Middle-Earth-Shadow-of-Mordor-HD

Análise: Middle-earth: Shadow of Mordor

Poucas foram as adaptações aos videojogos que conheceram tantas incursões como aquelas que já existem do mundo da Terra Média. Tudo ganhou força, obviamente, com a adaptação cinematográfica de Peter Jackson do universo criado por J. R. R. Tolkien (o número de jogos da saga “O Senhor dos Anéis” só deve mesmo ser ultrapassado pelo da saga Dragonball). Por isso mesmo, este Shadow of Mordor parecia ser só mais um numa vasta gama de jogos da série e que, provavelmente, iria passar indiferente a muita gente. Não poderíamos estar mais enganados…

No entanto, antes de começar a falar bem deste jogo, aponto-vos o ponto mais negativo deste título: a sua narrativa. Depois de um início prometedor (provavelmente o melhor que apanhei nos últimos tempos), a história rapidamente perde o interesse por falta de um elemento forte que aglutine toda a acção. A história parece dispersar em momentos pouco “Tolkienescos”, mesmo apesar da presença de alguns protagonistas habituais como Gollum. Hoje em dia não será fácil alguém escrever com capacidade suficiente para agradar aos fãs do universo do Senhor dos Anéis. Mas, lá está, no início Shadow of Mordor parecia bem encaminhado. Criou-me falsas esperanças de uma boa narrativa, desiludiu-me para depois me agarrar por outra vertente: a jogabilidade.

Middle-earth é um jogo de mundo aberto onde podemos trepar tudo, muito ao estilo de Altäir, Ezio, Connor, Edward e companhia. Neste mundo podemos também entrar em batalhas contra enormes grupos de inimigos, num estilo de combate claramente inspirado na saga Batman Arkham, mas com lufadas de ar fresco a cada contra-ataque, a cada esquivar e a cada orc morto.

O jogo acrescenta ainda uma vertente de RPG no sistema de upgrades de combate que nos motiva para continuar a combater. Para além do mais, à medida que progredimos, vão-nos surgindo novos tipos de inimigos com fraquezas e pontos fortes diferentes que enriquecem a experiência de jogo (um pormenor que também já acontecia nos jogos do homem-morcego criados pela Rocksteady).

Temos dois tipos de ataque, melee e ranged, sendo que no segundo tipo conseguimos diminuir a velocidade do tempo para disparar algumas flechadas mais precisas. Quando, mesmo assim, nenhuma das duas hipóteses parece viável no combate às claras, podemos recorrer à acção furtiva. Contudo, apesar de proporcionar alguns elementos interessantes, o stealth não é exigente e permite, na maior parte das vezes, avançar com Talion pelo campo de batalha completamente incógnito, mesmo que passemos à frente de um grupo de orcs.

Introduzido na narrativa principal do jogo está o sistema Nemesis que é, de longe, o melhor e mais revolucionário aspecto de Middle-earth: Shadow of Mordor. Este sistema coloca-nos contra o exército de Sauron composto por uma série de capitães e os seus líderes, os warchiefs Uruk. Chegar até estes últimos implica interrogar orcs à força pelo caminho, de forma a reunir informação que nos permita perceber como agem no campo de batalha. Desta forma percebemos, acima de tudo, quais são os seus pontos fortes e fracos. Acreditem, são conhecimentos essenciais para que a vitória sorria para o nosso lado.

Não obstante, o revolucionário do sistema Nemesis reside na forma como relata a batalha constante dentro do exército de Sauron através de promoções e destituições de antigos líderes Uruk. À medida que vamos jogando, os capitães lutam entre si para conseguirem melhorar o seu posto. Da mesma forma, se temos o azar de perder contra um orc menor, reparamos que ele sobe no cargo que desempenha e, da próxima vez que o encontrarmos, ele fará questão de nos relembrar da anterior batalha que não correu bem para o nosso lado. Um pequeno pormenor que faz com que cada combate tenha um significado diferente. Por conseguinte, também podem depreender que o exército de Sauron renova-se como se não houvesse amanhã, apesar de todos os nossos esforços para quebrar as suas fileiras com Talion.

Visualmente, o jogo é genial, com os modelos dos Uruk a serem o ponto principal para encher o olho do jogador. Blizzard, estás a ver como se fazem modelos de Orcs? Por sua vez, as paisagens de Shadow of Mordor lembram-nos o fantástico cenário dos filmes de Peter Jackson gravados nas zonas montanhosas da Nova Zelândia. Mordor está muito bem retratado e a tensão, que existe por estarmos efectivamente nos domínios de Sauron, é quase palpável. Também a banda sonora integra na perfeição este ambiente, através das sonoridades épicas, com o recurso a orquestras sinfónicas e coro. Permitam-me um pequeno desabafo: devo admitir que pegar em Middle-Earth: Shadow of Mordor foi, musicalmente, um alívio depois das últimas semanas passadas em Destiny (aquelas bruscas melodias tecno são horrorosas).

Veredicto

Ninguém esperava que Middle-earth: Shadow of Mordor fosse um grande jogo e muito menos um candidato a entrar no top dos jogos do ano de 2014. Para surpresa de todos, menos dos seus criadores, acabou por ser ambas as coisas e espera-se claramente uma sequela deste inovador jogo a nível de jogabilidade. Peca pela facilidade da acção furtiva e, sobretudo, pela falta de uma narrativa forte e digna do mundo de Tolkien. Por isso mesmo não será, provavelmente, o jogo do ano mas entrará claramente nos cadernos da história da inovação nos videojogos de 2014, graças ao seu inovador sistema Nemesis. Este é um título que deves a ti mesmo comprar se gostas de jogos de acção e és fã dos contos de J.R.R. Tolkien.

  • ProdutoraMonolith Productions
  • EditoraWarner Bros. Interactive Entertainment
  • Lançamento30 de Setembro 2014
  • PlataformasPC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroAcção, Aventura, Role Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Narrativa fraca para um jogo inspirado no mundo de Tolkien
  • Acção furtiva demasiado fácil

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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