PES2019 (5)

Análise – PES 2019

O dérbi já está a dar na televisão. Pro Evolution Soccer 2019 é o primeiro a entrar em campo e já começou a rematar para a baliza. Infelizmente, ainda não é um embate directo. E convenhamos que a equipa titular não apresenta muitos reforços nesta época.

A frase acima parece antever um mau resultado no placard. Contudo, num jogo com 90 minutos a bola é redonda… Ok, já chega de analogias futebolísticas. PES 2019 chega cerca de um mês mais cedo que o rival, cheio de bons argumentos para estar na luta. A maior das novidades, pelo menos para nós, é a presença da Liga NOS, a primeira Liga do campeonato de futebol Português, com todas as equipas reproduzidas. Contudo, diversas outras ligas estrangeiras foram adicionadas, num aumento substancial de conteúdo. Também ao nível da simulação propriamente dita, PES está melhor que nunca. A aposta da Konami é realmente forte neste novo capítulo de um género tão exigente. Mas, convenhamos que PES 2019 tem um mundo inteiro para convencer perante uma concorrência tão forte.

Bem a tempo do arranque do nosso campeonato, é inevitável que tenhamos de começar exactamente por aí. Se nos anos anteriores, a ausência da nossa Liga me fazia sempre optar pelo modo da Liga dos Campeões, este ano o meu rumo é outro. Até porque essa competição de luxo (e a Liga Europa) passou para o lado do rival. Curiosamente, apesar dos equipamentos e símbolos dos clubes estarem todos actualizados nesta Liga NOS, tive de jogar com os plantéis de cada equipa conforme figuraram no ano passado, inclusive nas suas estatísticas. Isto porque, até à data desta análise, os servidores da Konami estiveram em baixo e não me foi possível actualizar estes plantéis. Felizmente, a partir do dia do lançamento ficaram disponíveis.

Mesmo assim, a dedicação da recriação do nosso campeonato é assinalável. Não só os logótipos e grafismo da Liga NOS estão todos presentes, como os equipamentos e patrocínios estão perfeitamente detalhados. Sim, mesmo todos, até mesmo os clubes menos conhecidos (ao contrário de FIFA). Infelizmente, além do Estádio do Sporting de Lisboa, os recintos oficiais não estão devidamente licenciados. Mesmo assim, a Konami teve o interesse de escolher estádios genéricos credíveis para cada clube nacional. Como não tenho conhecimento de causa para especular sobre o motivo dos estádios não serem replicados, assumo que seja uma questão de licenças ou algo semelhante.

É que basta irmos a Camp Nou ou à Veltins Arena e conseguimos concluir que o interesse no detalhe não é um problema para a produção. De facto, com os ambientes de cada estádio, licenciado ou não, aliados ao detalhe do público, assistentes e objectos, fantásticos efeitos visuais e sonoros, quase que PES nos coloca na bancada. Por isso, acho uma perda assinalável não termos o Estádio da Luz ou das Antas, por exemplo. Até mesmo o Estádio Nacional (onde joga o Belenenses e onde se realizam as finais da Taça de Portugal) seria uma adição muito importante no nosso campeonato. E o empenho em outras Ligas e outras equipas é francamente diferente do que se passa na nossa. Mas, é um primeiro passo muito bem vindo termos a Liga NOS em PES. Talvez num próximo ano as coisas subam de tom.

E além fronteiras, continuo desapontado com esta guerra de direitos e licenças com equipas das principais Ligas internacionais. Não ter a Liga Inglesa ou Espanhola completas, com apenas um punhado de equipas licenciadas e depois uma panóplia de clubes fictícios, continua a ser um duro golpe. É possível adicionar ficheiros personalizados (excepto na Xbox One, por qualquer motivo) para actualizar plantéis de forma não oficial, o que minimiza um pouco esta questão. Mas, tal como no caso dos jogos exclusivos de plataformas, as restrições de licenças não beneficiam os jogadores que procuram a melhor experiência de todas. É uma guerra antiga, travada afincadamente pela Konami que todos os anos se esforça para ampliar a oferta.

Mas, é com bola no pé que queremos avaliar este título. Pro Evolution Soccer sempre foi sinónimo de rapidez e finta. Desde há alguns anos para cá que a táctica se assume cada vez mais importante em cada jogo, tornando-se em PES 2019 absolutamente essencial. Mas o “jogo bonito” no controlo de bola, os ressaltos nem sempre justos e as habilidades de “partir cinturas” ainda lá estão, intactas como se querem. Este ano não temos muitas novidades de assinalar, mas sim um refinamento muito cuidado das principais características de jogo. O que para muitos dos fãs, é só mesmo isso que é preciso. Contudo, recordamos, dentro de um mês FIFA chega e é preciso mais truques na manga.

Para mim, o que mais me “agarrou” na antevisão e depois na demonstração de PES 2019, foram os pequenos pormenores da simulação. O primeiro toque numa recepção, a circulação de bola, as desmarcações e os deslizes fortuitos, o toques para falta, as subtilezas das fintas e mesmo os tais ressaltos que nem sempre nos favorecem, são qualquer coisa de fenomenal. Diria mesmo que é das melhores simulações do chamado “futebol espectáculo” que vão encontrar num videojogo. A imprevisibilidade de uma partida entre duas grandes equipas pode criar desníveis num lance único, com uma finta deslumbrante de um dos craques ou uma bola perdida na zona errada. E não é assim no futebol?

