Company of Heroes 3 (1)

Análise – Company of Heroes 3

Depois de muito tempo em espera, Company of Heroes 3 está aí pronto a invadir os vossos PCs (mais tarde nas consolas). Será que valeu mesmo este tempo de espera? Será que vive à altura do importante legado?

Se há empresas que gostam de partilhar o seu gosto pelas suas criações, uma delas é a Relic Entertainment. Nestes últimos meses a empresa fez questão de envolver os jogadores no seu processo criativo, abrindo várias sessões de testes públicos e dando oportunidade a todos de enviar sugestões e pedidos de melhoria para o jogo. Nem todos os projectos podem fazer isto, de facto. Contudo, gostava muito que outras produtoras tomassem este exemplo para dar aos jogadores o que eles querem jogar. O resultado, como irão ver, é bastante positivo.

Continuando a abordar os vários conflitos da Segunda Guerra Mundial, CoH3 vira agora a atenção para o palco do Mar Mediterrâneo. Mais precisamente, para os esforços de guerra em Itália e no Norte de África. Como os seus antecessores, este jogo apresenta duas campanhas completas que retratam estes dois cenários que podem ser jogadas a solo. Contudo, onde esta franquia ganhou tracção foi nos modos online, competitivos e cooperativos, também aqui presentes com mapas nos dois palcos de conflito.

Para quem não conhece a fórmula de Company of Heroes (quem?), este é um jogo dividido em duas grandes ofertas: Grand Strategy e RTS (Estratégia em Tempo Real). No primeiro modo, temos uma espécie de “jogo do Risco”, com um vasto mapa para conquistar usando unidades simbólicas em movimentos e acções por turnos. No modo RTS, entramos em mapas locais e movimentamos e ordenamos acções directamente às tropas, usando os recursos e conquistando áreas até atingir a vitória.

Dizer que esta é uma fórmula popular no género de estratégia é um eufemismo. São já vários os jogos que usam esta dupla oferta que funciona muito bem. Contudo, parece que a Relic encontrou um equilíbrio soberbo na jogabilidade e que nos deixa sempre empolgados com os feitos no campo de batalha. Embora exista aqui um paralelismo com os eventos reais, vamos literalmente escrever a nossa própria História, decidindo por onde atacar ou recuar, mais ou menos com o mesmo desfecho que o conflito real.

Além da jogabilidade de estratégia em si, temos uma interessante componente de role-play, em que os nossos generais possuem personalidades diferentes e onde os seus conselhos possuem repercussões profundas nos desenlaces das campanhas. Esta luta pela nossa atenção tem até um esquema de fidelidade, consoante a preferência que damos aos nossos conselheiros. Mas, calma, nenhum deles se rebelará, apenas teremos bónus adicionais quanto mais preferimos as suas sugestões.

Gostei bastante dos movimentos de logística, em que teremos de conquistar importantes áreas, como aeroportos, portos ou estradas para garantir o suprimento de munição e mantimentos para as tropas. Ou ainda de poder criar redes de espionagem, usar operações especiais para sabotar os planos inimigos, tudo numa intrincada lista de opções para diversificar a jogabilidade. Há, de facto, uma certa lógica “sandbox” em que decidimos realmente o que vamos fazer a seguir e teremos muitas opções para tal.

No campo de batalha em si, este é um jogo igualmente aprimorado do anos de franquia e muito bom feedback dos seus fãs. Controlamos unidades (numa escala reduzida) dando-lhes ordens de ataque ou de posicionamento. Temos infantaria especializada ou veículos (inclusive unidades aéreas), artilharia e outras armas de vários alcances. O intuito é conquistar pontos de objectivo para angariar recursos e continuar a “produzir” unidades ou a impedir que o inimigo o faça. O objectivo, obviamente, é conquistar o mapa, tendo alguns objectivos secundários de eliminação ou conquista.

Tudo é bastante linear, usando poucos cliques do rato para ordenar as tropas. Temos de construir uma base para garantir recursos ou repará-los, numa constante estratégia de avanço e recuo, ataque ou defesa. Tudo depende também do equilíbrio dos dois lados, algo que tem de ser ponderado ainda no modo Grand Strategy olhando para o comparativo entre unidades aliadas e inimigas. É possível desancar inimigos com menos unidades disponíveis mas é preciso uma estratégia sólida para o efeito.

