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Análise – Pikmin 4

Passadas algumas horas nesta aventura, estou pronto para falar da minha jornada interplanetária na companhia destas adoráveis e coloridas criaturas que dão nome à série. Pikmin 4 é, para mim, o auge da série.

E se a equipa de resgate também precisar de ser resgatada? Esta é a curiosa questão em que se baseia toda a narrativa deste quarto jogo. Não é muito diferente do que aconteceu em alguns dos capítulos anteriores, mas tenta contar uma história original, ao mesmo tempo que explora tudo o que o conceito tem para dar. É bem possível que nunca tenham dado uma change a esta franquia. Sem dúvida o seu tom mais juvenil não é para todas as audiências. Contudo, penso que deviam dar uma chance a estas personagens adoráveis e ao seu mundo mágico. E é bem possível que vão a seguir buscar os títulos anteriores.

O Capitão Olimar, intrépido e implacável explorador intergaláctico, despenha-se num planeta alienígena. A sua mensagem de resgate é captada por uma equipa especial que parte imediatamente para a missão de recuperação. Infelizmente, esta equipa composta por seis membros e um ser que se assemelha a um cão, enfrenta o mesmo destino, despenhando-se num planeta misterioso, aparentemente inofensivo, mas que esconde perigos inesperados.

Neste ponto, entra em cena o nosso alter ego, um recruta cuja aparência é totalmente personalizável através de um editor (na verdade, bastante básico mas tudo bem), que primeiro será chamado para resgatar a tal chamada equipa de resgate e depois, graças aos seus conhecimentos e ajuda, recuperar também o Capitão Olimar e a sua nave. Ou seja, seremos um resgatador dos resgatadores, que vão em conjunto resgatar outra pessoa… Tenham calma porque ainda não é o ponto mais estranho do enredo. Essa “etiqueta” está reservada aos “heróis” da história, os Pikmin.

Como aconteceu com todos os títulos da série até agora, a história é bem humorada e serve simplesmente como acompanhamento para a jogabilidade, que é a verdadeira “protagonista” nesta aventura. Ainda assim, embora seja um aspecto secundário da produção, não significa que o seja mal escrito. O elenco de personagens secundárias foi consideravelmente ampliado em comparação com os lançamentos anteriores e, entre cada missão, é possível interagir com cada vez mais personagens à medida que se avança na missão principal, obtendo missões secundárias, algumas dicas e bastantes recompensas.

 

A presença de uma equipa inteira de exploradores prontos para ajudar o nosso alter ego, é um óptimo veículo para uma série de tutoriais claros e eficazes (mas nunca demasiado intrusivos). Também a redução adicional do nível de desafio é uma indicação clara de como este quarto capítulo aponta, não apenas para aqueles que apreciaram a série por algum tempo, mas também, acima de tudo, para os recém-chegados que se sentem compelidos a dar a tal “chance. Arrisco dizer que poderão começar a jornada a partir daqui sem se sentirem perdidos.

O impacto das duas novas entradas no elenco de Pikmin, disponíveis na economia do jogo, não deve ser subestimado. Falo dos Pikmin de gelo e os Pikmin iridescentes. Estes últimos são os verdadeiros protagonistas da outra grande novidade introduzida por Pikmin 4, a possibilidade, pela primeira vez na série, de realizar expedições nocturnas numa das localizações já visitadas, agora à noite. Então, o jogador será chamado a defender o Luminotano, numa reinterpretação do género Tower Defense. Contra-relógio o jogador tem de usar os seus Pikmin para repelir vagas de inimigos para que não invadam preciosos esconderijos que contêm… uma substância fundamental para o jogo que não vou revelar…

 

Precisamente nestas situações e em algumas das lutas contra bosses na segunda parte da campanha, os jogadores de Pikmin 4 encontrarão alguns dos pontos mais desafiadores da sua oferta. Apesar de, como já mencionei, a jogabilidade comum ser bem mais acessível do que nos títulos anteriores, estes segmentos de Tower Defense parecem ter sido projectados para o público mais maduro. Gostei desta lógica, já que, depois de ter jogado todos os episódios da série, não contava com este novo nível de desafio adicional, num óptimo contraste da jogabilidade habitual mais acessível.

Um argumento semelhante pode ser feito para as batalhas de Dandori, que podem ser enfrentadas tanto contra o tempo, como contra uma inteligência artificial inesperadamente astuta e bem organizada. Nessas duas opções, que são uma outra variável da jogabilidade habitual da série, cada um dos objectos encontrados nos campos de batalha de tamanho reduzido tem um valor. Quem conseguir acumular mais tesouros dentro do limite de tempo vence. Contudo, o que torna tudo mais interessante é que teremos de contar com uma série de regras que tornam estes desafios diferentes.