Numa primeira abordagem, porém, estes pormenores da jogabilidade não saltarão muito à vista. Para mim, que jogo PES há uns anos, tornam-se como que um “amadurecer de um bom vinho”. Para quem chega agora, pode parecer que os lances estão fora de controlo ou demasiado aleatórios. A questão é que, sem desprimor para o que os outros jogos conquistaram, estamos numa era facilitada de animações mecânicas e das bolas “coladas” ao pé. Inova-se em muitos campos para tornar os jogos acessíveis para todos, lineares quanto baste mas esquece-se da imprevisibilidade que uma partida pode ter. Será que um Desportivo de Chaves pode ganhar a um Barcelona? Se olharmos para as estatísticas, assustam mas, em PES, tudo é possível.

Não, não estou a dizer que o jogo é fácil para qualquer um. Pelo contrário, é preciso dominar os controlos e, como já disse, há muito mais foco na táctica e na química entre jogadores. Uma estratégia falível, por mais craques que tenham na equipa, resultará em derrota quase certa. Os menus de formações, instruções, posicionamento e tácticas em jogo é virtualmente idêntico a PES 2018, pelo que não tenho nada em particular para destacar. Mas, continua essencial planear tudo, obrigando-nos a estar atentos a movimentações do adversário. Ajuda termos um novo sistema de substituições rápidas que, aliado às já conhecidas tácticas em tempo real, torna tudo mais simplificado. Mesmo assim, é bom que o “trabalho de casa” tenha sido bem feito.

No que toca à oferta de modos de jogo, contem com diversos modos online e offline para escolher. Como já disse, nos dias anteriores a esta análise não tive acesso aos servidores da Konami, pelo que não pude experimentar os modos online. Contudo, as novidades nestes modos não são demasiado profundas. MyClub regressa em força, agora com ainda mais lendas do “desporto-rei” a entrar na oferta. A Master League é ainda uma das melhores experiências a longo prazo que poderão ter num jogo de futebol, elevando um clube criado por nós ao estrelato, manipulando todos os aspectos de gestão de jogadores e equipas técnicas. Este ano a ML tem algumas alterações nas transferências e contratos mas nada creio que seja nada de realmente profundo.

Confesso que não perco muito tempo com os modos adicionais, muito menos com as taças individuais que o jogo oferece. Sinto um profundo vazio com a perda da Liga dos Campeões que tem sido, como já disse, o meu local predilecto para jogar PES. Não há muito a fazer quanto a isso, a não ser que alguém se aventure a criar um outro dos tais ficheiros de actualização para reintegrar a competição de forma não oficial. As taças fictícias e a restante oferta de provas não me cativam. Não pensem que o problema está em PES 2019. Pela minha experiência, são as ligas e modos de longa duração que fazem a diferença em qualquer simulador de futebol. Por isso, considerei sempre estes restantes modos como acessórios. Talvez ideias para jogos rápidos localmente ou online mas pouco mais.

Já falei acima do ambiente fantástico nos estádios e como PES 2019 recria todo o espectáculo visual do futebol. Ao contrário do rival, este título possui comentários em Português, o que num jogo da Liga NOS com todos os logótipo, equipas e jogadores, por vezes, dá-nos a sensação de estarmos a assistir a um autêntico jogo na televisão. Isto porque o fantástico Fox Engine nos dá momentos de verdadeira deslumbre visual. Joguei numa PlayStation 4 Pro com HDR ligado e, tanto os contrastes de luz e cores, como os efeitos de ciclo de dia e meteorologia, fazem o jogo brilhar neste hardware. Tudo com imensos detalhes e efeitos visuais muito cuidados.

No que toca às feições e características dos jogadores, estamos noutro patamar de qualidade. Além de umas quantas caras menos bem conseguidas, os jogadores icónicos de cada equipa possuem um nível de detalhe de assinalar (vejam Pizzi lá em cima). Facilmente reconhecíveis, alguns roçam mesmo o foto-realismo, com expressões faciais muito bem conseguidas. Não é que isto seja muito importante na jogabilidade, mas nas cenas focadas nos jogadores, faz parte do espectáculo reconhecermos os craques. Também em jogo conseguimos ver algumas características próprias de alguns jogares, como a forma de rematar ou de correr e até mesmo algumas das celebrações de golo. A ideia é trazer para a nossa consola ou PC todo o realismo. Há muito tempo que PES assume ser este o seu ponto forte. E, até ver, é uma goleada daquelas…

Veredicto

O grande apelo deste PES 2019 é a inclusão de novas ligas, onde se inclui a nossa Liga NOS. O que só nos deixa felizes por finalmente poder jogar a nossa liga inteira e totalmente em Português. Além de umas pouca novidades nos demais modos, a evolução não parece ser muito mais significativa que isso, mantendo tudo o que gostamos sem grandes alterações. Contudo, é nos pormenores com a bola no pé que o novo Pro Evolution Soccer realmente se mostra. Pode não ter tanto conteúdo mas, no campo, é um dos melhores simuladores de futebol que poderão jogar. E é mesmo em campo que os jogos se decidem, certo?

  • ProdutoraKonami
  • EditoraKonami
  • Lançamento29 de Agosto 2018
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroDesporto
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Ausência de Ligas Licenciadas
  • Perda da Liga dos Campeões
  • Ausência de Estádios Portugueses

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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