Análise: Dirt Rally
Se há marca que sempre ficará associada à competição automóvel é a Codemasters. Num histórico impressionante de títulos, entra agora Dirt Rally. O jogo já tinha feito as delícias no Early Access do Steam e chega finalmente como jogo final nas consolas. Coloquem o capacete e as luvas, verifiquem que o cinto está bem preso e vamos lá!
O mundo do Rally já teve excelentes títulos. Desde puros simuladores a jogos de arcada, fazer curvas apertadas de lado e em gravilha, usando veículos rápidos, apenas com a voz do navegador a dar dicas da próxima evolução, tem a sua legião de fãs. Infelizmente, as provas da disciplina WRC (World Rally Championship) está restrita a uma só produtora. Mas isso não impede que as provas cronometradas por etapas, em diversos pisos, meteorologia e com diversos tipos de veículos de várias tracções apareçam em outros títulos. E já lá vai um tempo desde que a Codemasters nos trazia um título de Rally. Valeu a pena a espera?
Dirt Rally é fruto de um empenho interessante da Codemasters. Deixa de lado a condução arcade para dar lugar a uma simulação visceral e impiedosa. Desaparecem os “replays” que nos permitem retroceder na prova para repetir secções, desaparecem as ajudas e as provas de tutoriais. Somos logo lançados “aos lobos” esperando que saibamos o que fazer. Sim, há ajudas à condução, como transmissão automática, controlo de tracção, etc. Mas as recompensas são maiores para quem pega no volante como um profissional.
De facto, compensa bastante treinar nas diversas provas a solo antes de entrar no campeonato. É imprescindível ajustar os controlos, mas também ligar ou desligar as ajudas à condução. Diminuir o controlo de tracção até ajuda a fazer slide em curva, mas obriga a maior controlo do veículo, sobretudo em maior velocidade. A vantagem é que quando reduzimos as ajudas, ganhamos mais pontos de experiência para gastar em kits e modificações nos bólides.
O jogo foca-se em três disciplinas diferentes: Rally e HillClimb, com sessões a solo cronometradas e o divertido RallyCross em que corremos directamente com adversários. Podem correr em provas individuais ou optar pelo implacável campeonato que cruza as três disciplinas. E após algum treino em provas únicas, é mesmo no campeonato que se devem concentrar se querem experimentar o que há de melhor neste jogo, com um interessante modo carreira.
E para estas provas, temos mais de 70 pistas distribuídas entre seis países. Desde os circuitos de gravilha da Grécia até às pistas geladas da Suécia, todos os grandes palcos mundiais do mundo dos Rallies estão presentes, incluindo os infames percursos do circuito de Pikes Peak. A diferença de pisos e de acidentes de terreno dão uma fantástica variedade à condução e obrigam a ajustes pontuais nos veículos.
Falando nesses veículos, temos muitos para escolher. Há marcas famosas de veículos modernos, como a Subaru, Ford, Hyundai ou Peugeot e até as lendárias Lancia ou Audi do nosso imaginário. Os modelos vão desde os clássicos, como um simpático Mini Cooper ou o brutal Audi Quattro, até aos modernos Ford Focus ou VW Polo. Infelizmente, por causa da falta de licenças, nem todos os veículos desse nosso imaginário estão presentes, assim como nem todas as pinturas icónicas que tornaram alguns modelos famosos estão licenciadas.
A única licença presente no jogo, já agora, é a da FIA World RallyCross. Assim, todos os veículos e pistas desta competição estão devidamente reproduzidos. Como já expliquei, a prova-raínha do mundo do Rally, o WRC, está noutras mãos e não é aqui simulada, perdendo assim a oportunidade de conduzir alguns veículos (Toyota) e pistas icónicas. Longe vão os tempos da Codemasters no WRC, mas com esta entrada, achamos que a produtora já merecia um regresso.
E não só pilotamos o nosso veículo, como somos gestores da equipa que nos serve. Temos de gerir os nossos técnicos, elevando a nossa empresa de um simples grupo de amadores, para uma equipa de classe mundial. É preciso contratar mecânicos e engenheiros que nos ajudem a reduzir o tempo de reparações ou alterações no automóvel entre eventos, por exemplo. E notem que essas alterações e reparações só podem ser realizadas em tempo limitado nos períodos dedicados entre provas.
