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Análise: Hyrule Warriors (Wii U)

Quando a Nintendo anunciou a sua parceria com os estúdios Tecmo Koei, estaria bem longe da imaginação do simples mortal que viesse a existir um híbrido entre o conhecido Dynasty Warriors e o The Legend of Zelda. Mesmo com os rumores e suposições mais disparatadas da Internet, a verdade é que Hyrule Warriors aconteceu.

Para quem não conhece ou nunca jogou nenhum jogo da série Dinasty Warriors, este é um franchise que se baseia (e basear já é um termo muito simpático) em eventos históricos japoneses, com alguns elementos de fantasia à mistura. Conhecido pela sua jogabilidade e sistema de combate muito simplista, oferece sempre um variado leque de personagens (83 personagens no Dynasty Warrors 8) em que cada um tem a sua tipologia e estilo de combate próprio. Basicamente, o jogador enfrenta hordas e hordas de inimigos para lá daquilo que é possível ver no ecrã. Por isso mesmo, a saga Dinasty Warriors pode ser classificada como o melhor simulador de massacres em campos de batalha que por aí anda.

Contudo, apesar do declínio de vendas desde o seu momento alto na era da Playstation 2, a saga tem vindo a conseguir manter um nível substancial de popularidade nas terras nipónicas. Por isso, é de calcular que a Nintendo, ao precisar de ganhar algum tempo antes do grande lançamento do novo Legend of Zelda para a Wii U, tentou juntar o útil ao agradável criando assim um híbrido que não irá ofender nem os fãs da longa série Dynasty Warriors, por estar numa fase mais adormecida, e muito menos ofender os fãs mais hardcore de Zelda, por se tratar de uma derivação oficial meramente estética que em termos de jogabilidade quase nada se assemelha com o produto original.

O sistema de objectivos habitual em Dynasty Warriors foi totalmente reciclado para este spin-off. Algo que pode ser visto ou não como um problema. Que problema é esse? O do costume: repetição, repetição e repetição.

Um nível típico de Hyrule Warriors consiste no controlo da supremacia de várias zonas de um determinado mapa. Cada um com o seu respectivo tema que, de certa forma, dita ou impulsiona algumas reviravoltas no esquema delineado. Por exemplo, no mapa inspirado num dos mais recentes títulos de Legend of Zelda (Skyward Sword), onde surgiam ilhas flutuantes, temos de escoltar uma das personagens icónicas, a Fi, de forma a reconstruir caminhos para dar acesso às novas zonas de controlo.

Para controlar uma destas zonas temos de dizimar um certo número de inimigos no limite da área, decrescendo assim uma barra na base do ecrã que nos indica o quão perto estamos de conquistar o posto. Quando o jogador alcança esse objectivo, o mini boss da área surge. Assim que é derrotado, a zona é oficialmente nossa, mudando de vermelho para azul.

Estavam à espera de mais? Infelizmente é só mesmo disto que se trata Hyrule Warriors. É na mecânica que surge o dito problema de que vos falava à pouco: a repetição reina em absoluto e o sistema de combate sempre foi, e continua a ser, o mais básico possível. Contudo, verdade seja dita, este novo tema, assim como a forma como foram adaptados os elementos dos diferentes títulos, foi tratado com muito respeito e carinho.

Esta é uma celebração de tudo o que há de melhor no universo Zelda, usufruindo assim de um bom leque de personagens, onde algumas das quais, pela primeira vez, temos a possibilidade de encarnar. Só por isto, a curiosidade de qualquer fã da série pode aumentar consideravelmente já que todos os movimentos de combate estão muito bem retratados. O verdadeiro gozo está nos pequenos toques que são aqui introduzidos que nos relacionam com Zelda. Por exemplo, quando temos de obter um item específico para derrotar o boss desse nível ou utilizar uma nova habilidade para desbloquear áreas onde podemos descobrir os míticos baús.

Antes de cada nível o jogador tem a possibilidade de poder gastar as rupias que tem vindo a armazenar no Bazaar, adquirindo assim novas habilidades de ataque ou defesa, passivas ou activas ou mesmo até pagar para “nivelar” as personagens com que não jogamos tanto no Training Dojo. Podemos também misturar os vários itens que vamos acumulando com a finalidade de preencher os requisitos de criação dos novos itens raros que alteram, por exemplo, os status das armas. Por sua vez, as armas não podem ser compradas no bazaar mas sim adquiridas ao derrotar os bosses finais de cada área.

O adventure mode é uma distracção interessante, colocando o jogador a conquistar cada área de jogo ao estilo do primeiríssimo Legend of Zelda. Aqui cada área proporciona-nos um desafio adequado à sua recompensa, quer seja um novo item para uma nova arma ou para desbloquear uma nova área. O modo tem potencial porque não é de todo linear, deixando o jogador decidir em que caminho apostar, visto que muitas vezes podemos apostar numa área demasiado difícil ou então numa recompensa inútil.

A mistura de estilos foi feita de uma forma muito superficial e, até certo ponto, não deve ser considerado como um aspecto negativo. O importante aqui foi mesmo combinar o melhor de dois mundos, sem manchar nenhum dos lados e, de alguma forma, o objectivo foi alcançado. Visualmente, não engana ninguém, é um Dynasty Warriors com uma pintura nova por cima.

Graficamente, tanto os modelos das personagens, como das animações, estão muito bem conseguidos, embora já não se possa dizer o mesmo sobre os cenários. Compreendo que existirem tantos inimigos no ecrã é sinónimo de ter de sacrificar algum poder a nível gráfico, embora a maior parte dos cenários estejam bem fiéis ou correctamente adaptados a este modelo, alguns não me pareceram nada fantásticos e outros estão até um pouco fora dos parâmetros a que já estamos habituados hoje em dia.

Quanto à banda sonora, a abordagem dos títulos originais em modo guitarra eléctrica é bem conseguida, mas como tinha argumentado nas minhas primeiras impressões do jogo, esta abordagem eléctrica deveria ter sido doseada criteriosamente durante todo o jogo. O que claramente não aconteceu e, consequentemente, acaba por ser saturante estar sempre a induzir um ritmo que o próprio jogo não transmite e torna-se um problema grave.

Veredicto

Para quem já não gostava da fórmula de qualquer jogo da saga Dynasty Warriors, não é com este facelift que vai mudar de opinião. Quem, por sua vez, é fã da série vai de certeza encontrar aqui algum revivalismo que a série já necessitava. Os fãs de Zelda que, por esta altura, já estão a começar a desesperar por um novo título em HD não irão de certeza ofender-se por esta cedência amigável por parte da Nintendo e podem mesmo usufruir dela para reviver alguns dos elementos mais icónicos da série.

  • ProdutoraTeam Ninja, Omega Force
  • EditoraKoei Tecmo, Nintendo
  • Lançamento19 de Setembro 2014
  • PlataformasWii U
  • GéneroAcção, Arcade
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Demasiada Confiança sobre o Franchise
  • Má Composição de Cenários
  • Banda Sonora Forçada
  • Demasiada Repetição nos Objectivos

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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