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Análise: Metal Gear Rising: Revengeance

AAAAH! Este jogo tem tanto de bom como de frustrante. É excelente graficamente, com aquele tipo de história como só Hideo Kojima sabe contar, mas tem momentos de luta de bosses que são massacres da paciência de qualquer um. Tudo porque o jogo é péssimo a comunicar com jogador. Mas a experiência de descobrir como se joga também é interessante. Metal Gear Rising: Revengeance é o regresso de uma das sagas preferidas em consolas.

Raiden… não deve haver personagem mais mal amada, ou mesmo odiada, entre os fãs de Metal Gear. É que até mesmo os vilões como Liquid Ocelot ou os Psycho Mantis, possuem um certo carisma que os torna adorados e das melhores personagens da saga. Só que este rapaz chocou a comunidade com a sua pose feminina em Metal Gear Solid 2. E mesmo depois de Kojima ter tentado dar uma melhor imagem em Metal Gear Solid 4 com a batalha épica de Raiden contra Vamp e mais para o fim do jogo como lutador sem braços (se não jogaram MGS4, deviam!), as suas feições femininas e corte de cabelo duvidoso fizeram-me crer que este jogo seria uma falha à chegada.

Mas não.

A demo lançada há umas semanas deixa-nos jogar uma fase inteira do jogo final (mais precisamente no segundo nível) e permite concluir que este jogo apresentado na E3 do ano passado como sendo um “Metal Gear do Corta-Corta” afinal tem pernas para andar… e menos um olho… já explico.

E com isto em mente coloquei o jogo na consola à espera de mais acção épica na terceira pessoa, mesmo que a premissa de Raiden só estar armado com uma espada me causasse algum receio.

Tudo começa com Raiden incorporado numa empresa militar privada chamada Maverick. Depois da queda do sistema Sons of the Patriots, o mundo entrou num período de aparente paz. Mas a máquina de guerra não pára e Raiden vê-se obrigado a envergar uma nova versão do seu célebre fato de Cyborg Ninja para derrotar a nova facção Desperados, que se faz representar por diversos cyborgues com poderes especiais, liderados por um tal de Jetstream Sam cujo nome é profusamente gozado ao longo do jogo. Esta facção pretende fazer renascer o conflito armado como máquina política e financeira. Tema profundo e actual que a série Metal Gear faz questão de destacar.

Pelo meio Raiden encontra novas personagens como o substituto do fiel cientista (nos jogos anteriores era Otacon) Doktor que para alemão até tem sentido de humor. Mas há também uns “cameos” interessantes, como Sunny que aparece mais crescidinha, e muitas referências à saga Metal Gear Solid.

Só que nota-se que Hideo Kojima não teve uma acção directa no jogo. A começar pelo conceito do novo Codec, o rádio de comunicações entre Raiden e os seus auxiliares e a terminar em certos pormenores da linearidade do jogo. Por exemplo, os vilões têm muito menos tempo de antena e pouco é explicado sobre quem são e o que fez deles tornarem-se em cyborgs. Apesar dos diálogos serem muito bons e de haver muitas interacções, nota-se que houve um interesse em fugir aos estereótipos de Kojima e as suas célebres divagações de horas em cutscenes. Mas onde se nota mais diferenças é na jogabilidade.

Metal Gear Rising resume-se facilmente como “o jogo onde bloquear é tudo”. Muito mais que saber arremessar a espada, saber bloquear (“parry” em inglês) é essencial não para matar inimigos, mas para bloquear os seus ataques devastadores. A jogabilidade começa com zonas abertas com algumas patrulhas de inimigos fáceis de matar e termina quase sempre com adversários mais difíceis e no fim de cada nível um boss com poderes especiais que nos faz a vida negra. Saber bloquear os golpes dos inimigos em qualquer destas fases é essencial. Para conseguir isso é preciso… adivinhar… Sim, leram bem. É preciso adivinhar como fazer todas estas coisas e também saber manejar a espada.

O jogo é péssimo a explicar ao jogador como fazer determinadas coisas. Os tutoriais são escassos e pouco documentados, não há um manual explicativo e não há qualquer tipo de ajuda compreensiva. Existem VR Missions num cenário Amarelo que não chegam para ajudar a perceber tudo o que é preciso saber. Apenas umas pequenas referências às combinações de teclas para executar certos movimentos e pouco mais. Para dizer a verdade, perdi horas a tentar matar o primeiro boss que simplesmente era mais rápido e eficaz que qualquer golpe que tentasse fazer. Só depois de uma pesquisa na internet encontrei um pequeno texto explicativo de um jogador que descobriu como executar o tal bloqueio e como contra-atacar.

