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Análise – Rick and Morty: Virtual Rick-ality

Preparem-se para uma aventura que irá, literalmente, transformar-vos num clone de Morty e arrastar-vos para o universo louco desta divertida série animada. Aqui estão as tarefas tresloucadas de Rick and Morty: Virtual Rick-ality, agora no PlayStation VR.

A série Rick and Morty já cá anda há algum tempo. Foi criada em 2013 por Justin Roiland e Dan Harmon e conta já com três temporadas. Apesar de francamente controversa, já foi distinguida com vários prémios, entre eles o prémio para Melhor Série de Animação nos Critics’ Choice Awards deste ano. A produtora Owlchemy Labs, criadora do divertido Job Simulator, foi a escolhida para criar o primeiro jogo de Realidade Virtual baseado nesta série de sucesso. Prontos para entrar na realidade virtual com esta dupla?

Virtual Rick-ality não é, de forma alguma, um jogo novo. Este título foi lançado inicialmente há cerca de um ano para PC, mas só agora chega à PS4 através do PS VR. Esta versão que vamos analisar conta com algumas melhorias e adições. Contudo, mantém a estrutura e o conteúdo da aventura original praticamente intactas. Já muito foi dito desta aventura que junta imensos elementos da série num jogo de puzzles. Falta-nos apenas falar desta sua nova vida na plataforma da Sony.

Conforme já vos disse, podemos conhecer melhor o universo da famosa dupla, por entrar nela. A história leva-nos a surgir no jogo como um clone de Morty criado por Rick Sanchez para realizar banais tarefas quotidianas. Essas tarefas começam por lavar a roupa suja, enquanto o génio e seu neto vão em aventuras intergalácticas. Claro que ao bom jeito da série, Morty tem aquela postura de cientista doido e nós também temos o mesmo, ahem… padecimento. O ímpeto para tocar em tudo e experimentar tudo, inclusive “beber” ou “comer” tudo é permanente.

A estrutura do jogo é bastante idêntica à do já mencionado Job Simulator. Tal como esse outro jogo que claramente serve de base, conta com um “hub” inicial, neste caso é a sala da casa onde Rick e sua família moram. Aqui podemos aceder um leitor de DVDs que permite carregar um total de 9 discos, cada um com um nível ou uma “zona” do jogo. E logo à partida fica claro que o objectivo do jogo é fomentar a nossa curiosidade. Queremos visitar todos os locais, experimentar tudo e mexer em tudo. Só que Rick tem outros planos.

O primeiro dia começa logo “bem”. Rick, com toda a sua sabedoria, manda-nos lavar a roupa. O objectivo até é simples: Pegar na roupa, abrir a maquina, colocar a roupa, meter detergente e carregar no botão. Monótono não? Tanta coisa brilhante e com aspecto curios para mexer! Felizmente, com o desenrolar da trama acabamos por ajudar a procurar partes importantes da sua nave, arranjar a sanita e até a beber gasolina. Estas e outras tarefas tão, digamos, “normais” para os fãs da série que não são de estranhar. Bem vindos ao mundo das experiências bizarras de Rick.

Vou tentar não revelar muito mais sobre esta aventura. A surpresa é a parte mais engraçada do jogo. Posso já dizer-vos que não é nada que não poderão encontrar na série, com o mesmo humor cáustico, por vezes sem nexo e a roçar o… vá lá, pornográfico. O que posso dizer que é que, sobretudo os fãs não ficarão desapontados. A melhor maneira de definir o jogo é como sendo mais um episódio da série. Não falta nenhuma das suas imagens de marca, como os portais para passar para outras dimensões, a interacção com alienígenas ou, por exemplo, usar os gadgets e objectos mais loucos e absurdos. Tudo na imersiva experiência da primeira-pessoa.

Em termos de jogabilidade, tal como muitos jogos de Realidade Virtual, este Virtual Rick-ality é uma experiência estática, em que quase todo o jogo se passa na garagem de Rick. Graças a um sistema de teleporte, conseguimos mover entre três áreas específicas. Em nenhum momento temos a possibilidade de caminhar livremente, evitando assim as infames tonturas. Para interagir com o ambiente de jogo são necessários dois comandos Move, também essenciais para apanhar e manipular todos os objectos.

