Análise – Diablo III: Eternal Collection (Actualização: Nintendo Switch)
Chega finalmente um dos maiores franchises de RPG, foi preciso mais de uma década para Diablo III emergir do inferno e deixar todos os jogadores literalmente loucos nas filas para comprar a sua cópia. Entretanto, já passou cerca de uma semana desde o seu lançamento e nós testámos exaustivamente o jogo para vos trazer o veredicto final.
[Actualização da Versão para Nintendo Switch]
Aquando o lançamento de Diablo III para PlayStation 3 e Xbox 360, muitos estavam cépticos quanto a se os controlos iriam funcionar com os respectivos comandos. Felizmente, na altura a Blizzard, não só conseguiu adaptar os típicos controlos de um RPG, como o jogo se tornou um fenómeno para jogar em modo cooperativo nestas plataformas. O seu sucesso fez com que fosse mais tarde lançado para a geração seguinte de consolas. E dada a popularidade da consola portátil da Big-N, após seis anos do seu lançamento original, chegou também à Nintendo Switch.
A adaptação deste título para a consola da Nintendo ficou a cargo da Iron Galaxy, a mesma produtora que nos trouxe a excelente adaptação de The Elder Scrolls: Skyrim para a mesma consola. Para dizer a verdade, não há muito para falar no que toca ao jogo em si. Depois de tantos anos a receber actualizações e melhorias substanciais, é normal que este lendário RPG se comporte bem numa nova consola. Também é normal que o hardware desta consola mais limitada corresponda às exigências mínimas de um jogo com uns anos em cima. A pergunta é, obviamente, porque deveriam jogar Diablo III na Switch?
Como não podia deixar de ser, espera-se sempre algum conteúdo exclusivo da Nintendo. Nesta versão de Diablo temos a possibilidade de vestir o vosso herói com as armaduras de Ganondorf, da série The Legenda of Zelda. Fora das cidades, é também possível usar o “amiibo Portal” com uma das figuras da Nintendo para atrair mais inimigos. Estes, ao serem derrotados, deixam para trás loot interessante para equipar ou vender. Contudo, uma das principais características únicas desta versão é usar o potencial desta consola.
Uma vertente muito importante desta série sempre foi o seu modo multi-jogador. E com a Switch temos alguns argumentos interessantes. Podem partilhar o ecrã para acção a dois ou jogar localmente em consolas diferentes com cópias múltiplas do jogo. No que toca à conectividade online, também podemos jogar em rede, obviamente. Gostei que a acção tivesse sido fluída, mesmo via Wireless, até mesmo quando havia tanta coisa a acontecer no ecrã. Que me tivesse apercebido, a Switch nunca cedeu e não houve qualquer lag de assinalar. Algo essencial neste tipo de RPGs mais frenéticos.
No entanto, para a fluidez da acção se manter nos 60 FPS, apesar da idade do jogo original, nota-se que houve alguns sacrifícios no grafismo para “encaixar” tanta coisa na consola. Por exemplo, notei que há algumas texturas menos detalhadas em alguns modelos e secções. Não é nada que seja francamente diminuidor da qualidade geral, mas nota-se. Entendo que a busca foram os 60 FPS a bem da jogabilidade. Também não acredito que esta ligeira optimização vá comprometer a vossa compra. Contudo, se querem a versão mais visualmente deslumbrante do jogo, já devem calcular que está aqui.
Em termos de conteúdo, Diablo III: Eternal Collection é exactamente a mesma colecção das demais plataformas. Inclui os dois DLC Reaper of Souls e Rise of the Necromancer, além de todos as melhorias técnicas que a Blizzard foi lançado nestes anos de vida de Diablo. Se estiverem a questionar se devem comprar esta versão, devo dizer-vos que a grande vantagem aqui é só mesmo a sua portabilidade. Não são os itens exclusivos nem o visual que vos darão razões para optar por aqui. Portanto, apenas se quiserem desbravar calabouços “onde, como e quando quiserem”, esta é a versão ideal.
[Análise Original de 28 de Maio de 2012]
Antes de começar a análise deixem-me contar que o arranque do jogo ficou marcado com erros técnicos. Existia um bug que expulsava os jogadores dos servidores e um erro famoso, conhecido como erro 37, que não permitia ninguém fazer login nos servidores da Blizzard. Já que estamos a falar de servidores, também tenho de mencionar que a Blizzard decidiu fazer da ligação à Internet obrigatória para jogar, mesmo que joguem sozinhos! Embora tenham as suas razões, achamos que um modo offline faria todo o sentido. Mas, falaremos disso mais à frente.
