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Análise: Project Cars – Edição Game of the Year

Mais ou menos há um ano, chegou-nos Project Cars. Na altura o jogo foi algo desapontante com Inteligência Artificial desequilibrada e outros problemas, apesar de visualmente fantástico. Agora temos em mãos uma reedição chamada Project Cars: Game of the Year e vamos ver o estado em que está este jogo de condução, com uma sequela já no horizonte.

Já sabemos como é fácil chamar um jogo de “GOTY”. Basta que alguém, algures, lhe dê um prémio de “jogo do ano”, não sendo forçosamente o melhor jogo de todos, compilam-se todos os DLC e extras lançados até então e reedita-se um jogo que não é propriamente diferente do original, à excepção desses extras e das actualizações entretanto lançadas. Infelizmente, esta é uma “espada de dois gumes” uma vez que quem já tem o jogo não está a adicionar muito mais à jogabilidade, mas quem não o adquiriu tem aqui uma edição definitiva. Contudo, a pergunta verdadeiramente importante aqui é: ao fim de um ano, estará Project Cars melhor?

Não há resposta sucinta, lamento. Enquanto que o jogo melhorou bastante num ou noutro aspecto, manteve-se inconsistente. Tem alguns problemas iniciais resolvidos mas há outros que foram abordados de forma estranha. Alguns desses problemas actuais, possivelmente, não serão mais resolvidos, uma vez que a produtora está, aparentemente, completamente focada numa sequela com Project Cars 2 já em desenvolvimento. Entendo que a produtora esteja orientada para novos rumos, só que essa nova etapa atrasou algumas implementações prometidas e anulou outras (como um modo de carreira Coop, suspeitamente anunciada para PC2) no jogo original.

Não quero dizer com isto que esta edição não seja competente ou possua problemas que o destruam. Project Cars é, em si, uma vitória se recordarmos que é um jogo que nasce com a ajuda de fãs e entusiastas através de um programa de apoio. A equipa original trabalhou num jogo inteiramente independente e é de louvar que ao fim do ano mereça uma reedição de um jogo com o título de “jogo do ano”. E, convenhamos, é um espectáculo visual.

Começando pelos pontos positivos, em Project Cars GOTY está o culminar de um ano cheio de evoluções gráficas e implementação de diversas tecnologias visuais que só beneficiam o título. É, ainda, um dos jogos de condução mais bonitos que alguma vez irão jogar. Não só os 125 veículos (dos quais mais de 50 são adicionados pelos DLCs) estão soberbamente reproduzidos com imenso detalhe, sobretudo no seu interior. Os sons dos motores e outros efeitos são irrepreensíveis e vão sentir-se mesmo a bordo dos melhores automóveis do mundo. Mesmo que marcas como a Ferrari, Porsche ou outras de renome não estejam presentes.

Também as pistas e ambiente são absolutamente deslumbrantes. A fantástica pista de Nürburgring, as infames curvas em cotovelo de Spa-Francorchamps ou as pacíficas paisagens da Costa Azul em França continuam espectaculares. E ainda temos de contar com um dos mais robustos ciclos de dia e noite e meteorologia dinâmica, em que podemos escolher se se alteram em tempo real para conferir uma interessante alteração no ritmo da corrida. Continuo sem encontrar um jogo que me dê tanta envolvência com o fantástico ambiente da competição automóvel. E muita coisa foi refinada e corrigida.

A produção fala de mais de 500 bugs corrigidos ao longo do ano e que estão nesta edição. O jogo está, de facto, mais amadurecido, um pouco mais acessível (já lá vamos) e visualmente irrepreensível. Mas esta versão do jogo podem obter com o título original devidamente actualizado. A versão GOTY tem como único argumento a inclusão de todos os DLC de pistas e veículos adicionais, incluindo um pacote exclusivo de uma secção de Nürburgring e mais uns modelos da marca Pagani. De resto, não há mais nenhuma novidade substancial que o justifique.

