Análise: Forza Motorsport 6
O desporto motorizado sempre teve um lugar cativo no mundo dos videojogos. Só que há um pequeno pódio para determinadas séries de jogos que pontuam acima de todas as outras. Uma delas, bem lá no topo, é Forza. Agora, temos em mãos o mais recente Forza Motorsport 6. Em continuidade à série, a produtora Turn 10 celebra aqui 10 anos e quer premiar os fãs.
Acima de tudo o que consegue visualmente, Forza Motorsport sempre foi uma homenagem ao automóvel como veículo de emoções e peça de design. O sucesso de programas como Top Gear, que marca presença neste jogo com a sua pista improvisada, o piloto Stig, as vozes de James May e Richard Hammond (mas já não conta com Jeremy Clarkson, infelizmente), é sintomático de um culto que existe em volta do objecto automóvel. E Forza 6 perpetua esse culto com um convite à imersão total ao volante em várias disciplinas, desde simples corridas com compactos citadinos numa tarde solarenga, até uma visceral corrida nocturna de GT em Le Mans.
https://www.youtube.com/watch?v=0CXqEHMgiFg
E é óbvio pelas imagens que Forza 6 é um jogo deslumbrante. Os amantes do mundo automóvel conseguem entender o objectivo do modo Forza Vista que nos permite navegar pelo veículo, abrindo portas e sentando no interior, como se de um Stand virtual se tratasse. Também entendem os largos minutos que se perdem no modo fotografia para captar a “essência” do veículo. É realmente fantástico ver o incrível nível de detalhe de cada automóvel de grandes marcas internacionais, predominantemente Americanas e Europeias, felizmente (ouviste, Gran Turismo?).
Desde os veículos às pistas, o jogo é simplesmente soberbo, visualmente. E o grande destaque vai para a inserção de precipitação nas provas. Não é meteorologia dinâmica, infelizmente, mas é sempre desafiante e bonito fazer uma corrida à chuva, com cada pingo a sofrer os efeitos da velocidade e da inércia de curva. A condução fica afectada pelo piso molhado e por poças de água que até provocam aquaplanagem. É genial e dá vontade de tirar umas fotografias. Para isso, ajuda o incrível editor de pinturas e vinil para aplicar nos veículos. Que tal um carro pintado de camuflado? Ou dourado? Fiquei-me com um BMW M4 pintado com as cores do WASD.
Porque este jogo é muito mais do que bonitas imagens paradas de bólides, é preciso que apoie essa beleza gráfica com boa performance. É interessante ver o excelente trabalho de optimização da Turn 10 ao garantir 60FPS em resolução de 1080p em qualquer situação de jogo. Seja de dia ou de noite, com sol ou com chuva, até 24 veículos em prova, muitos objectos dinâmicos, público nas bancadas, fragmentos de colisões ou outros efeitos visuais, nunca tive uma quebra notável de performance. E tive a oportunidade de conduzir de duas formas: Jogando directamente na Xbox One e via stream no Windows 10. Em ambas as situações, não notei qualquer perda de qualidade, o que é um atestado de qualidade ao hardware e software da Microsoft.
Agora, é preciso é conduzir. E, uma vez mais, Forza 6 aposta num tipo de condução acessível a todos. Talvez até demais neste título. Com o que aprendeu com Forza Horizon 2, a Turn 10 traz-nos um tipo de condução mais equilibrada. Se no Forza 5 os jogadores se queixavam de alguma falta de tracção, sobretudo depois de efectuar ajustes na mecânica dos veículos, Forza 6 aprimora o comportamento dos veículos, tornando-os mais “agarrados” à estrada. Isto nem sempre é positivo, porém. A condução perde um pouco da emoção, sobretudo em classes menos potentes, tornando-se algo facilitada. A simulação parece menos relevante, mesmo desligando as ajudas à condução. Mesmo ao desligar o controlo de tracção ou de auxílio à travagem, por exemplo, notei que, sem cometer erros de trajectória, venço sempre os competidores virtuais em curva, até com o veículo menos potente em prova.
Não ajuda ao pormenor acima que a Inteligência Artificial não funcione tão bem como anunciado. Os Drivatars são já habituais na série Forza. Tratam-se de condutores virtuais que baseiam a sua condução em jogadores reais dos diversos jogos Forza e que “fazem carreira” aprendendo connosco e com os demais Drivatars. A ideia é excelente, tira um pouco do trabalho dos programadores de criarem uma inteligência artificial fixa, dando lugar a uma outra mais dinâmica e em evolução. Só que, três jogos depois, parece ter havido um retrocesso. Estes condutores virtuais são demasiado falíveis, mesmo optando por um algoritmo mais consistente. É normal estes fazerem curvas fora do ápice, embaterem demasiado noutros veículos ou fecharem trajectórias. Já para não falar dos inúmeros despistes à chuva, onde parece que não conseguem compensar a falta de tracção com piso molhado. Talvez precisem correr mais para “aprender” a conduzir melhor. Afinal, o jogo ainda agora chegou até nós.
