Análise – Bugsnax
Certamente impulsionado por estar gratuito nestes meses na subscrição PlayStation Plus, o novo título da Young Horses é obviamente popular. Bugsnax sempre se mostrou algo enigmático na sua promoção, com um tema e uma jogabilidade fora do vulgar.
Se bem se recordam, este foi o estúdio que nos trouxe a série Octodad, outra franquia com ideias igualmente estranhas. Penso que é este o registo dos jogos desta equipa, nada sérios, a apostar na pura diversão e com um espírito descontraído. Invariavelmente, este tipo de apostas, especialmente nos projectos independentes, são títulos de nicho, que ganham alguma notoriedade por alguns elementos da jogabilidade ou pela sua arte, mas nunca chegam a grandes patamares de popularidade. Talvez por isso, a Sony abraçou este projecto por torná-lo uma oferta no seu serviço online. Não há dúvida que é um jogo divertido, mas talvez não chegasse para vos entusiasmar.
A misteriosa ilha de Snaktooth tem um segredo. Os seus habitantes são, na verdade, uma importante fonte de alimento, a tal ponto que poderiam alimentar todos os seres do resto do mundo. Contudo, esta informação pode ser perfeitamente falsa. Descobrir a verdade é a missão de um certo Grumpus, um jornalista que pode muito bem ter aqui o “furo” do século… ou a sua carta de despedimento antecipada. É que a revelação foi feita pela exploradora Elizabert Megafig e não que goza de muito sucesso ultimamente.
Ao chegar à ilha, o nosso Grumpus descobre que algo está errado. Depois de sofrer um acidente que o faz cair do seu dirigível, deambula no que parece ser uma ilha deserta. Em breve, descobre um habitante e comida… que parece fugir de nós… Pronto, aqui está a estranheza! O que se segue é uma história rocambolesca em que partimos em busca de Megafig, ao mesmo tempo que ajudamos a perdida comunidade que se instalou na ilha e, claro, capturamos este autênticos snacks ambulantes que habitam na ilha.
Notei imenso trabalho na produção a criar um mundo e um lore extenso, tendo imensa atenção aos diálogos, enriquecidos com boas prestações de actores de voz. No final das suas cerca de 8 horas de jogo, porém, fiquei na dúvida sobre o objectivo desta história, que não chega a desenvolver-se em nada de especial. Não consigo mencionar nada de destacável, perdendo-se o potencial da trama, quando o objectivo inicial de mistério é quase abandonado para nos tornarmos meros caçadores. Também esperei mais humor, num jogo claramente “silly”. Contudo, até nesse aspecto, é bastante comedido.
Na verdade, este é um jogo para coleccionistas. Qual “caçador de pokémons”, temos ferramentas para o efeito. Uma delas é a armadilha que captura os bichos e a outra é o SnaxScope, que serve para analisar cada bugsnax para aprendermos como o capturar. Existem bichos muito estranhos que misturam peças de fruta com animais ou algo ainda mais improvável. Todos têm um método que se vai complicando com mais combinações e evoluções impossíveis. Embora nenhuma combinação faça qualquer sentido, é só preciso saber que é preciso apanhar os 100. Consta também que são muito saborosos.
Uma vez capturados, depois podemos dá-los aos outros Grumpus, que transformam o seu corpo com os Bugsnax que comem. A ideia é que se os alimentarmos, acabam por nos ajudar a encontrar Megafig. É por isso que o tema do jogo é “somos o que comemos”. Estou certo que há aqui uma mensagem de nutrição implícita, não me parece ser nada acidental. Para dizer a verdade, além dessa mensagem, não me apercebi aqui de algum objectivo discernível para o desfecho. Não parece ir além da intenção de adicionar estranheza nos efeitos dos Bugsnax no Grumpus.
E esta sensação de falta de profundidade é sentida no resto jogo. Na sua extensão, não senti que me desse quase algum desafio, entre missões de “caça” ou de exploração, tornando-se mesmo algo aborrecido nas suas mecânicas a médio prazo. Tudo bem, alguns Bugsnax maiores têm a sua forma única de apanhar, por vezes um pouco mais complexa. Mas, nunca senti algum nível elevado de complexidade. Talvez seja esta facilidade seja a pensar num público-alvo mais jovem. É possível.
Por outro lado, o jogo precisava de mais polimento. Uma vez mais, o visual de banda-desenhada terá sido criado a pensar no público juvenil. A integração na PlayStation 5 não brilha em quase nenhum pormenor, somente o DualSense dá um “ar da sua graça”, mas dentro do habitual. A questão que mais assola o jogo é que tem uns quantos “bugs” pelo meio. Como, por exemplo, os vários Bugsnax presos no cenário que encontrei durante a minha passagem pelo jogo. Também encontrei outros erros menores de texturas e animações esporádicas, não fazendo jus ao poder de processamento da PS5.
Veredicto
Umas quantas ideias únicas para um jogo curioso, umas boas prestações de actores e uma jogabilidade interessante para coleccionistas, fazem de Bugsnax um jogo simpático, especialmente para os mais jovens, o público-alvo privilegiado desta proposta. Contudo, nada é realmente memorável, nem mesmo sendo um título de estreia da PlayStation 5. Quem gosta de “apanhá-los todos”, terá aqui mais um jogo para colocar na prateleira. Os demais talvez só o tenham na biblioteca porque é oferta do PS Plus.
- ProdutoraYoung Horses
- EditoraYoung Horses
- Lançamento12 de Novembro 2020
- PlataformasPC, PS4, PS5
- GéneroAventura
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Alguns Bugsnax mais complexos de apanhar
- Prestação dos actores de voz
- Em conceito, é um jogo divertido
- Comédia muito superficial
- Pode ser algo aborrecido
- Erros de falta de polimento
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.