Análise: Formula 1 2015
Quando analisámos este jogo oficial do campeonato de Fórmula 1 na sua versão do ano passado, um dos pontos negativos que assinalámos é que tínhamos a sensação de estar a jogar o mesmo jogo desde 2012. Uma vez mais vamos entrar nos bólides da prova-raínha do automobilismo para ver se Formula 1 2015 se fica novamente pelos lugares pontuáveis ou consegue, finalmente, o pódio.
A Codemasters volta a ter o trabalho hercúleo de trazer para um videojogo todos os veículos, pilotos, equipas e circuitos do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. Como o seu título indica, estamos perante a recriação total dos artistas do “Grande Circo” da época transacta de 2015. Como bónus, porém, a produtora inclui também toda a época de 2014, não entendo bem porquê, uma vez que já existia um jogo para a época passada.
Esse trabalho de criação, porém, precisava de um novo motor gráfico, uma nova abordagem técnica, algo que fizesse o jogo destacar-se dos seus antecessores, sob pena de se perder o interesse. O motor gráfico EGO foi actualizado para a versão 4.0 e preparado para a nova geração de consolas e hardware gráfico do PC. Toda a arquitectura do jogo foi revista, desde os menus até às animações e transições entre fases das competições. Também a condução foi revista e a famigerada Inteligência Artificial foi reprogramada. Qual o resultado?
Começo por falar nos modos de jogo… Ou melhor, vou falar na falta deles. É impressionante o retrocesso de conteúdos e modos de jogo que este novo F1 tem. Não estou a falar das provas oficiais, mas sim dos modos de jogo que tantos outros jogos possuem e que esta série também apostava. Só temos mesmo o campeonato de 2015 (ou 2014 se preferirem a época passada) para correr, escolhendo um condutor de uma das equipas para personificar e optando por uma jogabilidade com ajudas para principiantes ou “Pro”, com todos os auxílios e facilidades desligados. Em alternativa, só temos corridas online, escolher um só grande prémio ou um contra-relógio.
Não há um modo de carreira personalizado com evolução e transição de equipas, não há modo competitivo de ecrã dividido, não há desafios, não há corridas ou veículos clássicos, nada. Tudo o que tivemos em jogos anteriores e que salvaram a nossa apreciação do jogo, ficaram para trás, trazendo um jogo demasiado “directo ao assunto” e que falha a transmitir real interesse em dar continuidade depois de terminar uma época.
No entanto, mesmo perante esta falta de conteúdos, é de notar o interesse em proporcionar a verdadeira experiência das provas de Fórmula 1. Finalmente, as transições estão bem feitas, com as preparações em volta das provas, as reacções dos pilotos e até as celebrações no pódio. Se bem que sejam algo repetidas, a atmosfera da F1 fica bem patente nas animações das equipas em volta do veículo, no piloto a celebrar uma pole-position ou no ambiente tenso das boxes na fase de qualificação.
A época oficial de 2015 da Fórmula 1 fica marcada por (mais) algumas alterações aos veículos e à competição. Estas alterações estão logicamente implementadas no jogo. Notem, porém, que apenas no modo “Pro” a simulação será fidedigna, uma vez que algumas ajudas, como o ABS ou o controlo de tracção não fazem parte dos equipamentos permitidos. Um ponto negativo das novas regras são os painéis de protecção laterais de Zylon dos bólides. Entende-se que estão lá para protecção do piloto mas reduzem muito a visibilidade lateral. Uma palavra de apreço aos pilotos por mais um desafio à sua perícia. A câmara de capacete em jogo limita muito a visão. Escolham a que está montada no nariz ou por cima do piloto e ficam bem servidos.
Quando dominarem as novidades e alterações da época transacta, está na altura de se sentarem ao volante. E é aqui que vão sentir a maior diferença, afinal onde importa, na condução. Como já disse, as físicas foram todas revistas e melhoradas, trazendo-nos um excelente simulador destes veículos tão singulares. Cada curva, cada ultrapassagem e cada ressalto são sentidos e possuem efeitos muito próprios. O que mais gostei, pessoalmente, foram as ultrapassagens em recta usando o cone de aspiração do veículo adversário e travando mais tarde na abordagem em curva. É espectacular ver na televisão, agora imaginem ser vocês a fazer isso mesmo.
A Inteligência Artificial foi (finalmente) revista e não só é cumpridora das leis da competição, como é bem menos infalível. Uma das maiores críticas dos últimos jogos era os adversários implacáveis que nunca falhavam um ápice e ganhavam distância com um nosso mínimo erro. Agora, a IA é muito mais falível e menos “perfeccionista”, mesmo no modo “Pro”. Isto, aliado à condução mais precisa e mais fácil de dominar, juntamente com mecânica automatizada (podemos mexer em determinados parâmetros), torna a simulação muito mais prática e acessível a todos.
E estas imagens que estamos aqui a partilhar falam bem da qualidade gráfica do jogo. É cumpridora quanto-baste. Não se deixem enganar por estes “renders” de alta qualidade, uma vez que em jogo e na versão analisada (Playstation 4) o jogo tem algumas falhas de optimização. Objectos que perdem definição à distância, sobretudo veículos adversários, sombras difusas nos circuitos nocturnos, texturas pobres em algumas partes do circuito… Enfim, podem dizer que a 300 Km/h se calhar isso é irrelevante. Talvez. Mas não estará à altura de outros jogos actuais, sobretudo se gostamos de fotografar estes veículos.
Falando nisso, a câmara de replay é um ponto negativo que tenho de assinalar. Talvez esteja mal habituado com outros jogos que nos oferecem modos fotográficos complexos. Mas este modo replay é fraco, não tem “slow motion” propriamente dito e não permite alterar ângulos ou inserir filtros ou efeitos. É pena.
De resto, o jogo aguenta bem a carga de objectos e efeitos, sobretudo a alta velocidade. Saltam faíscas nos ressaltos das pistas, os pneus marcam a estrada, a gravilha fica agarrada aos pneus, os danos, embora pouco expressivos, danificam os veículos. Conduzir com luz artificial nos circuitos nocturnos ou à chuva é um desafio interessante, com ciclos de dia e meteorologia variáveis.
Uma novidade muito positiva que tenho de assinalar é o controlo por voz. Podemos usar um microfone que usa as capacidades das Playstation 4 de reconhecimento de voz para dar comandos às boxes. Podemos, por exemplo, mandar trocar o tipo de pneus ou alterar as asas aerodinâmicas ou até mesmo pedir conselhos para alterar a mecânica e aerodinâmica. Muito bom! Só temos de praticar no sotaque ou damos o comando errado. A resposta das boxes pode ser também dada através do altifalante do Dualshock 4. Confesso que não usei muito, mas a ideia é fantástica.
Veredicto
Não é bem o jogo que queria jogar, mas é um passo nessa direcção. Gostaria de ter novamente o modo carreira e poder evoluir entre equipas, como aconteceu nos jogos anteriores. Não sendo possível, porém, as épocas de 2014 e 2015 servem para satisfazer qualquer fã de Fórmula 1. As físicas e inteligência artificial melhoradas conferem um desafio interessante para novatos e veteranos, sobretudo no modo “Pro”. Enquanto não ganha a pole-position, Formula 1 2015 está nos lugares pontuáveis da grelha de partida.
- ProdutoraCodemasters Racing
- EditoraBandai Namco
- Lançamento10 de Julho 2015
- PlataformasPC, PS4, Xbox One
- GéneroCondução
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Todos os veículos e equipas de 2015
- Físicas revistas
- Inteligência Artificial muito melhor
- Controlo por voz!
- Faltam modos de jogo
- Câmara de replay
- Algumas texturas
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.