Análise em Progresso: Hitman – Episódio 1
Nos dias que correm, os modelos de lançamento de determinados jogos visam a continuidade. Um jogo base, actualizações de conteúdo descarregável (DLC) e/ou micro-transacções. A Square Enix estreou um novo modelo com o novo jogo Hitman da Io Interactive. O lançamento de um jogo em capítulos não é realmente novo, mas num jogo deste calibre pode ser um passo arriscado.
Leiam a análise ao Segundo e Terceiro Episódios.
O sexto título da série Hitman ainda não foi lançado. Ou melhor, está a ser. Até chegarem todo os seis capítulos, não podemos dizer que o jogo está realmente lançado. Por isso, decidimos fazer uma análise em progresso, até porque os primeiros dias deste jogo foram algo tremidos. O que temos em mãos é apenas um primeiro episódio que inclui o prólogo (que esteve disponível na Beta) e a primeira área de missão em Paris. Nos próximos meses teremos actualizações de conteúdos com mais episódios e localizações disponíveis. Para condizer com este lançamento faseado, o jogo possui um preço acessível por cada episódio ou adquirir a experiência completa com um preço especial.
Em termos de enredo, este jogo age como uma prequela de toda a série. O Agente 47 inicia-se na International Contract Agency (ICA), contratado para assassinar elementos-chave de conspirações e organizações terroristas. Nesta fase, 47 precisa provar que está pronto para esse ingresso no mundo dos assassinatos por contrato. Na base da ICA, teremos duas desafiantes missões de treino em cenários que servem para tutorial e preparação para as missões propriamente ditas. Após provar que é o melhor do seu ofício, 47 é incumbido de percorrer o mundo em busca de elementos da organização IAGO. O primeiro destino é Paris onde Viktor Novikov e a sua companheira de crime Dahlia Margolis possuem uma importante lista de agentes secretos que tem de ser recuperada.
Essas tais missões de treino na base da ICA começam numa escala pequena, com um cenário de um iate e numa base militar simulada em Cuba, com pretensos actores contractados. Como já disse, estas duas missões são de treino e servem de introdução às mecânicas de jogo, assim como às novas abordagens não lineares em jogo. Estas duas missões que estavam incluídas na Beta dos últimos meses são excelentes formas de introduzir os jogadores à acção furtiva e indirecta, baseada no engenho e no engano, duas características do Agente 47.
Se jogaram Hitman: Blood Money, vão estar perfeitamente familiarizados com o esquema de missões e objectivos. Ao contrário de outros jogos mais recentes na série, Blood Money focava-se na acção não-linear com tipos de assassinato, armas, abordagens ou interacções opcionais em estilo de mundo aberto. A principal diferença com o novo título, porém, está na complexidade destes novos mapas, muito maiores e mais versáteis. Além de diversos disfarces que podemos apanhar ou tirar dos incautos que neutralizamos, há várias formas de assassinato (não só com a nossa icónica pistola com silenciador) e várias oportunidades para abordar que são dinâmicas e com um tempo de execução certo.
Em Paris, por exemplo, podemos optar por personificar algumas individualidades que chegam ao desfile de moda. Uma delas pode ser um manequim cuja pintura facial nos mascara e poderemos ter acesso a Dahlia sem qualquer oposição. Outro exemplo é podermos armadilhar uma câmara de vídeo e durante uma entrevista podemos assassinar Viktor. Mas há mais opções e oportunidades para descobrir. Na verdade, o jogo convida-nos a diversos desafios pré-definidos e, ao cumpri-los, ganhamos mais pontos de experiência. Tudo para entrarmos numa tabela mundial de classificação e desbloquear novos disfarces ou abordagens à missão em variantes que o jogo chama de Escalada.
Na maioria dos casos temos de observar e agir cautelosamente. Se formos descobertos não só podemos colocar a missão em risco, como podemos mesmo abortá-la ou morrer no processo. Temos uma importante visão especial para sondarmos a área, tipo visão raio-x. Esta detecta os alvos, os guardas armados e as pessoas que nos podem deter. Se usarmos um disfarce, há pessoas que, mesmo assim, possuem a capacidade do nos detectar e revelar. Temos de nos afastar, evitando-as. Também não podemos fazer nenhum acto suspeito se estiverem pessoas a olhar na nossa direcção. Mesmo que não sejam guardas, fogem a chamá-los.
Apesar do Agente 47 ser um assassino, a sua verdadeira arte é passar despercebido. Actos subtis podem significar um assassinato eficaz e indetectável. Colocar veneno em copos, iludir guardas com moedas atiradas, colocar explosivos de controlo remoto, criar distracções, fazer tiro à distância, tudo vale para executar a missão e sair impune para o ponto de extracção. Pelo meio, convém ler os perfis dos alvos, conhecer os seus hábitos e comportamentos previstos e até preferências pessoais. Há que angariar alguns itens no cenário, como cartões de acesso a áreas restritas, chaves de parafusos para sabotar maquinaria, etc. Nem tudo levamos connosco e alguns itens só podem ser usados uma vez.
