Análise – Gear.Club Unlimited 2 – Porsche Edition
Com a clara ausência de jogos realistas de automóveis na Nintendo Switch, Gear.Club Unlimited encontrou uma plataforma onde pode brilhar sem grande concorrência. Hoje vamos analisar o segundo titulo para esta consola e conhecer as novidades.
Esta é também uma oportunidade de perceber o que a produtora Eden Games aprendeu face ao seu antecessor, como se distingue da outra versão disponível para dispositivos móveis e como se comporta para os mais exigentes amantes de automobilismo. E confesso que tive um certo desconforto com este título. Conheço relativamente bem a versão para dispositivos Android e o meu principal receio era que aqui também tivéssemos as perniciosas micro-transacções que assolam a versão “mobile”. Felizmente, podemos colocar esta questão de lado nesta edição. E, apesar de não ser um jogo perfeito, é um bom título para quem gosta de conduzir os mais belos carros em ambientes paradisíacos na Switch. Apertem o cinto, porque vamos acelerar na Porsche Edition de Gear.Club Unlimited 2.
Sejamos sinceros, Gear.Club Unlimited 2 não é o melhor jogo de corridas que irão jogar na vossa vida. Mas, também não será o pior. Está ali no meio, como um título de corridas que podem jogar em qualquer lugar graças à portabilidade da Switch. E só por isso irá proporcionar boa diversão. Há, no entanto, alguns pontos que mereciam ser equilibrados. Por exemplo, no caso da Inteligência Artificial. É agressiva quanto-baste e oferece um bom desafio, mas não é beneficiada por colisões pouco realistas e, por vezes, frustrantes. A simulação da condução acaba por ser meio tosca, mesmo com uma jogabilidade interessante, sobretudo em curva. E a personalização, que até é intuitiva, progride muito lentamente. No geral, dá-nos uma sensação agridoce. Mas, já me estou a adiantar.
Neste título, os jogadores assumem o papel de um condutor de testes, ou test driver (não confundir com um a outra franquia famosa), que tem a oportunidade de substituir um piloto profissional. Depois de algumas corridas bem sucedidas, a equipa apercebe-se do nosso potencial e decide contratar-nos para futuros eventos. Contudo, porque a vida não é fácil, nem em jogo, irão tratar-nos como um rookie até ao final da carreira. O costume, portanto. Tal como qualquer outro jogo do género, não há grande foco na narrativa, é simplesmente um meio de levar-nos de uma competição até à próxima. E nada mais é necessário neste género de jogos onde a condução é que interessa.
O modo de carreira e os campeonatos funcionam da mesma forma como o título original, com a diferença que agora podemos ver o progresso entre cada corrida e o que está planeado no calendário a seguir. Mais uma vez, os automóveis estão divididos em quatro classes A, B, C, D e cada uma delas está dividida em quatro sub-classes. Será necessário completar as quatro competições em cada classe, que consiste em quatro a seis corridas individuais, uma longevidade aceitável. As pontuações passam de uma competição para a outra e os pontos, obviamente, dependem do lugar em que estamos ao passar a meta.
As corridas em si também são iguais ao título anterior. Há corridas normais, contra-relógio e de eliminação. Estas últimas provas serão das mais interessantes e desafiantes, onde de 20 em 20 segundos o último carro da classificação é eliminado. Mantém-nos sempre atentos e a tentar não ser o último do pelotão. No caso do contra-relógio, continuamos a conduzir contra a IA em vez de ter somente o relógio para bater, o que nos pode fazer perder segundos preciosos só a ultrapassar. Há também umas corridas de exibição, que não passam de eventos únicos com um tema especifico e com um bom bónus de recompensa. Mas, é tudo.
E não ajuda a repetição e pouca longevidade das pistas. Completamos cada uma em cerca de 3 minutos e, como se não bastasse, há secções que são claramente reaproveitadas de uma pista para outra, independentemente da região. Esta “opção criativa” torna tudo demasiado familiar ao fim de umas poucas horas. Trata-se de alta de criatividade? O orçamento para este jogo era baixo? Fica a dúvida. Com esta oferta tão escassa de modos de jogo e pistas, acho um pouco decepcionante ter tão pouco jogo para abordar.
