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Análise – Farming Simulator 25

Há jogos que suscitam interesse de um grupo muito focado de pessoas. São os chamados “jogos de nicho”, agindo como “pérolas secretas” entre os que os conhecem. É o caso desta série, onde chega agora Farming Simulator 25.

A Giants Software tem já uma fórmula muito intrincada e elaborada para estes títulos que simulam a agricultura, pecuária e até a produção de certos bens derivados. Durante anos, houve uma notória evolução de um mero simulador de tractores, para uma grandiosa experiência nas várias facetas do trabalho de campo a lavrar campos, cuidar de animais e produzir alimentos e bens relacionados, formando um autêntico “império” industrial… se lá conseguirmos chegar, claro. Apesar da sua aparente simplicidade, em apenas 10 minutos qualquer novo jogador encontrará enorme dificuldades em orientar-se no meio de tantas possibilidades. E é este mesmo o principal problema de Farming Simulator 25, aliado a uma série de outros que têm a ver com a sua continuidade nestes últimos anos.

Não podemos dizer propriamente que a Giants Software criou jogos sazonais, lançando um título por ano para simplesmente vender. Neste momento, a produtora apresenta um calendário de lançamento que espaça cada novo jogo em cerca de dois a três anos. Isto acontece desde a versão de 2019 e parece obedecer a uma passada firme e orientada para trazer reais novidades a cada novo título. Em dois anos, de facto, a produção pode trabalhar em criar novas unidades ou actualizá-las, produzir novos terrenos, novas mecânicas e até apostar num novo grafismo para tornar tudo ainda melhor a cada nova entrada. Isto é, pelo menos em teoria, uma óptima estratégia também para dar longevidade a franquias de longa data.

Contudo, é preciso assumir que uma produtora só conseguirá inovar realmente, se também ela evoluir tecnicamente e tiver uma estratégia concreta de “onde está e para onde quer ir”. Quanto a mim, infelizmente, parece-me que a Giants Software atingiu o seu pináculo criativo exactamente em 2019, então com Farming Simulator 19. Desde então, a jogabilidade e conteúdo de Farming Simulator 22 e agora de Farming Simulator 25, parece ter sido prejudicada por uma “parede” evolutiva. É que “mais”, infelizmente, nem sempre significa “melhor”, como já vimos tantas vezes nesta indústria. Especialmente se a base que serve a série acusa o peso da idade, parecendo que falta mestria para a produção dar um maior salto qualitativo.

Sejamos claros, se este é o vosso primeiro Farming Simulator, talvez porque nunca antes se sentissem atraídos e agora querem finalmente experimentá-lo ou porque ficaram curiosos nas recentes promoções, não ficarão de todo mal servidos pelo que tem para oferecer num todo. Este é, efectivamente, o melhor simulador deste género tão peculiar, contendo muitas horas de jogo, numa campanha vastíssima, muitos tractores e máquinas agrícolas para explorar, muitos processos para abordar e muitos objectivos para cumprir. É um jogo francamente dinâmico e muito ancorado na realidade, sem dúvida uma óptima ferramenta pedagógica para quem quer aprender mais destes ofícios. É, portanto, um bom exemplo do conteúdo de um “simulador”.

Todavia, a experiência irá variar muito entre os vários tipos de jogador. É um bom exemplo de um jogo polarizador que responde rapidamente à pergunta: “será que este jogo é para mim?”. Se forem um desses recém-chegados, a curiosidade pode ser suficiente para o explorar e até apreciar a sua vastidão em potencial. Contudo, preparem-se para muitas horas de exploração de mecânicas, leitura de (poucas) explicações e muita falta de rumo latente. Até mesmo alguns veteranos poderão ficar algo perdidos se voltam ao jogo ao fim de uns anos. Não há muitas explicações, nem muitos tutoriais para orientar, partindo do infeliz suposto que só jogará FarmSim 25 quem jogou os anteriores. E todos sabemos que nenhum jogo deve ser desenvolvido assim, por mais “nicho” que realmente seja.

Há anos que se reclamam marcadores de objectivos, por exemplo. Também faltam aqui reais tutoriais e indicações claras sobre o que fazer, com instruções claras ou objectivos realistas. Este é um jogo em que, ao ficar estagnado sem saber o que fazer ou onde estão as próximas actividades ou maquinaria, que depende muito de atalhos e “preconceitos” de uso, se cria uma notória transição entre a diversão e a “chatice”. Conduzir a maquinaria continua a ser o ponto alto da oferta, com muitos tractores, reboques, máquinas e até automóveis para conduzir. Saber o que fazer com eles e o que fazer com o produto do nosso labor, porém, é que é mais complicado de discernir. Não significa apenas que ficaremos perdidos, chega mesmo a frustrar.

Uma vez mais, FarmSim 25 continua a oferecer operários artificiais via IA para fazer parte do trabalho directo com as máquinas… Mas isso é absolutamente irrelevante, pelo menos no início, quando é exactamente isso que mais atrai jogadores. A IA podia muito bem ser mais usada para o resto, no processo de gestão de tudo, desde a administração de empregados, à compra e venda de bens e equipamento, como uma componente opcional, apenas disponível para que quisesse mesmo esse elemento de gestão. Fazendo uma analogia, é a diferença entre jogar a bola em campo e ser um manager nos jogos de futebol. Alguns só querem dar os chutos na bola e outros só querem fazer a táctica. Devia haver uma opção parecida também aqui.