E aqui entramos num ponto fulcral para apreciação do jogo. Como em todos os jogos deste calibre, este não é bem um título para jogadores casuais de estratégia. Nos dois modos é preciso estudar muito bem as unidades disponíveis, as suas valências e defeitos e depois colocá-los bem no terreno, qual jogo de xadrês elaborado (e explosivo). Isto é particularmente importante online, contra outros jogadores embora a IA seja suficientemente competente. Não é só preciso mandar toda a gente atacar, é preciso saber como o fazer e com que cadência.

Felizmente, temos a pausa táctica. OK! Só é mesmo usada contra a IA, mas é uma importante adição neste género de acção estratégica. Em várias ocasiões, é possível ficar perdido com vários ataques inimigos, especialmente quando estes nos cercam. É muito fácil perder a orientação, sem saber o que fazer, por exemplo, quando o inimigo lança 10 tanques em várias frentes. Pausamos o jogo e damos várias ordens de colocação de minas e reposicionamos unidades anti-tanque para uma emboscada. Tiramos da pausa e vemos tudo a desenrolar. Genial.

De facto, há poucas coisas “novas” em CoH3 comparando com o título anterior. Na sua vasta maioria, são pequenos aprimoramentos e melhorias subtis na jogabilidade, arestas que foram limadas, não tanto novas facetas. Sim, além dos novos palcos dinâmicos de combate, temos várias unidades novas, algumas únicas nas batalhas por onde passaram, como as unidades especiais usadas no Norte de África e as suas lendárias decorações “desert”. Mas, até mesmo nos menus, não há muito aqui que possamos dizer que é realmente “novo”.

O que é realmente “novo”, porém, é o grafismo. O motor gráfico proprietário da Relic, o Essence, está melhor que nunca, tirando proveito do API DirectX 12 de forma exímia. O resultado é um jogo incrivelmente detalhado mas mantendo uma performance constante, mesmo em níveis de detalhe e efeitos visuais mais exigentes. Esta série sempre nos surpreendeu pelo seu elevado detalhe e rigor visual e Company of Heroes 3 é o natural passo em frente com o hardware que temos disponível. Tem uma performance muito positiva, tão importante num RTS, especialmente online.

Historicamente, nenhuma guerra, muito menos mundial, é realmente “bonita”. Nenhum lado do conflito é forçosamente heróico ou totalmente isento de erros. CoH3 mostra muito bem esta faceta da guerra. Além da narrativa nos mostrar muitas vezes que há sempre dois lados distintos nas “vitórias”, em combate iremos ver os efeitos da guerra na sua plenitude. Pedir um bombardeamento contra um sniper num edifício, vai forçosamente destruir o edifício e até o bairro todo, por exemplo. É um retrato duro e realista do que a guerra realmente é: destruição pura.

Mesmo assim, podemos, de facto, falar de quão “bonito” é o grafismo do jogo e, de facto, há alguma “beleza” a reter do nível de destruição possível nos vários campos de batalha. Não é que este jogo possua um grafismo sempre realista, até fugiria ao seu intuito. Mas tem alguns momentos de excelente qualidade visual, com um cenário animado e imensa atenção aos detalhes. Quase tudo é destrutível e animado, os efeitos de explosões, fogo e detritos são realmente apurados. Tudo é brilhante em vários níveis.

Só tive pena que algumas das cenas intermédias entre batalhas fossem compostas com imagens estáticas subtilmente animadas. Não são realmente importantes para a jogabilidade, de facto. Mas servem para nos dar contexto e gostaríamos de ver algo um pouco mais apelativo. Durante as várias promoções deste jogo, vimos que a Relic estava a preparar uma série de “cinemáticas”, prometendo uma campanha com cenas intermédias elaboradas. Estas estão lá, de facto, mas são raras, tornando-se meros momentos de ligação narrativa apenas em momentos-chave.

Veredicto

Raramente vemos uma franquia evoluir a cada novo capítulo, sem que forçosamente mude paradigmas, apenas pretende polir a jogabilidade e dar-nos “mais para jogar”. É o caso do que a Relic Entertainment fez com Company of Heroes 3. Este é um trabalho de aprimoramento, para criar um jogo brilhante que soma em si anos de evolução técnica e de feedback dos jogadores. O género de estratégia está de boa saúde, muito por causa desta franquia.

  • ProdutoraRelic Entertainment
  • EditoraSEGA
  • Lançamento23 de Fevereiro 2023
  • PlataformasPC
  • GéneroReal Time Strategy
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Este título ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Este título ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Não tem muitas reais novidades na jogabilidade
  • Algumas cenas intermédias pouco elaboradas

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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