Análise – Matchbox: Driving Adventures

Temos de nos convencer que nem todos os jogos de condução precisam ser hiper-realistas, nem sequer precisam ser complexos simuladores. Matchbox: Driving Adventures é a prova que, por vezes, só queremos “brincar com carrinhos”.

Para um adulto de quarenta (e muitos) anos dizer isto, pode soar mal. Contudo, olhando para o que outras marcas de “carrinhos” de colecção fizeram, sou capaz de estar a falar ao coração de muita gente. Veja-se o sucesso de Hot Wheels Unleashed e a sua sequela. A marca rival de brinquedos, talvez a que mais depressa nos lembremos da nossa infância, está aqui para “beber do mesmo poço”, com a produtora Outright Games ao volante, muito experiente em adaptações de jogos infanto-juvenis. Tudo bem, o público-alvo é bem mais juvenil e a forma de jogar também é. Mas, no fundo, é o coleccionismo que também aqui liga os jogadores, sempre em busca de alargar a nossa garagem virtual. E é claro que já estamos sentados no tapete do chão a fazer barulhos de motor e derrapagens.

Ok, na verdade estamos com a Nintendo Switch em punho (versão analisada) e é ela que está a fazer os barulhos, ok? Para jogar, temos dois modos principais: Aventura e Competição, oferecendo dois distintos tipos de jogo num só. Como devem imaginar, Aventura é o modo ideal para descobrir o jogo, dando-nos uma forma engenhosa para descobrir todos os veículos e características únicas dos mesmo, enquanto aproveitamos para explorar o mapa de jogo com missões específicas para completar. Em troca, ganhamos medalhas e a muito valiosa divisa em jogo para gastarmos noutros lados, valorizando a velocidade e a destreza.

O outro modo, como o próprio nome indica, é um pouco mais focado em competição, com um foco nas corridas, sendo provavelmente o modo que pensaremos sempre quando falamos neste tipo de jogos. Basicamente vamos correr com os vários veículos em jogo, numa variedade de pistas e circuitos mais ou menos elaborados. Terão várias competições para participar e ganhar notoriedade e recompensas. Este é o único modo que também permite jogar com outros jogadores no modo multiplayer, até quatro jogadores, inclusive um modo local muitíssimo divertido.

A base que serve a todo o jogo é “diversão”. Há imenso conteúdo para descobrir (leia-se muitos “carrinhos para coleccionar”), qual prateleira de loja onde perdíamos horas a escolher o próximo da colecção. A grande questão aqui é que me parece que a Matchbox não tem tanto foco em carros vistosos e rocambolescos, apostando em miniaturas um pouco mais realistas. Parecendo que não, isto contribui muito para o “espectáculo visual” que Hot Wheels: Unleashed proporcionava, muito por causa dos seus carros “impossíveis” e pistas coloridas.

Por outro lado, a condução também não pode ser demasiado complexa. E aqui tenho alguns reparos a fazer. O comportamento dos carros é um pouco incerto e requer algum hábito a antecipar curvas e outras manobras. Tudo bem, isto é um jogo para um público juvenil, não esperava aqui uma condução apurada. Ainda assim, metendo o jogo nas mãos dos mais pequenos, notei que até eles ficam frustrados com esta questão. Também há algumas missões um tanto difíceis demais, o que me deixou na dúvida se a produção ambicionava fazer um jogo mais “adulto” mas parou a meio.

Por fim, a parte técnica. Embora este jogo tenha sido desenvolvido para várias consolas e PC, fico com uma sensação que a base de jogo terá sido o mobile. Isto, porque, mesmo entendendo que os mais novos precisam de ícones e letras maiores, o interface me parece muito adequado para essas plataformas. Inicialmente, pensei que era só uma questão da versão analisada (Switch) mas ao olhar para capturas no PC e consolas constatei que têm o mesmíssimo interface. Isto não diminui a relevância do jogo mas dá-nos uma ideia das suas (possíveis) origens. E, sim, há milhares destes jogos nas lojas mobile.

Não será de esperar uma grande fidelidade visual aqui mas também não é propriamente um jogo visualmente mau. Diria que, aliado ao hardware mais limitado da versão testada (Switch), temos aqui um jogo que cumpre a entreter o mais novos, sem dúvida, que não procuram coisas foto-realistas ou complexas. Como jogo de condução arcade, tem o visual esperado e, afinal, os aficionados das miniaturas só pretendem algo que lhes mostre os seus brinquedos preferidos. A nível sonoro, passa-se o mesmo, embora, honestamente, o comentador seja perfeitamente dispensável, por vezes, irritante.

Veredicto

Considerando o público-alvo, Matchbox: Driving Adventures é um jogo francamente simples, com bastante conteúdo e que irá alegrar os mais novos. Contudo, é bem possível que corram com o comando ou consola na mão a pedir a um adulto para passar algumas partes mais complicadas. Não impressiona em nenhum campo, até mesmo no comportamento dos carros que pode ser um pouco complicado para dominar. Não é, todavia, um simulador ou algo mais complexo, cumprindo perfeitamente o propósito de nos meter a brincar com carrinhos… “vrooooom”… perdão…