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Análise: Project Zero: Maiden of Black Water

É no dia 30 de Outubro, mesmo a tempo do Halloween, que a Europa recebe a mais recente entrada na série Project Zero (ou Fatal Frame, que é como a série é conhecida nos Estados Unidos). Nós já tivemos a oportunidade de o jogar e vamos aqui deixar as nossas impressões. Confesso que já tinha saudades de pegar num título da série. O meu primeiro e único contacto com a série foi com Project Zero 2, para a PlayStation 2 (também disponível para a primeira Xbox). Depois de Silent Hill, Resident Evil e de tantos outros jogos do género Survival-Horror e Terror, nada me tinha preparado para o horror que ia encontrar naquele jogo.

Naquela altura, tal como na vida real, no que toca a esta vertente de videojogos, tinha uma linha mental muito bem vincada. “Quando o assunto tocava em espíritos, parava com a brincadeira e levava a bola para casa.” O tempo passou, mais jogos do género foram saindo e lá os fui completando, sempre com o mesmo apreço pelo género. Fui crescendo, amadurecendo e a linha anteriormente traçada foi ultrapassada vezes sem conta, sem vacilar. No entanto, aquele maldito jogo, lá estava na minha lista mental de jogos inacabados a gozar comigo por só ter chegado a meio do que tinha para me oferecer e não ter olhado duas vezes quando fugi dele. Quando finalmente ganhei nova coragem para o passar já a minha PS2 tinha avariado, pelo que Project Zero 2 continuou, e continua ainda, a rir-se de mim.

Até ter outra, já a terceira entrada na série tinha saído e com tanto jogo bom para jogar na PlayStation 2 a série acabou por ficar de lado. Em 2008 o mundo voltou a ouvir falar da série. No entanto, aqui já estava a cargo da Nintendo e saiu para a Wii mas apenas no Japão. Já em 2015, no início deste mês para ser mais preciso, quando me surgiu a oportunidade de analisar a quinta entrada na série, ainda a cargo da Nintendo mas já para a Wii U (disponível digitalmente na eShop ou em edição limitada), não pensei duas vezes.

Antes de começarem a vossa aventura não posso deixar de recordar que podem trocar as vozes para o original Japonês. Sem querer não reparei que, por defeito, o jogo tinha activadas as vozes em inglês… enfim, era terror a mais. Já basta o que basta. Mas adiante, falemos da história. Muito resumidamente, para não vos estragar nada, em Project Zero: Maiden of Black Water vamos acompanhar a história de 3 personagens jogáveis: Yuri Kozukata que tem a capacidade de recuperar objectos perdidos no mundo espiritual, Ren Hojo um escritor amigo de Yuri e Miu Hinasaki filha de Miku Hinasaki (protagonista da primeira e terceira entrada na série). A acção do jogo decorre sobretudo na montanha Hikomi (um local fictício do Japão). Esta é conhecida pelo elevado número de suicídios e pela série de eventos sobrenaturais que nela ocorrem. Foi em tempos um local de grande atracção turística mas agora… nem por isso. Vá-se lá saber porquê!?

Com três personagens diferentes, no que diz respeito à narrativa, podem contar neste Project Zero com uma profundidade maior. Cada protagonista tem diferentes motivos para se deslocar à montanha Hikomi e será com o alternar entre as três, ao longo dos vários capítulos do jogo, que vamos realmente perceber o que as move. Além disso ficaremos também a perceber todo o mistério que paira sobre esta montanha, tão sombria.

Sombria é o mínimo que podemos dizer. Desde casas velhas abandonadas, a templos e florestas densas e tenebrosas, vai ser impossível ficarmos indiferentes à atmosfera sempre hostil, horripilante e que nos transmite uma sensação constante de que algo nos está a observar. O grafismo apesar de ser pouco impressionante, cumpre, mas se a isso aliarmos o facto de estar acompanhado por um incrível trabalho de som, o resultado é uma ambiência digna dos melhores filmes de terror. Em especial caso quando damos de caras com espíritos. Os sons, os gemidos, o murmúrio de cada um deles é muitas vezes arrepiante.

No que toca ao combate, a única arma que temos para nos defender dos perigosos espíritos é a tradicional Camera Obscura, desta vez perfeitamente adequada ao GamePad da consola da Nintendo, especialmente se jogarem remotamente, não precisando assim de dividir a vossa atenção entre a televisão e o comando. Para derrotarmos os espíritos temos de os fotografar. Se erguermos o comando e pressionarmos o botão X, o ecrã táctil do GamePad assume o aspecto de uma máquina fotográfica. Podemos rodar a câmara com o analógico direito ou podemos simplesmente rodar o comando na direcção que pretendemos. Quando o espírito estiver devidamente centrado, vá de tirar uma fotografia e provocar-lhe dano.