Mas nem tudo é mau. Depois de descobrir o bloqueio, podemos atacar com mais eficácia e no momento certo. Raiden possui a sua espada fiel que mais à frente é complementada com outra armas especiais. Esta espada pode ser melhorada em termos de poder de impacto e absorção de energia. O fato em si também sofre alguns melhoramentos em termos de aumento de vida (começamos com 100% mas podemos chegar aos 200%) e da própria energia que pode ser usada na espada em ataques especiais ou num modo que gostamos muito que lembra o “bullet time” em que tudo desacelera e podemos fazer golpes específicos nos adversários, chamado de “Blade Mode”. Este modo é genial porque podemos chegar até a desenhar formas geométricas nos adversários. Os combos (combinações de teclas) possuem momentos próprios e são devastadores. Mas mais uma vez convém praticar para descobrir como usá-los melhor. O jogo só vos diz qual a combinação de teclas.

Só queria que o jogo não tentasse imitar outros jogos do género Hack’n’Slash como Bayonetta ou Vanquish (ambos da mesma produtora) ou mesmo God of War com o gore e até uma cena em que Raiden parece ganhar as asas de Ícaro  para fugir do Hades, mas afinal são só umas asas cibernéticas a fugir de um edifício. Mas pronto, aceita-se porque são momentos épicos e acção é muito divertida.

Quero enfatizar que uma boa porção de objectos e pedaços de cenário são destrutíveis no mundo de MGR. Quando um inimigo cyborg aparece à frente podemos entrar em modo “Blade” e cortá-lo ao meio para lhe extrair a cervical cibernética e recuperar energia, ou simplesmente desancar um carro da polícia em milhares (literalmente) de pedaços.

Já falei um pouco de como os bosses do jogo, agentes da Desperado, são difíceis de passar. Mas tenho de voltar a este ponto porque é preciso que isto fique claro. O jogo é mesmo desafiante neste ponto. Mas não é impossível e nem sequer é complicado. Mesmo durante a restante acção, extra-bosses, conta a nossa destreza com a espada, mas também a nossa calma. Dominando todas a ferramentas e combos, conseguimos desfrutar do jogo e até queremos repetir para obter ainda mais bónus, tal como na série Metal Gear Solid. É que mesmo com cerca de seis a oito horas de jogo, se não forem suficientemente proficientes, vão morrer muitas vezes e repetir a mesma fase de jogo e isso vai ampliar a horas totais. Mas no fim, a repetição modo carreira é quase inevitável.

Mas falta falar aqui do factor visual. Será que graficamente Metal Gear Rising é igualmente poderoso como os demais jogos da criação de Kojima? O facto de estar a jogar na Playstation 3 este jogo fez-me duvidar das capacidades da Platinum Games depois da aberração do seu port para PS3 de Bayonetta. Mas, claro que Hideo Kojima não iria deixar que a sua consola preferida fosse mal-tratada.

Metal Gear Rising é um jogo visualmente soberbo. A começar no conceitos de codec integrados no próprio interface de jogo, passando pelas animações faciais e pelos modelos de personagens e cenários. É um jogo deslumbrante e cheio de efeitos especiais onde não faltam os pequenos efeitos de chuva e outros pequenos pormenores. As animações são muito boas e cheias de realismo, embora algo tiradas de animações Manga que ou amamos ou odiamos.

O design do jogo é genial. Até mesmo o fato do Raiden é uma versão “negra” do seu fato em MGS4. E nem sequer falta a célebre referência à pala no olho de Solid/Naked Snake, quando Raiden é obrigado a usar uma ligadura no olho  esquerdo. Pequenos pormenores que nos fazer rir.

Uma nota final para a banda sonora que possui pequenos momentos interessantes com música original de bandas de heavy metal e pop. Em certos momentos aumentam a dose de adrenalina entre as nossas combinações de teclas.

Veredicto

Este é um Metal Gear. Não possui toda aquela ode bélica ou acção furtiva de Metal Gear Solid, mas é um modo inteiramente novo de jogar Metal Gear. Pejado de pequenas nota de humor que farão rir qualquer fã, cheio de acção algo linear, só peca por ser um pouco repetitivo e algo frustrante até conhecermos os tais comandos que o jogo falha em explicar. Mas é um excelente jogo, cheio de momentos épicos e diálogos dignos de Hollywood. Não percam este jogo se são fãs não só de Hack’n’Slash como de Metal Gear.

  • ProdutoraPlatinum Games
  • EditoraKonami
  • Lançamento22 de Fevereiro 2013
  • PlataformasPC, PS3, Xbox 360
  • GéneroAcção
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Falta mais Hideo Kojima
  • Bosses podem ser injustamente difíceis
  • Pode ser algo repetitivo, mesmo que os bosses dêem variedade

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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