exoprimal

Análise – Exoprimal

Tal como indiquei na minha passagem pela fase Beta de Exoprimal, a Capcom tem aqui “algo interessante” para explorar, com muito potencial. Bastava, portanto que a implementação final funcionasse.

As maiores questões que encontrei na Beta é que este novo jogo tentava misturar vários conceitos num só título, não sendo propriamente memorável em nenhum deles. Obviamente, não esperava que a Capcom fosse literalmente mudar a base do jogo antes do lançamento. Contudo, esperei mesmo que a Beta fosse realmente algo mais “embrionário” e que o jogo final acrescentasse argumentos mais cativantes. Afinal, estamos a falar de uma produtora absolutamente prolífica e cheia de sucessos recentes. Certamente não seria este título de acção tão peculiar que iria travar a sua vaga de sucessos, certo? Bom… continuem a ler.

Só para recordar, este é um jogo multi-jogador com elementos PvE cooperativos e PvP competitivos (PvPvE), em que duas equipas de cinco jogadores lutam contra vagas de dinossauros de vários tamanhos e ferocidade. Estamos no ano 2040 e estas bestas pré-históricas invadiram a Terra e graças aos esforços de Leviathan, uma inteligencia artificial temperamental, é possível prever onde irão aparecer. Para isso, os jogadores vestem uns exo-fatos com armas e habilidades únicas para os enfrentar. A premissa é até engenhosa, claramente a fazer várias chamadas ao passado.

Mas, não pensem que essas chamadas são sempre positivas. Talvez estejam a pensar em títulos memoráveis como Turok ou Dino Crisis. Conforme já tinha deixado claro na minha análise da Beta, este jogo só tem mesmo os dinossauros como ponto comum com esses clássicos. Se quiserem uma analogia mais correcta, pensem em títulos como Back 4 Blood, trocando os zombies por dinossauros e vários outros jogos de acção contemporâneos como Overwatch ou… Anthem. Sim, ainda se lembram desse outro jogo PvE com… exo-fatos? É… a coisa não envelheceu bem…

Para acompanhar o modo de carreira, há uma série de cenas intermédias, umas mais elaboradas que outras, contendo alguns desenlaces e um novo vilão que se desenvolve. Contudo, é notório que estão lá apenas para preencher o tempo entre sessões, não gerando muito interesse em acompanhar algum formato de narrativa. Obviamente que as reacções variam entre jogadores, todavia, para mim estas cenas são perfeitamente descartáveis, uma vez que a escrita também não é lá muito brilhante, nem contém muitos elementos para entusiasmar os jogadores para “saber mais”.

Ainda assim, nem é a história (ou a falta dela) que aborrece em Exoprimal. Não é totalmente descabido que as histórias deste tipo de jogos sejam superficiais ou insípidas. Geralmente, os jogos compensam pela jogabilidade viciante. Mesmo que sejam repetidos (e, acreditem, Exoprimal é bastante repetitivo), se há uma recompensa de uma jogabilidade divertida, talvez uma progressão com óptimas ofertas, uma evolução nas habilidades ou algo do género, poderemos passar horas a jogar e não nos preocupamos com enredos. Não é sempre assim mas há bons exemplos por aí.

Não é o caso com Exoprimal. Um dos maiores problemas aqui é que falha completamente em dar-nos essa jogabilidade viciante ou uma progressão que recompense pelas horas gastas. Estou com algumas horas gastas neste jogo e sinto que não há nada mais para explorar ou perseguir, chegando a um limite de paciência quase intransponível. Não há na sua progressão muito mais que estatísticas para melhorar e skins para desbloquear. E, de facto, a jogabilidade não é lá muito interessante, tornando-se quase um “button masher” glorificado.

Por outro lado, o jogo final não parece acrescentar muito à experiência da Beta. A única diferença é que não estamos confinados a uma duração experimental limitada. De resto, temos à mesma o mesmíssimo modo de jogo, Dino Survival e praticamente as mesmas missões secundárias (Dinosaur Cull, Omega Charge, VTOL Defense, entre outros). Tudo bem, a oferta de fatos é mais ampla e notam-se algumas mexidas importantes no flow da jogabilidade, no grafismo (RE Engine no seu melhor) e em alguns pormenores na interacção. Incrivelmente, porém, a Capcom foi bastante honesta na Beta. Foi de facto tudo o que o jogo tinha para oferecer.

É possível desfrutar do jogo até certo ponto. A cooperação entre alguns exo-fatos cria uma dinâmica interessante. Há um enorme foco no equilíbrio, porém, que impede que algum destes fatos brilhe realmente acima dos outros. Obviamente, tudo é proporcional à dinâmica da própria equipa de jogadores e na escolha consciente de fatos para complemento dos demais. Infelizmente, nas minhas sessões de testes nem todos os jogadores estavam interessados no trabalho em equipa, pelo que é possível que isso tenha só aumentado o meu aborrecimento.

Até porque é bem possível que nem encontrem muita gente para jogar. Embora tenha sido lançado no Xbox Game Passe e contar com jogabilidade entre plataformas, foi notório que as sessões não são muito concorridas. Encontrei diversas vezes os mesmos jogadores nestes dias, o que significa que só mesmo os mais “persistentes” por lá andam, talvez à espera que a Capcom mexa neste jogo em actualizações futuras. A questão é, quantos deles realmente darão essa hipótese ao estúdio Nipónico?

Veredicto

Embora a Beta não me entusiasmasse muito, ainda achei que Exoprimal tinha alguns ingredientes promissores que podiam ser melhorados no jogo final. Essa versão veio e senti que era só mais uma extensão do que testei em Março deste ano. Há, de facto, um enorme potencial aqui, minado por uma ambição algo exagerada para uma entrega tão superficial. Falta-lhe muita coisa, desde entusiasmo a contar uma boa história e a importante motivação dada aos jogadores para o repetir. Falha nestes dois pontos e termina sem grande brilho a sequência de jogos de sucesso da Capcom.

  • ProdutoraCapcom
  • EditoraCapcom
  • Lançamento14 de Julho 2023
  • PlataformasPC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroAcção, Survival
?
Este título ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Este título ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • História bastante superficial
  • Jogabilidade repetitiva
  • Falta de incentivo na progressão
  • Pouco mais disponível que na Beta

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários