Análise – Marvel’s Spider-Man (Actualização: PC)
Agora que a Sony Interactive Entertainment está lentamente a trazer o seu catálogo de exclusivos PlayStation ao PC, era inevitável que também o seu aclamado Marvel’s Spider-Man cá chegasse.
Esta versão que agora chega ao PC é praticamente a mesma já lançada para a PlayStation 5. Ou seja, trata-se de Marvel’s Spider-Man Remastered, que inclui todos os DLCs (analisados em baixo) e até a “nova” face de Peter Parker introduzida depois do lançamento. Obviamente, também inclui as melhorias visuais e técnicas introduzidas a pensar no hardware na nova consola e mais além. O port foi produzido pela experiente Nixxes Software, com a devida participação da Insomniac Games. Assim sendo, a qualidade está garantida.
Nunca mais iremos esquecer a apresentação à imprensa deste jogo. Foi um dos dias mais quentes de sempre na cidade de Lisboa, vendo, pela primeira vez, várias PlayStation 4 a desligarem-se por excesso de calor no espaço reservado pela SIE Portugal. Quente, era sem dúvida o jogo em si. Infelizmente, não o pude trazer comigo para continuar a jogar em casa, mas fiquei rendido. Mais de quatro anos depois, continuo deslumbrado pelo fantástico mundo criado, pela jogabilidade viciante e pelo quase insano cuidado com o material original que a Insomniac teve.
Era importante garantir que o título não ficasse mal representado no PC. Como é já uma “norma”, era importante garantir suporte para várias tecnologias, como o Nvidia DLSS e DLAA e Surround incluídos no jogo. Também era importante que houvesse suporte para o DualSense, com a mesma imersão que temos na PS5. Contudo, ainda mais importante, porque nem todos os computadores são iguais, era que isto fosse optimizável e personalizável. Felizmente, a personalização está lá e os requisitos até são aceitáveis.
E lá estamos nós de volta a Nova Iorque na pele do aranhiço. Esta será a minha quarta passagem completa pela história original do jogo. E não é, de todo, um “fardo”. Antes de passar para outros aspectos mais profundos, vou falar do visual. Dependendo do “sumo” que tenham dentro da caixa, arrisco dizer que esta é a versão mais visualmente deslumbrante (que me perdoe a PS5). De facto, os reflexos, iluminação e sombras providenciados pela tecnologia ray trace, fazem toda a diferença. O jogo original na PS4 era deslumbrante, ficou ainda melhor na PS4 Pro, atingiu um ápice de performance e visual na PS5 mas no PC há outro deslumbre.
De teia em teia, uma das mecânicas mais fantásticas em videojogos nos últimos tempos, percorremos a cidade entre os prédios e a alta-velocidade. A cidade tem vida, não é estática, está pejada de detalhes e dá vontade de explorar até à exaustão. Apesar deste nível de detalhe, não há grandes quebras de performance, tudo é fluido (depende do vosso PC, claro) e depois paramos para ficar suspensos num dos vários prédios espelhados da cidade ou no chão molhado da chuva. A imagem criada roça o realista, é impressionante o que esta tecnologia oferece aos videojogos e Marvel’s Spider-Man é um dos seus melhores exemplos.
Embora já tivessemos 60FPS a 4K na PS5, o desbloqueio de fotogramas por segundo é finalmente possível, trazendo tudo o que o hardware possa “espremer” na vossa placa gráfica e monitor, especialmente se tiverem um daqueles óptimos monitores de gaming a 144Hz, como o que testei com este jogo. Com a tal dinâmica de lançar teias entre os prédios, a fluidez é simplesmente magnífica nestes rácios mais altos. É como uma espécie de modo “turbo” do Homem-aranha. Com um bom monitor na PS5, também é possível obter quase o mesmo efeito. Mas, para mim, confesso, foi toda uma nova experiência.
Graças às tecnologias DLSS e DLAA disponíveis nas placas gráficas Nvidia RTX, a tal fluidez que já mencionei é constante, mesmo em momentos em que há mais objectos, animações e efeitos no ecrã. No rigor, estas tecnologias estão literalmente a gerir vários níveis de qualidade do que vemos no ecrã, melhorando o detriorando a bem da performance. Mas, não é perceptível alguma falha notória em texturas ou modelos. Senti, aqui e ali, uns ligeiros “breaks” na imagem em algumas transições, sim, mas nada que considere verdadeiramente prejudicial na qualidade. Tudo depende da forma como mexemos nas opções do menu.
Tive a oportunidade de testar o jogo usando teclado e rato e, sim, funciona bem, especialmente nos menus, onde achei que o rato faz toda a diferença. Contudo, estou tão habituado a jogar este jogo nas consolas PlayStation que tive de ir buscar um comando compatível. Inicialmente, experimentei o comando Thrustmaster eSwap Pro Controller para PS4 e PC e devo dizer que o preset disponível não funcionou muito bem. O touchpad não era reconhecido, por exemplo, mesmo depois de usar o emulador do Steam. Tudo o resto funciona bem, com a devida calibração.
