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Análise – GYLT

Quando um título é desenhado para uma plataforma, o que acontece ao mesmo se esta plataforma deixa de existir? Ou desaparece com ela ou tenta “renascer das cinzas”. GYLT é um exemplo desta última opção.

Lançado originalmente em 2019 como um exclusivo Google Stadia, com o encerramento definitivo desta plataforma em Janeiro passado, chega finalmente a outras plataformas. Desenvolvido pela produtora Tequila Works, conhecida por excelente títulos como Deadlight e RiME, foi obviamente um título que nos passou ao lado, até pela ausência do Stadia no nosso território durante a maior parte da sua vida. Mas, há bons motivos para o conhecer agoa. Inspira-se em Silent Hill para nos trazer uma aventura misteriosa com muitos quebra-cabeças para resolver.

A protagonista da história é Sally, uma rapariga de onze anos que procura desesperadamente a sua prima Emily Kauffman, que desapareceu há vários meses sem deixar qualquer rasto. Enquanto anda pela cidade de Bethelwood com panfletos a pedir aos habitantes a contactá-la caso alguém veja a sua prima, Sally é atacada por um grupo de meliantes, que a obrigam a fugir de bicicleta. A perseguição leva-a a cair da bicicleta e a escapar a pé. Chegando até uma estação de teleférico, um bilheteiro perturbador indica-lhe que deve tirar o bilhete da máquina automática e embarcar para voltar para casa.

Durante a viagem, porém, percebe-se imediatamente que algo está errado. O teleférico leva-nos por uma espécie de portal e, assim que saímos, encontramos uma versão alternativa de Bethelwood, caracterizada por carros destruídos, estradas bloqueadas, a ausência de qualquer pessoa e a presença de criaturas monstruosas. No meio disto tudo, acabamos por encontrar Emily, que parece estar a vaguear pela escola. Além de continuar a procurar a prima, temos agora de encontrar uma forma de fugir desta versão alternativa desta cidade perturbadora.

No centro da sua oferta, este é um jogo de ação e aventura na terceira pessoa. A exploração é bastante linear e guiada pelo mapa da área actual, que será actualizado de tempos em tempos com os objectos presentes em cada sala e também um objectivo primário. Inicialmente, será necessário optar por uma abordagem bastante furtiva, já que estaremos completamente indefesos e, portanto, teremos que nos esconder e evitar todo o contacto com os vários inimigos. Nesse sentido, a jogabilidade é absolutamente clássica, com vários indicadores que permitirão entender o grau de atenção e suspeita dos monstros.

Posteriormente, já com possibilidade de nos defender usando uma lanterna, teremos a capacidade de usar o seu feixe de luz concentrado para destruir os monstros de uma só vez, apanhando-os de surpresa por trás ou, se formos descobertos, apontando para áreas específicas do corpo até que eles desapareçam. Além da lanterna, outros objectos importantes serão os inaladores nasais, que serão usados para restaurar a nossa energia vital, e o extintor de incêndio, útil para congelar inimigos, engrenagens e poças.

Ao fim de uns minutos a jogar, notarão que tanto a história como a própria jogabilidade são alegorias claras dos medos infância e a forma de os combater usando engenho e criatividade. Se mais nada fizer, este jogo invoca temas de perturbações infantis, como o medo do escuro e o uso da lanterna para eliminar os monstros. O tema do bullying é abordado tanto nos inúmeros diários de Emily. Escondidos ou às vezes à vista nas várias salas, quanto em forma metafórica por meio da colocação de manequins em poses inequívocas e das numerosas inscrições nas paredes.

Infelizmente, a maioria das cenas intermédias foram implementadas com desenhos feitos à mão e animações um tanto rudimentares. Por causa disso, seu uso não consegue envolver completamente o jogador durante as partes mais importantes da história. Nota-se que este jogo teve um orçamento mais limitado, criado para uma plataforma de streaming, cuja performance vinha acima da qualidade gráfica. Seria de esperar que no hardware moderno mais fosse feito neste sentido mas estamos a falar de um port e não de alguma remasterização ou remake.

 

Por outro lado, o design dos níveis, embora globalmente agradável, não se destaca em nenhum aspecto. Os quebra-cabeças ambientais são bastante simples e permitem avançar sem grandes problemas. Mesmo a presença abundante de inaladores e baterias para recarregar a lanterna tende a diminuir o sentimento de perigo. Por isso, a duração da aventura pode variar de quatro a seis horas, dependendo de quão cuidadosamente desejam explorar cada secção à procura de segredos e coleccionáveis, como diários, canários, fotos, quartzo vermelho e habitantes petrificados.

O motor gráfico do jogo consegue oferecer ambientes bem cuidados e com um estilo que, de certos pontos de vista, lembra o excelente Little Nightmares. Os efeitos de iluminação, como seria de esperar de um título que dá muito uso a uma lanterna, é capaz de proporcionar um certo grau de mistério e ansiedade. No entanto, os inimigos possuem um design bastante repetitivo, sem grande variedade. Os confrontos com os bosses são interessantes, conseguindo quebrar um pouco a lentidão geral com algumas secções mas não chegam para eliminar o sentimento de repetição.

 

Veredicto

Embora fosse descrito como uma interessante promessa, deixa um sabor amargo na boca pelo seu potencial não explorado. GYLT oferece uma jogabilidade pouco incisiva e um nível de dificuldade particularmente baixo, além de uma duração francamente curta. São elementos que prejudicam a sua nova vida, chegando a novas plataformas. Será capaz de proporcionar algumas horas de diversão e mistério, mas não se destaca em nenhum ponto, o que não deixará uma grande marca nos jogadores.

  • ProdutoraTequila Works
  • EditoraTequila Works
  • Lançamento6 de Julho 2023
  • PlataformasPC, PS4, PS5
  • GéneroAventura, Survival Horror
ok
OK

Podia ser melhor mas tem alguns pormenores positivos que podem agradar a muitos jogadores.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Algo curto para a sua premissa
  • Nível de dificuldade muito baixo
  • Mecânicas deveriam ser mais exploradas
  • Pouco memorável em quase tudo

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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