Análise: NBA 2K17

Tal como para o futebol há todos os anos um grande título, a Liga de Basquetebol Americana também tem o seu jogo de eleição anual. A National Basketball Association tem sempre a 2K Games a garantir uma excelente representação da sua competição. NBA 2K17 não é excepção.

Qualquer jogo de desporto que se preze, tem duas premissas essenciais para ser líder incontestado: Representar fielmente o desporto e garantir que os fãs terão a melhor experiência possível. Isto porque qualquer adepto de um desporto é também um “especialista” a assistir aos jogos reais e a encontrar defeitos nas suas simulações. Se isto é tão real em competições menos famosas, como será neste que é o desporto número 1 nos Estados Unidos, conseguindo por vezes mais audiência que o Futebol Americano, Hóquei ou Basebol? A NBA é um fenómeno e precisa que o jogo que a representa tenha igual qualidade. A cada capítulo, a 2K faz questão de elevar a fasquia, porque a responsabilidade é tão alta como os jogadores que lá competem.

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Começando pelo que interessa: O que é que este jogo traz de novo em relação ao seu antecessor? Obviamente, este jogo replica todas as regras específicas, equipas, jogadores, treinadores e campos da época transacta. Adicionalmente, acrescenta diversas selecções olímpicas lendárias, dezenas de equipas estrangeiras e até algumas clássicas da NBA como os míticos Chicago Bulls de 1995/96. Até mesmo os comentadores (com a participação da lenda Shaquille O’Neal), o seu efusivo público, os icónicos ângulos de câmara e efeitos visuais são criados para replicar o espectáculo televisivo da NBA. Tudo isto repleto de imensa qualidade visual que sempre foi um dos pontos fortes da série.

O outro ponto forte, é a sua jogabilidade. Todos os jogos desta série são famosos pela sua fluidez e realismo no controlo de bola e movimentação geral. Passadas curtas ou longas, passes dos mais diversos estilos, fintas de corpo, simulações, ressaltos, lançamentos perfeitos ou bloqueios na hora certa, quem gosta de Basquete, só pode adorar cada minuto em campo neste jogo. Os controlos são intuitivos e a dada altura já jogam mais por instinto que outra coisa. E graças à modelação dos jogadores da NBA, cada um destes atletas tem as suas características e perícias únicas, permitindo momentos fantásticos como só este desporto consegue.

Para ajudar no espectáculo, a Inteligência Artificial está ainda melhor que nos jogos anteriores. Agora os adversários conseguem prever movimentos e não permitir que se façam duas jogadas iguais de forma seguida. O que num jogo com grande passada e inúmeras mudanças de posse de bola é essencial para não cair da repetição grosseira. Realmente, há uma sensação recompensadora a cada improviso e uma desmarcação, lançamento arriscado ou roubo de bola no tempo certo pode significar dois (ou três) pontos preciosos. Também na defesa é importante controlar as movimentações dos atacantes para não sermos surpreendidos, sobretudo porque também eles não vão tentar o mesmo truque duas vezes e podem fazer um passe ou lançamento inesperado.

Para jogar todo este apetecível conteúdo, temos algumas novidades no que toca a modos de jogo. MyLeague e MyGM são os modos de gestão de clubes que mais sofreram melhoramentos. Agora temos muito mais intervenção das equipas ao nível de personalização, gerindo a equipa e os investidores, mas também mais estaremos focado na gestão de equipa técnica. À escolha estão 36 equipas da NBA inteiramente licenciadas e sujeitas às restritas regras da competição, como infame Draft. Se o processo de criação de equipas, logótipos ou equipamentos não for do vosso agrado, podem sempre escolher uma de milhares de personalizações partilhadas pelas comunidade online.

Regressa o modo MyTeam, que permite criar a nossa própria equipa inteiramente personalizada e que mantém a sua jogabilidade baseada em gestão de cartas de jogo. Há ainda alguns modos de jogos instantâneos online para levar essas equipas ou uma das oficiais em jogo em exibição ou em torneios pontuais. Contudo, é óbvio que o modo mais apetecível neste tipo de jogos é o de carreira a médio/longo prazo. Talvez fosse interessante termos um outro modo online com uma liga realista ou fictícia, mas o fantástico modo MyCareer preenche as medidas da vasta maioria dos adeptos e fãs da série.

Não há melhor forma de experimentar a realidade da NBA que neste My Career. Tal como temos o lendário modo de carreira “Be a Pro” nos jogos FIFA, este é o tipo de jogo que permite ao jogador criar o seu atleta para evoluir numa só posição de jogo. Por intermédio de cenas intermédias, vamos sendo levados pelo que é uma carreira na NBA, começando em ligas e clubes mais pequenos e evoluindo até tornar-nos num MVP. Tudo isto enquanto levamos uma vida normal de jovem adulto, com os típicos problemas e desafios pessoais, passando por acções de promoção e lendo redes sociais fictícias para tomar o pulso da nossa popularidade. Este é um modo mais pessoal, longe da ribalta dos grandes nomes, personalizando uma carreira evolutiva só para nós.

Já sabem que tanto as regras como a espectacularidade do Basquetebol Americano são algo diferentes que as do resto do mundo. Os passes artísticos, os dribles impossíveis, os afundanços para a fotografia ou as jogadas de trocar as voltas criam lendas deste desporto que estão entre os desportistas mais bem pagos do mundo. Por isso, não basta replicar as leis em jogo, com físicas credíveis e jogabilidade fluida. É preciso também recriar toda a atmosfera em volta dos jogos da liga, assim como todo o “circo” montado em volta de equipas e jogadores. Acima de tudo, é preciso demonstrar como só mesmo os melhores atletas chegam ao estrelato, mesmo os mais improváveis, como a nossa humilde personagem.

Contudo, este modo de carreira altera um pouco a jogabilidade. Controlar um só jogador num campo de Basquete é um desafio bem maior do que se pensa. Se, com uma equipa inteira, passamos constantemente a bola até ao momento perfeito para pontuar, controlando só um jogador temos de decidir passes com maior precisão para combinar jogadas com a equipa artificial. Somos um peão num tabuleiro ao invés do conjunto todo. Mais que driblar ou encestar o tempo todo, o jogador precisa trabalhar em equipa para não ser preterido. Vemos isso tudo quando controlamos todos os jogadores, mas neste modo esta dinâmica é muito mais evidente. E nem todos são um Michael Jordan e driblar que nem perdidos para um afundanço monumental só está ao alcance de poucos indivíduos.

Mas não se deixem intimidar pela dificuldade, sobretudo se só chegam agora à serie. Para chegar a um nível elevado de competitivade, contamos, não só com a experiência ganha a cada jogo em campo, como podemos participar numa série de treinos com alguns mini-jogos. São desafiantes quanto bastem e permitem focar em determinados atributos, como os lances longos, passes, embate directo com outro adversário, entre outros. Além de divertidos, são também importantes para melhorar todos os aspectos necessários que usamos em campo. E caso precisem de praticar mais, deem um salto ao modo 2KU para participarem em alguns pequenos exercícios e modos especiais que agem como tutoriais para ensinar cada movimento e truque disponível. Qualquer dia, estão um autêntico Kobe Bryant.

Antes de terminar, tenho de mencionar que este jogo na versão analisada (PlayStation 4) sofreu com alguns erros nos primeiros dias de teste. Não só aconteceram diversas falhas pontuais de animações, como texturas e modelos desapareciam e até tivemos algumas falhas nas mecânicas de jogo e de pontuação. Felizmente, a 2K lançou nestes dias uma actualização pertinente que evitou que estes pontos manchassem esta análise. Mesmo assim, tenho de destacar que ainda é possível ter erros de carregamento (ecrãs negros) e outras questões técnicas, embora muito menos frequentes.

Veredicto

Mesmo quem não é fã de NBA não fica indiferente a NBA 2K17. Nota-se que a equipa da produtora Visual Concepts é composta por amantes deste desporto. Cada pormenor da sua qualidade visual transporta-nos para dentro de campo nesta competição mítica. Não só pela sua fantástica e fluida jogabilidade mas também pela fidelidade visual, com alguns momentos a darem a sensação que estamos a ver uma autêntica transmissão em directo num qualquer canal televisivo norte-americano. É absolutamente obrigatório para todos os fãs do Alley-oop.