Forza7 (hd)

Análise – Forza Motorsport 7

Se há jogos que justificam a compra de uma consola Xbox, são os da série Forza. Seja a série Horizon, mais virada para a diversão, seja a mais séria condução de pista de Motorsport, os fãs sabem que cada novo jogo é também uma experiência fantástica. Eis o mais recente Forza Motorsport 7 a perpetuar essa fama.

Antes de começar, deixem que vos diga que não analisei este jogo com as condições ideais. Isto porque, embora pudesse jogá-lo tanto na Xbox One como no PC (graças ao programa Xbox Play Anywhere), este jogo será claramente pensado para a futura Xbox One X. Infelizmente, a consola não está disponível e é óbvio que vamos ter de o testar novamente quando for lançada. A questão é que nem no nosso PC actual nem na Xbox One (original) consegui jogar com a resolução 4K e isso deixou-me na expectativa da nova consola da Microsoft. É que o que pude experimentar de Forza 7 foi já tão bom, tanto na sua condução como no seu aspecto, que superar esta qualidade será algo do outro mundo.

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Já quando vos falei de Project Cars 2 realcei que este será um grande ano para os jogos de condução. Além desse jogo multi-plataforma, temos agora este exclusivo Xbox e ainda vamos receber Gran Turismo Sport para a rival PS4. Já nem falo de outros excelentes jogos de condução noutras disciplinas que já tivemos entretanto, como Dirt 4, por exemplo. A Microsoft, por seu lado, tem aqui alguma rotina bem orquestrada. Todos os anos temos um jogo da série Forza e o último foi o espectacular Forza Horizon 3, bem mais virado para a condução livre e de carácter social. Por isso, a produtora não parece muito preocupada com esta concorrência feroz. E esta confiança é fácil de obter quando se tem algo realmente bom para mostrar.

Já no último Forza Motorsport 6, porém, notei que a série tinha entrado num período de estagnação. Apesar de conhecermos aquela frase célebre “equipa que ganha não se mexe”, com tantos e bons jogos a chegar, é preciso algo mais que bons gráficos e condução aceitável. E, apesar de Forza ter sempre um rigor técnico assinalável, misturado com alguma condução de arcada, pareceu a dada altura que a aposta era mais para melhorias visuais que outra coisa. Que “os olhos também comem” não há dúvida, mas a procura de algo mais realista neste género da condução também passa pela interacção. Por outro lado, a tendência de agradar a todo o tipo de jogadores pode criar um abismo perigoso entre os jogadores mais dedicados e os mais casuais.

Penso que a Turn 10 e a Playground Games se aperceberam disso mesmo, criando duas séries distintas no mesmo franchise. Forza Horizon herdou essa condução mais casual de arcada, permitindo algum realismo “comedido”. Forza Motorsport leva as coisas mais a sério na pista. Não quer dizer que não possamos facilitar um pouco ao usar ajudas de condução, mas há claramente mais ADN de competição por aqui. E num ano com a concorrência ao rubro, nada como a pressão de ser o único (sim, o único) jogo exclusivo de lançamento para a Xbox One X. Não só a interacção terá de ser do melhor que já se fez, como visualmente precisa ser irrepreensível. E essa qualidade também precisa de “quantidade”.

Uma das maiores queixas dos últimos Forza foi a sua oferta de veículos. Dos mais de 500 veículos de Forza Motorsport 4, passámos a menos de metade em Forza 6. É discutível se precisamos mesmo de muitos veículos, afinal acabamos com um punhado deles na garagem e os demais são apenas para consulta ou deslumbre. Contudo, os coleccionadores inveterados podem agora sorrir, depois de perder algum tempo pelos mais de 700 veículos disponíveis nas garagens de Forza 7. E nesta irão encontrar a maior oferta de sempre de Ferraris, Lamborghinis e… Porsches. Sim, finalmente construtora Alemã surge devidamente representada, depois de anos ausente destas lides, dando lugar a um preparador de veículos chamado RUF. Desculpem, mas eu prefiro mesmo o original.

No que toca à oferta de condução, poderão conduzir estes veículos da mesma maneira que o faziam no título anterior. Há modos de arcada, competições online ou offline e, claro o lendário modo de carreira. Logo no arranque deste modo somos introduzidos a três tipos de condução distintos na pele de três pilotos veteranos. Ficamos logo aí com uma ideia de que a a oferta deste jogo é vasta e com muitas disciplinas interessantes, desde clássicos a veículos modernos, veículos de estrada, GT, velocidade, camiões, stock cars e até Fórmulas. Como é habitual, esta campanha passa por uma evolução entre as classes diferentes representadas. Pelo meio, teremos aquelas provas secundárias de desafio, inclusive uma prova especial de bowling com automóveis ou uma prova de Gymkhana onde nos podemos tornar nos próximos Ken Block.

 

Enquanto evoluí pelas diferentes disciplinas, notei que o modelo de condução sofreu algumas alterações subtis, mas assinaláveis. Nos primeiros minutos de condução tive de me render à evidência que precisava de algumas ajudas de condução. Talvez porque os próprios automóveis sofrem inúmeras inovações de engenharia, a condução nestes jogos também evolui. Não posso dizer se está mais difícil, depende do que usam como controlo (comando Xbox ou volante) e se procuram realismo ou se, pelo contrário, preferem tudo facilitado. Contudo, há algum trabalho na tracção e no comportamento em curva nos modos mais difíceis que me obrigaram a “suar” um pouco. Juntem a meteorologia e tudo parece ainda mais incontrolável. Com as ajudas ligadas, porém, é tudo novamente familiar.

Para nos dificultar a vida, regressa o lendário sistema Drivatar. Basicamente, a inteligência artificial do jogo é formatada de acordo com o comportamento de jogadores reais. Cada vez que jogamos, o jogo grava a nossa prestação e cria uma “média” comportamental de cada prova. Depois, quando não estamos a jogar, o nosso Drivatar aparece nas sessões dos nossos amigos e nas de jogadores alheios. E o mesmo acontece na nossa sessão, ficando repleta de nomes de amigos e desconhecidos, registados na rede Xbox. O sistema é suficientemente inteligente para filtrar comportamentos agressivos, mas mantém as linhas de curva e performance geral. Isto gera uma IA mais capaz e mais imprevisível.

Notem que agora teremos muito mais controlo sobre os diferentes parâmetros de cada prova. Hora do dia, meteorologia, dificuldade dos drivatars, ajudas de condução, número de voltas, número de veículos em pista, enfim tudo pode ser personalizado, mesmo dentro do modo de carreira. Também se podem aventurar pela personalização dos veículos, tanto de uma forma facilitada (com tuning personalizado para diferentes classes) ou de uma forma mais precisa com controlo de peças instaladas ou da sua afinação. E não seria propriamente um Forza sem a lendária personalização de pinturas e vinilos para decorar cada veículo ao vosso gosto.

O que mais gostei de ver implementado é um esquema de meteorologia dinâmica. Não é particularmente novidade neste género, mas é sempre bastante interessante de ver em qualquer jogo. Comecem o jogo de madrugada com pista seca e vejam o raiar do dia trazer chuva intensa. Até porque, com a chuva, surgem as poças de água que nos podem prejudicar nas curvas. Toda a condução se altera e até pode ser preciso uma mudança de pneus nas boxes. Curiosamente, o desafio mais complicado que apanhei foi exactamente ao contrário. Começar com céu nublado e lentamente o sol raiar mesmo de frente em algumas curvas. Esta meteorologia dinâmica é só mais um factor de realismo.

De regresso estão as já conhecidas cartas de bónus e de modificadores de jogo. Como agora temos também o próprio piloto para personalizar, escolhendo capacete e fato, notei que o foco destas cartas é mesmo esse. Mas, continuam a ganhar veículos novos e cartas de modificadores, como uma que permite subir um lugar na grelha, outra que dá um boost de pontos na carreira e outros bónus, quase nenhum com real impacto na condução em si. O esquema para obterem estas cartas é parecido a outros jogos. Por cada objectivo cumprido ganham uma caixa com várias cartas que variam também de raridade e qualidade. Eventualmente, podemos também comprar estas caixas com dinheiro virtual ganho em jogo. Até ver, não parecem haver microtransacções com dinheiro real.

E que aspecto tem este Forza Motorsport 7? Pelas imagens partilhadas aqui, já poderão ficar com uma ideia do que vos espera. Já em títulos anteriores, o entusiasta do mundo automóvel que há em mim gostava de ficar largo minutos a pintar e personalizar os veículos, para depois os ver em pormenor no modo Forza Vista. Nada mudou. Ou melhor, a cada novo título o que muda é a qualidade e o pormenor cada vez mais “demente”. Estou sempre a ser surpreendido com cada novo Forza. Tanto na Xbox One como no PC pude testar este jogo com uma resolução 1080p. Apesar de não ser UHD 4K a qualidade é, ainda assim, simplesmente soberba. Este é um jogo bastante optimizado na Xbox One, mas foi no PC que logicamente conseguiu brilhar mais.

No nosso Orion coloquei as definições no máximo e consegui praticamente correr o jogo nuns sólidos 60FPS nessa resolução Full HD. Notei apenas alguns pequenos problemas de quebras de framerate em dias de chuva com muitos pormenores e partículas no ecrã. Segundo o software que usei para analisar, desceu até aos 50FPS nesses momentos, sendo mesmo assim bastante aceitável. Na Xbox One, logicamente que há texturas com ligeiras diminuições de definição e talvez não vejam tantas partículas pelo ar. Mesmo assim, não posso dizer que as diferenças são assim tão notórias para o jogador comum. Só mesmo lado a lado se podem comparar. De um modo geral, Forza 7 é dos melhores jogos a nível visual que podem comprar para a Xbox One e Xbox One S. E estou certo que só teremos de esperar pela Xbox One X para vermos o que é qualidade.

 

Veredicto

Não só de visual vive uma série. Se Forza Motorsport 7 fosse só visual, era “apenas” um jogo interessante. A Turn 10 soube dar continuidade à sua filosofia de criar um jogo polivalente, multi-disciplina, aproveitando para adicionar umas novidades subtis de interacção, somando duas realidades. Não é bem um simulador puro e duro, mas também nunca se assumiu como um jogo de arcada. Talvez notem que a evolução é mais técnica, sendo absolutamente deslumbrante. Ou então vão notar mais rapidamente o seu conteúdo, com a adição de vastas centenas de veículos e outras novidades de personalização. O que é certo é que Forza 7 é um dos jogos deste ano e que não devem perder.

  • ProdutoraTurn 10
  • EditoraMicrosoft Games
  • Lançamento3 de Outubro 2017
  • PlataformasPC, Xbox One
  • GéneroCondução
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Ligeiras quebras de performance no PC
  • Não tínhamos uma Xbox One X

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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