sem grande incentivo para voltar a jogar
  • Elemento furtivo mal aproveitado

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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