Contudo, tudo mudou quando experimentei o DualSense. Nas várias análises que fiz na PlayStation 5, é possível que achem que eu exagero na minha avaliação deste comando, especialmente quando digo que torna a experiência melhor ou mais imersiva. Pois bem, têm aqui a oportunidade de atestarem as minhas palavras, malta do PC. Outros jogos já possuem suporte para este comando nos computadores, mas acho que Spider-Man é o jogo perfeito, entre lançar teias e andar à pancada com meliantes. É realmente fantástica a imersão. Experimentem e verão o que digo.
Veredicto da versão PC
Nos dias que correm, não basta fazer só um mero port cumpridor de um jogo de consola para PC com o objectivo de obter mais vendas ou angariar uma nova audiência. Marvel’s Spider-Man Remastered, então, é um caso à parte. É uma autêntica “coqueluche” da Sony PlayStation e da Marvel. Este, que é um dos melhores jogos de super-heróis de sempre, tem aqui uma reedição que demonstra imenso cuidado em trazer o jogo na sua inteireza, oferecendo o rigor técnico exigido. E ainda é capaz de “dar mais”, se tiverem o hardware necessário e o comando DualSense. É assim que se fazem reedições para PC, tomem nota.
[Análise original de 21 de Dezembro de 2018]
Algures em Nova Iorque, há um problema grave de infestação. Não, não estou a falar de roedores ou insectos. Estou a falar de aracnídeos. E tenho de destacar um em particular que persiste em encher tudo de teias. Aqui está Spider-Man a rastejar na vossa PS4.
[Actualização DLC “Silver Lining”]
A inevitável terceira e última parte do DLC “The City That Never Sleeps” é uma confirmação de várias realidades que Spider-Man nos trouxe. Confirma que este foi, de facto, um dos melhores jogos que nos chegaram em 2018. Também confirma que a Insomniac Games sabe contar uma boa história, mesmo que tenha de a dividir em várias partes. Contudo, também confirma que estes DLC só queriam alargar a experiência mais um pouco, inovando quase nada. E também confirmam que há produtores de jogos que confundem “manter o interesse” com “dar mais dificuldade”. A longevidade aumenta, é certo, mas não pelos melhores motivos.
Silver Lining continua a história que deixámos em Turf Wards (em baixo). O caos deixado pelo “mafioso” Hammerhead mergulhou Nova Iorque numa nova guerra. O Aranhiço faz o que pode, mas o seu apoio pode estar a esgotar-se. Yuri Watanabe já não confia no seu “herói mascarado” e o seu papel nesta trama assume-se cada vez mais frustrante. Perante a inércia de todos, Silver Sable regressa para reclamar o “bom nome” da sua empresa Sable International. Inevitavelmente, interesses cruzam-se e não sabemos bem de que lado está esta “amiga/inimiga” do Homem-Aranha.
O maior interesse de passar por este enredo, obviamente, é para terminar este arco criado por Black Cat no primeiro DLC “The Heist”. Contudo, não posso deixar de enfatizar o sentimento de “isolamento” que esse pedaço de enredo de Felicity Jones sofre. Se no final desse episódio vimos Hammerhead e conseguimos estabelecer a ponte com “Turf Wars” e este “Silver Lining”, estes dois últimos parecem mais uma história em duas partes que dois terços de uma outra maior. O desaparecimento de Black Cat torna-se quase uma nota de rodapé. Mas, isto sou eu a pensar, o crítico que gosta tanto de argumentos complexos.
No que toca à acção, bom, é aqui que eu acho que a Insomniac tem uma clara visão diferente da tal longevidade. Sim, jogos difíceis demoram mais tempo a terminar. Contudo, este DLC, no rigor, deverá ter uma hora de jogo, mais se queremos terminar tudo. A maior parte do tempo, porém, vamos uma vez mais atacar vagas de inimigos com dificuldade acrescida. E, se não ficarem frustrados com tantos inimigos no vosso encalço, ficarão com os timings meio encadeados entre ataque e defesa, algo que assinalei ser menos positivo na análise original e que aqui se torna algo frustrante.
Ou seja, mais quantidade e mais difícil. O que não é propriamente algo que precisemos, sobretudo porque o jogo tinha outros bons ingredientes para explorar. Mas, esta foi a receita da produção neste pacote de DLC dividido em três partes. E nesta terceira parte repete-se. Aliás, temos quase as mesmas adições de três novos fatos, novos locais para “libertar” e novos crimes para lidar. Quando digo “novos”, leia-se “mais”, uma vez que repetem o que já vimos, dando só mais uma porção para completar e ganhar uns troféus. Convenhamos que não é a melhor oferta no passe de época de um dos jogos do ano. Mas… é um DLC.
Veredicto da Expansão
Será uma repetição das duas anteriores partes, este “Silver Lining”. Esta expansão “The City That Never Sleeps” apenas veio tentar capitalizar mais numa parte muito específica de Spider-Man, o seu combate. Esse era, de facto, um dos seus maiores destaques. Mas, não era o único e talvez não seja o mais interessante. Por mais que goste de usar todos os golpes, truques e equipamento do aranhiço em combates acrobáticos, havia mais para explorar neste fantástico jogo. Ficamos confinados a um punhado de horas extra, com uma qualidade inegável, mas em que pouco é adicionado ao jogo.
[Actualização DLC “Turf Wars” de 21 de Novembro de 2018]
No seguimento do que foi a expansão anterior (analisada em baixo), o segundo DLC “Turf Wars” não tem muitas intenções de alterar a jogabilidade de Spider-Man. Uma vez mais, tenho de frisar que estas adições de conteúdo são só mesmo isso: expansões de história. O Homem-Aranha ganha mais um vilão, uns fatos e umas missões adicionais, novamente numa área confinada e paralela à história base. O que significa que essa história base, o primeiro DLC e este, são jogados em separado, permitindo diferentes progressões. O que no último DLC já tinha dito que era um enorme desperdício. Enfim.
O novo vilão Hammerhead tem diversos problemas. Não, não estou a falar do seu estranho crânio de aço que só lhe dá um aspecto sinistro. Estou a falar da sua ambição de recuperar os tempos áureos da máfia Nova-Iorquina. A família Maggia que se cuide, porque este… ahem… “testa de ferro”, quer iniciar uma guerra em plena Manhattan. E, para isso, tem acesso à perigosa tecnologia militar da Sable International. Tal como acompanhámos no final do DLC anterior, o aranhiço tem de travar esta guerra entre mafiosos, antes que a cidade fique em estado de sítio. Tarefa simples para o herói, não?
Tal como em “The Heist”, esta expansão parece assumir que já dominamos a arte de lançar teias e desancar meliantes. Logo a primeira missão temos de limpar uma área considerável com muitos inimigos. Logo aí, é-nos apresentado um novo inimigo (em baixo), equipado com um jetpack da Sable, mas que também tem um escudo e carrega contra nós com raios atordoantes. É relativamente desafiante, obrigando-nos a desviar com o timing certo e a usar métodos de combate alternativos. Contudo, é só mesmo uma nova mecânica e não adiciona grande diferença no combate. Não tanto quanto os inimigos com a mini-gun do DLC anterior (que aparecem aqui também, já agora).
Esta primeira missão do segundo DLC, porém, dá-nos um tom algo distinto. Como não temos aqui nenhum interesse amoroso (adeus Black Cat), a nossa atenção é virada para o sentimento de dever, tanto de Spider-Man como da polícia de Nova Iorque. Depois de uma entrada num edifício muito divertida, em que Peter Parker mostra o seu medo de fantasmas, uma cena posterior dramatiza bastante esse sentimento de dever. Infelizmente, esta entoação acaba por se perder um pouco com o protagonismo (ou a falta dele) de Hammerhead. No entanto, o aranhiço e a agente Watanabe acabam por redimir as perdas. Uma vez mais, as cenas intermédias possuem toda a qualidade esperada (e exigida) deste jogo, sendo quase como um filme de animação.
Contudo, história à parte, é na jogabilidade que voltamos a ter algumas questões. Como já disse, vamos outra vez ficar limitados a zonas confinadas da cidade, à parte do enorme mundo aberto do jogo base. O que limita bastante a oferta de actividades. Embora não tenhamos as aborrecidas missões com Mary Jane, voltamos a ter os desafios de Screwball e umas missões secundárias a limpar inimigos em bases dos mafiosos. A Insomniac parece querer aumentar a longevidade do jogo por nos dar missões fastidiosas para desancar inimigos. Tudo bem, o combate é um dos pontos mais positivos do jogo mas, limpar bases de Hammerhead com inimigos enviados em vagas, torna-se rapidamente repetitivo.
No final, jogam tudo isto numas poucas horas. Duas com passada lenta, três se quiserem procurar e executar tudo na perfeição. Tudo depende, obviamente, da vossa vontade de chegar aos 100%. As tais missões secundárias são facultativas e em nada interferem no desenrolar da história principal. Para dizer a verdade, apenas as concretizei para ganhar o último dos três novos fatos do aranhiço. Fatos esses (Iron Spider, Spider-Armor MK I e o animado Spider-Clan Suit) que, mais uma vez, não trazem nenhum poder adicional ao herói. Apenas bom aspecto, como podem ver na imagem acima, com o Spider-Armor MK I claramente inspirado no icónico Iron Man.
Este DLC confirma que esta época de conteúdo (“The City That Never Sleeps”), pretende apenas dar-nos histórias compartimentadas, paralelas à história base. Nada contra, uma vez que o jogo é realmente fantástico e ter mais umas horas neste mundo é só fantástico. Contudo, se jogaram até ao fim o título original, deverão ter algum desejo de continuar algumas histórias. Como a de Miles Morales, por exemplo. Ou, então, que tenhamos algum incentivo de progressão, talvez com novos poderes ou outras habilidades. Talvez hajam mais épocas de conteúdo. Ou então, terei de esperar por Spider-Man 2…
Veredicto da Expansão
Em continuidade do que foi o anterior DLC, “Turf Wars” também visa dar mais umas horas aos fãs na companhia de Spider-Man. Em muito pouco modifica a jogabilidade, apenas com umas ligeiras adições na acção, que não serão muito diferentes do que já conhecem. O forte, uma vez mais, é a história. Embora sucinta e com um vilão algo descartável, possui a qualidade reconhecida do jogo base, suportada por cenas intermédias da categoria do costume. Como sempre, queria um pouco mais do que nos dá. Mas, o que traz consigo é, mesmo assim, divertido. O que é sempre uma boa justificação para voltar a Nova Iorque na companhia do aracnídeo.
[Actualização DLC “The Heist” de 24 de Outubro de 2018]
Inserido na temporada de conteúdo “The City That Never Sleeps” está este primeiro DLC do fantástico Spider-Man. Tem o título “The Heist” e, como devem calcular, não é este DLC que vai alterar a nossa apreciação do jogo base. Este é ainda um dos melhores jogos do ano e só se ainda tivermos uma surpresa é que não levará o galardão de “melhor jogo de aventura”, pelo menos. Mas, porque existem DLCs e porque as empresas insistem que seja pago com um passe de época, será que o investimento num pacote de novas missões vale a pena? Será que este DLC expande as qualidades do jogo ou apenas as repete?
Era impossível dizer que não queria jogar mais Spider-Man. Há poucos dias tivemos uma actualização que nos deu, finalmente, o New Game + e dei por mim a jogar novamente este fantástico jogo. Claro que esta nova incursão teve também o importante objectivo de me ambientar novamente ao seu combate e movimentação. “The Heist” chegou ontem e estive outra vez na companhia de Peter Parker nestes dias para, novamente, desvendar um novo mistério na atarefada Nova Iorque. E, desta vez, os sentimentos do aranhiço são mistos com relação ao antagonista deste episódio.
Felicia Hardy é bem mais que uma ex-namorada de Peter Parker que regressa para arreliar MJ Watson. É também o nome real da ladra mais famosa de Nova Iorque, Black Cat. Só que o seu regresso não é uma mera visita cordial. Felicia acaba envolvida num roubo num museu logo no início da trama, que leva Peter e MJ a descobrir uma densa trama que envolve as máfias Nova-Iorquinas e a família da gata de cabelo branco. Obviamente, não vou adiantar mais mas esperem um enredo sólido, com imensos elementos bem escritos, incluindo algumas chamadas telefónicas divertidos com MJ, Miles e outras personagens. O costume.
Antes de mais, devo dizer que a Insomniac Games está perfeitamente consciente da obra-prima que concebeu com o jogo original. Tanto é assim, que não consigo deixar de pensar que este DLC é uma “jogada no seguro”, ao invés de uma verdadeira expansão. Tudo parece devidamente compartimentado e pouco audaz a trazer algo de novo. Não há qualquer desenvolvimento na história, além da trama central do DLC que pouco liga com a história original. Também não há uma verdadeira modificação da acção ou da interacção. Tudo está praticamente intacto, dando-nos apenas uma nova história para seguir, com uns poucos “pózinhos” de novidade.
Contem com os mesmos saltos por entre edifícios recorrendo às teias, contem com as mesmas recompensas de pontos de experiência e tokens para evoluir a cada missão ou tarefa secundária, contem com o mesmo tipo de missões de combate furtivo e até com uma missão em que personificamos MJ em mais uma das suas investigações. Até mesmo o programa de rádio de James Jonah Jameson regressa, com o mesmo tom e as mesmas acusações ao Homem-Aranha. Em termos de oferta, podem ainda coleccionar uns quantos quadros roubados, escondidos pelo mapa, e seis novos desafios da Screwball. Tudo familiar.
As únicas novidades em relação ao jogo base, estão nas missões de combate directo. Não esperem, porém, algo substancialmente diferente. De um modo geral, os inimigos parecem-me um pouco mais difíceis de bater, com mais daqueles inimigos mais fortes e mais resistentes. Também é apresentado um novo “mini-boss” com uma gatling-gun (em cima) que nos obriga a algum malabarismo sempre que abre fogo. Logo na primeira missão, temos uma interessante variável em que temos de travar alguns inimigos que tentam fugir com obras de arte roubadas. É uma interessante mecânica que nos dá uma pressão extra.
