Análise: Until Dawn
No aniversário do “desaparecimento” das gémeas Hannah e Beth, um grupo de oito amigos decide juntar-se novamente no sítio onde tudo aconteceu: uma cabana isolada em Blackwood Pines. É com esta premissa, muito simples, que Until Dawn, a cargo da Supermassive Games, chega em exclusivo para a PS4. Simples, sim, mas que promete oferecer ao jogador uma aventura recheada de perigo, tensão e muito horror. Um jogo onde as nossas decisões, por muito pequenas que pareçam, podem dar origem a situações… bastante complicadas. Ou não! Lá está, tudo depende de nós. O destino das oito personagens do jogo está literalmente nas nossas mãos!
Atenção! Nesta análise não vos vou fazer quaisquer spoilers sobre o desenrolar da história do jogo, por isso os leitores mais cautelosos podem ficar desde já descansados. Vou sim falar-vos da minha experiência com este jogo. Posteriormente ao lançamento desta análise, será lançada na integra a minha Playthrough completa de Until Dawn, em vídeo, no nosso canal do Youtube. Será feita por episódios, logo no primeiro será explicado o porquê de darmos início a uma série no Youtube, e aí sim, claro, contem com spoilers. Espero no entanto que fiquem na mesma com vontade de nos acompanhar nesta aventura que promete ser arrebatadora. Mas basta de introduções, vamos lá então falar sobre Until Dawn.
Depois de o ter visto e experimentado na Taberna Das Almas, em Lisboa, o mínimo que posso dizer é que fiquei com uma imensa vontade de mergulhar em Until Dawn. Desde quarta-feira passada, que foi quando me chegou às mãos, não o consegui largar.
Esqueçam os puzzles de Resident Evil e Silent Hill, em Until Dawn a acção do jogo passa pela exploração dos vários cenários que Blackwood Pines tem para nos oferecer. Uns mais do que outros, acreditem que alguns são (alguns… são quase todos!) bem sombrios. Como se não bastasse vamos percorre-los desprovidos de qualquer tipo de inventário. Neste jogo de aventura e Survival-Horror as nossas armas são sobretudo a nossa agilidade nas várias sequências interactivas, bem ao estilo de Heavy Rain, e a nossa intuição face às várias decisões que teremos de tomar, muitas delas num curtíssimo espaço de tempo.
Tal como os produtores e como nós temos vindo a indicar aqui no WASD, as nossas decisões terão um peso enorme. As consequências podem não ser imediatas mas acreditem que se vão fazer sentir. Ir para a esquerda ou para a direita, seguir um barulho ou um vulto, ou simplesmente ignorar, são algumas das decisões que teremos de tomar e se estivermos, por exemplo, à procura de alguém, consoante o que decidirmos, podemos ou não chegar a tempo. Noutros casos, se formos desagradáveis ou se por algum motivo desapontarmos uma das oito personagens, talvez, quando precisarmos da sua ajuda mais tarde… ela não esteja lá para nos dar uma mãozinha. Tenham muita atenção ao “efeito borboleta”, em especial se quiserem chegar ao final com todas as personagens vivas. Aliás, situações há em que não tomar uma decisão é a melhor opção.
Claro que isto é apenas a ponta do iceberg e é evidente que tudo isto só podia resultar com uma forte narrativa. Ao início pode não parecer, com tanto cliché que oferece: Uma cabana isolada numa montanha; um grupo de jovens; há sempre o espertalhaço e a atiradiça, enfim… Onde é que nós já vimos isto? Em quase tudo o que é filme de terror, claro. No entanto, Until Dawn pega nesses clichés, assume-os e mesmo assim consegue com eles pregar-nos enormes sustos. Só que à medida que a história se desenrola, o mistério adensa-se, vamos assistir a eventos bem intensos e se (mas que grande “se”) as nossas personagens forem sobrevivendo vamos poder reparar no seu crescimento.
Quanto ao sustos propriamente ditos, alguns deles já estamos à espera que aconteçam, na medida em que os produtores apostaram bastante nos Jump Scares: O som sobe repentinamente e o grito de uma personagem ou um ruído acompanhado por um estrondo musical, causa-nos logo uma sensação de sobressalto. Mas não pensem que o terror fica por aqui. Já sobrevivi a muito Survival-Horror e quando pensei que o “terror” do jogo não passava dos tais Jump Scares, a história de Until Dawn, como disse em cima adensa-se e chegou por vezes a deixar-me sem reacção. Aliás, nos momentos em que consegui reagir foi para praguejar uma boa quantidade de vezes. O que é que aconteceu? Não digo… Até porque não me quero lembrar desses momentos, pronto já disse.
