Análise: LEGO Batman 3 – Beyond Gotham
A produtora Traveller’s Tales deve ser a única empresa de videojogos que se pode dar ao luxo de abordar as maiores séries de comics e filmes, tendo como ponto de ligação os célebres blocos da LEGO. Saltar da Marvel para o Hobbit para depois abordar o universo DC Comics, é um feito. E, melhor de tudo, não perdem a qualidade nem a vontade de agradar aos fãs. LEGO Batman 3 – Beyond Gotham é um bom exemplo disso.
Além de Gotham? Que há mais? Bom, temos só um mundo criado pela DC Comics. Mundo esse, sempre em risco mas protegido pela Liga da Justiça. Ainda bem, porque o poderoso Brainiac está a usar os Lanternas para um plano sinistro. Cabe a Batman, Super Homem, Mulher Maravilha, Flash e… Esperem… mas isto não é um jogo Batman? Se o título não vos deu uma ideia do que se vai passar neste jogo, eu passo a explicar.
Tal como as séries da Marvel, também a DC Comics possui uma liga de super-heróis. É a tal Liga da Justiça. Neste jogo, apesar do arranque algo lento, acabamos por lutar na Terra e no espaço com os diversos super-heróis deste grupo. Mesmo que Batman esteja no centro das atenções (ou mais o Robin que o Batman, enfim), todos os heróis possuem um papel a desempenhar na defesa do planeta. Esta fórmula multi-personagem já havia sido usada no jogo LEGO Batman 2 – DC Super Heroes, desta feita, porém a batalha vai mais além da cidade de Gotham… daí o nome.
Depois de experimentar os níveis de mundo aberto, a TT decidiu regressar à fórmula dos níveis lineares com puzzles e comutação de poderes para as diversas fases. Há diversos adversários para lutar e bosses no final dos níveis. Tudo isto pode ser jogado a solo, comutando as personagens, ou a dois em ecrã dividido. Jogar níveis lineares em vez do mundo aberto dos jogos anteriores pode não ser a fórmula mais divertida (não é mesmo), mas os produtores compensaram com uma grande dose de conteúdo e lore da DC cheio vontade de agradar aos fãs da marca. Há até visitas a diversos meios onde passou Batman, das séries de banda-desenhada às séries de TV, passando pelas entradas no mundo do cinema onde nem faltam os filmes de Tim Burton ou Christopher Nolan. Destaque, ainda, para um modo muito divertido de batalhas no espaço, algo que já não víamos desde a defunta série LEGO Star Wars. Muitas das personagens da DC, incluindo a Liga da Justiça e os seus rivais aparecem e até nos permitem alterações na jogabilidade.
Mas aqui surge uma questão: Quantas pessoas estão familiarizadas com o universo DC e a Liga da Justiça? Ao contrário da Marvel, os super-heróis da DC não possuem grande projecção no cinema, onde os Avengers da Marvel estão ao rubro. Assim, a panóplia de super-heróis e vilões presentes neste jogo, acaba por ser algo desconhecida, o que, para os fãs exclusivamente de Batman, se torna aborrecido porque só no arranque, o foco está no Cavaleiro da Trevas. Daí para a frente, até há espaço para uns disfarces e plot-twists interessantes e cómicos. A seriedade de Batman, essa, fica toda para trás, afinal isto é um jogo LEGO.
Conteúdos à parte, a fórmula deste jogo é a mesma de sempre. Um jogo de plataformas com puzzles que podem ser resolvidos com interacção ou destruição de alguns objectos. É de notar, porém que em algumas ocasiões, com tantas interacções, é normal ficarmos presos em pedaços do jogo onde não existem dicas ou direcções. Apesar dos níveis serem lineares, algumas soluções não são muito óbvias (diria até, omitidas), exigindo alguma paciência. Por exemplo, uma peça escondida atrás de um pedaço de cenário que só se revela se destruirmos uma parede que nem sequer está numa posição fácil de atingir. Chegamos lá, mas até que ponto uma criança (público-alvo da série LEGO) consegue resolver os puzzles sozinha? Fica a questão.
A nível gráfico, contamos com a mesmíssima qualidade dos jogos anteriores, mesmo os da geração actual de consolas. As personagens são animadas de forma exemplar, mas sempre com o aspecto cartoonesco característico da série, ora não se tratassem de bonecos animados. Mesmo as cenas intermédias são “in-game” onde o que destacamos é o sempre excelente voice-acting de actores como o próprio Batman original (série de TV) Adam West. É caso para perguntar onde está todo o potencial das consolas e PC modernos. Os jogos LEGO são sempre todos iguais em termos técnicos. Em equipa que ganha não se mexe?
Veredicto
Jogado com um amigo ou a solo, LEGO Batman 3 – Beyond Gotham é divertido, evita a repetição com níveis diversos e cheios de personagens DC, muito humor e enormes níveis para explorar. Perdeu um pouco com a falta do mundo-aberto que aprendemos a gostar em jogos anteriores e a perda do foco na personagem que dá o nome ao jogo torna-se evidente a dada altura. Mesmo assim o homem-morcego acaba por ser o fio-condutor de todo o enredo. Pode não ser o melhor dos LEGO Batman mas é, sem dúvida, o maior e até conta com umas pequenas pérolas de nostalgia.
- ProdutoraTraveller's Tales
- EditoraWarner Brothers
- Lançamento14 de Novembro 2014
- PlataformasiOS, Mac, PC, PS3, PS4, Vita, Wii U, Xbox 360, Xbox One
- GéneroArcade
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Interesse em agradar aos fãs
- Vasto leque de personagens e locais
- Níveis bem desenhados
- Alguns puzzles ilógicos
- Falta jogabilidade de mundo aberto
- Graficamente igual a anteriores
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.