Análise – MLB The Show 18
Baseball, extremamente técnico e com regras complexas, famoso nas Américas, na Ásia e… praticamente em mais lado nenhum. Mesmo assim, há uma comunidade relevante de apreciadores deste desporto também por cá. Se forem fãs, MLB The Show 18 está aí.
Apesar de conseguir apreciar o desporto em si, confesso que nunca foi particular seguidor de Baseball. Será perfeitamente justificado, se pensarmos que é um desporto pouco conhecido ou promovido por cá. Acima de tudo, joga-se nos Estados Unidos, América Central e é também popular na Coreia e no Japão, locais onde os Americanos deixaram a paixão por este desporto depois das guerras que lá travaram. Na Europa, a prática de Baseball é muito escassa e muito raramente vemos alguma partida pela televisão, sequer. E não é que seja um desporto muito agradável de assistir. Com muito poucos momentos realmente emocionantes, herda do seu “pai”, o cricket, a “emoção” de ver um conjunto de atletas a arremessar uma bola, a tentar apanhá-la ou a bater nela e um punhado de outros tantos a correr entre bases. Felizmente, a jogar é mais interessante.
Já vos disse que o Baseball tem regras complexas. Se calhar, não enfatizei o suficiente… este desporto tem regras muito, mesmo muito complexas. Digo-vos, desde já, que este jogo não faz grande serviço a explicar as ditas regras. Recordo-me que, para assistir a jogos na televisão, li um livro de regras (sim, um livro) para dar sentido ao que via. Mesmo assim, muita coisa ainda me faz confusão. Tal como no já mencionado cricket, há um pitcher (lançador) que tenta arremessar uma bola a um catcher (defesa) mas, há um batter (atacante) com um taco que tenha evitar esse acto. Se o atacante conseguir tocar a bola, pode correr e atingir umas bases dispostas num diamante desenhado no chão. Tenta ganhá-las, até que um dos elementos da defesa apanhe a bola e toque nesse atacante.
Quando um atacante estiver numa base conquistada, outro vai pegar no taco e recomeça a dança. O pitcher pode então decidir evitar que o atacante na base conquiste outras e seja eliminado com a bola de jogo ou tenta arremessar a bola de novo para o catcher. É que se o atacante tentar bater a bola e falhar, tem um strike e ao terceiro sai fora. Os defesas dispõem de… bom… já me estou a alongar demais. Isto arrasta-se por várias fases, chamadas de “innings” e só os atacantes podem pontuar por bater na bola arremessada e conquistar bases. Em cada novo inning troca-se o ataque com a defesa e as equipas rodam de posição. Ao fim de umas horas, ou aprendem as regras ou desligam o jogo.
Nem mesmo os inventores deste desporto o apreciam assim tanto. O Baseball é o quarto desporto mais assistido nos EUA, com a NBA, NFL e NHL no topo das preferências, a MLB não atrai tantas multidões. Até a MLS, a liga de futebol Europeu, está a ganhar terreno pelas terras do Tio Sam… e olhem que por lá chamam-lhe de “soccer”. O motivo desta popularidade moderada está mesmo nas regras e no facto das partidas poderem ser incrivelmente monótonas de assistir. Ir a um estádio ver um jogo de baseball é um evento comunitário. É uma tarde em família, a comer cachorros-quentes e a apanhar sol. Não é um evento emocionante, propriamente. Mas, em campo, as coisas mudam um pouco.
Não posso dizer com propriedade se a interacção é mesmo realista, porque nunca desci realmente ao diamante para jogar. Do que sei de arremessar as pesadas bolas e os seus tacos de madeira, parece-me tudo bastante próximo da realidade, com uma sensação muito boa de toque e arremesso. Como devem calcular, requer bastante prática e dedicação para entender uma boa parte das interacções. No que toca à interacção com o taco, por exemplo, há que perceber o timing e o ângulo do toque com a bola. Já o pitcher precisa calcular uma série de parâmetros, desde a trajectória até ao efeito a dar na bola.
Temos diversos modos de jogo para no entreter. Achei curioso que não haja um modo de carreira simplificado, do estilo das Ligas de FIFA Football. Havia no ano passado um modo Season mas foi removido este ano, sendo substituído pelo modo Franchise, uma espécie de Manager ajustado à realidade deste desporto. Neste, também podemos jogar numa espécie de carreira, só que enche-nos de actividades paralelas de gestão, que nem consegui fazer muito sentido. E se apreciam o conceito de jogos de desporto com colecção de cartas, bem ao jeito do modo Ultimate Team da série FIFA, irão adorar o modo Diamond Dynasty, repleto de jogadores de vários calibres, incluindo lendas como “Babe” Ruth e outros tantos.
Uma das secções que me pareceu muito robusta e a par de outros jogos de desporto da actualidade, foi a área de criação do jogador. Podemos criar o nosso próprio atleta para o modo Road to the Show e depois levá-lo a progredir por equipas e escalões da competição. Notei que, no que toca a habilidades, podemos dar mais preferência a uma característica que a outras, mas também é possível criar um jogador equilibrado em todas as áreas e depois dar-lhe umas melhorias com equipamento próprio. Esta personalização é ainda mais interessante se percorrermos o Vault e vasculharmos o conteúdo personalizado criado pela comunidade.
O primeiro impacto que terão a jogar este título é o seu aspecto francamente polido. Não tendo jogado os títulos anteriores, confesso que não sei dizer se houve alguma evolução do título do ano passado. O que posso dizer é que a equipa dos Sony San Diego Studios, sendo um estúdio de produção interna, obviamente soube puxar bem pelas capacidades da PlayStation 4. Todas as equipas, com os seus respectivos equipamentos estão devidamente licenciados, assim como os seus estádios. Até mesmo o público tem bastante pormenor, oferecendo um ambiente de jogo verdadeiramente impressionante.
Também as físicas em jogo me parecem muito boas, até mesmo com a poeira e gravilha a saltar em cada slide para salvar uma base. A qualidade fica completa com uma excelente modelação dos atletas e as respectivas animações. Foram recriados com as suas feições e características físicas ao pormenor, algo que talvez só os fãs conseguirão reconhecer, mas que não deixa de ser um destaque. Como em muitos jogos de desporto, o realismo é tudo. Não vou dizer que parece confundir-se com a realidade de uma transmissão televisiva, mas chega lá muito perto.
Veredicto
Para nós, Europeus, falar de Baseball é um desafio. Podemos reconhecer as qualidades deste desporto, como eu reconheço e até apreciá-lo com algum interesse. Contudo, a melhor forma de avaliar MLB The Show 18 é na perspectiva de um fã. Se pedirem a um Americano para falar de futebol, provavelmente terá a mesma dificuldade. Se estiverem dispostos a aprender todo um novo mundo e aprofundar as suas regras complexas, esta será a melhor forma de apreciar o Baseball. É visualmente competente, com toda a envolvência deste desporto e toda a jogabilidade para vos cativar tanto no diamante relvado, como fora dele.
- ProdutoraSony San Diego Studios
- EditoraSony Computer Entertainment
- Lançamento27 de Março 2018
- PlataformasPS4, PS4 Pro
- GéneroDesporto
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Todo o ambiente de jogo
- Modo de criação do jogador
- Modo Franchise
- Pouco auxílio para compreender regras
- Falta de um modo simplificado de seasons
- Público-alvo muito específico
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.