Análise: PES 2017
Já foi dado o apito inicial, embora só uma equipa já tenha entrado em campo. PES 2017 é o primeiro a pisar o relvado este ano e traz consigo grandes apostas no ataque e na defesa. Vejamos como será este campeonato, porque parece que o simulador da Konami está melhor que nunca.
Todos os anos trava-se uma batalha intensa entre dois jogos rivais sazonais. Aquela que é travada entre estes simuladores de futebol, porém, nem sequer chega a ser verdadeiramente técnica. Sim, é importante que cada jogo inove a cada versão anual e aí não nos podemos queixar. PES, como o seu rival, está constantemente a aprimorar a jogabilidade, características e oferta, tendo dado no ano passado um importante passo na direcção certa. No entanto, a verdadeira batalha está nas licenças de Ligas, jogadores, estádios e competições. Todos os anos ficamos desapontados por ver equipas ou ligas inteiras incompletas ou inexistentes, resultado de contratos milionários que restringem o uso dos mesmos recursos no outro lado. PES 2017 continua a ser uma vítima maior destas restrições, com ligas incompletas, clubes com nomes fictícios e outras limitações.
Contudo, graças à sua gigante capacidade de personalização, podemos sempre meter mãos à obra e fazer nós próprios as nossas ligas favoritas, ou criar uma competição de sonho. Nomes, emblemas, jogadores, equipamentos, tudo é personalizável (embora limitado na Xbox One que, por qualquer razão não permite importar emblemas ou equipamentos). Por outro lado, nota-se que PES está lentamente a recuperar terreno, com contratos celebrados com Barcelona, Liverpool, Borussia de Dortmund e outros clubes grandes do futebol, além das já obtidas licenças de competições como a Liga Italiana, a Brasileirão e das Ligas máximas clubes da UEFA (sem esquecer a licença oficial do Euro 2016). Apesar de tudo, este ano há menos clubes licenciados. Com a evolução da qualidade de PES, porém, o outro lado que se cuide. Qualquer dia as licenças deixam de fazer sentido.
Ironicamente, onde se notam mais as ausências de licenciamento talvez seja mesmo nas já mencionadas competições oficiais da UEFA e AFC. A Liga dos Campeões e Liga Europa, apesar de licenciadas com logótipos e até com grafismo dos oráculos em jeito de transmissão televisiva, apenas tem algumas equipas devidamente reproduzidas. Portugal, por exemplo, conta com apenas duas equipas licenciadas, Sport Lisboa e Benfica e Sporting de Lisboa. Este ano, nem sequer o Futebol Clube do Porto chegou a ser licenciado. Toda a liga Portuguesa está com equipas fictícias, embora a maioria dos jogadores esteja com os seus nomes e algumas feições reproduzidas.
Mas é em campo que se medem as verdadeiras forças e aqui PES 2017 está cheio de vontade de marcar um golo bem cedo no jogo. O título do ano passado foi a verdadeira revolução nos controlos e na jogabilidade. PES 2016 alterou a interacção com os jogadores, a recepção e controlo de bola, entre outras quantas funcionalidades que o aproximaram mais da concorrência, em detrimento do seu anterior estilo de arcada (que afastou imensos fãs ao longo do tempo). Desde o ano passado que PES passou a estar mais virado para a simulação, interessado no realismo, fruto também do aprimoramento técnico do mítico Fox Engine da Konami, que continua a fazer maravilhas ao nível visual.
Esta série nunca foi tanto de fintas ou de sprints, mas sim de passes próximos e dribles. Além de duas novas funcionalidades que já irei falar, nota-se que o dito drible foi refinado, notando-se maior capacidade de manter a bola em jogadores de maior classe, sobretudo em velocidade. Mesmo assim é ainda possível bloquear demais a bola e continuamos a ver demasiados ressaltos nas intercepções. Também os remates e os lances de golo parecem ter sido trabalhados, havendo menos oportunidades flagrantes de golo e melhor cobertura à zona dos adversários, resultando em golos mais difíceis de obter. Ou seja, driblar adversários desde o meio campo, chegar ao canto da grande área e meter uma bola em jeito no canto do outro lado, uma velha táctica do PES que dava quase sempre golo, deixou de ser tão viável.
Mas há mais refinamentos. O título deste ano veio acrescentar mais umas mecânicas ao que já existia em termos de jogabilidade. Os guarda-redes estão muito mais eficazes, por exemplo, saindo de forma mais eficaz dos postes e recuperando mais facilmente de defesas complicadas. Mas há duas novidades importantes na forma de jogar PES. Temos a nova mecânica “Real Touch” que aprimora a recepção e controlo da bola de acordo com as estatísticas do jogador ou das circunstâncias de jogo. Um jogador apertado pelo adversário não vai conseguir driblar tão bem, assim com um outro de estatísticas baixas vai ter mais dificuldade a receber a bola. Usando o botão de controlo especial, podemos proteger melhor a bola ou ganhar espaços, mas é óbvio que um Lionel Messi fará tudo isto com muito mais naturalidade.