Com o ZL, podemos efectuar um lock-on no seu ponto fraco, desta forma podemos também ver a sua barra de “vida”. Além disso hão-de reparar que à volta do espírito em questão, vão pairar fragmentos da sua existência. Quantos mais conseguirmos centrar na imagem, mais dano provocamos, quantos mais fragmentos voltarem para o espírito, mais “vida” ele pode recuperar. Algumas vezes, logo que derrotam um espírito, podem tocar-lhe com o ZR. O espaço de tempo em que o podem fazer é curto mas caso consigam têm direito a uma Cinematic que nos mostra a sua morte.

No final de cada confronto é-nos atribuído um determinado número de pontos que varia de acordo com o vosso desempenho. Com eles, podem comprar itens antes de cada missão mas estes pontos servem sobretudo para poderem personalizar a vossa câmara. Preferem mais poder de disparo? Aumentar o seu alcance ou velocidade? A escolha é inteiramente vossa. Saibam também que podem desbloquear habilidades secundárias para a vossa câmara: com uma podem, por exemplo, congelar temporariamente os espíritos que vos estiverem a rodear, ao passo que com outra podem ganhar distância entre eles, empurrando-os para trás. Adequando assim a Camera Obscura ao vosso estilo de jogo. Aproveito para recordar que ao explorarem os vários cenários do jogo, vão também encontrar espíritos não hostis. Se os conseguirem fotografar, ganham pontos extra! Além disso, podem descobrir novas lentes e diferentes rolos (ou noutras palavras, tipos de munição) para a vossa máquina.

Contudo, Maiden of Black Water não deixa de trazer para a mesa algumas frustrações. É pena que a própria mobilidade das personagens não seja tão intuitiva como a adaptação incólume da Camera Obscura para o GamePad. Se, por vezes, a história assume uma passada lenta, a ainda mais lenta e pesada deslocação das personagens não ajuda. Mesmo quando correm parece que se estão a deslocar a passo de caracol. Além disso, quando nos tentamos virar, especialmente quando nos vemos rodeados de inimigos (lá para a frente as coisas complicam-se bastante) chega a ser frustrante que os controlos sejam tão trapalhões. Este é um contraste infeliz entre as mecânicas do jogo. Falando em mecânicas, existe outra que foi implementada neste jogo e que também tem muito que se lhe diga.

A água é um elemento predominante neste jogo ou, lá está, não fosse mencionada logo no título. Muitas vezes ou por estarmos à chuva, ou ao atravessarmos cenários alagados, ficamos molhados. Quanto mais molhados estivermos, mais dano conseguimos infligir com a Camera Obscura mas, de igual modo, mais inimigos teremos presentes na área em questão e mais dano recebemos em retorno. Além disso, pode-nos ser imposta uma condição que deturpa a nossa visão e capacidade de defesa, ao mesmo tempo que nos vai roubando pontos de vida. Feitas as contas, muito simplesmente: Água = Mau!!! A única solução é derrotar os inimigos na área ou utilizar um item que nos seque o corpo. O problema cai precisamente aqui, ao utilizarmos o tal item, uma vez que o cenário em si não muda, continuando alagado ou a chover, eis que num ápice voltamos a ficar molhados. Assim como está, é uma componente que acabei por negligenciar na minha experiência de jogo. A esforço fui derrotando tudo e todos e segui a minha vida.

Outro inimigo desta entrada na série é a inevitável repetição. Muitas vezes, a história, obriga-nos a atravessar novamente alguns dos cenários do jogo e à nossa espera estão espíritos idênticos aos que já derrotamos. No início não nos faz tanta impressão mas mais à frente é impossível não reparar nisso. O pior é que isso cria hábito e o hábito compromete o terror.

Não obstante os fãs do género não vão ficar decepcionados com esta entrada na série Project Zero que, no final da história, recompensa os jogadores com um episódio extra onde a protagonista é Ayane de Dead or Alive e fatos, como por exemplo o de Samus Aran (Metroid).

Veredicto

Mais do que terror, o que senti a jogar Project Zero: Maiden of Black Water foi um enorme desconforto e uma enorme tensão. É um jogo sombrio, tenebroso, medonho e chega mesmo a tempo do Halloween (30 de Outubro). Só não me assustou tanto quanto o meu némesis do género, Project Zero 2, ao qual ainda hei-de regressar. Maiden of Black Water chega à Wii U como uma forte aposta no género. Nunca controlar a Camera Obscura fez tanto sentido como aqui, pelo que se são fãs do género e sobretudo da série, espera-vos uma experiência que não podem deixar de lado. Só é pena que os controlos algo trapalhões das personagens confiram uma passada lenta, o que acaba por comprometer um pouco a experiência. Infelizmente, se a isso aliarmos alguma repetição, talvez quem não conheça a série queira primeiro experimentar a demo, disponível na Eshop, que permite jogar os primeiros dois capítulos deste jogo.

  • ProdutoraKoei Tecmo
  • EditoraNintendo
  • Lançamento30 de Outubro 2015
  • PlataformasWii U
  • GéneroAventura, Survival Horror
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Controlos trapalhões
  • Mecânica supérflua que envolve a água
  • Repetição compromete a experiência

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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