A história de Diablo 3 decorre 20 anos depois do terceiro e último Prime Evil, Baal, ter sido morto e o arcanjo Tyriel ter destruído a Worldstone em Diablo 2. Deckard Cain e a sua sobrinha Leah estão na catedral de Tristram a investigar textos antigos sobre uma profecia ameaçadora. Subitamente, algo vindo do céu cai exactamente sobre a catedral, provocando uma enorme cratera, onde Deckard Cain acaba desaparecido
Cabe ao jogador, conhecido como Nephalem, descobrir o que caiu do céu. E irão descobrir que nada é bem o que parece… Para esta aventura, podem escolher entre as cinco classes presentes, o sexo da vossa personagem e ainda o nome. Mas, tenham atenção nomes como “Jesus“, “Mormon“, “Hindu” e “Antichrist” não vão funcionar, nada de polémicas. A política imposta pela Blizzard não permite nomearem as vossas personagens através de figuras religiosas.
Não existe personalização da personagem como nos mais recente RPGs, mas têm a possibilidade de criar um banner (leia-se bandeira), para a vossa personagem. Podem escolher o tipo de tecido, padrão, imagem e cores para marcarem o vosso território quando estiverem online. Inicialmente, este banner seria também decorado consoante os vossos feitos no jogo, por exemplo ao acabar em diferentes dificuldades ou terminando o jogo em na dificuldade máxima, seria adicionado um monte de ossos sangrentos na base. Contudo, a Blizzard deixou de lado esta ideia e manteve-o mais simples.
Antigamente, os recursos de cada classe baseavam-se inteiramente em Mana, para ataques especiais, aqui as regras mudaram. Cada personagem tem um tipo ou mais de recursos que necessita para por em prática as suas habilidades. Vejamos, por exemplo, a classe do Bárbaro. Em Diablo 3, necessita de Fúria para fazer os seus estrondosos ataques para esquartejar os seus inimigos. Vejamos todos ao pormenor.
Barbarian, o único que passou do segundo título para este. É grande, forte e adora cortar cabeças brutalmente com os seus machados. A novidade nesta classe é a Fúria. Quando mais atacam mais Fúria é acumulada para posteriormente usar em ataques mais fortes e únicos.
Demon Hunter, Uma mistura de Amazona com gadgets da Assassina. O Demon Hunter pode ser armado com duas bestas, fazendo dela classe com mais estilo. Ao invés de ter Mana, necessita de Disciplina e Ódio para as suas armadilhas e ataques, respectivamente.
Monk, o aspecto desta classe lembra imenso os praticantes de Shaolin. Adora lutar com os seus próprios punhos e dar uns valentes pontapés nos zombies ao ponto de os desmembrar completamente. O recurso usado pelo Monk para os seus ataques e magias é Spirit, onde estes guerreiros se baseiam para derrotar as forças do mal.
Witch Doctor, podem comparar esta classe ao antigo Necromancer. Os Witch Doctors são guerreiros espirituais com a habilidade de invocar almas mortas e criaturas rastejantes para o ajudar em combate. Esta classe já possui a conhecida Mana para os seus feitiços e magias.
O Wizard não poderia deixar de existir. Acompanha-nos desde o primeiro jogo, mas o seu recurso agora é Arcane Power, uma energia constante que percorre nos seus corpos para poderem criar todo o tipo de magias que já estamos habituados a ver, seja de gelo, fogo ou raios.
Enquanto jogam com uma destas classes, é impossível não ficarem imediatamente “colados” ao jogo nas primeiras quests. A simplicidade e acção frenéticas da série Diablo continuam presentes e prontas para estragar uns quantos ratos. Jogámos com o Bárbaro e com o Wizard, e em ambas as classes testemunhámos uma curva de aprendizagem entusiasmante e, ao mesmo tempo desafiante. Há skills, runas e outras funcionalidades a serem apresentadas gradualmente ao longo das primeiras horas de jogo.
Com o sentido de inovar, a Blizzard alterou muitas coisas em Diablo 3, desde os gráficos coloridos, que levaram a criar um nível secreto, a outras alterações, como por exemplo a ausência das complexas skills trees. Todas as opções de combate vão sendo desbloqueadas ao longo do jogo, enquanto possa parecer um pouco simplificado em comparação com os jogos anteriores, existe um sistema de Runas que aplica modifiers a skills já existentes. Este sistema é bastante fácil de usarmas os jogadores mais ávidos que gostam de atribuir os pontos específicos a cada atributo da personagem (força, vitalidade, inteligência, etc), não o poderão fazer em Diablo 3. Todos os pontos são atribuídos automaticamente assim que sobem de nível.