Estas regras variam, desde a impossibilidade de transportar todo o exército de Pikmin de uma vez, até à presença de diferentes inimigos nos mapas, passando por bónus temporários que garantem o dobro ou mesmo o triplo de pontos para certos objectos encontrados. Embora sejam raramente necessárias para o progresso na campanha, as batalhas de Dandori revelam-se uma agradável diversão e enriquecem a variedade da experiência geral. É, para mim, uma tentativa engenhosa de superar a inevitável repetitividade que pode surgir após tantas horas de jogo.

 

Também temos uma inesperada “dose” de RPG, com a possibilidade de ensinar a Occin uma série de habilidades que aumentam consideravelmente a sua utilidade, tanto durante as secções de exploração, como durante as batalhas com criaturas hostis espalhadas pelos planetas. Devidamente melhorado, Occin consegue saquear os recursos encontrados ao redor para melhorar as habilidades do nosso aventureiro ou, então, podemos equipá-lo com “bugigangas” que expandem e facilitam a jogabilidade.

Este sistema de evolução também se estende à possibilidade de ter acesso às novas invenções trazidas por membros específicos da equipa resgatados. A sua utilidade varia bastante de nível para nível, notem. Existem coleiras para proteger o Occin, um sensor que detecta e chama Pikmin inactivos, alguns dão melhorias de saúde e podem até mesmo proporcionar imunidade a elementos individuais, como fogo e gelo. Tudo isto pode ser “comprado” com as moedas do jogo, facilmente encontradas ao explorar cada nível.

 

A transição técnica para o motor de criação Unreal Engine veio permitir uma maior amplitude nos cenários, desempenhos mais estáveis ​​e um nível de detalhe nunca antes alcançado pela série, mesmo dentro das limitações da Nintendo Switch. A direcção artística, que sempre foi uma das forças da série, oferece muita coisa para “arregalar o olho”, com ambientes altamente detalhados, objetos tão realistas que parecem reais e muitas animações convincentes para as adoráveis criaturas às nossas ordens.

Há também uma maior resolução e definição, permitida pela maior potência da Switch em comparação com a GameCube e a Wii U dos jogos anteriores. Também temos um maior número de Pikmin manipuláveis, por vezes várias dezenas deles, adicionados aos vários objectos e inimigos. Neste ponto de vista, a série fez progressos claros. Claro, ainda existem áreas a melhorar, começando pelos tempos de carregamento um tanto prolongados sempre que se entra numa área diferente da principal (como as cavernas). Ainda assim, no geral, estamos perante um produto muito polido.

 

O meu último comentário vai para a sua longevidade. Diria que a oferta quase que triplica em comparação com o capítulo anterior. Só os vários desafios Dandori para completar e as inúmeras cavernas para explorar os vários níveis, oferecem muitas horas de diversão, com o tal desafio acrescido para quem procura algo mais. Talvez não acreditem mas este pequeno jogo “roubou-me” quase trinta horas da minha vida para chegar ao final. Admito que demorei um pouco mais a explorar os esplêndidos dioramas oferecidos pelo jogo mas é demonstrativo do quanto jogar.

Realisticamente, correndo o jogo de forma linear e pondo de lado o conteúdo representado pelos elementos opcionais, é possível completar o jogo em menos de vinte horas. Contudo, acho que se o fizerem correm o risco de perder a essência de Pikmin, que é relaxar e explorar cada canto dos mapas em boa companhia. Mesmo “a correr”, é evidente o avanço qualitativo e quantitativo em relação à oferta de Pikmin 3. O que mostra bem o quanto a Nintendo pretende focar-se nesta série no futuro imediato.

 

Veredicto

Neste novo capítulo, há uma expansão de níveis, reintroduzindo cavernas subterrâneas, adicionando novas personagens e novas formas de jogar, até mesmo com um “piscar de olhos” ao género RPG. É também “bonito de se ver”, com a transição para o Unreal Engine que beneficiou grandemente o nível de detalhe, a quantidade de elementos interactivos presentes nos mapas e até mesmo as performances, nunca com dificuldades mesmo com muitos modelos no ecrã. De facto, Pikmin 4 não poupa adições, novidades e melhorias, para ocupar o “trono” de melhor episódio da série até agora.

  • ProdutoraNintendo
  • EditoraNintendo
  • Lançamento21 de Julho 2023
  • PlataformasSwitch
  • GéneroAventura
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Um óptimo jogo que aconselhamos a apreciar e terminar.

Um óptimo jogo que aconselhamos a apreciar e terminar.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • ...e talvez por isso um pouco fácil demais
  • Inevitavelmente repetitivo após várias horas

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários