MHRise (9)

Análise – Monster Hunter: Rise

Não, não estão num DeLorean a viajar no tempo. Esta é mesmo a nossa análise a Monster Hunter: Rise. Sim, o jogo foi lançado em 2021 (2022 no PC) mas só agora chegou às consolas PlayStation e Xbox.

São assim os exclusivos temporários. Se a Nintendo desembolsou bem para ter este título como exclusivo da Nintendo Switch (e um port para PC), porque é que a Capcom haveria de recusar? Afinal, a Switch é ainda uma consola muito popular e parece bem talhada para o tipo de jogo e para a sua audiência. Infelizmente, na altura não tivemos acesso ao jogo na Switch (ou no PC), pelo que talvez a vossa atenção já não esteja aqui. Mas, se ainda aí estão a ler é porque, se calhar, também esperaram por este momento para jogar este título na vossa consola e querem saber se vale a pena apostar. Peguem nas armas, vamos caçar.

Não há sombra de dúvida que esta série tem uma legião de fãs que não precisa que lhes explique o que devem esperar. Para todos os outros, é provável que seja complicado perceber a febre que gira em torno desta franquia. Para estes, uma breve apresentação.

Este é o mais recente jogo de uma série de RPGs de acção, o sexto jogo da linha principal Monster Hunter. Muitas das mecânicas de jogo foram estabelecidas ao longo das várias edições, mas este jogo herda muitas lógicas e funcionalidades de Monster Hunter: World de 2018, dando-lhe o seu toque pessoal e uma nova era.

Em termos gerais a mecânica de jogo gira em torno de caçar animais gigantes, monstros com lógicas de combate únicas e que representam um desafio complexo, muito dependente de estratégia e trabalho de equipa. Nestas últimas edições, os jogos apostam ainda num mundo aberto à exploração e mecânicas de looting.

Em termos de enredo, como não podia deixar de ser, acompanhamos as aventuras de um caçador de monstros (o título devia dar essa pista). Este jovem da vila de Kamura, porém, é um recém promovido, nada preparado para um desafio inesperado, a infame Rampage. Este é um evento terrível que acontece a cada 50 anos, em que monstros atacam violentamente a vila. A nossa primeira tarefa é ajudar a preparar contra os ataques, por receber contractos para suprir a vila de mantimentos e levantar defesas.

Em breve, o nosso caçador prova o seu valor, repelindo ataques e ajudando os elementos da vila. Só que o desafio pode apenas ter começado. No horizonte paira um Elder Dragon que parece preparar uma conspiração muito maior. Cabe-nos desvendar o mistério do surgimento deste dragão, assim como tentar perceber a origem desta infame Rampage que assola a vila periodicamente. Esta história original é continuada pelo enrendo do DLC Sunbreak mas, essa outra expansão chegará mais tarde nestas novas versões do jogo.

A grande paixão dos fãs por esta franquia, é que a experiência é muito variável para cada jogador. Há, de facto, várias formas de apreciar Monster Hunter, seja pela simples vontade de seguir o enredo, seja pelo espírito coleccionista da carreira, seja pela sua dificuldade inerente. Enfim, cada um gostará deste jogo à sua maneira. Para mim, esta série está a par de outros ARPG, num misto de frustração e entusiasmo, dependendo de quantas vezes morremos ou quantas vezes derrotamos adversários impossivelmente complicados.

Este misto, admito, não é para todos. Como nem todos gostarão dos títulos no género “souls-like”, por exemplo. É um jogo que exige (muita) dedicação para ganhar a perícia necessária, penalizado muito os que jogam de forma casual ou sem planeamento. Escolher as armas, por exemplo, não é apenas uma questão de opção pela que mais gostam. As armas e os elementos usados com elas em cada combate, possuem pontos fortes e fracos, cuja compreensão é essencial para ganhar num encontro com uma das bestas. E é uma fórmula que se repete até um nível quase insano.

Notem que o arranque do jogo não é propriamente exemplar para o resto da sua oferta. O próprio hub onde iniciamos e por onde passamos entre missões, é inicialmente um local aborrecido com diálogos acessórios. O jogo começa lento na sua passada, o que engana bastante. Damos por nós a bocejar e a perguntar se é só este o desafio, com missões francamente simples e embates pouco desafiadores. Mas, lentamente, tudo evolui. O crescendo é óbvio, com desafios maiores e melhores recompensas. E então descobrimos o ritmo certo, especialmente nos monstros finais.