E, sejamos claros: Ao contrário de outros jogos, Forza direcciona-se para todo o tipo de jogadores. Não temos aqui uma simulação crua como Project Cars tenta ser, mas também não temos um Arcade como os últimos Need for Speed. Há espaço para os que gostam de umas corridas casuais, assim como para os que gostam de simuladores, mexendo com a mecânica, desligando todas as ajudas e aumentando a dificuldade. O que digo é que essa lógica de polivalência parece ter retirado alguma emoção à condução neste sexto título, sobretudo comparando com Forza 5. Não se sente tanto a perda de tracção nas curvas em velocidade. Só mesmo a novidade da chuva altera um pouco a condução, mas não está presente em todas as provas. Até mesmo os impactos e danos já não interferem tanto na trajectória e comportamento do veículo. É irrelevante mexer na mecânica, uma vez que o jogo se oferece para melhorar o veículo automaticamente, a troco de alguns créditos. É normal acabarem sempre nos lugares cimeiros, mesmo com alguns erros de trajectória ou ápice de curva, seja porque o nosso veículo parece imbatível a curvar, seja porque os Drivatars se despistam aleatoriamente.
Como novidade neste sexto jogo, Forza introduz modificadores de jogabilidade que são chamados de Mods. Não, não são “esses” mods que estão a pensar. São cartas que ganhamos ou compramos com dinheiro virtual e que introduzem modificações no veículo, na prova ou na própria progressão de carreira. Há mods de uma só utilização, com um que permite saltar uns lugares na grelha de partida, outros são temporários, como obter +10% de dinheiro virtual ganho por prova e outros, mais duradouros, que removem peso ao veículo ou aumentam a tracção. Apenas podemos activar uns quantos de cada vez e podemos trocá-los antes de cada prova. É uma adição interessante e que até pode dar uma ajuda preciosa para quem não esteja à vontade com o tuning do veículo.
Outra novidade, esta herdada de Forza Horizon 2, são os Spinners. Tratam-se de uma autêntica roleta que podemos “girar” de cada vez que passamos de nível em jogo, podendo ganhar um de nove prémios. É algo injusta, uma vez que pode oferecer prémios demasiado elevados como veículos de topo ou largas quantias de dinheiro virtual. O interesse de amealhar dinheiro dos prémios para comprar um veículo melhor fica quase sem efeito, uma vez que pode calhar-nos um Bugatti Veyron num destes spinners, por exemplo. Esta opção de jogabilidade, no entanto, não se deixa ser uma boa alternativa à oferta de veículos de forma avulsa que acontecia em cada evolução no Forza 5.
Em termos de oferta e longevidade, segundo a própria produção, este é o maior Forza de sempre. Com cerca de 460 veículos (entre base e DLC de lançamento), com mais de 60 marcas, todos licenciados, detalhados e com possibilidades de serem melhorados em mecânica e visual. Também tem mais pistas, ao todo 26, incluindo algumas icónicas e já habituais na série, como Nürburgring ou Spa, mas também algumas novas como Daytona ou Lime Rock. As centenas de provas do modo carreira, transitam entre as diversas disciplinas, desde Turismo, Supercars, Fórmulas (com especial destaque à veloz Fórmula Indy) e mesmo competições de classes improvisadas, com uma longevidade prevista de cerca de 70 horas, sem contar com as provas Online, em que podemos até desafiar outros pilotos com a opção Rivals.
Todos os veteranos de Forza vão ficar contentes com alguns bónus por terem jogado os títulos anteriores, ao receberem alguns veículos e dinheiro virtual extra, além dos bónus diários através da aplicação Forza Hub. Quem pré-encomendar o jogo tem também a possibilidade de adquirir em bundle alguns veículos extra, como o pacote de veículos dos filmes Fast & Furious, ou ainda adquirir o passe de época para receber um pacote mensal de automóveis durante 6 meses. De recordar, porém, que esses veículos em DLC terão de ser comprados dentro do jogo, na mesma, com o nosso dinheiro virtual.
Veredicto
É um dos melhores jogos que poderão adquirir para a Xbox One, não há dúvida. Forza Motorsport 6 compete como um dos melhores jogos de condução do momento, até porque a concorrência não oferece grande alternativa. Pelo menos visualmente deslumbra, pese embora a condução mais facilitada que, em provas mais longas, aborrecem um pouco por não termos competição à altura. Sou tentado a dizer que os bons condutores são penalizados com algum aborrecimento. Como digo acima, porém, Forza é desenhado para todo o tipo de jogadores, dos casuais aos mais dedicados. E, assim sendo, não se podem enganar. Será sempre um excelente jogo para terem na vossa Xbox One, sejam “condutores de domingo” ou “Fittipaldis de sofá”!
- ProdutoraTurn 10
- EditoraMicrosoft Studios
- Lançamento18 de Setembro 2015
- PlataformasXbox One
- GéneroCondução
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- A chuva!
- Visualmente soberbo
- Modelos detalhados dos veículos
- Dimensão e Longevidade
- Drivatars precisam de aprimoramento
- Condução inconsistente
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.