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Análise – Persona 5 Strikers

Esta aventura, assinada pela produtora Omega Force e pelo P-Studio, apresenta-se num nível narrativo do que podemos chamar de um… Persona 5.2, sendo uma sequela directa de Persona 5.
Contudo, esta aventura do grupo Phantom Thieves é uma mudança de género radical, só não sabemos se é capaz de seguir o legado de seu ilustre antecessor.

Não querendo adiantar demasiado, a história é auto-conclusiva e não precisam sequer de ter jogado Persona 5 para poder apreciá-la. Basta terem um conhecimento básico das personagens, algo que até podem obter através da adaptação para animação (anime). Obviamente, o jogo será inevitavelmente mais divertido para aqueles que completaram o capítulo anterior, até porque a história concentra-se fortemente no elemento da nostalgia. Curiosamente, esta nova aventura opta por ignorar os eventos de Persona 5 Royal, compreensível se muitos jogadores conhecem apenas o original Persona 5. Mesmo com esta acessibilidade, penso que faria mais sentido, pelo menos, um resumo dos eventos adicionados pela reedição Royal. Quanto mais não seja para não o ignorar completamente.

Comecemos então por essa narrativa. Nesta nova aventura, tal como já foi adiantado, Persona 5 Strikers é apresentado como uma sequela imediata de Persona 5, com os eventos do jogo a terem lugar quatro meses após os créditos do capítulo anterior. Joker, o protagonista não identificado de P5, juntamente com Morgana, voltam a Tóquio para se reunirem com seu grupo de amigos. A intenção é passar as férias de Verão juntos. Após um encontro surpresa no Café Leblanc, o refúgio histórico do grupo, os amigos decidem ir todos juntos para um acampamento, de forma a comemorar o seu reencontro.

Infelizmente, como já devem estar a prever, as coisas não correm como o esperado. Enquanto Joker, Ryuji e Morgana se encontram em Shibuya em busca do equipamento de acampamento necessário, encontram a famosa Alice Hiragi, que deixa um cartão de convite para um evento especial. Este convite é, na verdade, um código para ser inserido numa aplicação conhecida por EMMA. Os três seguem as instruções de Alice mas, ao fazer isso,  são catapultados para uma versão alternativa de Tóquio, extremamente semelhante ao já conhecido metaverse.

No entanto, este não é bem o universo alternativo que o grupo já conhece. Não se trata de um Palácio como em P5 mas, sim, de uma Cadeia onde Alice é uma governante cruel. Neste lugar, esta nova antagonista mantém todos sob controlo e faz com que os alter-egos “reais” se comportem de maneira estranha na verdadeira cidade de Tóquio. Os Phantom Thieves são então forçados a voltar à acção e logo entenderão que Alice é apenas a primeira peça de um quebra-cabeças muito maior, que não iremos divulgar aqui para não vos estragar a surpresa.

Devo dizer é que gostei muito da história de Persona 5 Strikers, apesar de não chegar ao mesmo nível de qualidade do seu capítulo anterior. É uma narrativa de boa qualidade para o enredo que se desenvolve e para a própria evolução das personagens. Nesse sentido, tanto Sophie como Zenkichi tornam-se duas adições interessantes para o elenco. Zenkichi, em particular, oferece uma perspectiva sem precedentes, já que ele é o primeiro adulto a ajudar activamente o grupo na sua aventura. É com um amadurecimento deste grupo de adolescentes.

Obviamente, o aspecto mais curioso deste Persona é a sua jogabilidade. Abandona a estrutura clássica de JRPG do capítulo principal, levando-nos para uma jogabilidade muito mais próxima do que conhecemos da franquia Dynasty Warriors. Como herança, mantém as duas fases de jogo distintas, com as secções do mundo real e, na outra fase, a exploração do universos alternativo das prisões. Enquanto estamos no mundo real, o jogo permanece quase idêntico ao antecessor. Podemos explorar Tóquio, interagir com as personagens e visitar lojas, mas de forma linear. As actividades secundárias que dão a esta série aquele toque de “life simulator”, aliás, foram completamente eliminadas aqui, reduzindo as secções a curtos interlúdios entre as variadas masmorras.

A longo prazo, perde-se muita da estrutura “clássica” de Persona. Não há enganos aqui, este é um jogo diferente e certamente não esperávamos o mesmo nível de profundidade RPG. No entanto, teríamos preferido uma gama mais ampla de opções de actividades para essas fases. O desaparecimento das actividades secundárias também significa que o calendário, embora presente, não flui mais com o que fazemos durante o dia, apenas está lá como base nos acontecimentos da trama. Isso, de facto, torna as explorações nas masmorras mais fáceis de gerir, pois podemos entrar e sair quando quisermos sem medo da passagem do tempo no mundo real.

O núcleo do jogo é, portanto, a exploração das masmorras, as chamadas tais prisões. Estes novos labirintos desdobram-se em diferentes locais, nos quais teremos de realizar determinadas acções para continuar a história. Durante novas invasões, também poderemos seguir caminhos opcionais para recuperar tesouros escondidos ou completar missões secundárias para receber recompensas maiores.

A verdadeira diferença entre o jogo anterior é quando se começa um confronto. Em vez de termos um típico combate por turnos, estaremos perante inimigos em tempo real, com as características clássicas de um “musou”. Teremos dois ataques principais: normal e pesado, ambos úteis para exterminar os inimigos, principalmente os mais fracos. No entanto, também teremos dois outros tipos de movimentos do nosso lado: usar armas de fogo e, claro, Personas.

Em ambos os casos, o jogo abranda, permitindo-nos reflectir e decidir com calma qual o inimigo devemos acertar e como. Pode parecer pouco mas esses abrandamentos quebram agradavelmente o ritmo acelerado das luta, adicionando uma boa componente adicional de estratégia. Como os inimigos mantêm o sistema de resistências e fraquezas visto em P5, torna-se essencial gerir o que se passa a seguir.

Talvez o aspecto mais temido nesta aventura fosse a possível monotonia, algo que sinto constantemente na série Dynasty Warriors. Para combater este sério problema, temos um sistema de novos níveis e habilidades para as Personas, além do sistema de fusão, um grande clássico da série. Contudo, a longo prazo, é normal sentir alguma repetitividade subjacente, por mais que o jogo tente evitá-la. Isto, mesmo sendo um título mais curto que o original, rondando as 40 horas de jogo, um número respeitável se consideramos a mudança de género.

Chegamos assim ao sector técnico, como devem calcular, todo o jogo herda o estilo, design e carisma do título original. Dos menus ao HUD, dos diálogos aos vídeos, tudo é uma reminiscência do original. Isso apenas corrobora a sensação de estarmos diante de uma sequela directa de P5, como se estivéssemos a retomar o jogo de onde deixamos alguns anos atrás.

E nota-se que este motor-gráfico já cá anda há alguns anos. Tecnicamente o jogo é bastante fluido, sem grandes problemas ou qualquer perda de FPS, mesmo nas situações mais agitadas. O sector de áudio também é excelente, consistindo tanto em remixes da banda sonora original, como em novas músicas que encaixam muito bem no seu estilo.

Veredicto

Persona 5 Strikers arriscou mudar o seu género para se focar mais na acção e menos no elemento RPG. Traz consigo elementos clássicos da série e apresentação com uma história envolvente o suficiente para manter o interesse durante toda a aventura. É um título que recomendamos a todos os fãs de Persona, mesmo aqueles que olhavam para o novo género com desconfiança. Pode ser algo repetitivo, como é o outro jogo que empresta a jogabilidade, Dynasty Warriors. Ainda assim, dá agora um passo noutra direcção, talvez um mais “directo ao assunto” para ser finalmente reconhecido e apreciado pelo público ocidental. Afinal, o combate por turnos já teve o seu tempo.

  • ProdutoraOmega Force/P-Studio
  • EditoraKoei Tecmo
  • Lançamento23 de Fevereiro 2021
  • PlataformasPC, PS4, Switch
  • GéneroAcção
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Necessário ter um conhecimento básico das personagens
  • Algo repetitivo na sua acção
  • Persona 5 Royal ignorado

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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