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Análise: DriveClub

Desde o seu lançamento, no final do ano passado, que a Playstation 4 estava a precisar de um bom jogo de automóveis. Com óptimos títulos na PS3 a satisfazer os fãs das corridas de automobilismo, a Playstation 4 estava a precisar de um jogo que puxasse pelas suas capacidades a altas velocidades. DriveClub começou por ser anunciado como um jogo de lançamento, tendo sido constantemente adiado, chegou agora para nos fazer acelerar. Vejamos se valeu a pena a espera.

Na actualidade, os jogos modernos de corridas de automóveis possuem algumas características que formam uma espécie de paradigma: Possui bons gráficos, boas dinâmicas de condução como um simulador, ter um modo de carreira compensatório, um modo online para jogar com amigos e personalização. Ao longo do tempo de existência das duas consolas rivais, Gran Turismo (Playstation) e Forza (Xbox) tornaram-se ícones, por vezes reinventando o género, outras tantas vezes pegando no que já existia, dando outro embrulho.

O que distingue realmente um jogo Arcade de um Simulador, afinal? Em termos práticos, será a capacidade de simular as físicas e particularidades de determinados veículos? Conseguir fazer distinção de um carro com tracção frontal de outro com tracção traseira? Conduzir na posição de condução correcta com tablier e volante? Possuir controlo de transmissão manual ou automática correcta, recriando a operação de um automóvel? Então DriveClub quase consegue ser identificado como um simulador. Só que as faltas que este jogo possui não o permitem alcançar esse “título”. Falta-lhe a componente de mecânica, mexer no motor, nas performances, espremer aqueles cavalos de potência. Os veículos são todos “stock”. Tudo fica a depender da nossa mestria a controlar os àpices das curvas e efectuar boas ultrapassagens e nem sempre os impactos ou erros são correctamente apresentados, dando a sensação de que o jogo facilita um pouco nestes casos. Assim, não sendo um puro Arcade, acaba por também não conseguir ser um verdadeiro simulador. Se me permitem, diria que é um “semi-simulador”. Talvez isto seja herança dos anteriores jogos da produtora Evolution Studios, os Motorstorm,

Apesar de ter um modo carreira com inúmeras provas para determinados níveis de Fama, não há real recompensa pela evolução. Não havendo dinheiro em jogo, os veículos não são comprados de acordo com a nossa preferência ou necessidade, são-nos dados, literalmente, a cada novo nível de Fama. Há determinados veículos que vão ter de usar para determinadas provas de marcas ou modelos, porém, regra geral, escolhem um veículo de um nível e vão competir apenas com esse nas provas mistas. Como não podemos mexer nas performances, acabamos por escolher o veículo com mais potência e/ou aceleração, porque depois os outros parâmetros acabam por ser irrelevantes, sobretudo em níveis mais elevados em que conta bem mais a velocidade que a capacidade de, por exemplo, fazer curvas em slide. Há provas para todos os gostos neste modo, desde corridas tradicionais contra outros veículos, contra-relógio e até corridas de drift para usarem e abusarem desse travão de mão. Há determinadas proezas em jogo que nos desafiam a bater pontos de drift ou velocidades médias de outros jogadores reais que, quando batidas, vos oferecem estrelas para a vossa Fama. Vençam tudo, porém só evoluem mesmo o nível.

Mas, personalização é o que lhe falta. Saltando de um jogo como o Forza 5, por exemplo, em que o nível de personalização é extremo, DriveClub é um jogo pobre neste aspecto. Tudo bem, não é aquela pintura mais “fashion” que faz o carro andar mais, mas à escolha só temos cores e umas dezenas de padrões pré-definidos em apenas quatro estilos. Alguns desses padrões vamos desbloqueando enquanto evoluímos. É pouco! É uma falsa noção de personalização visual, que depois se traduz também na falta de personalização do veículo em si, a nível de apoios aerodinâmicos, jantes ou outras peças. Até mesmo os Arcades puros como Need For Speed apostam na personalização. Um jogo que pretende ser social está a limitar demais o “bling bling”. Novamente digo, não faz o carro andar mais mas é uma das coisas onde mais perdem tempo no Gran Turismo ou Forza, confessem!

Ok! Então DriveClub tem estas falhas: não se sabe identificar no tipo de condução, se é simulador ou Arcade, não possui uma carreira compensatória e nem sequer permite grande personalização. Então onde é que este jogo se tenta encaixar? No que lhe dá o título: os Clubes.

Notem que o conceito de um clube de pilotos num videojogo de condução não é novidade. A série Forza, por exemplo, expandiu este conceito de forma exemplar, com um sentimento de pertença, ganhando pontos para o clube que, por sua vez, faziam aumentar os rankings e desbloqueavam recompensas. Porém Driveclub pretende tornar este o seu cerne, talvez por isso tudo o resto no jogo seja meramente acessório. A título de exemplo disto, o jogo dedica muito mais opções de personalização para o símbolo do clube do que para os veículos em si. Por outro lado, a parte social do jogo só se expande realmente quando formamos ou entramos num clube.

No nosso caso, criámos o clube do WASD e tentámos formar um símbolo neutro, já que nenhum dos objectos para símbolo chegam perto do nosso logótipo. Demos as nossas cores base, azul, cyan, branco e preto ao padrão mais linear que encontrámos e podemos colar essas cores doravante para todas as corridas. Uma espécie de “vestir a camisola”.

