Análise – Gunner, HEAT, PC!
Durante a última Steam Next Fest, uma demonstração de um jogo despertou o meu interesse. Chama-se Gunner, HEAT, PC! e a sua simplicidade geral esconde algo muito, muito interessante.
Entretanto, a produtora Radian Simulations está empenhada em lançar este jogo em acesso antecipado no próximo dia 6 de Setembro. Antes disso, deram-me o privilégio de jogar antes, no que só posso chamar de “acesso antecipado ao acesso antecipado”. Como irão constatar, o que a Radian está a fazer é algo ambicioso, com muita atenção ao realismo possível num videojogo deste género da simulação. O que nos leva, desde logo, a ter alguma prudência quanto a expectativas. O que temos já em mãos, porém, pode ser um prenúncio de algo francamente positivo.
Este é um jogo de pura acção envolvendo combate com tanques. A ideia não é tanto criar mais um jogo de tanques, havendo tanta oferta por aí, mas uma simulação de combate realista. O movimento, a reacção, as lógicas, os timings e as dinâmicas estão desenhadas para serem realistas e punitivas. Rearmar munição demora tempo, os danos causam falhas pontuais, disparar requer perícia, enfim, não é bem um jogo de reacções rápidas, tendo até algum elemento de estratégia pelo meio, especialmente a comandar uma divisão.
O que é francamente apurado aqui, porém, é a balística das munições e a sua capacidade de destruição. Cada bala ou explosivo, realmente contam na equação. A maior prova disto mesmo é que um tiro em locais diferentes da fuselagem do inimigo cria danos distintos. Isto fica particularmente evidente na câmara de raio X que surge no final das sessões e que nos mostra os danos provocados pelos projécteis nas unidades. Há aqui um enorme esforço de simular as físicas de forma realista, como poderão constatar.
É preciso dizer, antes de mais e reforçando o que digo acima, que nesta fase de acesso antecipado o jogo está ainda muito embrionário. No site oficial, é possível consultar o “plano” da produtora para produzir este jogo. E uma leitura sucinta mostra que as principais características esperadas num jogo deste género, não estão incluídas. Por agora, o foco é apenas no combate directo com os tanques, com a produção a trazer aviação de suporte, infantaria, tripulação animada, mais facções e outras adições importantes mais tarde.
Por agora, só temos modos de jogo a solo, com os modos multi-jogador planeados para mais tarde. Temos um modo de acção instantânea para não perder tempo e também uma campanha. Esta campanha está muito básica nesta primeira fase, contendo apenas um briefing básico e missões algo repetidas. O combate é situado na guerra-fria, entre as tropas NATO e do Pacto de Varsóvia. A produção espera adicionar mais facções, com as tropas da Alemanha e Soviéticas, com vozes localizadas e tudo. A própria campanha será melhorada com aspectos mais dinâmicos e tácticos.
No rigor, este jogo é só um pouco maior que a demonstração que apenas nos dava o modo Instant Action. A verdadeira adição é a tal campanha, deixando no ar as futuras adições que, obviamente, não chegarão à demo. A Radian está muito optimista de lançar esta base tão despida de conteúdo, é algo arriscado. No entanto, com esta jogabilidade tão viciante, estou certo que muito darão uma chance ao jogo. Até posso atestar que, de um modo geral, o que temos é suficiente para causar boa impressão, pelo menos naquilo que promete desde já.
A jogabilidade é simples com teclado e rato, com apenas alguns comandos adicionais que é preciso recordar. Infelizmente, não temos um interior dos tanques, tendo apenas a hipótese de operar com atalhos. Jogamos como comandante do tanque no posto exterior de observação ou na mira do canhão. Espero que a produção se dedique a desenhar os interiores para a merecida imersão que este jogo deve ter. A ideia é comandar o tanque em movimento, mira e disparo do armamento, em várias missões de ataque, patrulha ou defesa de áreas.
O controlo dos tanques é relativamente intuitivo. Digo “relativamente” porque há uma certa profundidade que não é óbvia nos primeiros instantes. Por exemplo, no M1A1 Abrams, se ficarmos sem munição para disparar, o artilheiro precisa passar as munições do armazém interno para a torre. Este processo demora um tempo e, entretanto, o canhão fica completamente inactivo e precisamos esconder-nos neste processo. Outro pormenor é quando temos danos ou perdemos um elemento. Se o artilheiro ficar ferido, demora mais tempo a fazer as coisas. Se morrer, ficamos sem arma.
Todas estas nuances criam uma dificuldade acrescida. Mas, há mais. Mirar não é um processo simples de “apontar e pronto”. É preciso calcular trajectórias ou usar o laser para mirar com precisão. É também preciso decidir se usamos uma munição Sabot (projéctil penetrante) ou HEAT (explosiva). E ainda temos de manobrar e defender dos ataques inimigos. Para mim, a principal dificuldade surge a detectar as unidades inimigas à distância e manobrar para disparar em tempo útil. Tudo tem de acontecer antes que me vejam e eles próprios disparem.
No entanto, é preciso alguma contenção nos elogios, já que há muito mais para fazer que adicionar facções ou aspectos cosméticos. Começa logo pelo menu e pelo interface que precisam de uma enorme remodelação para serem mais estruturados e mais modernos. Mas, também a inteligência artificial precisa de vários ajustes, especialmente na detecção de colisões e “pathfinding”, reduzindo um pouco a sua capacidade de detecção. Também os danos visíveis precisam de um ajuste profundo, já que, em algumas perspectivas, não é possível distinguir veículos destruídos dos activos.
A nível visual, tirando os pormenores que já mencionei, o jogo até se aguenta muito bem no plano técnico. Com um PC mediano e “tudo” no máximo, mantem-se nos 60FPS (podem ser desbloqueados), sem sofrer muito com os detalhes, animações e efeitos no ecrã. Claro que faltam muitos aspectos da simulação, como os danos visuais ou a infantaria e até os modos multi-jogador que irão, com certeza, puxar pelo motor de jogo. Mas, estou confiante que este jogo será relativamente leve e modesto no hardware. O que só vai beneficiar a oferta no futuro.
Veredicto
Neste acesso antecipado, descobri um jogo muito básico, é certo, mas com fortes alicerces e um foco muito preciso no realismo. Gunner, HEAT, PC! não é bem o vosso jogo típico de tanques, especialmente no que anda para aí a nível de “free-to-play”. É algo conciso, uma busca pela simulação e pela táctica, para todos os que buscam algo mais “pesado” e próximo da realidade. Infelizmente, a Radian Simulations tem muito para trabalhar para chegar ao conceito que promete. Mas, pensem nesta possível compra como um “investimento” para algo realmente promissor.
- ProdutoraRadian Simulations LLC
- EditoraRadian Simulations LLC
- Lançamento6 de Setembro 2022
- PlataformasPC
- GéneroAcção, Simulação
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Focado no realismo da simulação
- Graficamente cumpridor
- Jogabilidade simples e viciante
- Produção muito ambiciosa para algo grande
- Precisa de modos de jogo online
- Vários aspectos necessitam de polimento
- Menus
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.