Como já disse, este título empresta muito de MH: World, mas seria errado dizer que é só mais uma repetição da fórmula. Será muito familiar em quase tudo, sim, até mesmo nos menus. No entanto, a soma das suas novidades confere-lhe uma identidade muito própria. O uso do gancho e corda é uma fórmula bem mais dinâmica e recompensadora, por exemplo. Ainda assim, é preciso ter cuidado com a barra de uso (um cooldown) desta ferramenta, para que não se abuse da sua capacidade.

Há também novidades no combate em si que são claras melhorias resultantes do feedback dos jogadores. Uma delas, confesso, é das melhores coisas que aconteceram ao jogo. Durante os combates, a simples funcionalidade de recuperação de uma queda do caçador é muito bem vinda. Temos também novos companheiros de acção, os Palamutes, que são simpáticos canídeos para contrastar com os nossos já conhecidos Calicos. Para mim, são evoluções, até porque podemos montá-los para transitar pelo mapa e perseguir presas.

No cerne das novidades, estão as missões Rampage. Para todos os efeitos, é uma espécie de modo “tower defense”, com a montagem de defesas e armadilhas para preparar os ataques dos monstros, criando algo mais estratégico. É uma quebra da monotonia possível das caçadas que, não sendo o forte do jogo, achei uma boa alternativa à oferta base. Parece-me que podia ser um pouco mais aprofundado, ainda assim, com momentos um pouco caóticos demais e com os NPCs pouco inteligentes. Não deixa de ser uma boa adição.

A dada altura, estamos rendidos. Passei este fim de semana “agarrado” ao jogo, experimentando estratégias para cada uma das 14 armas e buscando mais e melhores tácticas, especialmente online, onde, uma vez mais, o jogo tanto brilha. Claro que a comunicação é tudo e beneficiam sempre de jogar com amigos ou com alguém que trabalhe bem em equipa. Apenas devo avisar que devem evoluir bem o equipamento e aprofundar as lógicas antes de ir online ou poderão prejudicar mais do que ajudam nas caçadas.

Notem ainda que a evolução não é algo exclusivo da personagem e do seu equipamento. Também a própria vila e o seu hub progride a olhos vistos, com melhorias assinaláveis. Sentimos mesmo que estamos a contribuir para que os habitantes de Kamura prosperem. Cada missão, cada prémio, cada caçada, tem impacto e acabamos por querer jogar mais para, não só abraçar cada vez maiores e melhores desafios, mas também para ver até onde podemos levar este povo.

Antes do veredicto, uma nota para as características únicas desta versão. Obviamente, o visual é apurado, diria que está na linha do anterior MW: World. Na versão analisada na PlayStation 5, o jogo corre em toda a sua “glória” 4K a 60fps, num jogo visualmente soberbo, especialmente nos combates com monstros gigantescos. Consegue tantas vezes dar-nos uma óptima noção de escala que, sinceramente, duvido que a versão Switch conseguisse. Talvez fosse possível apenas na anterior versão PC.

Infelizmente, ficamos a perder em alguns pormenores. O cross-play e cross-progression não são transversais entre as consolas, não permitindo, por exemplo, que continuem o progresso entre Switch e PlayStation ou Xbox. Ainda assim, é possível jogar entre PC e consolas Xbox, inclusive na versão Xbox Game Pass. Mas, como no meu caso, perde-se o intuito destas funcionalidades nas PlayStation. Também tenho de assinalar novamente que, apesar de ter sido lançada no ano passado, a expansão Sunbreak não está ainda disponível nas novas consolas.

Veredicto

Vítima desta “dança” dos exclusivos de plataformas, Monster Hunter: Rise chega um tanto tarde às consolas PlayStation e Xbox. Contudo, vem cheio de força para perpetuar a sua fama. Vale a pena a espera pela qualidade da acção, pela dimensão, pela beleza visual, pela complexidade ainda maior das caçadas, pelo modo Rampage e pelas pequenas nuances na jogabilidade que são claras reacções à crítica dos fãs. É, sem dúvida, um dos melhores Monster Hunter de sempre. Mas, é provável que esta afirmação não seja propriamente notícia para vocês.

  • ProdutoraCapcom
  • EditoraCapcom
  • Lançamento20 de Janeiro 2023
  • PlataformasPS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroAcção, Role Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Chega tarde
  • Falta de "cross play" e "cross progresion" entre consolas
  • Sunbreak será lançado mais tarde...

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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