Já “Precise Pass” permite carregar num outro botão e activar uma seta para movermos com o analógico e efectuar um passe preciso para um jogador ou para uma área de desmarcação. Apesar dos passes directos ou em profundidade funcionarem de forma competente, esta nova mecânica permite precisão extrema ao colocar a bola exactamente onde queremos. E isto é muito interessante para evitar que o adversário “adivinhe” deslocações ou intercepte passes. Uma vez mais, a perícia individual do jogador é muito importante e pode significar um passe simples, um passe artístico de calcanhar ou um passe inusitado para o adversário. E tenham cuidado com a barra de força neste tipo de passe manual ou, tal como no remate, poderão fazer passes cruzados para o éter com muita facilidade.
No que toca à oferta de modos de jogo, não esperem grandes novidades. Além dos jogos de exibição e das já mencionadas ligas licenciadas, continuamos a ter a fantástica Master League, possivelmente (ainda) a melhor campanha de carreira em jogos de futebol, em conjunto com o modo online myClub que adiciona a gestão de um inteiro clube de futebol. Ambos não sofrem quaisquer alterações assinaláveis às suas mecânicas e, se já conhecem os títulos anteriores, já devem conhecer todas as funcionalidades genéricas. Em myClub foram apenas adicionados olheiros para pesquisarem jogadores para o nosso clube, além de poderem sondar equipas adversárias antes de embates próximos, estudando o estilo de jogo e outros pormenores. De resto, tudo igual.
No que toca à Master League, também não há nada de substancialmente novo. Há apenas uns ligeiros refinamentos de contratações, com especial destaque à possibilidade de contratar jogadores emprestados, algo que estranhamente ainda não era possível antes desta edição. Também gostei que o orçamento financeiro agora separe os custos de contratações com os de ordenados dos jogadores, permitindo alguma flexibilidade contratual. Além disso, mais do mesmo, o que não é, para mim, um factor negativo. Afinal, a velha máxima do futebol também se aplica aqui: “Equipa que ganha, não se mexe!”. E é mesmo aqui que devem passar mais tempo a jogar se querem saber porque há tantos fãs incondicionais de PES.
No que toca à qualidade gráfica, depois de se deslumbrarem com a cena introdutória que apresenta os jogadores do FC Barcelona com as suas feições replicadas até um nível quase demente, num Campo Nou cheio de entusiastas e repleto de muitas animações realistas em campo, irão notar que essa qualidade não é apenas para “a fotografia”. Temos aqui um título polido, embora semelhante ao jogo do ano passado. De facto, tirando alguns pequenos pormenores, o grafismo de PES 2017 é uma continuação da qualidade apreciada em PES 2016. Como actualmente ainda não tem concorrência, é difícil avaliar se é superior ou não aos demais. Pessoalmente, acho este PES um dos mais realistas em termos de animações de jogadores, árbitros e demais intervenientes. Desde o suor nas testas, as marcas de toques no equipamento ou as celebrações de golo, tudo fica complementado com as já mencionadas feições realistas de uma vasta quantidade de jogadores nas equipas licenciadas.
Infelizmente, nem tudo é perfeito nesta envolvência realista. Os comentários ao vivo continuam repetitivos e inevitavelmente sintéticos. Ao nível de animações, em alguns momentos reparei que há jogadores da IA com demasiadas animações de movimentos cortadas e outros pequenos pormenores técnicos que me fizeram recordar que não estava a ver uma transmissão em directo na televisão. Também notei que, por vezes, os defesas não se fazem à bola e chegam a ficar especados no relvado “à espera” dos adversários, por mais que carregue no botão para o jogador se aproximar e intervir. Certamente que haverá uma actualização para breve para corrigir estes e outros pequenos erros mas, de certa forma, desapontam um pouco.
Veredicto
A cada novo título, Pro Evolution Soccer é, de facto, uma evolução para melhor. Não podemos, de todo, afirmar que PES 2017 é perfeito, mas está quase lá. É um deslumbre visual, com uma jogabilidade cada vez mais virada para o controlo total da bola. O seu lema este ano é “Controla a Realidade” e esse realismo é o novo foco de uma série até agora virada mais para o estilo arcada. Melhor de tudo, dá o poder ao jogador de criar a sua carreira com modos de jogo imbatíveis e muita personalização. Infelizmente, onde mais perde é na ausência de licenças, com Ligas, equipas e jogadores fictícios. E todos sabemos que os amantes deste tipo de jogos gostam de jogar com as suas equipas preferidas e nas Ligas mais famosas. E aí, tão depressa, PES não conseguira vencer a concorrência. Mas no dia que o conseguir, estou certo que teremos um novo campeão.
- ProdutoraPES Productions
- EditoraKonami
- Lançamento15 de Setembro 2016
- PlataformasPC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One
- GéneroDesporto
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Visualmente fantástico
- Master League e myClub
- Nível de personalização
- Falta de licenças
- Algumas animações
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.