De resto, nada de novo, infelizmente. Nem mesmo os três novos fatos conferem algum poder adicional ao aranhiço, tornando-se meras alterações cosméticas. Se já maximizaram os poderes de Peter, não esperem uma nova habilidade ou uma nova arma neste DLC. Na verdade, chegando a nível 50 não há nenhum incentivo real para completar 100% do jogo base, excepto para obter o troféu Platina e aquele estranho “fato” nu de Peter Parker. Algo que, muito possivelmente, até já tinham conseguido antes do DLC chegar. Se esperavam um novo nível máximo ou alguma arma diferente, esqueçam.
Quanto a mim, a pior parte deste capítulo é que é jogado de forma independente da história principal. O que significa que não podem, por exemplo, ir realizando missões ou tarefas que ainda tenham por fazer no jogo principal, em paralelo com este DLC. Como não há muito a fazer (umas 3 horas de jogo no máximo), seria bom alternarmos com missões do jogo base para aumentar a longevidade, talvez durante um New Game +, por exemplo. E, se tivermos em conta que a maioria das acções se passam na zona central de Manhattan, quase ignorando as partes a norte e a sul, sentem que este DLC quase desaproveita o enorme mundo aberto que nos rodeia.
Isto significa que temos aqui um DLC que aposta quase em exclusivo na narrativa. O que acontecerá nos próximos dois capítulos, não sei. No entanto, dado que a história desta primeira parte é contada de forma tão sucinta, vejo aqui um padrão a continuar em mais duas partes. Possivelmente os dois próximos DLCs vão ser semelhantes, com uma ou outra nova facção, poucos modificadores da jogabilidade e um aproveitar comedido das qualidades do jogo. O que é pena, quanto a mim. Aqui temos um colosso visual, com uma jogabilidade impressionante e limitamo-nos a mais umas escassas horas a fazer o mesmo, com outras personagens para interagir. E pagamos por isso.
Veredicto da Expansão
“The Heist” leva-me a pensar se é mesmo isto que os fãs querem: só mais um pretexto para jogar outro capítulo de Spider-Man. Ou se, pelo contrário, seria bom expandir aquilo que mais gostámos neste título, arriscando algo novo. Seja como for, o que traz é apenas mais uma história para acompanhar, um capítulo que podia perfeitamente ter sido inserido no jogo base. Tudo tem imensa qualidade e é divertido, notem. A qualidade do jogo base é inequívoca e está intacta. Só não sei se esta autêntica jogada no seguro justifica uma inteira expansão paga.
[Análise Original de 4 de Setembro de 2018]
Lendo a nossa antevisão ao jogo, ficarão com a sensação que nos divertimos imenso a jogá-lo bem antes do seu lançamento, mesmo que fosse numa demonstração de acesso limitado. Foi, de facto, um dia fantástico, não só pelo convívio mas, sobretudo, pelo grande jogo em potencial que se adivinhava.
Já sabia que a Insomniac Games era capaz de criar grandes aventuras, só que este universo é muito especial. O Homem-Aranha é tido como o herói-talismã da Sony. Teve direito a grandes sucessos no cinema, ora não fosse também um dos heróis mais populares da Marvel. Contudo, a sua passagem pelos videojogos não foi sempre brilhante. A Insomniac tinha a enorme responsabilidade de mudar essa realidade. Além disso, levava o peso de uma franquia que agora se mistura com a gigante máquina que é o Marvel Cinematic Universe. E ainda tinha de agradar aos fãs… Que tarefa.
É quase uma regra canónica que os primeiros jogos de uma nova série se prendam com as origens. Ou seja, seria mais ou menos expectável que tivéssemos aqui o começo da história de Peter Parker, com a tal mordida de aranha e toda a sorte de desenvolvimentos que já conhecemos muito bem da banda-desenhada ou dos filmes. Contudo, talvez evitando incorrer em algum erro ou cometer algum “sacrilégio”, mas sem dúvida com o desejo de trazer algo verdadeiramente novo, a Insomniac decidiu fugir a essa tradição e apostou numa fórmula diferente. Embora muitos dos eventos no enredo sejam referências directas ao cânone de diversas histórias e personagens do universo do aranhiço, a história é contada de um ponto de partida diferente.
