Ni No Kuni: Wrath of the White Witch
Chegas à tua loja habitual de videojogos, olhas para a montra, e vês em conjunto os nomes do Estúdio Ghibli (Princess Mononoke, Spirited Away, e How’ls Moving Castle) e da Level 5 (White Knight Chronicles e Dragon Quest). Deixas escapar esta oportunidade de te oferecer um mimo? Acho que não. Foi isso que pensei quando vi o Ni No Kuni: Wrath of the White Witch. Será que as minhas expectativas se cumpriram?
De volta à velha escola?
Quando comprei a PS3, há três ou quatro anos atrás, pensei “Vamos lá voltar à era da velhinha Super Nintendo e experimentar uns bons RPGs japoneses.” Para alguém que ainda mantém o Chrono Trigger e o Final Fantasy VI como as suas duas maiores referências no género, levei um valente balde de água fria com esta geração de consolas. Desapareceram as bandas sonoras que te ficavam no ouvido, os viciantes sistemas de batalha, as histórias épicas e as personagens que te deixavam saudades. Só o que ficou foram as irritantes e chatas dobragens em inglês (Sim, estou a pensar no Final Fantasy XIII!).
Tudo mudou assim que coloquei as mãos no Ni No Kuni e a história começou (e vou tentar não fazer grande spoiler). Oliver, a personagem principal, vive um drama familiar e tu sentes pena do rapaz logo desde o início, só para depois ganhares a motivação certa para colocar tudo nos eixos. Com ele e com o seu companheiro, o Mr. Drippy, embarcas numa aventura entre dois mundos enquanto Oliver se assume como um feiticeiro.
Oliver é reconhecido desde o início como o Pure Hearted One (numa tradução livre: Aquele do Coração Puro) que pode salvar o outro mundo do seu nemesis, a incarnação do mal, Shadar. E embora, a início, Oliver pareça um chorão, rapidamente mostra que consegue dar conta do recado. O seu livro Wizard’s Companion surge como uma forma original de te mostrar o manual do jogo, dentro do jogo, com mapas, histórias, e a lista dos familiars (ou familiares) e feitiços.
Durante a sua aventura, Oliver conhece inúmeras personagens que encaixariam perfeitamente no elenco de qualquer filme do Estúdio Ghibli. Para além disso, a personagem principal aprende através da sua party a lidar com os familiars (ou familiares que mais não são do que animais que podes apanhar na natureza). Assim sendo, Oliver parte numa demanda retirada de qualquer episódio do Pokémon para os apanhar todos e embora nunca o vejas a atirar uma pokéball, parece sempre que devia. Contudo, é uma boa adição ao jogo que lhe traz mais profundidade e diversão.
O ritmo acelerado do sistema de batalha, uma versão refinada da série ‘Tales of’, é bastante bom e a SquareEnix poderia retirar daqui muita inspiração para os seus próximos jogos. Infelizmente, a inteligência artificial dos membros da tua party não convive com a qualidade do resto do jogo e só lhes consegues atribuir comandos como ‘façam tudo’ ou ‘não façam nada’. Nas batalhas mais complicadas pode não ser suficiente mas existem algumas formas de contornar este problema, passando muitas vezes por um exagerado trabalho de polegares.
Por outro lado, o mapa mundo é simplesmente fantástico e as quests alternativas oferecem conteúdo extra que complementa a história principal. E embora Ni No Kuni: Wrath of the White Witch não tenha ‘New Game +’, como por vezes é habitual no género, tens uma série de missões e torneios para desfrutar a seguir a acabar o jogo.
Da mesma forma, a dobragem em inglês está muito bem feita (podes optar por vozes em inglês ou japonês), com múltiplos sotaques que trazem a sensação de um mundo vivo ou que efectivamente estás dentro de um filme do Estúdio Ghibli (que já nos habituou a trazer grandes actores para as dobragens em inglês, como é exemplo o trabalho de Christian Bale em Howl’s Moving Castle). E deixem-me adiantar-vos: a voz do “mau da fita”, Shadar, é de arrepiar! Fez-me lembrar a voz do Arthas em World of Warcraft: Wrath of the Lich King.
A banda sonora, criada pelo GRANDE Joe Hisaishi e tocada pela Orquestra Filarmónica de Tokyo, fez-me voltar a 1995 e a 2000, com o Chrono Trigger e o Chrono Cross respectivamente, enquanto assobiava as melodias. Algo que tive de deixar de fazer depois de olhar para a cara que a minha mulher me fazia. O tema de batalha é, no entanto, infeliz. Começa abruptamente e ficando melhor só para o fim, algo que resulta melhor em batalhas mais longas. No entando, não é isso que acontece na maioria do jogo predominando as batalhas curtas e repetitivas.
A nível visual, Ni No Kuni é deslumbrante, com a mão do Estúdio Ghibli impressa por todo o lado. Por vezes tens mesmo de te relembrar que estás a jogar um jogo e não podes perder tanto tempo “embasbacado” com a paisagem correndo o sério risco de morrer atacado por um qualquer tipo de monstro.
Veredicto
Ni No Kuni: Wrath of the White Witch está repleto daquela sensação nostálgica que todos os fãs dos RPG’s japoneses mereciam já há alguns anos. Se gostas do género e de todos os clichés que o acompanham faz um favor a ti próprio e não percas este jogo. Ni No Kuni não é perfeito mas mostra o futuro do género ou, pelo menos, o lugar de onde nunca deveria ter saído.
- ProdutoraLevel 5, Studio Ghibli
- EditoraNamco Bandai Europe
- Lançamento1 de Fevereiro 2013
- PlataformasPS3
- GéneroRole Playing Game
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Dobragem em inglês
- Parceria Studio Ghibli e Level 5
- A banda sonora de Joe Hisaishi
- Voltar às raízes dos JRPG's
- Mapa Mundo
- Tema de batalha
- A inteligência artificial dos membros da tua party
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.