Após os treinos do prólogo e a missão em Paris, subitamente, o jogo termina. Ou assim parece. Duas ou três horas de jogo para um título de uma série tão aclamada, parece demasiado pouco. Acontece que este é apenas o primeiro capítulo a ser lançado e é normal que queiramos mais. Notem, porém que o jogo possui diversas variantes para cada uma das missões. Há outros alvos para abater e até podemos criar ou receber novos Contractos de assassinato para personagens específicas em cada mapa. Num futuro próximo, a Io Interactive conta ainda adicionar alvos específicos e pré-definidos chamados “Elusive Targets” com tempo limitado e características próprias.
Mesmo assim, não posso deixar de assinalar que me soube a pouco. Ficamos sempre desiludidos com jogos curtos, sobretudo se são desta qualidade e com tantas variantes à mistura. O modo carreira possui interessantes e muito bem elaboradas cenas intermédias que mais parecem filmes de animação. O convite à continuidade está lá com um enredo aparentemente sólido. Mas, agora, só em Abril é que teremos um novo episódio e isso parece-me algo injusto para os fãs. No entanto, é esta a opção da Io e da Square Enix. Resta-nos esperar pelas outra localizações em Itália, Marrocos ou EUA.
Mas o que menos gostei deste novo jogo, nem foi a sua duração curta. Não, não tem nada a ver com o grafismo que já vou falar. Tem mesmo a ver com alguns problemas que tive em correr o jogo na versão analisada (PC), sobretudo com o seu falível sistema de ligação online. Em primeiro lugar, um bug genérico do jogo impedia-o de arrancar caso tivéssemos um periférico (como um comando Xbox One, por exemplo) ligado no PC. Relativamente fácil de resolver, não deixa de ser aborrecido.
Problema resolvido aí, não conseguia ligar-me aos servidores intermitentes da Square Enix. No dia de lançamento, estes estavam logicamente sobrecarregados, quebrando diversas vezes a ligação. Acontece que o jogo precisa de uma ligação permanente online, mesmo sem qualquer módulo multi-jogador, caso contrário expulsa-nos da sessão e perdemos tudo o que fizemos até então, caso não tenhamos salvado.
Nos dias que correm, imensos jogos recorrem a esta dinâmica de estar permanentemente online para constantes estatísticas, acesso à tabela de classificação mundial ou simples desafios constantes de outros jogadores. Na maioria dos casos, isto é feito com a vertente multi-jogador ou cooperativa em mente, mas Hitman é um jogo para se jogar a solo. Assim sendo, não faz muito sentido estarmos a ser expulsos da sessão a solo que estamos a jogar, sendo mais lógico uma opção offline ou que o jogo sincronizasse mais tarde, quando os servidores regressassem.
Problemas à parte, há algo que simplesmente adorei neste jogo. Chama-se DirectX 12 e é a evolução gráfica que esperava há muito tempo para jogar no Windows 10. Foi o meu primeiro jogo testado com compatibilidade com neste novo API da Microsoft. Com todas as definições em Ultra e com o máximo de opções ligadas, fiquei deslumbrado com a excelente qualidade técnica do jogo. Desde iluminação, sombras, efeitos de luz e de partículas, até às texturas e efeitos sobre as mesmas. A simulação de madeiras, metais ou tecidos, chega a ser foto-realista. A performance em si ficou um pouco aquém do que esperava, quase sempre abaixo do 60FPS que já começam a ser um standard na versão PC. Mas os constantes 50FPS não me desapontaram e estou certo que ainda faltam algumas arestas por limar neste jogo.
Também gostei de toda a ambiência nos diversos locais da acção, com sonoridade e banda-sonora exemplares. Algumas animações poderão não estar como o desejado, com alguns objectos “soltos” nas mãos das personagens e algumas transições entre movimentos a precisar de cuidado, mas nada de extraordinário. De um modo geral, este sexto Hitman é uma competente experiência visual que, uma vez mais, parece estar “em casa” no PC. Testei a Beta na PlayStation 4 e posso confirmar que a experiência é muito mais gratificante no PC, pelo menos na sua beleza geral.
Conclusão do Primeiro Episódio de Hitman
Como já disse, soube a pouco. Geralmente somos mais críticos e exigentes com jogos que gostamos. É o caso. Eu adorei toda a experiência de jogar Hitman, mesmo as frustrantes situações que não sabia bem o que fazer e deambulava pelos espaços, ou quando as circunstâncias fugiam do meu controlo. Os diálogos que escutamos que revelam novas oportunidades para executar a missão, as interacções com o meio, os improvisos e as dinâmicas dos disfarces, tudo isto está embrulhado num jogo lindíssimo e repleto de pormenores de classe. Tem alguns defeitos, claro, como os problemas com periféricos e a sua permanente ligação online sujeita a quebras. Mas não são questões que o minimizem como o grande jogo que é. Pelo menos em potencial, uma vez que faltam episódios para o completar. E cá os esperamos, de fato negro, gravata vermelha e… Colt 1911 carregada.
- ProdutoraIO Interactive
- EditoraSquare Enix
- Lançamento11 de Março 2016
- PlataformasPC, PS4, Xbox One
- GéneroAcção
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- O regresso do contratos ao estilo de Blood Money
- Muitas interacções em mundo aberto
- Directx 12! Visualmente soberbo
- Demasiado curto para tanta qualidade
- Problemas de arranque na versão PC
- 100% online, mesmo sem modos multi-jogador
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.