EAFC24 (5)

Análise – EA Sports FC 24

Olá e bem vindos a FIFA 24… ops! Se franzirem (muito) o sobrolho, porém, poderão confundir EA Sports FC 24. Não é uma propriamente uma crítica à EA Sports, notem. De muitas formas, é um elogio que fazemos à nova era.

Seria muito complicado subitamente a EA mudar a sua fórmula de anos para trazer algo profundamente estranho para os fãs de longa data. Até porque, apesar da cisão com a licença oficial da FIFA, a EA Sports conseguiu aperfeiçoar uma fórmula vencedora, cheia de inovações técnicas e de jogabilidade. Poder-se-á dizer que, no rigor, “FIFA” eram, de facto, só quatro letras porque todo o trabalho de concepção, aperfeiçoamento e busca pelo realismo era especificamente fruto do trabalho da produtora. Por isso, para quê mudar a “equipa que ganha”? Porque agora há mais para provar aos adeptos nas bancadas.

Felizmente, tenho boas notícias. Não podemos dizer que a EA se limitou a reciclar o jogo do ano passado. Sim, tudo o que é familiar há tantos anos, está aqui. Temos novamente os muitos modos de jogo, como Ultimate Team, Clubs, Carreira de Jogador, Carreira de Manager, Volta, Kick-off e mais algumas formas tradicionais de jogar que ninguém quereria abrir mão. Nesse aspecto, a única diferença é a ausência para sigla FIFA em quase todo o lado. Mas, não se preocupem. Este continua a ser um jogo licenciado, trazendo várias ligas e competições mundiais.

Em termos de Ligas, só para destacarmos algumas, além da nossa Liga Portugal, contém com as inteiramente oficiais Premier League, La Liga ou Bundesliga, incluindo neste ano algumas inéditas como a infame Saudi Pro League da Arábia Saudita. Também temos Ligas femininas oficiais, para já limitadas a apenas seis destes campeonatos em ascensão a nível mundial. Quanto a competições, contem com a Liga dos Campeões, masculina e feminina, Liga Europa e também a Taça Libertadores. Ou seja, de relance, nada parece mudar em termos de conteúdo e até temos mais para jogar.

Todavia, há ainda omissões de peso. Infelizmente, algumas ligas estão incompletas, como o Brasileirão que neste novo título perde a competição oficial e várias equipas, como o Vasco da Gama, Cruzeiro ou Grêmio. Nas principais competições Europeias, é preciso assinalar algumas equipas fictícias e também alguns equipamentos “parecidos” em equipas menos conhecidas. E, uma vez mais, a nossa Taça de Portugal não é licenciada e a Taça da Liga nem figura como competição.

Não é de admirar. No passado vimos isto acontecer, especialmente nos tempos áureos do rival Pro Evolution Soccer. A guerra de licenças é uma realidade e, por vezes, os clubes e ligas assinam exclusividades com outras entidades, obrigando as produtoras a “improvisar”. É só lamentável que os adeptos não possam jogar com a sua equipa preferida nas competições em que participam. Não é, no entanto, algo que a EA possa realmente controlar. No futuro, isto poderá ser ainda mais complicado se a própria FIFA realmente ceder licenças para outras empresas.

Com tanta familiaridade, repetimos, este não é um clone do jogo do ano passado. Para começar, logo que entrem em campo notarão toda uma nova realidade de futebol simulado. A nova geração de tecnologia de captura de movimentos Hypermotion V traz ao jogo ainda mais realismo, com mais de 1200 animações diferentes só na corrida. A tecnologia brilha também no controlo de bola, nos comportamentos dos jogadores, com e sem bola, notando-se em particular nos movimentos e dribble de jogadores mais dotados tecnicamente. Isto, para jogadores masculinos e femininos.

Obviamente, tudo depende das estatísticas, que a EA garante ter criado com base em dados capturados de jogadores reais. “Jogar bonito”, tem outro brilho, também por causa das novas capacidades da evolução do motor gráfico Frostbite. O realismo dos movimentos descrito acima é complementado pelo realismo visual dos jogadores, tanto nas suas feições e fisionomia, em especial numa anatomia mais fiel à realidade, como até na forma como o próprio equipamento reage a cada exigência.

Ainda temos que levar em conta o aprimoramento das características únicas de cada jogador. Os movimentos técnicos de “magos” como Haaland ou Mbappé são mais apurados e facilmente distintos, muito por causa dos novos Playstyles. Estas são habilidades únicas, exclusivas dos jogadores mais talentosos e que foram cuidadosamente recriadas em jogo. Estas habilidades podem ser combinadas, desde um tipo específico no controlo de bola, algum remate acrobático ou um tipo específico de dribble.

A boa notícia aqui é que os Playstyles podem ser adicionados a jogadores criados por nós. O que significa que, com evolução, podemos escolher algumas notas artísticas de Messi ou de Ronaldo (até podemos comemorar golos como eles). Se isto vos soar às anteriores “Traits”, estou convosco. De facto, parece um rejuvenescer dessa oferta nos anteriores FIFA, aqui expandida e actualizada, a bem do tal realismo pretendido.

A grande estrela da oferta da EA Sports ao longo de anos, porém, foi sempre Ultimate Team. E nesta edição há novidades muito importantes a ter em conta neste modo de carreira. Como já devem saber, UT contém agora também atletas femininas, trazendo uma interessante mistura de talentos. Para dizer a verdade, as jogadoras parecem apenas trazer alterações obviamente cosméticas, na maioria tendo uma fisionomia e estatura própria. Já vou falar nisso. De resto, trazem mais variedade, havendo mesmo algumas “pérolas” para descobrir e adicionar à equipa.