Como membros do clube, ficam aptos a representá-lo. Passam a ganhar pontos para a vossa progressão mas também para o clube. Há metas para atingir e podemos desbloquear autocolantes para colar nas portas dos veículos, por exemplo. Mas o mais interessante é que podem desafiar e ser desafiados por outros clubes para bater tempos ou outros feitos em determinadas pistas com determinados automóveis. Há aqui um enorme potencial de podermos, como equipa, “jogar com a camisola”. Mas depois surge a pergunta: para quê? Mais uma vez este jogo falha completamente a recompensar os jogadores. Apesar de, ao aumentarmos o nível do clube, recebermos veículos (além dos que recebemos no modo carreira a solo), nada mais nos é dado senão: Subirmos nas tabelas mundiais. Mas, até que ponto é apetecível jogarmos somente para as tabelas?

Mesmo no modo multi-jogador, onde existem sessões em jeito de torneio ou corridas individuais, não consegui entender qual a lógica. Mesmo neste modo não há uma carreira para gerir pontos ganhos ou desbloquear seja o que for. Tudo se resume a jogar para as Leaderboards e aumentar a reputação do clube. A não ser que haja algo planeado lá mais para a frente, este jogo, mesmo no online, torna-se extremamente casual. E já que estamos a falar desta parte multi-jogador, saibam que não existe a possibilidade de jogarmos com amigos. Poderão criar uma sessão com os membros do vosso clube ou amigos da lista da PSN, mas depois terão de se juntar a uma sessão online, se quiserem jogar juntos… mas nunca sozinhos. E já que falamos em jogar com amigos, a ausência de um modo splitscreen para jogarmos com amigos na mesma consola é inaceitável se, ainda por cima a Playstation 4 permite logon de jogadores diferentes com comandos diferentes.

Tirando estas questões de identidade e recompensa, DriveClub até é um jogo muito interessante se o vosso interesse é correr a alta velocidade contra uma Inteligência Artificial implacável. Esqueçam lá “kitar” o vosso carro para dar duas voltas de avanço aos mais atrasados. Aqui os adversários não perdoam e lançam-se prego a fundo para vos ultrapassar ao mínimo erro. As pistas são inspiradas em diversos locais do mundo, desde pistas rurais na Índia até aos picos nórdicos cheios de neve. As provas tornam-se cada vez mais complicadas nas mesmas pistas, consoante a velocidade que, logicamente, vai aumentar com automóveis mais potentes.

Mas onde DriveClub se destaca mesmo é no grafismo deslumbrante. Todos os carros estão devidamente retratados com as suas marcas e modelos recriados ao pormenor, além de animações e efeitos. Desde o fiável Volkswagen Golf GTI, até ao potente Aston Martin One77, esperem um elevado nível de detalhe, diria até acima da média, mesmo nos interiores. Nota muito positiva para o facto das marcas destes veículos serem maioritariamente Europeias. Toma lá Gran Turismo e a tua frota nipónica! Tenho pena que os danos nos veículos sejam estranhos a fazer lembrar papel amachucado. Mas pronto, evitem bater, ok? Notem que ainda não está implementado mas a Evolution irá acrescentar um modo “Câmara”, brevemente, para poderem fotografar o vosso veículo nas mais diversas situações e mostrar ou como o pintaram com as cores mais foleiras ou como o espatifaram todo numa corrida.

Ainda a nível gráfico, nota positiva para cenários e animações do meio ambiente, mas igualmente negativa para a falta de vida que neles poderíamos encontrar. À execpção dos veículos (que estão, como disse, deslumbrantes) tudo parece demasiado artificial e pouco ou nada vivo, sobretudo a natureza. Mas também há boas qualidades. Este jogo possui um ciclo completo de Dia e Noite e quando a meio de uma corrida o sol se põe, há todo um espectáculo atmosférico que culmina com uma corrida nocturna em que só temos a luz dos faróis e os constantes flashes dos espectadores. Genial! De notar que mais à frente nas actualizações, a Evolution vai também inserir meteorologia dinâmica que não só irá adicionar efeitos de precipitação, mas também irá afectar a condução. Mal posso esperar, porque se há algo que pessoalmente adoro é espetar-me nas curvas por causa da chuva.

Veredicto

Não se preocupem se têm sentimentos mistos em relação a DriveClub. É normal. Nós também temos aqui na redacção. Não era bem o jogo que queríamos, mas talvez seja o jogo de que precisamos. Digo isto porque talvez venha a mudar a nossa perspectiva sobre o que é um jogo de corridas de automóveis, entrando ali no meio entre o simulador de “car porn” de Gran Turismo e o casual “jogo de plástico” que são alguns Arcades. Talvez precisemos de entender que, por ser social, é num grupo de amigos que precisamos esbarrar no muro a 230 km por hora, em vez perder tempo a criar bonecos no carro. Talvez. Mas até que ponto é isso que os fãs deste género procuram, é algo que teremos de aguardar para ver. Se têm dúvidas, depois do lançamento dia 8 de Outubro têm na Playstation Store uma versão limitada gratuita para membros do Playstation Plus que podem experimentar.

  • ProdutoraEvolution Studios
  • EditoraSony Computer Entertainment
  • Lançamento8 de Outubro 2014
  • PlataformasPS4
  • GéneroCondução
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Falta de recompensas nas evoluções
  • Fraca personalização
  • Falta de modo Splitscreen

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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