E muito terão de interagir. Em todas as áreas há dezenas de objectos para descobrir e manipular. Entre interruptores, alavancas e botões, também terão garrafas com os mais diversos líquidos (que podem beber, já agora!) e até comprimidos com efeitos surpreendentes. Usar os objetos certos no momento certo é, no geral, o caminho para avançar na aventura. Contudo, nem sempre estes puzzles são simples e há momentos que são realmente um enigma por si só. Todo o jogo centra-se nesta resolução de puzzles que requerem algum raciocínio, tempo e paciência. Sem dúvida mais desafiantes que os de Job Simulator.

Claro que vão acabar, na maior parte do tempo, a desarrumar tudo e a experimentar todos os objectos disponíveis na garagem. Numa estante, por exemplo, poderão encontrar uma máquina que nos permite criar portais, o que nos leva a uma casa de banho, a uma estação intergaláctica ou… a outro planeta… Quem nunca foi parar a um planeta estranha por acidente? É, quem sabe, a parte mais divertida do jogo, numa espécie de “sandbox” criativo, onde nunca sabemos bem o que esperar.

Apesar dos seus momentos brilhantes, o jogo está longe de ser perfeito. Tendo sido criado originalmente para o dispositivo HTC Vive e os seus sensores e controlos, notámos que há algumas limitações nesta versão para o PSVR. Por causa da ausência da segunda câmara de infravermelhos, quando tentamos alcançar algum objecto que se encontra atrás de nós, falhamos na maior parte das vezes. Também é normal o comando PS Move perder a sua orientação e levar-nos a situações frustrantes. Felizmente existe um pequeno robot para alcançar esses objectos para nós mas, não é uma solução sempre eficaz.

Visualmente este jogo transforma o estilo de banda desenhada da série para este mundo das três dimensões. De certa forma, as personagens tornam-se mais “credíveis” na sua nova dimensão. Como o grafismo do VR ainda está longe de se confundir com a realidade, parece-me ser muito mais envolvente estarmos num ambiente virtual de desenhos animados, que em algum jogo a apostar mais no realismo de texturas ou de efeitos visuais. E, acreditem, não iriam querer mexer em algumas coisas deste jogo, se tivessem um aspecto mais realista.

Também o áudio foi muito bem recriado neste jogo. Contem com os mesmos actores que dão voz às personagens na série de televisão. E, sim, também lá estão as mesmas “bocas” e arrotos avulsos, assim como os diálogos nem sempre “politicamente correctos”. Diria mesmo que, nos dias que correm, algumas piadas são algo arriscadas. Mas, é este o universo de Rick & Morty e seria impossível não ser tão corrosivo. Nada ficou esquecido e é um excelente exemplo de como se deve trabalhar com os criadores para um resultado tão fidedigno.

Falta-me só falar da sua longevidade. Não é um jogo muito longo, o que tem o seu lado positivo e negativo. Ao todo, conta com cerca de 2 horas para terminar a história principal. Se quiserem cumprir todos os objectivos principais e secundários, como encontrar todas as referências da série, irão precisar de muitas mais horas totais. Por um lado, garante que não se estende muito além do que um típico jogo para VR pode proporcionar até enjoar (literalmente). Por outro, pode ser algo escasso para quem queria descobrir mais. Nesse casso, se querem mais, que tal ir ver a série na televisão?

Veredicto

Quer sejam fãs ou não a série televisiva, Rick and Morty: Virtual Rick-ality é uma experiência fantástica. Os fãs já sabem o que esperar do universo desta popular série animada. Os demais vão encontrar uma aventura divertida e algo imprevisível na Realidade Virtual. É como uma sequela espiritual do divertido Job Simulator, ao mesmo tempo que nos faz sentir estar dentro de um qualquer episódio tresloucado da série. Evitem só beber demasiado fluido de baterias, ok?

  • ProdutoraOwlchemy Labs
  • EditoraAdult Swim
  • Lançamento20 de Abril 2018
  • PlataformasPC, PS4, PSVR
  • GéneroAventura, Puzzle
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Sem pontuação

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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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