Análise: Resistance 3
Que seria da Playstation 3 há uns anos se ao ser lançada no mercado não tivesse recebido um título chamado “Resistance: Fall of Man”? É verdade, Resistance é sinónimo de Playstation 3 porque a história da consola e do jogo são paralelas. Não só ambos evoluem como ambos justificam a sua existência e a Insomniac (Agora uma empresa do grupo Sony) quando promete cumpre.
Poderia ser algo enfadonho pensar que já vamos no terceiro título do mesmo tema (quarto se incluirmos a PSP na equação com ”Resistance: Retribution”) que nada mais é que matar extraterrestres de aspecto monstruoso no meio de cidades destruídas, mas esta série consegue ser boa em termos de enredo mas também em termos de jogabilidade e até evolui, o que não deixa de ser um feito!
Este é o derradeiro capítulo da Trilogia na PS3 o que não deixa de ser uma má notícia para os fãs da série. Até pode ser que a Sony decida pegar neste título e continuar a estória da luta humana contra a invasão dos Quimera, mas se este é o último capítulo, despede-se com enorme estilo.
Resistindo ainda e sempre…
O ano é 1957. Passaram-se quatro anos desde os eventos que concluíram Resistance 2. Se bem se recordam, no final de R2, a personagem principal da série Nathan Hale, injectado com a potencial cura para o vírus Quimera, acabou ele mesmo infectado. E num acto de coragem, Joseph Capelli foi a única pessoa capaz de travar Hale que infectado e com uma mutação do vírus podia ter causado muito mais destruição. Mas ao contrário de ser considerado um herói, Capelli foi expulso do exército sem honras pelo acto e foi obrigado a se refugiar com a população. Nessa luta pela sobrevivência, Joe acaba por casar e ter um filho o que lhe faz lutar por muito mais do que apenas a sua subsistência.
Com cerca de 10% da humanidade ainda disponível, o futuro parece sombrio até que o Dr. Fyodor Malikov regressa com mais uma promessa de conseguir desferir um golpe devastador na ameaça Quimeriana com base nas suas experiências no corpo do defunto Nathan Hale. Para isso Joe tem de não só abandonar a família como viajar uns bons quilómetros até Nova York, com as previsíveis ameaças alienígenas.
O resto da estória é um pouco previsível. Mesmo assim há lugar para uma ou outra reviravolta interessante. Mas a linha de eventos é linear e cumpre o objectivo de se enquadrar em todo o enredo da série. Mas, joguem e descubram.
Os Quimera nunca foram tão bem mal parecidos!
Se há um título que estabelece o padrão visual possível na Playstation 3, explorando-a ao máximo do seu potencial gráfico é Killzone 3. Se bem que nesse caso, se trate de um jogo muito mais compassado e com inimigos convencionais. Resistance 3 consegue chegar perto dessa qualidade gráfica, mesmo com seres de tamanho quase impossível como os Goliath ou autênticas bestas de 5 metros de altura como a Widow-Maker a saltar de um edifício. O que para tornar fluido e credível numa consola de jogos requer muito trabalho.
Mas a Insomniac fez um trabalho notável em tornar todo o jogo uma pérola gráfica. Gostámos particularmente na selecção de cores que variam de cenário para cenário. Por exemplo em Oklahoma existe a predominância de cores amarelas e castanhas no inicio do jogo, caracterizando a coloração da cor da areia no chão mas depois em locais diferentes, como no rio Mississípi a paleta muda para tons de azul. É um toque muito interessante não só para dar variedade ao jogo e ao seu design como para demonstrar que os jogos também podem ter direcção de fotografia decente.
Mas não são só as cores que fazem de R3 um grande jogo a nível gráfico. Tudo tem um cuidado gráfico deslumbrante, onde não faltam os efeitos de blur em momentos mais intensos, iluminação realista com reflexos e, pela primeira vez, contraste muito preciso entre os diversos tipos de iluminação. Nota muito positiva neste aspecto para as missões nocturnas em que o breu é mesmo breu e de repente uma luz de busca de uma nave Quimera corta o horizonte. Muito bom!
A nível de detalhes, decoração do cenário, texturas e efeitos visuais, nada foi deixado ao acaso. Tratando-se de um jogo com mapas tão vastos, torna-se ainda mais notável. Desde a ferrugem nos carros semi-destruídos, à parca iluminação de uma mina debaixo do chão, passando pelos efeitos de luz a entrar pelos estores num restaurante abandonado, não nos recordamos de nenhum outro jogo que tivesse recriado a desolação da guerra como Resistance 3 e muito menos quando de fala de uma invasão alienígena que coloca aqui e ali nauseantes bolsas de produto viscoso que ao rebentar faz saltar mais alienígenas.