Eu sei. Não podemos chegar a um simulador apenas à espera da componente lúdica, como é óbvio. Por isso, podemos dizer que os veteranos já sabem o que esperar e só voltam a cada nova edição para ver as novidades. Aliás, estes puristas serão completos opositores à “gamificação” dos seus simuladores e não darão qualquer valor a “demasiadas ajudas” ou “demasiadas explicações”. Parece que a Giants Software realmente quer servir estes veteranos e, de facto, não só apostou forte na simulação da gestão, como a tornou ainda mais complexa. Agora as nossas quintas podem ser complexos colossais com imenso trabalho de administração e micro-gestão.

Há também novas culturas, como o arroz em quintas na Ásia, abrindo novos processos de cultivo e processamento. Também há novas produções inteiras para descobrir, como a produção de queijo mozzarella, criando os novos búfalos tipicamente Italianos. Todas estas são ampliações e adições de conteúdo que dão mais para fazer, trazendo igualmente mais equipamento adequado e mais estratégias para criar uma carreira recompensadora para quem nela investe tempo e (muita) atenção. Como uma nota muito positiva para a dedicação da produção, notem que há uma tentativa notória de tornar tudo muito autêntico e credível. Quem procura essa imersão mais profunda, como sempre, encontra-a aqui.

Todavia, na sua intenção de ser algo mais “hardcore”, perde-se um potencial enorme de angariar jogadores mais “casuais”. O necessário estudo pessoal das mecânicas de jogo, de como funcionam os cultivos, que produtos cultivar em que campos, em que alturas do ano o fazer ou até como tratar da produção até chegar aos clientes, envolve uma curva de aprendizagem algo elevada, envolvendo muita tentativa/erro já que o jogo não dá grandes orientações em nenhum fase. Também não é possível realmente fazer as coisas numa pequena escala, já que a campanha não foi pensada para essa dimensão. Até podemos começar com uma simples quinta modesta mas, porque tudo envolve gastos elevados, somos obrigados a expandir para não ficarmos estagnados. E então complica-se tudo, obviamente.

Entendo que muitas das coisas mais complexas visam dar-nos o que fazer entre os momentos de maior actividade. Não faria sentido plantarmos as sementes e depois apenas simular o tempo para ver a produção crescer no campo. Temos toda essa micro-gestão dos vários sectores, inclusive dos empregados virtuais, que nos pode ocupar, melhorando equipamento para tornar tudo mais eficiente, comprar um novo campo de cultivo, construir uma nova casa de suporte ou armazém, etc. Também a meteorologia tem um papel interessante, criando alguma imprevisibilidade genérica, sem esquecer este conceito de mundo aberto à exploração em que podemos realmente passear pelo campo para algo mais “zen”.

Numa nota de conceito claramente a precisar de uma revisão no futuro, pelo menos para mim que analisei o jogo numa consola (Xbox Series X), nota-se demasiado que a génese desta série Farming Simulator vem do PC. Acho que foi a primeira vez que joguei um título desta série nas consolas e, de facto, agora entendo as imensas queixas dos jogadores dessas plataformas no que toca à interacção. Este interface foi claramente criado para usar o teclado e rato, gerando uma absolutamente confusa e pouco polida adaptação para o conceito de comando (gamepad). Há demasiadas combinações de botões para interacções e menus que não foram feitos para usar comandos analógicos. Honestamente, se puderem, joguem no PC e evitem as consolas se não quiserem frustrar-se com estes menus.

Todavia, um dos elementos menos positivos que mais saltará à vista é o seu visual. Apesar da boa qualidade geral, notórias nas imagens capturadas, na versão que analisei nota-se que há um certo problema de iluminação neste jogo, mais concretamente a nível de sombras e efeitos visuais associados. Isto cria uma notória falta de contraste em quase tudo, parecendo que este é um mundo algo “plastificado”. Por outro lado, nem todas as animações funcionam bem, particularmente nas personagens, ora estáticas, ora robóticas. Também me parece que as físicas dos próprios veículos podiam ser melhores, quando a suspensão e comportamento parecem um tanto surreais em alguns dos tractores. O que me parece, é que a base de jogo é a mesma de alguns anos para cá. Assim, mesmo sendo esta é a sua melhor versão, a franquia já merecia um “revamp” visual por parecer agora tão datada.

Veredicto

Para todos os efeitos, Farming Simulator 25 reafirma-se como o melhor simulador do seu género, incontestavelmente o mais completo e mais profundo título dedicado à simulação moderna de agricultura mecanizada, pecuária e gestão. Infelizmente, não é um jogo para todos, envolvendo um nível de dedicação acima da média, piorado por um foco exagerado na simulação, esquecendo o elemento lúdico que os casuais poderiam estar à procura. Isto cria um fosso notório para os recém-chegados à franquia, potenciado pela falta de bons tutoriais ou guias de objectivos. Por outro lado, tecnicamente acusa o peso de décadas de jogos superficialmente melhorados a cada novo título, criando um visual que já não surpreende muito. No final, é uma “actualização” para veteranos, a melhor de sempre, mas que não consegue realmente brilhar o suficiente para aliciar-nos a mudar para a “vida no campo”.

  • ProdutoraGiants Software
  • EditoraGiants Software
  • Lançamento12 de Novembro 2024
  • PlataformasPC, PS5, Xbox Series X|S
  • GéneroGestão, Simulação
ok
OK

Podia ser melhor mas tem alguns pormenores positivos que podem agradar a muitos jogadores.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Poucos tutoriais ou explicações
  • Gestão pode ser enfadonho sem muitos automatismos
  • Visual começa a tornar-se datado

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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