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Análise: FIFA 15

Todos os anos, religiosamente, faço questão de ter por casa o simulador de futebol da EA Sports. Cumprindo a minha tradição anual, inicio o jogo, abro o modo carreira e começo uma campanha com o Manchester United, o meu clube de eleição no campeonato inglês que é, por sua vez, também o meu campeonato de futebol preferido na série FIFA, à falta recorrente de um bom licenciamento da competição portuguesa. Contudo, este ano a EA Sports avançou com todos os clubes, emblemas e jogadores da liga portuguesa devidamente licenciados e colmatou esse aspecto. 

Em Maio deste ano tive a oportunidade de visitar Old Trafford pela primeira vez e isso condicionou o meu ponto de vista acerca da versão virtual do Teatro dos Sonhos pela mão da EA Sports. No FIFA 14 faltava o verdadeiro ambiente de Old Trafford que, apesar de todas as derrotas recentes dos Red Devils, continua infernal para as equipas visitantes. Quem entra pela primeira vez naquele mítico estádio, não vai conseguir sair de lá sem vir a entoar o cântico “20 times, 20 times, Man Utd” que recorda a primeira era de ouro do clube da cidade de Manchester, assim como glorifica os seus 20 campeonatos conquistados. No entanto, tudo mudou neste FIFA 15 e assim que vi o Rooney a entrar com a braçadeira de capitão em Old Trafford, ouvi também aquele mesmo cântico entoado orgulhosamente pelos adeptos. Percebi que desta vez a EA Sports não brincou em serviço com os cânticos da Premier League.

A EA Sports percebeu que, por Terras de Sua Majestade, o futebol é vivido de uma forma diferente, quase religiosa, com os estádios cheios todos os fins-de-semana. O inglês comum transforma-se no weekend warrior, apoiando incessantemente a sua equipa, para depois, à segunda-feira, voltar à sua vida habitual. De cada vez que entra por aqueles portões, o adepto é mais um elemento do onze titular. O futebol não é só um jogo por aqueles lados e, por isso mesmo, recriar todos os 20 palcos da Premier League sem pensar nas multidões que os enchem não fazia sentido. A atmosfera foi recriada de uma forma exemplar e o adepto do futebol inglês reconhecerá, com certeza, os cânticos das claques.

Para consolidar o ambiente, também contribui o aspecto cada vez mais cinemático que a série FIFA tem vindo a adquirir e da qual este novo título não é excepção. As novas animações recriam excepcionalmente a partida de futebol, como se estivéssemos a assistir à transmissão de um jogo real. Há animações novas com a entrada das equipas e outras entre cada lance, onde os jogadores se cumprimentam por um bom lance e, por outro lado, quando existem faltas persistentes de parte a parte podem até surgir confrontos inesperados que dão origem a sanção disciplinar por parte do árbitro. O jogador mais nervoso pode sempre passar à frente nessas animações com o pressionar de uma tecla. Também os uniformes se vão sujando ao longo do jogo e o relvado vai sentindo o efeito das condições atmosféricas, sobretudo quando chove muito.

Não obstante, todo este esforço em prol da verdadeira recriação do futebol espectáculo da EA Sports é estragado por alguns bugs que teimaram em transitar da versão anterior do FIFA. Depois de um golo aos Citizens de livre bem colocado, mesmo onde mora a coruja, nada pior para estragar o momento do que ver o Van Persie a enfiar-se dentro do corpo do pobre do steward que ali estava imóvel a fazer o seu trabalho. Como se não bastasse, ainda vieram os restantes membros da equipa celebrar, numa verdadeira orgia de troca de texturas dentro de texturas. O resultado foi uma espécie de peça de arte contemporânea em que corpos entravam dentro de corpos e cabeças surgiam onde menos esperávamos. A felicidade de marcar um golo, estragada em meros segundos. A verdade é que não são erros comuns mas acontecem algumas vezes. Espero, no entanto, que a EA Sports esteja atenta e consiga corrigir estas questões com actualizações no futuro próximo.

Por outro lado, as equipas de arbitragem devem ter sido programadas pelo Pedro Henriques já que vêm com um grande mau feitio. Os cartões saem do bolso com a maior das facilidades e adicionam mais um factor de imprevisibilidade nesta versão do FIFA que prima pela intensidade dos jogos. As disputas de bola são muito mais acesas, os guarda-redes parecem verdadeiras muralhas em frente das balizas e os treinadores adversários respondem tacticamente de uma forma muito mais inteligente, consoante a situação de jogo. Infelizmente, também aqui vamos ver as equipas mais pequenas a estacionarem o autocarro lá atrás. Todos estes são factores que contribuem para fazer de FIFA 15 o simulador de futebol com a melhor experiência de jogo até à data.

E ainda não vos falei da defesa… Se FIFA 14 já tinha evoluído para um sistema defensivo em que o jogador tinha de estar atento à sua posição para manter uma boa solidez lá atrás, FIFA 15 redobra esse aspecto e exige muito mais de quem agarra o comando. Recuperar posições é essencial e qualquer deslize é normalmente sinónimo de uma oportunidade para o adversário quebrar toda a nossa linha defensiva.

Os modos Carreira, Ultimate Team (o favorito dos fãs), Kick Off e Online regressam nas suas formas habituais mas o nosso destaque vai para outro modo: o modo Torneio que havia desaparecido em combate nas versões anteriores, sem qualquer razão aparente, e que regressa ao FIFA 15. Pode não trazer grandes novidades mas não deixa de ser um regresso. Para além destes modos existe ainda uma página, no menu inicial, onde podemos acompanhar, com informações reais, o campeonato da nossa equipa favorita, ver os principais marcadores e até simular antecipadamente o seu próximo jogo.

Permitam-me ainda um último apontamento sobre este novo FIFA 15 em relação à falta da língua portuguesa nos menus e a inexistente simulação das caras da esmagadora maioria dos jogadores que militam na nossa liga. Embora todos os jogadores, emblemas, nomes e equipamentos tenham sido licenciados (incluindo as equipas que subiram de divisão e isso é uma novidade em relação à versão anterior), os nossos estádios não foram integrados nesta versão de FIFA e isto é ainda mais estranho depois do Estádio da Luz ter sido o palco da final da Liga dos Campeões da época transacta. Afinal de contas, a Liga Portuguesa é “apenas” a quinta classificada do ranking de campeonatos da UEFA.

Veredicto

Apesar da falta da língua portuguesa nos menus, da completa omissão dos nossos estádios e de alguns bugs estranhos, a experiência de jogo deste FIFA 15 é a melhor que já foi feita para um simulador de futebol. Nunca antes jogar o desporto-rei numa consola foi tão intenso como o é neste título da EA Sports. Sobretudo se és fã da liga inglesa deves a ti mesmo arranjar este jogo, já que a Premier League está aqui retratada de uma forma exemplar. Coloca o teu cachecol, veste a camisola, agarra no comando e deixa-te levar pela atmosfera de fim-de-semana nos estádios britânicos. Rapidamente vais perceber que este é o FIFA para ti e cujo ponto mais forte é precisamente aquele que mais interessa: a jogabilidade.

  • ProdutoraEA Canada
  • EditoraEA Sports
  • Lançamento23 de Setembro 2014
  • PlataformasAndroid, iOS, PC, PS3, PS4, Vita, Wii, Windows Phone, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroDesporto
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Bugs que estragam os melhores momentos
  • Omissão da língua portuguesa nos menus e dos estádios das principais equipas nacionais

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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