Mas, vamos ao que interessa. Ao volante, como já disse, não devem esperar uma grande simulação de físicas realistas. Quanto às condições de condução, mantém-se inalteradas desde o jogo anterior, devolvendo as vulgares corridas em asfalto ou em terra ou neve num modo de rali. As mecânicas de condução continuam a roçar o arcade, com a sensação que os veículos vão sempre “fugir” e há o risco constante de perder o controlo. No fundo, é a mesma condução “arcade” que já conhecemos do jogo anterior. Talvez seja o melhor modo de jogo possível para a consola em questão, não duvido.
Se desejarem, podem mudar algumas configurações do jogo, sobretudo nas assistências à condução, com resultados mistos. E, não, não terão forma de mudar a tal IA agressiva dos adversários. Ainda assim, se o vosso carro estiver dentro do índice de performance (PI) recomendado de cada corrida, não há grande desafio a médio-longo prazo. Embora, de alguma forma, a IA consiga sempre arrancar mais rápido que nós, no espaço de um minuto ficarão na pole-position sem grande esforço. Seria óptimo haver aqui mais consistência, mas como a condução não é das mais realistas, talvez a produção quisesse mitigar frustrações.
Em termos de bólides disponíveis, podemos contar com cerca de 50 carros licenciados entre as marcas mais conceituadas, como a Bugatti, McLaren ou Porsche, que nesta edição, como devem calcular, tem um destaque especial. E é bom que não batam com eles, não apenas para não “riscar a pintura”. Bater nos limites da pista ou nos carros adversários, desacelera-nos consideravelmente como naqueles jogos da “velha guarda”. Dei por mim a evitar ao máximo o contacto com os outros carros, optando por travar mais cedo ou abrir mais as trajectórias. O que me tornou obviamente mais lento. E “lento” não é uma palavra que queiramos associar a um jogo de corridas.
Outro ponto que precisava de outra atenção é a loja de performance, uma espécie de armazém onde podem personalizar o vosso carro. Podem aqui optar por uma nova pintura, novos motores, melhores travões, trocar pneus, etc. Nesta versão é possível aplicar vinil, dando um toque mais pessoal a cada carro. Para comprar novos veículos, é necessário deslocar-nos até aos concessionários de cada classe onde cada um deles está exposto num bonito ambiente virtual. É até possível experimentar os carros antes de os comprar. Para isto tudo, a economia continua bastante “simpática” e, na altura que desbloqueamos uma nova classe, teremos bastante dinheiro para comprar novos carros ou upgrades.
Fora do modo carreira, os jogadores podem participar no modo multi-jogador local, onde partilham os comandos Joy-con para jogar na mesma consola. Este modo oferece todos os carros e locais desbloqueados logo no arranque, mesmo que a oferta, como já disse, não seja assim tão variada. Não há um modo online propriamente dito, um local onde se possa competir directamente com outros jogadores via Internet, o que é pena. Alternativamente, temos o sistema Club League onde podemos competir pelos melhores tempos em cada pista. Mas, nada mais que isso.
Em termos de apresentação, o visual estão de acordo com o esperado para um título deste calibre e nesta consola. Surpreendentemente, até há bons efeitos visuais de assinalar, como reflexos, por exemplo. O jogo corre com a necessária fluidez e os ambientes têm cores vibrantes e, em várias ocasiões, deslumbrantes no hardware limitado da consola da Nintendo. Mas, isto no modo portátil. Já em modo doca, a limitações saltam bem mais à vista, tornando-se mais evidentes na resolução limitada. É óbvio que esta limitação é causada pelo facto deste ser um port da versão de dispositivos móveis. E esta realidade reflecte-se também na sonoridade, com os sons dos motores, dos pneus ou dos efeitos de terreno a tornarem-se bastante repetitivos.
Veredicto
Gear.Club Unlimited 2 é um jogo mais “realista” que o restante da oferta de desporto motorizado na Nintendo Switch. Mas, não o podemos comparar com a concorrência noutras plataformas, exactamente por ser um jogo limitado numa consola limitada. Ainda assim, para quem tem a consola portátil da Nintendo e gosta de jogos de corridas de automóveis, devem ter este jogo em consideração. Se já conhecem o primeiro jogo, porém, será um pouco difícil recomendá-lo, mais pela falta de grandes evolução. Considerando a ausência de jogos de corrida realistas na Nintendo Switch, no entanto, é vencedor por omissão.
- ProdutoraEden Games
- EditoraMicroids
- Lançamento19 de Novembro 2019
- PlataformasSwitch
- GéneroCondução
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Não há micro-transacções
- Número de automóveis licenciados
- Personalização
- Físicas de colisão
- Pouca variedade de tipos de corrida
- Efeitos sonoros
- Reciclagem de secções de pista
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.