Análise – Guilty Gear: Strive
Este poderá ser o primeiro Guilty Gear de muitos curiosos. Contudo, este é o sétimo jogo na série e o vigésimo quarto de toda a franquia concebida por Daisuke Ishiwatari para a Arc System Works. Analisar Guilty Gear: Strive, portanto é uma responsabilidade.
O motivo pelo qual este jogo é tão importante para a produção, é porque também assinala um ponto de viragem no seu apecto. Embora mantenha muitos elementos familiares e a sua jogabilidade esteja praticamente intacta, a intenção da Arc System Works era “revitalizar” todo o conteúdo do jogo, introduzindo também umas poucas novidades, como a transição entre mapas mediante combos e outros elementos. Convenhamos que este género é muito bem representado, com os rivais Street Fighter, Tekken ou Mortal Kombat a reunir as maiores preferências. Guilty Gear, porém, tem ganho a sua notoriedade, nem que seja no mercado nipónico. Sete jogos depois, esta revitalização mostra bem a ambição da equipa de produção, além de despertar a minha curiosidade.
A fórmula está claramente intacta. Se jogaram os demais jogos na série, notarão que pouco ou nada foi mudado. Continua a ser um bom jogo de combate, acessível mesmo para os menos experientes, com vários estilos diferentes entre lutadores. Ao todo, temos 15 personagens, com mais 5 previstas em expansões futuras. Não é a maior oferta de personagens, sem dúvida, até mesmo nesta série. Ainda assim, há aqui alguma variedade para descobrir, inclusive nas histórias das suas origens. Além do visual, sobre o qual já falarei a seguir, porém, pouco mais há para descobiri. A principal novidade é mais uma manobra visual que propriamente uma alteração na jogabilidade.
Muitos já são os jogos de combate em que podemos “partir” as paredes da arena onde estamos e passamos para outro local. Dos jogos recentes que mais (e melhor) usaram essa opção técnica fora os da série Injustice. Resumidamente, se levarem um adversário até uma das extremidades do mapa actual onde lutam, poderão literalmente enviá-lo para outra área. Penso que é mais uma oportunidade da produção explorar o novo aspecto visual que outra coisa. Funciona, é o que interessa. Mesmo que não adicione nada de especial à jogabilidade.
Para andar à pancada, temos o clássico modo a solo no estilo Arcade, além de um modo de missão que também serve de tutorial para cada personagem, passando em revista golpes básicos e especiais. O modo de história é que é um pouco estranho, porque está repleto de cenas intermédias mas… não há combates propriamente ditos. A Arc System Works podia simplesmente integrar estas cenas num modo Arcade mais elaborado ou algo semelhante, dando-nos um pouco de acção enquanto conta a história dos seus heróis. Mas, não. É como um (bom) filme de animação que nos dá uma porção de história para cada personagem. Bom para o lore, péssimo para a oferta.
Por outro lado, o jogo implementa também uma estranha lógica de créditos ganhos no modo de arcada para desbloquear um mini-jogo que depois nos permite… pescar. Sim, leram bem. Este mini-jogo permite depois desbloquear imagens, ícones e outros bónus para quem gosta destas coisas. É um toque “silly” ao jogo, muito comum em jogos nipónicos e que vai certamente entreter aqueles que gostam de coleccionar itens avulsos. Os demais talvez nem sequer invistam tempo nesta estranha adição. Não é bem isto que se espera de um jogo de luta.
Talvez por causa destas opções ao nível do conteúdo, em conjunto com um número mais reduzido de lutadores, este jogo irá passar ao lado de muitos, até mesmo dos amantes do género. Ok, nem todos os jogos possuem dezenas de personagens e modos de jogo, como tem por exemplo, Mortal Kombat. Mas, sendo esta uma série de longa data, com Strive a marcar um importante ponto de viragem, pelo menos no campo visual, era de esperar um pouco mais para jogar e justificar a sua existência. O melhor exemplo desta escassez é que é possível completar o modo Arcade em apenas 20 minutos de jogo casual. Depois disso… pouco mais há a fazer.
Claro que a maioria dos fãs veteranos de Guilty Gear vai apostar mais no online. Afinal, estes jogos têm a reputação de serem excelentes no online, com o seu netcode a receber grandes ovações a cada nova entrada. Aqui, estamos colocados numa lógica de torre de evolução, onde podemos ir subindo o nosso avatar de 8 bits em cada andar “ranked”, entrando em duelos contra outros jogadores. Curiosamente, podem desafiar jogadores de nível mais alto, mas não o contrário, o que evita alguns momentos injustos. Alternativamente, podem sempre juntar-se a combates casuais que não afectam o vosso nível mas sempre servem para ganhar experiência.
Jogando online, de facto, a resposta das personagens e a performance geral esteve sempre ao mais alto nível, raramente comprometendo a acção. Não posso dizer que me surpreendeu como sendo algo “excepcional” porque ainda encontrei alguns momentos de lag, perfeitamente normais com diferentes tipos de ligação online do lado dos jogadores. Ainda assim, foram momentos raros. O que mais afectou a minha experiência online, foi a escassez de jogadores. Em determinados momentos nos meus testes, levou imenso tempo para conseguir entrar num combate, algo que pode ser exacerbado pela falta de “crossplay” entre as consolas e o PC.
Por fim, o ponto que saltará bem à vista de todos, o visual. O novo jogo foi inteiramente concebido no Unreal Engine 4, finalmente apostando num visual tridimensional, mantendo o aspecto geral de animação no estilo “cell shading”. O resultado é deslumbrante, com muitos momentos “over the top” inspirados na Manga e cheios de efeitos visuais de encher o olho. Os cenários são todos dinâmicos, jogando bastante bem com a tal lógica de transição entre estágios de forma exemplar. Também tenho de destacar a excelente fluidez das animações e um enorme cuidado em polir tudo para que este visual apurado não comprometa a jogabilidade.
Veredicto
Há dois tipos de jogadores que vão adorar Guilty Gear – Strive. Os veteranos vão gostar de ver o novo visual e a “descolagem” do clássico aspecto 2D, para algo francamente mais elaborado no plano técnico, sem perder a jogabilidade básica. Também os amantes de jogos de luta gostarão deste jogo, nem que seja porque traz algo diferente ao panorama, com uma óptima jogabilidade online. De resto, talvez a falta de conteúdo ou a falta de incentivo para jogar a solo demova muita gente. Afinal, este é um género muito peculiar em que a repetição se instala muito rapidamente.
- ProdutoraArc System Works
- EditoraBandai Namco
- Lançamento11 de Junho 2021
- PlataformasPC, PS4, PS5
- GéneroAcção, Luta
Este título ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Novo visual fantástico
- Jogabilidade acessível
- O "filme" manga no modo de história
- Pouca variedade e oferta de jogo
- Poucos jogadores online
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.