A nível animações, os fãs da série vão ficar surpreendidos ainda mais com as animações dos híbridos que depois de um tiro na cabeça se agarram ao pescoço antes de cair, ou os que levam um tiro de caçadeira nas pernas e mesmo assim rastejam só com os braços para nos alcançar. Mas outra animações são igualmente fantásticas, como o já mencionado Goliath de tamanho monumental a mover-se com total credibilidade. Se há algo menos positivo no jogo, são as animações faciais das personagens humanas que até estão desfasadas do som por vezes, e algumas animações durante o jogo onde nos parece que algumas transições não correm bem e encontramos bonecos presos no cenário ou Quimera “enterrados” no chão ou nas paredes. É raro mas acontece.
De notar que a este nível foram introduzidas novas espécies de Quimera, mais evoluídas ou mais “atléticas” mas todas as outras sofreram algumas importantes actualizações de Inteligência Artificial e aspecto.
Nota também positiva para o som do jogo, com o regresso do som de extraterrestres a serem baleados com uma banda sonora épica. Apenas notámos ligeiras falhas de som, por exemplo explosões em momentos de maior intensidade, mas achamos que isso será corrigido com patches.
Vamos lá fogachar nos feiosos!
A jogabilidade de Resistance sempre foi bastante linear. Regressam as armas preferidas de todos e já conhecidas como a Bullseye ou a Carbine, mas todas recebem ligeiras actualizações, sobretudo a nível de miras. Novas armas estão disponíveis também com uma arma que congela os adversários e outra que literalmente os impregna de agentes biológicos que os incham até fazê-los explodir e afectar os outros.
Mas como sempre, a jogabilidade de R3 é linear, sem grandes rodeios e directa ao assunto, sendo que o realismo e a sensação de urgência e constante perseguição nos faz recordar os melhores jogos de survival horror. Esperem pelas missões nocturnas em que tem de contornar sniper camuflados ou pelas aldeias abandonadas em que Quimera saem literalmente das paredes e sem grande ruído.
Há momentos de pura fuga em que temos de navegar pelos escombros e resistir à tentação de olhar para trás. Há momentos de pura frustração em que hordas que parecem não ter fim nos perseguem. Vale-nos a perícia de nos escondermos em momentos chave e disparar com precisão aproveitando cada bala.
É que as munições são agora mais raras. Em R3, sobretudo nos níveis de maior dificuldade, os Quimera são mais “rijos” e é preciso gastar mais balas e elas não são tão abundantes como nos jogos anteriores, ora a humanidade não tivesse sido já quase dizimada.
Também a energia não se regenera como nos jogos anteriores. Está de regresso a barra (roda) de energia e o selector de armas do primeiro jogo, abandonado em R2. Recordem-se que este não é Nathan Hale, mas Joseph Capelli. Capelli tem a vacina contra o vírus que tinha como uma das (poucas) benesses regenerar energia. Agora temos de procurar, por vezes desesperadamente, frascos de um líquido verde incandescente que regeneram energia. Mas não toda. E consoante o nível de dificuldade, cada disparo de um Quimera tira pouca… ou muita energia. Mas não se preocupem porque o jogo está repleto de checkpoints colocados de forma inteligente. Essa, aliás foi uma enorme evolução desde o primeiro jogo.
Se tem apetite pelo desafio, façam como nós e experimentem o Playstation Move. Este jogo é totalmente compatível e usa a mesma lógica de Killzone 3. Se ligarem o Move no arranque do jogo, este sofre uma ligeira alteração no interface para colocar a mira que reage ao movimento do comando da Sony e se usarem, por exemplo, o Move Sharpshooter, acabam por tornar a experiência muito interessante. Informamos porém que já vamos no terceiro jogo de acção em que testamos com o Move (Killzone 3 e SOCOM) e não nos conseguimos adaptar. Talvez um pouco mais de dedicação, porque a qualidade do Move é inegável.
Tenho amigos Quimera…
A série Resistance sempre foi famosa pela diversão online. Mas longe vai o tempo dos 60 jogadores numa sessão com todo o caos que isso representa. Em Resistantce 3 os servidores foram reduzidos para sessões de apenas 16 jogadores, o que há partida poderá soar a desapontamento, mas o que é certo é que nunca vimos salas repletas nos últimos tempos de Resistance 2 e não se justificava esse tecto de capacidade. Além disso, por mais que o combatessem, o lag era evidente mesmo com a excelente optimização. Sim! 16 chega e basta e há diversão para todos não se preocupem.
O modo competitivo é um mundo por si só, com evolução de carreira que dá acesso a armas e perks como seria de esperar. Regressam os modos mais queridos de Deathmatch, Team Deathmatch, Chain Reaction, Breach e Capture the Flag, tudo modos já conhecidos da comunidade e cheios de acção com mapas bem concebidos de vários níveis, alguns extraídos da campanha, e à volta do mundo. A mecânica online também sofreu upgrades a nível de interface e jogabilidade para se integrar com a acção do modo campanha. Não gostámos da adição da camuflagem digital que faz com que quem goste de acampar tenha aí mais um convite ao tipo de jogo que poucos respeitam.
Infelizmente o modo cooperativo tem uma remoção de peso. Desaparece o modo cooperativo para 8 jogadores com uma campanha paralela como em R2 com a Spectre Team e é trocada por um modo cooperativo para a campanha principal, ou seja, podemos jogar toda a campanha original com o auxílio de outros jogadores. O que não deixa de ser positivo, e inédito na série, mais em linha com o que outros jogos oferecem, mas em R2 o modo cooperativo era um jogo dentro do jogo e sempre se perde um pouco de conteúdo.
É importante mencionar que os servidores do jogo neste momento se encontram com dificuldades. O mesmo aconteceu no dia de lançamento de Resistance 2, curiosamente. Apesar de duas Betas (uma por convite e outra pública) do modo Competitivo, a Insomniac está a braços com diversos problemas técnicos com o jogo e já vai na segunda patch (1,01 e 1,02 com mais de 600Mb) para corrigir uma série de erros não só online. Mas o que é certo é que mesmo assim tenham erros de ligação, quebras de jogo e algum lag. Somos informados que a produção está a reunir esforços para resolver os problemas, mas parece que cada correcção traz novos problemas. É esperar para ver.
De notar que este foi o primeiro jogo em que a Sony implementou o Network Pass, um passe para desbloquear os conteúdos online que já outras marcas praticam há algum tempo. Este passe é uma forma de combater o mercado paralelo das vendas em segunda mão de videojogos. Sem esse passe, incluído em todas as cópias novas do jogo, não podem jogar online, simplesmente. Um passo inevitável, controverso, mas compreensível.
Além de Resistance 3
Com o lançamento de R3 a Insomniac lançou-se numa mega campanha publicitária a nível mundial que até teve direito à inclusão de uma versão de demonstração com um nível quase completo do jogo incluído no BluRay do filme Battle: Los Angeles. Além disso, a remodelação do site www.MyResistance.net oferece agora um novo interface com as estatísticas do jogo online e uma nova aventura para a comunidade fiel do jogo com a apresentação de um jogo social online de nome “Global Resistance” em que podemos jogar numa estratégia para levar ou o s Humanos ou os Quimera ao domínio mundial, numa espécie de jogo tipo “Risco”, com direito a alguma estratégia e construção de recursos para alimentar o esforço de guerra e principalmente com direito a desbloqueios de ofertas como skins de personagens para usar online no próprio Resistance 3.
Visitem e inscrevam-se neste jogo social em www.MyResistance.net/global/
Veredicto
Amigos, Resistance 3 é um grande jogo. Pode ficar uns furos abaixo de outros jogos do género para quem não quer uma experiência tão fictícia de andar atrás de ETs e gostar de algo mais “realista” mas como experiência de jogo de acção na primeira pessoa é um excelente título.
Gráficos soberbos, boa estória, embora nada de especial, mas excelente convite à longevidade nos modos online, só temos pena que R3 vá parar em Novembro com o lançamento de outros colossos dos FPS e que não tivesse mais tempo de vingar ou mesmo evoluir.
É um dos grandes jogos do ano e uma grande evolução não só na série como nos jogos do género. Sem dúvida um dos melhores exclusivos Playstation 3.
- ProdutoraInsomniac Games
- EditoraSony Computer Entertainment
- Lançamento9 de Setembro 2011
- PlataformasPS3
- GéneroFPS
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Multiplayer continua excelente
- Jogabilidade revista e mais visceral
- Novidades bem vindas no interface
- Excelente grafismo
- Servidores online no limite
- Alguns erros de IA
- Algumas animações estranhas
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.