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Análise – Minecraft: Story Mode – Season Two

Se há algo que Minecraft nunca teve foi um enredo, pelo menos nada realmente elaborado. Por isso, nada como os experientes contadores de histórias da Telltale Games para colmatar essa lacuna do jogo da Mojang. Esta é a sua segunda temporada agora a decorrer.

É preciso dizer que, por motivos que são alheios ao WASD, não chegámos a jogar a primeira temporada. De qualquer modo, pessoalmente sou jogador de longa data tanto de Minecraft como de alguns dos melhores títulos da Telltale. E este “casamento” entre um título de construção em mundo aberto com aventuras gráficas de diálogos e escolhas difíceis, até pode parecer algo improvável. No entanto, já que Minecraft não tem mesmo um modo de carreira e as suas personagens nem sequer dialogam, pode até ser uma aventura interessante, onde podemos fazer algum sentido deste universo. Só quero mesmo saber se as duas realidades se misturam bem.

Convém mencionar que esta segunda temporada continua o enredo da primeira. Como é habitual nas séries da Telltale, a aventura molda-se consoante as nossas acções e escolhas. Assim sendo, não ter jogado os primeiros capítulos fez com que as primeiras escolhas que nos são apresentadas no arranque desta temporada fossem algo aleatórias. Felizmente, nada desse enredo é francamente complexo, apenas envolve eventos específicos que podemos depois subentender com o resto do enredo.

O protagonista Jesse e os seus amigos tiveram uma aventura em grande nesses primeiros episódios. Lukas descreve os seus grandes actos heróicos para ficarmos com a certeza do seu heroísmo. Durante as celebrações do chamado Founding Day, porém, a trupe irá ser novamente colocada à prova. Agora terão de lidar uma nova ameaça para Beacontown vinda de uma cidade vizinha. Também um tal de Admin pretende assumir o papel de vilão depois de Jesse o desafiar com uma invasão ao seu palácio.

Por esta altura, nesta temporada já temos três episódios disponíveis, dos cinco planeados. Confesso que achei toda a história (até agora) algo dispersa e meio superficial. É claramente apontada a um público mais juvenil e, talvez por isso, não se perca muito em reviravoltas complexas ou grandes ramificações. Por vezes, parece que a produção apenas quis manter um ritmo elevado de desenlaces, mesmo que nenhum seja realmente memorável.

O que torna as aventuras da Telltale tão interessantes, porém, é a sua forma de contar as histórias, os seus diálogos fortes e os seus momentos de decisão com opções difíceis de tomar. E, claro, os infames Quick Time Events que já devem saber que não sou particular fã. Todos esses ingredientes estão, de facto, aqui. No entanto, dada a conotação mais infantil de Minecraft, as conversas serão sempre básicas e, como seria de esperar, as nossas decisões, apesar de moldarem os eventos seguintes, não possuem nenhum peso dramático ou francamente marcante. Mesmo os poucos puzzles presentes são bastante fáceis de ultrapassar. Não esperava algo complicado ou, de alguma forma, que pudesse puxar pelo intelecto, para dizer a verdade.

Essa simplicidade geral também se faz sentir no ambiente geral do jogo. Como seria de esperar, a Telltale usa os mesmos blocos de construção para criar o mundo “quadrado” de Minecraft. Apenas as personagens possuem algumas animações avançadas, como as faces que criam expressões e movimentos de lábios ou os braços que dobram. Diria que é uma “expansão” respeitadora do legado de Minecraft a nível de arte e modelos de personagens, sem nunca perder a sua essência. Não esperem grafismo de última geração ou grandes efeitos visuais, como é óbvio. Há alguns efeitos subtis que tornam a imagem mais “suave”, mas nada por aí além. Até mesmo a banda sonora parece bastante apropriada e digna do sandbox da Mojang.

Esta abordagem tão fiel ao universo Minecraft é algo expectável, embora não deixa de ser um claro contraste com as demais séries da Telltale. Recordo vários jogos recentes (recordo séries como Batman ou Guardians of the Galaxy) desta produtora que, embora sempre mantendo o seu aspecto de banda-desenhada, deram saltos tecnológicos evidentes a cada nova série. Dirão que são realidades diferente e é óbvio que tenho de concordar. Seria algo arriscado, diria até contraproducente, que a Telltale tentasse reinventar Minecraft.

Assim, só posso olhar para este Minecraft: Story Mode como um serviço para os fãs. Imaginem que o Minecraft original já tivesse um modo de história. Seria fantástico ter este jogo já inserido no jogo-base, onde pudéssemos seguir uma história entre as várias horas de construção (e destruição) ou batalhas contra creepers. Talvez cumpra esse objectivo de forma indirecta mas, para isso, precisamos de comprar os dois jogos. E estou certo que os fãs inveterados de Minecraft são também os que mais irão apreciar o trabalho da Telltale. Senão, como justificamos a existência de uma segunda temporada?

Veredicto

Fácil de jogar, fácil de apreciar, sem grande desafio e para todas as idades. Minecraft: Story Mode já vai com duas temporadas e os fãs agradecem. É de facto um serviço para eles, numa história para tentar fazer sentido do mundo subjectivo de um dos maiores sandboxes de todos os tempos. Se procuram algo que complemente a vossa experiência Minecraft, este jogo é para vocês. Se, por outro lado, são fãs das aventuras gráficas da Telltale Games, poderão achar esta aventura algo superficial e pouco desafiante. Se gostam destes dois mundos, então, estarão “em casa”.

  • ProdutoraTelltale Games
  • EditoraTelltale Games
  • Lançamento22 de Setembro 2017
  • PlataformasPC, PS3, PS4, Wii U, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroAventura Gráfica
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Não tem grande desafio
  • História é pouco memorável

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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