A história nunca foi o ponto alto da série, mas em Diablo 3 a Blizzard fez um bom trabalho e deixa os jogadores envolvidos no enredo. Sempre que enfrentam um novo tipo de criatura ou apanham um livro com história do jogo, é adicionado uma entrada no diário e é lido em voz alta descrevendo os “quandos” e os “porquês”. E, como é habitual na produtora, existem excelentes cutscenes, com uma qualidade tremenda quando mudamos de acto.
Quando tiverem a oportunidade de começar a vossa aventura irão reparar de imediato que este Diablo é fiel às suas origens, mantendo os controlos todos iguais e um aspecto geral semelhante, mas sempre inovando quando pode e deve. Muitas alterações são subtis, mas o mais atento irá reparar em muitas melhorias e aperfeiçoamentos. Um bom exemplo é o inventário da personagem.
Todo o inventário foi remodelado. Para além de existirem novas slots de armaduras para a nossa personagem, os itens ocupam sempre no máximo 2 quadrados (1×2) o que significa que já não é necessário usarmos as técnicas de Tetris para arrumarmos os nossos itens ou agrupar maior número de peças possível para vender.
Podem facilmente encontrar outras diferenças no modo como criam Town Portals ou como identificam itens raros. Já não existem scrolls, por exemplo. Ambas as habilidades são “grátis” e podem fazer sem qualquer custo e a qualquer momento. Para o Town portal basta carregar num botão presente no ecrã, e aguardar uns segundos até serem teleportados para a cidade mais próxima. Em relação à identificação de itens, por seu lado, basta carregar com o botão direito do rato sobre as peças.
A inovação mais inesperada está no motor de físicas. O jogo foi construído sobre um motor pseudo-realista que leva os corpos, objectos e paredes a voarem pelo ecrã quando são atingidos com uma magia ou um ataque melee. O que nos leva a sentir-nos muito poderosos. Contudo, esse sentimento pode desaparecer assim que surgem enormes grupos de inimigos conhecidos como elites. Estes são essencialmente versões mini-boss das criaturas normais e podem surgir em grupos de 3 ou mais. Se estiverem numa dificuldade superior como a Nightmare ou Hell, os elites podem surgir em grupos bastante mais compostos. E, acreditem, a dificuldade pode tornar-se quase impossível.
Como se os elites já não fossem difíceis o suficiente, a produtora ainda inseriu os champions. Unidades super-poderosas que vocês não vão gostar, adianto já. Só um, pode valer por um grupo de elite. E para “ajudar”, são sempre acompanhados de numerosos minions com características semelhantes.
Os itens mais raros e valiosos aparecem mais frequentemente nestes grupos do que nos bosses, como devem calcular. (Podem saber mais dicas do jogo no nosso artigo). O sistema de loot é o principal culpado a colar-nos ao jogo, porque queremos sempre mais e mais. É também um pouco diferente dos outros Diablo. Aqui, quando jogam com amigos, os itens que surgem só caem para vocês, evitando injustiças.
Já me questionei várias vezes, porque razão um action RPG necessita de ligação à internet constante, mesmo estando a jogar sozinho! É óbvio que a primeira razão que motivou a Blizzard a seguir este caminho, foi para combater a piratia. No entanto, sofremos um pouco, mesmo quando temos uma internet decente. No meu caso, tenho 100Mbps de velocidade e, mesmo assim, testemunhei grandes picos de lag que não deveriam acontecer.
De qualquer das formas, se pensarmos bem, esta ligação constante permite-nos ter sempre o progresso do jogo guardado em servidores centrais. Mesmo se jogarmos noutro computador (ou se o jogo for abaixo, o que aconteceu algumas vezes no início), também está tudo gravado, inclusive o nosso inventário. Até é para nosso bem, afinal.
Veredicto
Este é basicamente o trunfo guardado da Blizzard. Inquestionavelmente, Diablo 3 oferece uma experiência de Dungeon Crawler sem igual. É divertido de jogar, terão centenas de horas pela frente enquanto investem no progresso da vossa personagem com surpreendentes modos de dificuldade diferentes. Exige tão pouco do jogador que é fácil qualquer um desfrutar! Retirando os picos de Lag que por vezes surgem, Diablo 3 é, de facto, obrigatório para todos os fãs desta série e de um bom RPG de acção.
- ProdutoraBlizzard
- EditoraBlizzard
- Lançamento15 de Maio 2012
- PlataformasMac, PC, PS3, PS4, Switch, Xbox 360, Xbox One
- GéneroRole Playing Game
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Bons gráficos
- Qualidade do CGI é tremenda
- O sistema de loot é viciante
- Elites são extremamente desafiantes
- Ligação à internet obrigatória
- Picos de Lag
- Alguns bugs no início
- erro 37
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.