Análise: Evolve

A produtora Turtle Rock Studios pode não ser familiar para muitos de vocês. No entanto, se vos disser que é a mesma produtora por detrás de títulos como Left 4 Dead ou Counter-Strike, sou capaz de roubar a vossa atenção para vos falar de Evolve. Um jogo com novas ideias e capaz de oferecer grandes experiências no modo multi-jogador… quando jogado com as pessoas certas. 

Em Evolve, juntas-te a uma equipa de 4 caçadores especializados, idealmente cada um controlado por outros jogadores, que precisam de trabalhar em equipa para perseguir e caçar um monstro. Mas existe um twist: Este monstro é outro jogador. Este é o conceito assimétrico em torno de Evolve que a produtora chamou de 4×1 (quatro contra um). O jogo esteve durante vários meses em fase Beta, com imensos testes de performance e saturação de servidores para garantir a melhor experiência de jogo. O mais importante, porém, são as pessoas que jogam connosco e já vão perceber porquê.

A acção de Evolve decorre num planeta chamado Shear, com densas florestas e vários animais que parecem ter saído do filme “Avatar” de James Cameron. Neste planeta, a Humanidade está a tentar criar pequenas colónias que são consideradas como muito valiosas nesta região em especial. Mas estas colónias estão a ser constantemente atacadas por gigantes criaturas (ou monstros, como doravante os vou intitular). Para lidar com estes seres, foram contratados os Hunters, uma equipa de caçadores com a especialidade de salvar os sobreviventes das colónias e capturar estes monstros. Cabe a vocês escolher o lado que preferem jogar: Monstro ou Caçadores.

Há um certo “je ne sais quoi” ao controlar o monstro, enquanto os outros quatro jogadores tentam, a todo o custo, acabar com os nossos ataques devastadores e impiedosos. Isto, em teoria, é um grande conceito, mas quando colocado em prática, existem várias dúvidas: Como é o equilíbrio entre as diferentes espécies? Quem controla o monstro não tem uma grande vantagem?

Na realidade, sinto que quem controla os caçadores parece ter mais vantagem sobre o monstro. Isto porque, quem controla a criatura, começa numa fase muito vulnerável (Intitulada Stage 1) e tem um curto período de tempo, antes que cheguem os caçadores. Para evoluir é preciso derrotar outros animais e apenas o podem fazer nesse curto espaço de tempo em que estão sozinhos no mapa. E, entretanto, têm também de começar a pensar em como iludir os caçadores. Idealmente, deve-se evoluir até à terceira fase, onde o jogo fica mais entusiasmante, embora não seja tarefa fácil.

Quando o monstro está sob o nosso controlo, jogamos na terceira pessoa, o que torna os ataques algo imprecisos, aliados aos movimentos lentos e pesados do monstro. Ao todo são 3 criaturas diferentes: Goliath, Kraken e Wraith, estas duas últimas só disponíveis depois de evoluir a primeira. Cada uma delas possui habilidades e poderes diferentes, que podem melhorar sempre que evoluem.

Do outro lado do campo de batalha, controlando os caçadores, o jogo torna-se um típico jogo de acção na primeira pessoa (FPS), onde as diferentes classes precisam de trabalhar em conjunto para capturar o seu objectivo. Para isso, contam com a ajuda de várias armas com características diferentes, além do querido jetpack que fornece alguma vantagem na deslocação. As classes variam entre Assault, Support, Trapper e Medic. Todos possuem nomes elucidativos, mas quero destacar o Trapper, já que esta classe tem a possibilidade de criar uma cúpula para prender o monstro, enquanto os colegas tentam, com o tempo contado, cercar e derrotá-lo.

Encontrar o monstro também não é fácil. É preciso estar atento a todos os sinais que possam indicar a sua localização, como as aves que voam assustadas ou usar uma estranha criatura de quatro patas para nos indicar o caminho através do seu olfacto, como se de um cão se tratasse. Na maior parte do tempo estarão à procura do monstro e, quando o encontram, a batalha dura pouco tempo. Esta rapidez de resolução no combate acaba por quebrar o ritmo do jogo, na maior parte das vezes torna o jogo algo inócuo.

Para quem controla os caçadores, a estratégia é essencial para capturar a criatura e salvar todos os sobreviventes. Do outro lado, quem controla o monstro só tem de se preocupar em sobreviver e matar os humanos. Assim, os caçadores precisam de usar a cooperação e facilita jogar com pessoas com experiência ou amigos, para que possam combinar a estratégia. Sobretudo, recomenda-se o uso de comunicações por voz. Das vezes que joguei, raras foram as ocasiões em que o jogo não se tornava caótico, ninguém se ajudava e tentavam jogar para seu próprio proveito.

Graficamente o jogo está muito bem conseguido. O motor gráfico usado neste jogo, o CryEngine, é uma das melhores ferramentas para criar toda a flora e arquitectura presentes em Evolve. As texturas detalhadas das florestas, efeitos de luz e ambientes bem concebidos, fazem com que o mundo pareça vivo, com todos os animais presentes, muito bem modelados e credíveis. Desde selvas húmidas a bases gigantes, as paisagens alienígenas de Shear são fantásticas e a caça passa-se em locais bastante detalhados e que conferem uma atmosfera interessante. Só posso comparar a qualidade gráfica deste jogo com o lendário Crysis 3 no PC. Ficam com uma ideia do aspecto do jogo.

Veredicto

Evolve não é um jogo para qualquer um. É um jogo focado exclusivamente no modo multi-jogador assimétrico, competitivo e cooperativo. Neste último aspecto, requer uma boa equipa para tirar total partido da experiência. É possível jogar sozinho, claro, mas jogamos na companhia de bots e a experiência não tem o mesmo impacto. Controlando o monstro, existe uma pequena janela de tempo onde terão a oportunidade de se tornarem uma arma de destruição maciça, mas poderão ter de lidar com uma equipa organizada, tornando-se muito desafiante. Como jogo de combate assimétrico possui potencial mas também é capaz de precisar de mais equilíbrio entre os lados.