Parker já não é um estudante com um emprego mal pago no jornal Daily Bugle a tirar fotografias do seu alter-ego. Agora, Peter Parker é um estagiário (igualmente mal pago) no laboratório de investigação científica de Otto Octavius (esse mesmo). A presença do Homem-Aranha é agora uma realidade em Nova Iorque, tido como um herói amigável e que até já meteu alguns vilões perigosos atrás das grades. Entre o aborrecimento do seu trabalho, a aventura de combater o crime e a ajuda que presta à sua Tia May num albergue de caridade, o herói vive uma pacatez relativa. Continua com o seu estado de espírito divertido, continua apaixonado pela ruiva Mary Jane “MJ” Watson (embora estejam separados) e continua igualmente zeloso dos seus deveres. E a cidade agradece, agora que os Avengers estão noutro sítio qualquer a salvar o Universo, ou algo assim.
Contudo, esta rotina é ameaçada por um perigo terrível. Algures na cidade, um grupo de criminosos mascarados está a espalhar o caos. O, agora, Mayor da cidade e magnata da OsCorp Industries, Norman Osborn (esse mesmo) parece não conseguir combater a ameaça. Obviamente, tem de ser o nosso herói a investigar, contando com a ajuda da polícia e da própria MJ. Pelo caminho, serão introduzidos a diversas personagens do cânone, incluindo vilões de longa data, embora, na maiorias dos casos, de uma nova perspectiva narrativa. Se leram as comics ou viram os filmes, alguns dos desenlaces serão óbvios, como um certo fulano simpático que esconde uma agenda sinistra. Mesmo assim, há lugar para algumas surpresas e muitas, mesmo muitas, referências ao universo Marvel e não só.
Para evitar spoilers, terão de jogar mais para conhecer o resto deste enredo, porque eu fico-me por aqui. Esperem uma história bem mais madura que estamos habituados nas aventuras do aranhiço. Algumas personagens são francamente bem trabalhadas, criando imensa ligação com o jogador. Outras, surgem como menções em diálogos ou até em alguns eventos e imagens. Contudo, nota-se o profundo interesse em honrar o universo criado por Stan Lee e companhia. Só mesmo os fãs do Homem-Aranha vão reconhecer todos os “piscar de olho”, mas os demais vão sorrir ao ver a torre dos Avengers, a casa do Dr. Strange ou a embaixada de Wakanda no mapa. E isto é só um exemplo do que verão.
A história, de facto, está muito interessante do princípio ao fim (acreditem porque acabei o jogo, tendo-o passado quase ininterruptamente e em tempo recorde). Contudo, nem o melhor dos enredos pode salvar um jogo se a sua interacção não acompanhar essa qualidade. A minha já mencionada antevisão deve ter deixado os fãs descansados. Como lá disse, “a cena icónica do Homem-Aranha”, aquela célebre dinâmica de “lançar a teia, percorrendo as ruas atarefadas “dançando” elegantemente entre edifícios” não foi menosprezada. Se a Insomniac não tratasse deste pormenor com muito cuidado, era o suficiente para este jogo ser completamente cilindrado pelos fãs e críticos. O cinema habituou-nos mal e não aceitaríamos qualquer coisa.
A Insomniac não desapontou os mais exigentes. E reitero que este é um dos principais deslumbres deste jogo, pelo menos nos primeiros instantes. Já irei falar sobre a performance visual, mas deixem que vos diga, que este jogo não perde muito tempo para vos deslumbrar e justificar logo o vosso investimento. Logo nos primeiros segundos depois da introdução, estamos a saltar de edifício em edifício, disparando teias por um cenário deslumbrante que recria uma Nova Iorque cheia de pormenores. Na antevisão não pode fazer muito mais que navegar entre missões, mas no jogo final pude finalmente explorar esta dinâmica até à exaustão. E o resultado é verdadeiramente brilhante, como previa.
Salter pelo ar, caindo de um prédio a 300 metros de altitude, ganhando velocidade, disparando a teia no último segundo para deslizar entre os automóveis, é qualquer coisa de fenomenal. Com a vossa evolução, vão desbloquear ainda mais manobras para transitar com muita acrobacia à mistura. Juntem a isso algumas cenas intermédias absolutamente arrebatadoras com perspectivas cinematográficas de câmara e já se renderam ao jogo ao fim de uns minutos. De facto, a navegação pelo mapa, torna-se algo instintivo, operado com uns poucos botões e orientados pelos analógicos. Para dizer a verdade, por mais longe que fosse a missão seguinte, evitei o “fast travel” e transitei pelos mapas em tempo real sempre que pude.
Até porque o mapa está repleto de pormenores para descobrir. Não só temos imensas mochilas com itens curiosos para encontrar, como há também imensos pontos de interesse e monumentos por toda a cidade para fotografar. Isto para não falar de alguns segredos e locais omissos que terão de descobrir. O nível de detalhe é quase insano. Nunca estive fisicamente em Nova Iorque mas há imensos filmes e jogos que nos levam lá. E a dada altura, juro, tudo me pareceu incrivelmente familiar. E não há local na cidade que o Google Maps não ajude a comparar com a realidade. Visitarão o Central Park, o Empire State Building, a Rockefeller Plaza, o Madison Square Garden, tudo com tanto rigor que esta pode muito bem ser a visita guiada que nunca tiveram.
Mas, é óbvio que o Homem-Aranha não está aqui para fazer turismo. O crime está um pouco por todo o lado e, como jogo em mundo aberto, teremos de travar assaltos, parar com negócios de droga, resolver raptos, entre outros eventos. Com o avançar do enredo, notem, aparecem mais e mais missões paralelas e secundárias para fazer. Isto obriga-vos a percorrer toda a Manhattan para ajudar cidadãos. Em algumas das novas missões, por exemplo, vamos participar em experiências científicas deixadas pelo amigo de Parker, Harry Osborne. Outra leva-vos a capturar pombos em fuga (sim, leram bem). Em todas estas tarefas, a tal perícia do aranhiço em lançar teias e fazer malabarismo é essencial. Contudo, há uma área ainda mais crítica onde o herói não podia falhar.
O combate sempre foi uma área muito delicada neste tipo de jogoso com super-heróis. O aranhiço não possui armas letais para combater o crime (estão a pensar em Deadpool, talvez). Entre teias, armas não-letais e muito combate corpo-a-corpo, os meliantes são esmurrados até à submissão, para a polícia depois os prender. Ninguém pode morrer pelas mãos do Homem-Aranha. Por isso, a Insomniac precisava de criar uma interacção absolutamente fluída e que se interligasse perfeitamente com a já mencionada elegância da navegação com recurso a teias e malabarismo.
Recordo novamente a minha antevisão, onde menciono que este combate me faz lembrar um outro jogo, de outra produtora e de outro universo de banda desenhada e filmes. Reitero que a série Batman Arkham é uma clara inspiração para a Insomniac. E repito que esta afirmação é um elogio, uma vez mais, longe de ser uma crítica. O combate em Spider-Man envolve muitos golpes de murros e pontapés, uso de teias e gadgets e a manobras no tempo certo, recorrendo ao lendário “spider sense”. Tudo é muito familiar se, como eu, foram fãs dessa outra série de jogos da Rocksteady. De tal forma que apenas em poucos minutos estava familiarizado com os movimentos básicos e a fazer combos elevados.
O combate funciona muito bem, pegando nas lógicas de combate em grupo, em que temos de acertar no ritmo, sob pena de sofrer um golpe fora de tempo. O único reparo que tenho de fazer no combate, são alguns timings algo encadeados em que, se estivermos rodeados, podemos cair no erro de desviar-nos mesmo na trajectória do ataque seguinte. É como um bailado, extremamente dinâmico e com momentos fantásticos de finalizações épicas, mas que penaliza os desatentos. Reconhecerão também a mecânica dos combos a encher uma barra de ataque especial e o uso de gadgets como modificadores do combate. E mesmo as secções de ataque furtivo, eliminando silenciosamente os meliantes, será bastante similar.
Também temos uma árvore de evolução onde podemos “comprar” novas habilidades com pontos de evolução. Nos 50 níveis que evoluí, pude activar toda a sorte de manobras que nos auxiliam sobretudo em combate. Novos combos de teclas, novas manobras e novos malabarismos. Alguns são muito importantes, como poder arremessar adversários pelo ar ou desarmá-los. Há também três slots de poderes passivos e ainda temos diferentes fatos para usar, alguns com poderes únicos (basicamente, ataques especiais) para desbloquear. Notem, porém que alguns destes fatos estão bloqueados à nossa evolução na história, precisam de pontos para desbloqueio ou estão agregados a missões específicas.
Dirão os puristas que tudo isto soará a plágio. No meu ponto de vista, é muito difícil suplantar algo que seja francamente bem feito. Batman Arkham é uma série absolutamente irrepreensível no que toca à interacção e combate (mesmo tendo outros problemas). Regra geral, ao tentar reinventar algo que funciona bem, estragamos outra coisa. Por isso, mais vale assumir as inspirações, dando-lhe o seu próprio ADN. É assim que vejo Spider-Man. Pegou numa fórmula de sucesso (que, convenhamos, foi já muito usada numa boa quantidade de jogos de terceiros) e deu-lhe uma dimensão e foco diferente. O resultado é um jogo fantástico e é só isso que os jogadores pretendem, afinal.
Felizmente, Spider-Man tem muitos mais argumentos únicos para nos interessar. Além do enredo principal que nos dará missões de elevada qualidade, com muita variedade e sem grandes repetições, como já disse, surgirão mais e mais missões e actividades paralelas. Gostei muito que o jogo quebre rotinas e nos eleve sempre a dificuldade, sem se tornar absurdamente difícil. Até mesmo nas lutas contra bosses há um particular interesse em equilibrar tudo. Dos três níveis de dificuldade, a única coisa que muda entre eles é a resistência ao dano do herói (menor) e dos adversários (maior). Se entenderem o ritmo de cada encontro, não terão quaisquer dificuldades inultrapassáveis.