De facto, quando não estamos a controlar uma das personagens, a explorar um dos vários cenários do jogo, muitas vezes surgem os momentos que fazem com que a acção assuma o aspecto cinematográfico. Nas “sequências interactivas”, foi assim que lhes chamei mais em cima, surgem os Quick Time Events. Eu sei, também não sou lá muito fã dos QTE, calma. Se há jogo que utiliza bem esta mecânica é Until Dawn e aproveito para avisar que se não conhecerem os botões do vosso DualShock 4 de trás para a frente, estão tramados. Grande parte das vezes, o tempo urge e no tempo que perdem à procura do botão correcto já a cabeça da personagem que controlam foi contra um objecto cortante… No entanto há espaço para inovação e à mecânica de QTE surgem os momentos em que não podemos mover o comando, nem um centímetro. Se o fizerem é quase que garantido que alguém vai morrer.
Nos momentos de exploração podemos recolher pistas que nos podem dar algumas dicas sobre o que realmente se passa, ou passou, em Blackwood Pines mas há mais. Podemos também dar de caras com Totems. Estes podem assumir vários tipos, estão espalhados pelos vários cenários do jogo e todos nos oferecem uma premonição muito breve do que poderá ou não ocorrer. Por exemplo, se encontrarmos um Death Totem podemos ver como será a morte da personagem que estamos a controlar ao passo que os Fortune Totems podem mostrar-nos uma tomada de decisão positiva. Claro que há mais mas terão de os descobrir. A pertinência de todos os coleccionáveis de Until Dawn faz com que a exploração seja uma obrigatoriedade e, neste caso, mais informação nunca é demais.
Se uma personagem morre, a história continua. Não há Game Over, o que temos é apenas o frio Auto Save que não nos deixa voltar atrás no tempo. Foi por isso que a jogabilidade de Heavy Rain funcionou e é por isso que o mesmo acontece em Until Dawn, só que agora de forma mais refinada. A vida ou a morte de uma personagem está inteiramente nas nossas mãos. Depois de passarmos horas com uma personagem só pensamos em ajudá-la a chegar ao fim e por causa de um erro, um simples erro e… Puf… Auto Save. A história segue o seu rumo e nós ainda estamos de boca aberta a olhar para o ecrã. Lembrem-se que se perderem uma personagem, correm o risco de perder momentos de jogo importantes. Daí que a luta pelo final perfeito vai fazer-vos repetir a história pelo menos uma vez. Nem que seja para recolher todos os coleccionáveis e desbloquear o film… Oops onde é que eu já ia, sem spoilers disse eu.
Finalmente não posso deixar de destacar o grafismo de grande qualidade que Until Dawn tem para nos oferecer. Ao percorrer os cenários do jogo, seja uma floresta, os túneis de uma mina ou os corredores de uma instituição psiquiátrica (tinha de haver uma, não é? Divirtam-se…) é impossível não ficar com os nervos à flor da pele. Notei também alguma quebra de frames mas nada que arruinasse a experiência de jogo. Também a captura facial e a fantástica representação, digna dos melhores filmes do género, por parte dos actores e actrizes (Hayden Panettiere e Peter Stormare por exemplo) que dão corpo e voz às personagens merece ser alvo de destaque. Só que aqui, um pequeno reparo. Apesar da captura facial ser na maioria de grande qualidade, nem sempre é perfeita e por vezes damos de caras (viram o que eu fiz aqui?) com expressões faciais… menos interessantes, digamos.
Veredicto
Quando comecei a jogar Until Dawn, tinha a noção que a história prometia mas nunca pensei que me agarrasse tanto. Com este título, a Supermassive Games chega à PS4 com uma experiência arrebatadora. Os produtores prometeram e cumpriram, neste título a vida das nossas personagens está literalmente nas nossas mãos e cabe-nos a nós “decidir” o que fazer com ela. O efeito borboleta tem, de facto, lugar em Until Dawn. No que diz respeito ao terror, quando pensava que os sustos não passavam dos clichés Jump Scares, a história começa a mudar de rumo e houve espaço para momentos de cortar a respiração que muitas vez resultavam comigo a praguejar contra a televisão. Se são fãs do género esta é uma aventura que não podem perder. Este é para mim o melhor filme de terror que já joguei.
- ProdutoraSupermassive Games
- EditoraSony Computer Entertainment
- Lançamento26 de Agosto 2015
- PlataformasPS4
- GéneroAventura, Survival Horror
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- A vida das personagens literalmente nas nossas mãos
- O "Efeito Borboleta" tem de facto lugar em Until Dawn
- Um dos melhores filmes de terror que já joguei
- Alguma quebra de frames
- A captura facial por vezes não funciona da melhor forma
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.