E olhem que, graças à dificuldade acrescida deste título, vão danificar bastante os veículos, sobretudo nas provas com pistas de elevados acidentes de terreno ou obstáculos. O modelo de danos nos veículos é bastante implacável. Choquem com uma roda numa árvore e partem a direcção, não abrandem num salto e podem danificar a suspensão e assim por diante. Reparar, porém, pode durar muito tempo e terão de gerir o que querem dar prioridade. Daí ser importante uma boa equipa que reduza esse tempo necessário.
E quando baterem na parede, não achem que é o modelo de condução que está mal. Comparando com outros jogos do género, o comportamento dos automóveis é capaz de ser o melhor que jamais vimos, especialmente em simulações de veículos de Rally. As reacções dos automóveis são credíveis e as alterações de mecânica ou danos sentem-se. Modifiquem a rigidez da suspensão, os graus da direcção, ou batam contra um obstáculo e irão conduzir um veículo muito diferente.
Curiosamente, porém, não há um modelo credível de desgaste. O que é estranho, para uma simulação tão avançada. Conduzam uma prova inteira sem embates ou erros e o veículo chega ao final intacto, mesmo que um pouco sujo de lama ou poeira. Na área de serviço, a percentagem de dano quase não sofre alterações. Pior, os pneus não parecem ter desgaste sequer (embora se possam furar e ser trocados no local). Seria de esperar uma troca de pneus sistemática entre provas, com gestão do tipo de pneu (estrada, gravilha, neve, etc) mas isso não acontece.
Tanto nas provas individuais como no campeonato, os adversários de inteligência artificial são incrivelmente competentes. A adicionar à dificuldade na condução, dos danos causados por erros pontuais e pelos modelos realistas de condução, os adversários em prova não querem saber se acabámos de chegar a Dirt Rally. São quase perfeitos e fazem tempos incríveis nas provas cronometras ou abalroam-nos sem piedade no RallyCross. Ganhar uma prova, graças a todas estas condicionantes, não é fácil.
Se a inteligência artificial não chegar, podem sempre optar pelas provas online. Além de poderem aceitar os desafios diários, semanais e mensais da Codemasters, que vão aumentando de dificuldade e exigência, é também possível realizar provas multi-jogador. Estas são contra jogadores reais e em pistas de RallyCross ou em torneios de provas cronometradas. É possível criar campeonatos entre amigos com pistas, meteorologia, restrições e regras inteiramente personalizáveis.
A nível visual, a versão que analisei na consola Xbox One proporcionou-me uma fantástica experiência. Dirt Rally combina texturas, animações e efeitos visuais muito bons, numa simulação realista de físicas. Entre provas diurnas ou nocturnas, a iluminação do sol ou dos faróis do automóvel dão um desafio diferente. E desde as pistas com a gravilha a saltar, a poeira omnipresente na traseira do automóvel, a neve a acumular na fuselagem, graficamente este é um jogo de “encher o olho”. Como aliás sempre foram os jogos de automóveis desta produtora.
O destaque, claro, são os modelos dos automóveis presentes. Tanto no interior como no exterior, o nível de detalhe é impressionante. Sejam clássicos do mundo do Rally ou modernos bólides de velocidade com grandes spoilers, o cuidado visual está à vista nas imagens que partilhamos. Vão ter pena de os danificar a cada curva mal feita, uma vez que os danos visuais são detalhados e precisos. E também vão desejar um balde virtual para os lavar depois de uma prova, com tanta lama ou detritos acumulados.
Veredicto
Não é descabido dizer que Dirt Rally da Codemasters é o melhor jogo de Rally dos últimos tempos. Disso não há qualquer dúvida. Tem algumas questões de lógica a precisarem de uma revisão, como o desgaste do automóvel, sobretudo com os seus pneus “imunes”. Mas não é nada que manche a qualidade geral da experiência, com um desafio constante na condução e na gestão da equipa em si. Visualmente é impecável, mas é mesmo a sua dificuldade exigente na condução realista que se destaca. Exige dedicação e treino para dominar, mas classe mundial para vencer. 3, 2, 1… SIGA!
- ProdutoraCodemasters
- EditoraCodemasters
- Lançamento5 de Abril 2016
- PlataformasPC, PS4, Xbox One
- GéneroCondução
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Dificuldade e desafio da condução
- Visualmente competente
- Campeonato de RallyCross licenciado
- Desgaste parece superficial
- Não aconselhado a principantes nos Rallies
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.