Contudo, há momentos menos interessantes no meio de tanta navegação e combate. Em alguns capítulos, vamos acompanhar, não o herói de spandex, mas o próprio Peter Parker e mesmo outras personagens. A acção deixa de ser de combate e passa a ser de tarefas medianas, diálogo, de investigação ou de movimento furtivo sem poderes especiais. Apesar desses momentos serem sucintos, penso que quebram bastante o ritmo de jogo. O intuito será dar mais protagonismo a outras personagens como a própria MJ (agora uma jornalista audaz) e a uma outra personagem que terá muita relevância no futuro da série. Se estes desenlaces se passassem em breves cenas intermédias, porém, não ficaria desapontado.
Com tantas actividades e missões para fazer, cheguei a umas 40 ou mais horas de jogo, entre missões principais, actividades paralelas, colecção de itens, desafios e actividades de investigação. É uma longevidade muito boa para este género de jogos em mundo aberto. Obviamente que depende bastante do vosso interesse em completar 100% de jogo. E nem todas as actividades serão “favas contadas”. Os desafios que vos serão propostos possuem sempre condições para pontuação máxima. Podem simplesmente completar pela margem mínima, mas se querem mais itens para novos fatos ou melhorar gadgets, por exemplo, precisam melhorar as vossas prestações. Há um convite a repetir missões para angariar mais pontuação, portanto. Daí a longevidade variar de jogador em jogador.
Pelo meio, encontrarão inúmeras secções com puzzles diversos, uns mais complexos que outros, mas tudo bastante intuitivo. Tudo o que farão terá o objectivo de dar continuidade à história ou pontuar para ajudar na tal evolução do Homem-Aranha. Ou seja, o jogo compensa se o jogarem mais. Seja em actividades disponíveis que se acumulam no mapa e que temos de “limpar”, seja na dificuldade crescente, seja até nas habilidades e poderes cada vez mais interessantes, terão sempre um novo desafio para abordar quando voltarem ao jogo. Contudo, talvez o que mais irá atrair os jogadores seja a sua inegável qualidade visual.
Nos dias que correm, a qualidade gráfica é um dos principais focos dos grandes títulos. Já deu para perceber pelas muitas imagens e vídeos que a produção tem mostrado que este é também um jogo visualmente excepcional. Como exclusivo da PS4, esperem uma óbvia optimização nesta consola, com melhorias ainda mais significativas na PS4 Pro, com o suporte para 4K e HDR a dar ainda mais qualidade.
Nunca é demais destacar como a cidade de Nova Iorque é detalhada, com um ciclo de dia e noite e meteorologia variável a confirmar o seu título de “cidade que nunca dorme”. Também é de assinalar que apesar de tanta qualidade e quantidade de modelos e texturas, a acção nunca parece ressentir-se, importante para a tal fluidez que menciono na acção com o Homem-Aranha. Fluidez essa que também está presente nas animações gerais de ambiente, por exemplo, nos transeuntes, no tráfego e até nos pequenos animais que deambulam.
Quem sabe onde o jogo mais brilha, no meu ponto de vista, é nas cenas intermédias. Todas são renderizadas na consola (ao invés de serem pré-gravadas) e impressionam desde a primeira hora. As personagens são obviamente o maior destaque, com expressões faciais e animações absolutamente fantásticas e credíveis e que são favorecidas pelos diálogos bem escritos e pela excelente prestação de todos os actores.
Veredicto
Este é capaz de ser um dos melhores jogos de super-heróis que jamais joguei. Marvel’s Spider-Man possui uma fórmula muito bem equilibrada entre a qualidade visual e a jogabilidade fluída. Algo muito difícil de obter nos dias que correm. Desenvolve algumas lógicas e mecânicas que se tornaram um marco neste género de acção em mundo aberto, adicionando-lhe toda a química do aracnídeo da Marvel. Depois, a Insomniac Games deu-lhe uma história diferente mas bastante familiar e que ainda presta um enorme serviço aos fãs. Fiquei absolutamente rendido a este jogo. Acredito mesmo que será um dos jogos deste ano. E que ano tem sido este para os exclusivos da PlayStation 4. Cuida-te God of War!
- ProdutoraInsomniac Games
- EditoraSony Interactive Entertainment
- Lançamento7 de Setembro 2018
- PlataformasPC, PS4, PS4 Pro, PS5
- GéneroAcção, Aventura
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Absolutamente arrebatador visualmente
- O cuidado constante com o legado do Homem-Aranha
- Interacção e jogabilidade fluidas
- História e personagens
- Missões com outras personagens quebram o ritmo.
- Alguns timings no combate
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.