Análise: Never Alone
Também conhecido por Kisima Inŋitchuŋa, Never Alone foi produzido pela Upper One Games em conjunto com o Concelho Tribal de Cook Inlet. Em conversas com a E-Line Media, experiente em jogos didácticos surgiu a ideia de criar Never Alone como parte de uma série que “partilha, celebra e divulga” cultura. O resultado é uma experiência tão reveladora como emocionante e que não pode passar ao lado de quem gosta de um bom título de puzzles e plataformas, complementado por uma boa narrativa. Só que não chega também sem a sua quota parte de problemas. Vamos então analisar Never Alone.
Disponível desde o dia 18 de Novembro deste ano para PC, PS4 e Xbox One, só agora lhe pude dedicar a atenção devida. E ainda bem que esperei, pois neste título encontrei uma experiência arrebatadora. E convém fazer uma distinção, pelo menos neste caso, entre Never Alone enquanto experiência e Never Alone enquanto jogo. Claro que lhe faço a devida análise com tudo a que tem direito, mas quero que fique bem claro que mais do que frame rates, bugs, glitches, 1080p, este título oferece toda uma experiência que é impossível pontuar.
Ao falar com o meu amigo Miquel Guerra sobre Never Alone, concluímos que este título pode, muito bem, ser considerado como uma recolha etnográfica. Ou não contasse com cerca de 40 anciãos, contadores de histórias e simples membros da comunidade nativa (os Iñupiat) do Alaska, o que vamos encontrar em Never Alone é uma simples e nova forma de espalhar e eternizar a cultura de um povo.
Não querendo estragar muito da surpresa, a história que vamos acompanhar é a de uma menina chamada Nuna. Acompanhada por uma jovem raposa do Árctico, o seu objectivo é encontrar a origem da incansável tempestade de neve que ameaça a sobrevivência de tudo o que conhece. Ao longo da nossa aventura, vamos encontrar alguns coleccionáveis: uns fáceis de apanhar, mas outros vão talvez obrigar-nos a puxar um pouco (mas nunca muito) pela cabeça se os quisermos alcançar. Acreditem que vale bem a pena coleccionar todos eles. Ao todo são 24 coleccionáveis, ou seja 24 vídeos. Neles vamos a ficar a conhecer mais sobre os mitos e lendas, a sua forma de vida e de pensar, enfim… Uma colecção de aspectos culturais que não vão deixar ninguém indiferente e que sem dúvida nos vão fazer também parar e reflectir sobre eles (ou sobre nós). Com a capacidade de transformar este título num documentário, depois do primeiro, foi com imenso prazer que encontrei todos os outros coleccionáveis.
Na nossa viagem com Nuna, vamos ter de enfrentar todos os perigos que oferece o ambiente tão hostil que é o árctico. Além da incessante tempestade de neve e dos fortes ventos que traz vamos ter de sobreviver à vida selvagem, a outros povos, trepar e passar por baixo de estruturas e ver lendas tornarem-se realidade. No entanto, há outros perigos que surgem em Never Alone e, apesar da experiência falar tão mais alto neste título, como analista não posso deixar de os mencionar. Temos quebras de frames (várias), bugs e ocasionais falhas em termos de resposta aos nossos comandos que muitas vezes vão contribuir para a nossa morte. Num jogo de plataformas, o sentido de timing é crucial. Se o jogo já por si oferece dificuldade, quando certos aspectos deixam de depender de nós, a coisa complica-se ainda mais e pode tornar-se (e tornou) inevitavelmente (muito) frustrante.
Mas alegrem-se pois, apesar de tudo, nós nunca vamos estar sozinhos. Ao lado desta valente menina, encontramos uma igualmente valente raposa. Sempre que desejarmos, podemos alternar entre as duas, aliás em certas situações será quase uma obrigatoriedade se quisermos ser bem sucedidos. Por isso, habituem-se à jogabilidade das duas personagens. Os puzzles, como já é habitual em jogos deste género, complicam-se à medida que vamos avançando. Jogar com as duas personagens é sem dúvida interessante e gratificante a maior parte das vezes, mas nomeadamente em alturas de maior tensão, há alturas em que é complicado gerir com sucesso o controlo das duas personagens. Para isso, há algo que pode ajudar e que é a oportunidade de poderem jogar com um amigo. Um jogador controla a Nuna e outro a Raposa. De facto se tiverem oportunidade para fazê-lo acreditem que muitos dos problemas deixam de vos arreliar.
Visualmente, todo o aspecto artístico deste título está muito bem conseguido. Apesar de se passar no Árctico, nem sempre é o branco a paisagem dominante e a história vai levar-nos a locais incríveis e até mesmo surpreendentes. Durante as 4 horas que tem para oferecer é fantástico atravessar e resolver todos eles com Nuna e a sua companheira, sempre acompanhados por uma boa banda sonora e uma narração sublime que torna a história tão mais envolvente.
Veredicto
Se são fãs de jogos de puzzles e plataformas Never Alone é sem dúvida um título que devem experimentar. Se a isso juntarem o gosto por uma boa narrativa e uma viagem tão culturalmente enriquecedora, preparem-se para uma experiência arrebatadora. Pode também ser jogado a dois e se o puderem fazer é altamente recomendado. No entanto há que reforçar o alerta para os problemas mencionados nesta análise e que fazem com que este título seja recomendado sobretudo para os jogadores mais pacientes, pois será complicado agradar aos jogadores mais hardcore deste género.
- ProdutoraUpper One Games, E-Line Media
- EditoraE-Line Media
- Lançamento18 de Novembro 2014
- PlataformasPC, PS4, Xbox One
- GéneroPlataformas, Puzzle
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Coleccionáveis bem ao estilo de documentário
- Óptima história e óptima narração
- Como se de uma recolha etnográfica se tratasse
- Bugs, Glitches e várias quebras de frames
- Ocasionais falhas de resposta às acções que tentamos executar
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.