Infelizmente, se ao nível visual o jogo está ao nível do que seria de esperar, o mesmo não se pode dizer da condução. Por um lado, quem chegar agora a Project Cars pode contar com uma condução muito mais refinada que no lançamento, por outro, esta acessibilidade deu cabo da simulação. Sim, o suporte para volantes e comandos está muito (mesmo muito) melhor, sendo agora possível aprimorar sensibilidades e outros ajustes. As ajudas à condução já funcionam mesmo, embora, por vezes, pareça que estamos a jogar um jogo de arcada se activarmos ajudas como a travagem ou direcção automáticas, por exemplo. Uma nota importante é que o jogo continua logicamente orientado para a simulação com volantes, sendo o comando das consolas ainda escasso para a condução e para implementar todas as teclas necessárias.

Mas é mesmo quando queremos simulação que encontramos muitas inconsistências. Começo por falar da muito importante dinâmica dos veículos e das físicas implementadas. Desde o seu lançamento que lutei contra físicas inconsistentes, sobretudo a tentar controlar os veículos com um gamepad. Um ano depois, o jogo já aceita melhor os controlos de consola, sobretudo com as ajudas à condução. No entanto, a dada altura vão querer desligar essas ajudas. É essencial para quem quer mais simulação e não ser “levado ao colo”. Removendo algumas dessas ajudas, porém, surgirão aberrações como ao travar em recta o veículo perder o controlo da traseira sem justificação, ao pisar os ápices da curva esta parecer “puxar-nos” para fora e outras situações sem nexo. O controlo não está pior nem é sequer realista, é simplesmente estranho e imprevisível. O que a 300km/h não é muito positivo.

E não podia faltar a tal infame Inteligência Artificial que foi uma das minhas principais queixas no primeiro jogo. É inacreditável que ao fim de um ano a IA continue a ser tão incerta. Ora sai de pista de forma incompreensível, ora abalroa-nos na entrada de uma curva. Ou é agressiva ou passiva, ou se desvia dando passagem, ora fecha trajectórias agressivamente. Isto podia ser uma dinâmica interessante para manifestar um tipo de condutor reactivo à situação, mas não é o caso, é virtualmente aleatório. O mesmo adversário pode dar-nos passagem ou abalroar-nos, não podemos contar com as regras para nos proteger. Felizmente, podemos sempre reduzir a perícia dos adversários para que se afastem um pouco. Mas onde vai parar a competição, depois?

Claro que continuam a poder optar pelo online. Na análise original, mencionei que os humanos online eram concorrentes implacáveis, uma vez que quem domina a mecânica e a condução, torna-se difícil de bater num jogo tão dependente de “tuning” e de um bom “kit de unhas”. É sempre bom que a competição seja complexa para nos dar algum desafio. Até porque nos eSports em que este jogo já começa a apostar, quanto mais visceral e dependente da perícia individual, mais interessante se torna o jogo. No entanto, há uma diferença enorme no online desde há um ano para cá.

Ao contrário de outros títulos de condução da actualidade, no online não há prémios de carreira ou troféus especiais. De um modo geral, os veículos são iguais e com todas as peças e capacidades mecânicas. Não há um incentivo a uma carreira ou campeonatos online para ganhar algo em troca. A evolução é muito semelhante à carreira a solo, onde ganhar conta só mesmo para estatísticas. Talvez por isso haja quem decida nem sequer tentar competir e acabam-se sessões a empurrar adversários para fora de pista. Isto, se encontrarem sessões com adversários para preencher a grelha de partida… Um ano depois, o online parece absolutamente dispensável e sem grande apelo.

Veredicto

Até nos chegarem outros jogos, Project Cars GOTY é a edição definitiva de um dos melhores jogos de condução em circuito. Tem tanto de condução em arcada para principiantes, como de simulação para os mais exigentes, claramente orientado para esta última vertente. Alguns erros iniciais foram corrigidos, mas onde era preciso melhorar parece ter piorado, como na simulação de físicas e na inteligência artificial. Como disse ao início, quem já tem o jogo não é esta edição que vai adicionar muito mais, podendo obter as actualizações todas sem mais custos, a não ser que queiram os DLCs todos incluídos. Agora, quem não o adquiriu originalmente tem aqui uma edição definitiva de um bom título de competição automóvel. Resta saber se conseguem ultrapassar as suas inconsistências.

  • ProdutoraSlightly Mad Studios
  • EditoraBandai Namco
  • Lançamento6 de Maio 2016
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroCondução
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Inteligência artificial continua incerta
  • Físicas inconsistentes
  • Online absolutamente dispensável
  • Equipa está demasiado focada no próximo jogo

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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