Noutras novidades em UT, agora os valores contidos nas cartas dos jogadores já não são fixos. Esta poderá ser uma das maiores novidades de sempre no modo de jogo, já que, assim, não ficamos confinados a buscar apenas jogadores de elite, podendo evoluir alguns dos jogadores menos dotados e, assim, ter ainda mais possibilidades para formar uma equipa de sonho. Claro que isto envolve alguma persistência e investimento mas também significa que as cartas de prata ou bronze ganham outra importância. Ah! E ainda poderão alterar o aspecto das cartas, talvez para criar um padrão mais interessante na equipa.

Quanto aos modos de carreira, as novidades não são assim muitas mas também são de destacar. Notarão ligeiras mudanças pontuais, na maioria de aprimoramento do interface e de algumas lógicas. No modo de carreira com jogador, por exemplo, temos agora os treinos agrupados em dias de jogo. Também temos novos agentes que nos ajudam com dicas pontuais de carreira (algumas são exageradas, como pedir golos de bicicleta, enfim) e ainda serão importantes ajudas para transferências ou empréstimos. Há também novos treinos, alguns a apostar na perícia.

No modo Manager, a principal novidade é poder contratar o nosso próprio staff de treinadores, abrindo uma nova componente de micro-gestão. Há, aliás uma maior ênfase nos bastidores da equipa, não se ficando por delinear apenas o plantel ou a estratégia. Ainda hoje acho que não é aqui que encontramos a melhor oferta de manager de futebol. Mas, aprecio bastante o esforço da EA de oferecer um jogo “completo”. Neste ano, achei a carreira mais envolvente nos assuntos de um gestor, o que é um passo em frente, sem dúvida.

Com tudo isto em mente, como é realmente FC 24 em campo e como se compara com os títulos anteriores da EA Sports? De um modo geral, as partidas parecem agora mais compassadas, com um ritmo que achei um pouco mais lento. Por causa das alterações nos comportamentos e animações, notei que há mais passes mal feitos ou interceptados, sprints mais tardios, dribbles mais falíveis, num leque de nuances que tornam as partidas um pouco mais imprevisíveis. Isto, nos modos de dificuldade World Class, Legendary ou Ultimate. No incrivelmente mal intitulado modo Professional, goleadas são ainda a nota do dia.

Estou a falar, obviamente, nos modos a solo, porque online, embora se note a mesma lentidão em tudo, o ritmo é obviamente mais rápido. Posso estar apenas muito habituado a FIFA 23 que, de muitas formas, era um pouco “acelerado”, por vezes até demais. Aliás, cheguei mesmo a reduzir o ritmo do jogo nas opções para não ser tão frenético. Aqui, não tive qualquer necessidade de o fazer, considerando o ritmo de jogo muito propício a fintas e remates de precisão, não tanto a sprints de “costa-a-costa”. Se todos gostarão disto, porém, fica a dúvida.

Se tiver de criticar algo, será mesmo esta visão de misturar o futebol masculino com o feminino. Não, não vou dissertar rigorosamente nada sobre a validade das jogadoras ou do seu nível técnico. Nem sequer vou opinar quanto ao interesse repentino nestas competições. O que tenho a dizer prende-se somente com a forma como as senhoras são colocadas nos mesmos patamares de performance física que os homens, quando, na realidade, são obviamente diferentes. Equipas mistas como as que existem em Ultimate Team são óptimas nas estatísticas mas duvido que funcionassem tão bem na vida real. Mas, hey, isto é um jogo, certo?

Também vou criticar um pouco o novo modo Clubs, anteriormente conhecido como Pro Clubs. Sempre achei que o apelo deste modo era francamente menor que UT em termos de empenho pessoal numa carreira online. Nesta edição, a EA decidiu criar épocas, estas com fases de liga, promoção e play-offs. Além de continuarmos a ter poucas recompensas (cosmética e pontos XP), complicou-se um pouco demais este modo “ranked”, tornando-o moroso e, de certa forma, a favorecer os mais dedicados a longo prazo. Daqui a uns meses veremos se resultou.

Já em tempo de compensação, temos de falar do aspecto geral deste novo título. Já os anteriores FIFA era óptimos showcases visuais, a apostar imenso no realismo, como se de uma transmissão televisiva se tratasse. Graças às melhorias técnicas a apostar no realismo que falei acima, na versão que analisei na Xbox Series X, tudo tem um polimento exemplar. A EA tinha muito para provar nesta nova era e, quanto a mim, trouxe um dos jogos mais apurados de sempre a nível visual. Há momentos sublimes, devidamente apoiados com comentários e “replays” espectaculares. Sem qualquer dúvida, é um “remate na gaveta” para a EA.

Veredicto

Embora seja muitíssimo familiar para os veteranos dos simuladores de futebol da Electronic Arts, o novo EA Sports FC 24 é uma excelente nova era para os amantes do chamado “desporto-rei”. Há muita coisa que não é realmente nova, é certo, querendo ainda apostar no que estamos habituados a receber. Ainda assim, a produção trouxe importantes nuances no que toca ao realismo e umas quantas nuances nos vários modos de jogo, sem esquecer a enorme oferta de muitas licenças de ligas, competições e jogadores. Gosto de pensar neste jogo como um “recomeço” que prova muito bem que esta equipa está pronta para ganhar tudo.

  • ProdutoraEA Sports
  • EditoraElectronic Arts
  • Lançamento29 de Setembro 2023
  • Plataformas
  • GéneroDesporto
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Modo Clubs complica um pouco o seu apelo a médio prazo
  • Mistura de jogadoras femininas é um pouco forçada
  • Algumas omissões de equipas e competições

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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